Opinião: Hex Hall

Hex Hall de Rachel Hawkins
Editora: Gailivro (2010)
Formato: Capa Mole | 240 páginas
Géneros: Fantasia Urbana, Lit. Juvenil
Sinopse (Gailivro): "Virei-me para sair, mas a porta fechou-se a poucos centímetros da minha cara. De repente, um vento pareceu soprar através da sala e as fotografias nas paredes chocalharam. Quando me virei de novo para as raparigas, estavam as três a sorrir, os cabelos a ondularem-lhes a volta dos rostos como se estivessem debaixo de água. O único candeeiro da sala tremeluziu, e apagou-se. Eu apenas conseguia distinguir faixas prateadas de luz que passavam sob a pele das raparigas, como mercúrio. Até os seus olhos brilhavam.Começaram a levitar, as pontas dos sapatos regulamentares de Hecate mal tocando a carpete musgosa. Agora, já não eram rainhas do baile de finalistas, nem supermodelos – eram bruxas, e até pareciam perigosas. Apesar de me debater contra a vontade de cair de joelhos e colocar as mãos acima da cabeça, pensei, “Eu também seria capaz de fazer aquilo?" 

Sophie Mercer sempre foi uma bruxa, desde que se lembra. O problema é que não consegue controlar devidamente os seus poderes, o que faz com que os seus feitiços saiam normalmente furados... o que, por sua vez, atrai a atenção indesejada dos humanos.

Quando mais um feitiço de Sophie dá para o torto, o Conselho que regula as entidades sobrenaturais - ou "Prodigium", como aqui são chamados - decide mandá-la para Hecate Hall, uma escola correctiva para bruxas, fadas e mutáveis.

Enquanto começa a sua vida em "Hex Hall" (nome dado à escola pelos alunos) Sophie descobre que nem tudo está bem na instituição; um novo tipo de prodigium, os vampiros acabaram de ser admitidos em Hex Hall, tanto como professores como alunos; e a companheira de quarto de Sophie é a estudante vampira, Jenna. Mais, uma morte misteriosa que parece ter sido perpetrada por Jenna, pouco antes de Sophie chegar faz com que esta se sinta ainda mais apreensiva em relação à colega. Depois, claro, há também o grupo popular que a tormenta constantemente e aquele rapaz tão giro que infelizmente tem também uma namorada muito gira... e a maior rival de Sophie.

"Hex Hall" é mais uma obra de fantasia urbana juvenil a juntar às pilhas cada vez maiores de livros deste género publicados em Portugal (começou com "Crepúsculo" e nunca mais parou, desde "Eternidade" e "Hush, Hush" aos "Jogos da Fome").

O meu principal problema com este livro (e com muitos outros de fantasia urbana direccionada para adolescentes... e acreditem; eu já li bastantes) é a sua história formulaica e pouco original. Compreendo prefeitamente que seja difícil ser original num género tão saturado (sei que não parece, em Portugal, mas vamos apenas dizer que em Portugal ainda só se publicaram cerca de 0,1% das obras de fantasia urbana para adolescentes que existem a nível mundial... ou algo do género), mas pareceu-me que a autora nem sequer fez um esforço.

"Hex Hall", pareceu-me, desde a primeira página, um clone muito mal amanhado de "Harry Potter". Posso apontar inúmeras semelhanças, desde o facto da protagonista ser uma bruxa que viveu durante 16 anos sem ter contacto com outros "Prodígios" até ao facto de ser bastante evidente, desde os primeiros capítulos que Sophie tem um "destino especial" e que tem mais poderes do que a bruxa comum. Para já não apontar a semelhança mais óbvia que é o facto de Sophie ser mandada para um colégio interno para "Prodígium" e ser regularmente atormentada por uma bruxa arrogante. Até a história - bruxas a serem atacadas na escola por uma criatura desconhecida - me pareceu bastante similar ao enredo de "Harry Potter e a Câmara dos Segredos".

Obviamente que existem pequenas diferenças... a escola não é exclusiva para bruxas e como em todo o livro de fantasia urbana juvenil que se preze, também este tem uma personagem masculina por quem a heroina tolamente se apaixona quase desde o início.

Apesar de ser muito parecido, em termos de história, com "Harry Potter", não se deve correr o risco de pensar que "Hex Hall" é uma leitura ao mesmo nível. Porquê? Porque J.K. Rowling passou obviamente, anos a pesquisar mitologia e folklore e dá-nos constantemente, no seu livro, referências sobre as origens de criatura A ou B. Em "Hex Hall" temos uma história meio aluada sobre como os "Prodigium" apareceram no mundo e pouco mais. Sophie é uma "bruxa negra"... ok, mas então quais são as diferenças entre bruxas brancas e negras? Qual a história dos vampiros? Dos mutáveis? Que tipo de poderes possuem as fadas? Não sabemos porque a autora não se digna a explicar (cortesia, em parte, do facto da história ser contada na primeira pessoa, mas hey Sophie... chama-se pesquisa).

No geral uma leitura agradável sim, mas muito mal construída em termos de história (que peca pela sua falta de originalidade) e personagens, que são extremamente estereótipadas: a rapariga "bully" e popular, o rapaz giro e misterioso, a amiga gay, etc. Até mesmo Sophie é neglegenciada e acho que nem sequer conseguimos sobre ela, uma descrição física completa.

Mesmo assim, apreciei mais este livro do que outros do mesmo género que li este ano, como "Hush, Hush" ou "Eternidade".

Comentários

Pedro disse…
Não tenho mais nada a acrescentar, a tua crítica é a minha opinião!

DEMASIADO parecido com Harry Potter.

Para além de que é pequeno (parece ainda mais condensado do que já é...).
slayra disse…
Realmente, só lia e dizia... hmm, já li isto antes. :p :D
Elphaba disse…
Eu gostei do livro “Eternidade”. “Hex Hall” ainda não li mas está para breve.
Maria Malho disse…
no livro diz claramente as diferenças entre uma bruxa branca e uma bruxa negra e alguns dos poderes das fadas. :)
Contudo, fiquei curiosa depois de ter lido o livro pois não sabia a história dos vampiros e dos mutáveis e como era, fisicamente, sophie. Apesar de todos estes comentários, ADOREI O LIVRO e espero pelo segundo. ;)
Terminei agora a leitura deste livro. Antes de lhe pegar pensei que ia ser um enorme sacrifício devido às péssimas críticas encontradas até então mas tenho de admitir que até foi uma leitura algo refrescante! Adorei o humor negro da protagonista (provavelmente o aspecto mais positivo do livro) e sim, embora fiquem muitas questões em aberto e por explicar, acho que até é um livro porreirito. Lê-se bem, cria entusiasmo e é impossível evitar-se a gargalhada constante! Quero pegar em “Vidro Demónio” em breve para ver se algumas das questões são respondidas e isso mas, para já, acho que vou intercalar outra coisa pelo meio. :)