As Serviçais de Kathryn Stockett
Editora: Saída de Emergência (2010)
Formato: Capa Mole | 464 páginas
Géneros: Ficção Histórica
Sinopse (SdE): "Skeeter tem vinte e dois anos e acabou de regressar da universidade a Jackson, Mississippi. Mas estamos em 1962, e a sua mãe só irá descansar quando a filha tiver uma aliança no dedo. Aibileen é uma criada negra, uma mulher sábia que viu crescer dezassete crianças. Quando o seu próprio filho morre num acidente, algo se quebra dentro dela. Minny, a melhor amiga de Aibileen, é provavelmente a mulher com a língua mais afiada do Mississippi. Cozinha divinamente, mas tem sérias dificuldades em manter o emprego… até ao momento em que encontra uma senhora nova na cidade. Estas três personagens extraordinárias irão cruzar-se e iniciar um projecto que mudará a sua cidade e as vidas de todas as mulheres, criadas e senhoras, que habitam Jackson. São as suas vozes que nos contam esta história inesquecível cheia de humor, esperança e tristeza. Uma história que conquistou a América e está a conquistar o mundo."
O que dizer sobre "As Serviçais" a aclamada obra de Kathryn Stockett?
Tenho de admitir que não é fácil para mim emitir uma opinião sobre este livro, por diversas razões; primeiro porque, por estranho que pareça, é sempre mais fácil escrever uma crítica negativa do que uma positiva - enquanto ao darmos uma opinião negativa de uma obra podemos concentrar-nos nos seus defeitos, se temos de dar uma opinião positiva arriscamos-nos a criticar de forma pouco objectiva e mesmo insuficiente (penso que frases como "adorei este livro!" ou "é um livro perfeito!" são bons exemplos); e segundo, não é fácil tecer uma opinião sobre um livro como este, que lida com um tema tão delicado (e recente) da História Americana, para já não falar de todo um conjunto de mentalidades alguns aspectos das quais, infelizmente, ainda prevalecem hoje em dia. Basicamente, o que quero dizer é que me foi difícil formular uma opinião sobre o livro, pelo que se esta parecer algo incoerente, bem... é a vida.
"As Serviçais" foi certamente uma leitura diferente de qualquer outra este ano. O tema em geral e a mentalidade da maioria das personagens impressionaram-me, fazendo-me compreender a extensão da segregação racial em alguns estados dos EUA e as consequências dessas práticas na vida de muita gente. Confesso que certas partes deste livro (nomeadamente a franca ignorância de muitas "donas de casa" americanas na década de 60) me fizeram sentir desconfortável e muitas vezes indignada.
Apesar do tema controverso (e certamente para muitos, uma lembrança embaraçosa), Kathryn Stockett conseguiu escrever sobre ele de forma eficaz, evitando habilmente que o livro se tornasse demasiado cerrado, pesado e deprimente, intercalando acontecimentos dramáticos e terríveis com momentos de ternura, esperança. e mesmo algum humor. Os diferentes pontos de vista fizeram com que o leitor conseguisse ter uma ideia global da vida e mentalidade nos "dois campos" (o das "senhoras" e o das "criadas"). Deste modo, apesar do assunto de que trata o livro, este lê-se bem sendo quase um "page-turner", um livro de leitura compulsiva.
No entanto, a mesma característica que torna este livro tão fácil de ler também me incomodou um bocado; isto porque não esperava que esta fosse uma leitura tão rápida e quase... leve (tão leve quanto este tema pode ser, claro). Embora a autora refira algumas das atrocidades cometidas contra a população de cor nos estados sulistas, estas referências são feitas apenas "de passagem"; rapidamente a história se foca noutros assuntos mais mundanos como a vida amorosa de Skeeter (uma das vozes deste livro, a menina de "sociedade" que decide escrever um livro sobre a vida das criadas na cidade de Jackson) ou em como Minny (outra das vozes do livro, uma criada "respondona" e impulsiva) se irrita constantemente com a burrice da sua nova patroa. Apesar das três protagonistas estarem a fazer algo ilícito e perigoso, o leitor nunca sente (ou pelo menos eu nunca senti) que qualquer uma delas pudesse ter de lidar com consequências realmente devastadoras. E no fundo nenhuma delas tem de pagar um preço muito alto pelo seu acto de rebeldia. Até mesmo as revelações das criadas contidas no "livro" me pareceram brandas, como se de algum modo procurassem desculpar as suas patroas pelo facto de não se importarem com o status quo (mesmo não as tratando mal).
Sei que provavelmente não me estou a explicar muito bem, mas foi o que senti... como se a autora não tratasse o tema com a seriedade que ele merece; por outro lado, foi provavelmente o modo como Kathryn Stockett escreveu este livro que o tornou tão famoso, pelo que suponho que é uma maneira de alertar mais pessoas para este assunto.
No que diz respeito às personagens, achei que eram um bocado estereotipadas, especialmente Skeeter, pois nunca entrevemos os seus conflitos interiores e nunca a vemos realmente crescer como personagem. Quanto ao final, foi um pouco abrupto demais para meu gosto.
Mas, no geral, "As Serviçais" é uma obra que recomendo com gosto. Lê-se bem, a história está bem encadeada e é agradável ler sobre as personagens. É um livro que nos faz pensar, que nos faz questionar e sobretudo, que nos faz sentir.
Sei que provavelmente não me estou a explicar muito bem, mas foi o que senti... como se a autora não tratasse o tema com a seriedade que ele merece; por outro lado, foi provavelmente o modo como Kathryn Stockett escreveu este livro que o tornou tão famoso, pelo que suponho que é uma maneira de alertar mais pessoas para este assunto.
No que diz respeito às personagens, achei que eram um bocado estereotipadas, especialmente Skeeter, pois nunca entrevemos os seus conflitos interiores e nunca a vemos realmente crescer como personagem. Quanto ao final, foi um pouco abrupto demais para meu gosto.
Mas, no geral, "As Serviçais" é uma obra que recomendo com gosto. Lê-se bem, a história está bem encadeada e é agradável ler sobre as personagens. É um livro que nos faz pensar, que nos faz questionar e sobretudo, que nos faz sentir.
Comentários
Sim, é muito mais fácil expressar o quanto não se gostou de um livro do que fazer o contrário, é aquela coisa de "ficar sem palavras".