Números by Rachel Ward
Editora: Vogais (2012)
Formato: Capa Mole | 288 páginas
Géneros: Lit. Juvenil, Ficção Científica, Fantasia
Editora: Vogais (2012)
Formato: Capa Mole | 288 páginas
Géneros: Lit. Juvenil, Ficção Científica, Fantasia
Descrição da edição portuguesa (Vogais): "Se soubesses o dia da morte das pessoas mais importantes da tua vida, o que farias? Jem Marsh esconde um poder espantoso, mas terrível: sempre que olha alguém nos olhos, vê a data da morte dessa pessoa. Órfã, com uma família adotiva que não a compreende, e rejeitada pela escola, vive permanentemente em luta com o seu destino. Mas, quando se apaixona por Spider, tudo muda. Jem compreende então que, mesmo sendo diferente, é possível ser feliz.Um dia ao encará-lo nos olhos, Jem apercebe –se de que a morte de Spider está muito próxima, relacionada com um terrível atentado em Londres! Conseguirá Jem mudar o destino do seu namorado — e transformar a sua própria vida?"
Este livro saiu recentemente em português por isso decidi finalmente lê-lo. Custou-me um pouco entrar na leitura porque li uma edição britânica e não estou muito habituada ao calão deles pelo que tive de perceber algumas palavras pelo contexto. No entanto, isso não me impediu de apreciar a história.
Uma das opiniões acerca deste livro no Goodreads, refere que aquele sofre de um caso de publicidade enganosa. Concordo plenamente. Quando comprei este livro, tudo - desde a sinopse à capa - me fazia acreditar tratar-se de mais um livro juvenil com uma heroína "pseudo-rebelde", um herói "pseudo-misterioso" e muita "pseudo-angústia" emocional adolescente com uma pitada de romance instantâneo. A heroína seria "especial" e "pseudo-atormentada" e o herói seria um bonzão. Coisas assim.
Estava completamente enganada (felizmente).
Jem Marsh vê números quando olha para as pessoas. Datas, mais especificamente. A data de morte de todas as pessoas que olha nos olhos.
Atormentada por esta habilidade, Jem, uma órfã instável, decide não se dar com ninguém. Porque como é que se faz amizade com as pessoas quando se sabe o dia exacto em que elas vão morrer? É então que conhece Spider, um rapaz da sua escola. Ele não é o mais inteligente ou o mais giro de todos os rapazes, mas compreende-a. Contra a sua vontade torna-se amiga de Spider e tem de lidar com todas as implicações que isso traz. Será que ela não pode fazer nada para mudar o destino dos que ama?
Números: Luta contra o Tempo foi uma óptima leitura, exactamente por ser diferente da maioria dos livros YA que por aí andam.
Primeiro que tudo, não há "insta-love" (romance instantâneo). Há uma relação entre dois jovens que é tratada de forma realista e acontece gradualmente. Gostei imenso da química entre as personagens (Spider e Jem) que longe de serem perfeitos são realmente adolescentes do século XXI. São personagens realistas, com um desenvolvimento realista e com as quais nem toda a gente se identificará uma vez que são adolescentes problemáticos, de bairros sociais e tipicamente britânicos. Mas não interessa se o leitor se identifica; o realismo está lá, é "palpável". É... refrescante. As atitudes das personagens fizeram-me pensar "aha! eu consigo imaginar um ser humano a fazer isto! A lidar com esta situação exactamente desta forma." Alguns leitores poderão não gostar de algumas das atitudes destas personagens, mas mesmo essa reacção de irritação (quando elas se queixam demais ou são ligeiramente mais cobardes do que gostaríamos), prova a mestria de Ward no que toca à construção das personagens.
Também em termos de descrição física achei o livro refrescante. Nada de rapazes exageradamente "giros" e musculados que parecem saídos de uma capa de revista; não, nada disso. Temos pessoas normais com um nível de beleza normal.
O enredo é formulaico nalguns aspectos, mas é sobretudo... diferente. Temos personagens perturbadas, que têm de lidar com uma situação para a qual não estão preparados: uma fuga da polícia, uma vez que são considerados "pessoas de interesse" numa investigação a um ataque terrorista. O "dom" da Jem não é o foco central, ou pelo menos não da maneira usual. É o "dom" dela que lhes arranja sarilhos, mas o livro não é acerca deste "dom", nem os protagonistas passam o livro a tentar perceber de onde ele vem. Este livro foca-se mais na mortalidade do ser humano e como nos esquecemos da mesma. E no que um "dom" como o de Jem faz à psique humana. Os origens desta habilidade são irrelevantes; é notório que esta falta de explicação para o "dom" da Jem é propositada. São as interacções dos protagonistas e destes com outras pessoas que são importantes.
No geral, um livro diferente da maioria da fantasia urbana juvenil. É mais sombrio e realista do que o normal e penso que quem gosta de amores cintilantes e personagens imensamente altruístas não irá adorar este livro. Pessoalmente achei que foi muito bom e que se destaca dentro do seu género.
Comentários
E não há insta-love. Estou chocada...