Editora: Berkley (2014)
Formato: e-book | 368 páginas
Géneros: Fantasia urbana
É um bocado difícil escrever uma opinião sobre “The Lesser
Dead” porque este livro é… tantas coisas, so many feels, que não sei bem o que
dizer.
É daqueles livros que, apesar de parecerem não ter nada de
especial em termos narrativos, nos puxa de tal forma, que damos por nós a
adorar o livro, pelo menos enquanto o lemos.
Estamos em 1978 e Joey Peacock, um vampiro de 14 anos, vive
nos túneis abandonados de Nova Iorque, juntamente com a sua “família” de
vampiros. Mas não pensem que Joey é um vampiro fofinho e bondoso, não. É tudo o
que um vampiro na década de 70 do século XX deve ser e sabe como divertir-se e
seduzir mulheres (com a ajuda do seu charme vampírico, para parecer mais
velho), beber sangue de famílias incautas e fazer tudo o que os jovens andam a
fazer: ver TV, sair à noite e tudo isso.
A vida destes vampiros não é perfeita, mas é boa.
Infelizmente, muda-se para a zona, um grupo de vampiros que gosta de matar e
torturar as suas vítimas, e Margaret, a rainha vampira dos túneis simplesmente
não pode deixar que tal aconteça. Por isso, os vampiros investigam e descobrem
que os invasores são… crianças.
A narrativa de Joey é algo não-linear, porque salta no
tempo. Por vezes narra-nos o que se passa em 1978, por vezes volta atrás, a
1943, quando foi transformado em vampiro. E conta também as histórias de alguns
dos seus companheiros dos túneis, como Margaret e Cvetko, o vampiro que foi
transformado com cerca de 50 anos e que é demasiado calmo e dócil (na opinião
de Joey).
Este livro mistura muita da mitologia existente sobre os
vampiros, mas fá-lo de uma forma absorvente e interessante e o autor não deixa
de adicionar um cunho muito seu ao vampirismo. Partes da história descrevem os
vampiros como criaturas brutais e fazem lembrar as narrativas mais clássicas (imaginem:
vampiro do lado de fora da janela).
Esta história contém bastante violência, mas nunca achei que
fosse gratuita. Achei que o autor conseguiu caracterizar os seus vampiros com
mestria, dando-lhes características muito humanas, mas não escondendo o seu
lado predatório e que processa emoções de forma diferente.
Joey é um narrador irreverente, muito humano e na maioria
das vezes, vê-se que tem muito mais idade do que aparenta; outras vezes, porém,
quase que parece um rapaz de 14 anos.
Não posso dizer muito mais sem começar a entrar em spoilers,
mas gostei bastante deste livro. Da construção da narrativa, do seu estilo, das
personagens, de tudo.
No geral, uma boa leitura dentro do género da fantasia
urbana. Tem alguns momentos assustadores, arrepiantes e envolventes e é um livro que, penso, está
bastante bem escrito. Recomendado.
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