Editora: Bertrand Editores (2010)
Formato: Capa Mole | 510 páginas
Géneros: Romance Paranormal
Sinopse (Goodreads): "Está farto de ouvir falar em vampiros? Meena Harper também.
Mas os seus patrões obrigam-na a escrever sobre eles na mesma, apesar de Meena não acreditar na sua existência. Não é que Meena seja alheia ao sobrenatural. O que se passa é que ela sabe como vamos morrer. (Claro que não acreditamos nela. Nunca ninguém acredita.) Nem o dom da premonição de Meena pode contudo prepará-la para o que sucede quando ela conhece Lucien Antonescu (e depois comete o erro de se apaixonar por ele), um príncipe dos dias de hoje com um lado negro. Trata-se de um lado negro pelo qual muitas pessoas, como por exemplo uma antiga sociedade de caçadores de vampiros, preferiam vê-lo morto. O problema é que Lucien já está morto. Talvez seja por isso que é o primeiro tipo que Meena conhece com quem se imagina a ter um futuro. É que, apesar de Meena ser capaz de ver o futuro das outras pessoas, nunca conseguiu ver o próprio. E apesar de Lucien parecer ser tudo o que Meena sonhou encontrar num namorado, poderá acabar por ser um pesadelo. Esta poderá ser uma boa altura para Meena começar a prever o seu próprio futuro... Se é que o tem."
Meg Cabot é uma autora que geralmente aprecio; ou melhor, para ser mais específica gosto dos seus livros dedicados à fantasia paranormal (a série juvenil Mediator), porque os dedicados aos mais novos - Diários da Princesa e afins - não apelam muito, talvez porque já não tenho 14 anos. Ahem, mas adiante... eu gostei bastante da maioria dos livros de Meg Cabot especialmente por serem fáceis de ler e terem histórias interessantes. Assim, fiquei entusiasmada quando vi "Insaciável" nas lojas; finalmente, Meg Cabot estreia-se no mundo dos vampiros! Claro que tinha de ler o livro... tinha gostado tanto da série dela com fantasmas!
Cem páginas mais tarde, estava a praguejar mentalmente porque o livro tinha 510. Esta foi uma das piores leituras deste ano, sem contar com o pavoroso Anjo Caído. O livro chegou a dar-me sono! Sono! Isso é quase impossível para mim.
Depois de terminada a leitura (embora me tenha questionado várias vezes durante), tentei perceber o porquê desta leitura me ter custado tanto e o porquê de ser invariavelmente... bem, má.
Considerando o enredo e personagens, é muito claro que este livro pretende ser uma paródia a um género saturado, onde já se utilizaram centenas de vezes os estereótipos do vampiro sexy torturado e da heroína "especial" (uma clara "patada" a livros como "Crepúsculo" e "Eternidade"), entre outros. Estes estereótipos estão presentes neste livro em toda a sua glória, juntamente com a paixão avassaladora entre os protagonistas (recorde mundial - apaixonam-se num dia; ou espera... não é não, isto está sempre a acontecer neste tipo de livros) e o inevitável triângulo amoroso.
Senão vejam: Meena Harper (é mesmo o nome dela, a sério) é guionista de uma telenovela chamada "Insaciável" e tem um segredo... consegue saber como as pessoas vão morrer. Uma noite, é atacada por morcegos e salva pelo príncipe romeno Lucien Antonescu (yep, é mesmo a nacionalidade e nome do protagonista) que acaba por ser um vampiro e que está a ser perseguido pelo Vaticano. Apaixonam-se loucamente, mas depois Meena é avisada da sua identidade por Alaric, um caçador de vampiros (do Vaticano).
Pois. Clichés que nunca mais acabam.
O que faltou neste livro foi o humor inerente a uma paródia. A autora não parece ter tido a destreza necessária para balançar todos os clichés e o humor subtil e irónico (e mesmo por vezes daquele que faz rir bem alto) que deve, penso eu, existir numa paródia. Sem ele, tudo o que ficou foi... bem, um péssimo romance paranormal. Isto porque era suposto ser um livro a gozar, tudo era exagerado e como faltou humor a narrativa pareceu-me... oca.
Não havia química nenhuma entre as personagens; os seus diálogos exageradamente melodramáticos foram apenas ridículos, não engraçados e não, certamente, românticos (mas penso que isto também se deveu à tradução - em português ainda mais dramático ficou). Algumas personagens secundárias como o irmão de Meena - que se chama, claro, Jon Harper - e a vizinha daquela, Mary Lou tiveram "momentos", mas no geral... faltava qualquer coisa. No fim, a autora não conseguiu atingir convenientemente o objectivo a que se propunha.
No geral, este foi um livro bastante penoso de ler, quer pelas personagens e as suas atitudes ridículas (novamente, sem humor) quer pela história sem magia romântica e acção interessante. Não recomendo este livro, nem aos amantes do Romance Paranormal; no entanto se querem uma boa série juvenil sobre uma rapariga que vê fantasmas (como a Melinda em "Entre Vidas"), recomendo a série Mediator (em português "A Mediadora") da autora. Este livro em particular, não é muito bom, mas Cabot tem outros que são bastante melhores.
Comentários
Ora a Meg Cabot há uns anos costumava dizer que não iria escrever sobre vampiros, que era um género muito gasto, bla bla bla.
No entanto há um ano ou dois lembro-me de ela dizer que estava a escrever um livro, que tinha sido uma ideia da agente e que ao princípio não tinha gostado, e bla bla bla.
Teoria óbvia - era deste livro que estava a falar. Imagino que o terá escrito por pressões da agente/editora e isso vê-se no livro. Na primeira parte nota-se muito que ela não estava a escrever aquilo com gosto.
Aquilo em que este caso me fez reflectir é o peso cada vez maior que as editoras têm no que o autor vai escrever a seguir (agora estou a pensar na Juliet Marillier, que parece que teve algumas "pressões" da editora americana a escrever mais livros de Sevenwaters porque era os que mais vendiam), e isso deixa-me triste, porque também é preciso que os autores tenham gosto no que estão a escrever, pois isso acaba por ser transmitido ao leitor. :/
Mas eu também fico um pouco apreensiva em relação ao que a p7 referiu. O caso que me é mais próximo é precisamente a Juliet. Tanto eu como ela própria gostaríamos de ver cá fora o 4º das crónicas de Bridei, mas ao invés disso ela está a ser um pouco pressionada pela editora americana para continuar a escreves sobre sevenwaters, e obras mais YA do que aquilo que é o trabalho natural dela (um pouco é um eufemismo, já que ela usou as palavras "tenho de pôr comida na mesa"). Sendo esse o seu ganha-pão, e tendo em conta o peso do mercado americano, não lhe resta muita opção.
Como ela existirão porventura outros autores pressionados a seguir as modas de publicação, e escrever o que vende mais. Inevitavelmente e independentemente dos gostos, quando o autor prefere escrever outra coisa, o que vende acaba por ser em detrimento da qualidade global da obra.
Espero que em breve a Juliet possa dedicar-se ao que quiser.
E até parece impossível que autoras como a Juliet Marillier e a Meg Cabot tenham de escrever o que lhes mandam invés do que querem. Afinal já são escritoras como muitas obras conhecidas e muitos fãs, mas acredito que realmente o mercado seja assim ... sem escrúpulos. É pena!