Opinião: The Lesser Dead (Christopher Buehlman)

Editora: Berkley (2014)
Formato: e-book | 368 páginas
Géneros: Fantasia urbana

É um bocado difícil escrever uma opinião sobre “The Lesser Dead” porque este livro é… tantas coisas, so many feels, que não sei bem o que dizer.

É daqueles livros que, apesar de parecerem não ter nada de especial em termos narrativos, nos puxa de tal forma, que damos por nós a adorar o livro, pelo menos enquanto o lemos.

Estamos em 1978 e Joey Peacock, um vampiro de 14 anos, vive nos túneis abandonados de Nova Iorque, juntamente com a sua “família” de vampiros. Mas não pensem que Joey é um vampiro fofinho e bondoso, não. É tudo o que um vampiro na década de 70 do século XX deve ser e sabe como divertir-se e seduzir mulheres (com a ajuda do seu charme vampírico, para parecer mais velho), beber sangue de famílias incautas e fazer tudo o que os jovens andam a fazer: ver TV, sair à noite e tudo isso.

A vida destes vampiros não é perfeita, mas é boa. Infelizmente, muda-se para a zona, um grupo de vampiros que gosta de matar e torturar as suas vítimas, e Margaret, a rainha vampira dos túneis simplesmente não pode deixar que tal aconteça. Por isso, os vampiros investigam e descobrem que os invasores são… crianças.

A narrativa de Joey é algo não-linear, porque salta no tempo. Por vezes narra-nos o que se passa em 1978, por vezes volta atrás, a 1943, quando foi transformado em vampiro. E conta também as histórias de alguns dos seus companheiros dos túneis, como Margaret e Cvetko, o vampiro que foi transformado com cerca de 50 anos e que é demasiado calmo e dócil (na opinião de Joey).

Este livro mistura muita da mitologia existente sobre os vampiros, mas fá-lo de uma forma absorvente e interessante e o autor não deixa de adicionar um cunho muito seu ao vampirismo. Partes da história descrevem os vampiros como criaturas brutais e fazem lembrar as narrativas mais clássicas (imaginem: vampiro do lado de fora da janela).

Esta história contém bastante violência, mas nunca achei que fosse gratuita. Achei que o autor conseguiu caracterizar os seus vampiros com mestria, dando-lhes características muito humanas, mas não escondendo o seu lado predatório e que processa emoções de forma diferente.

Joey é um narrador irreverente, muito humano e na maioria das vezes, vê-se que tem muito mais idade do que aparenta; outras vezes, porém, quase que parece um rapaz de 14 anos.
Não posso dizer muito mais sem começar a entrar em spoilers, mas gostei bastante deste livro. Da construção da narrativa, do seu estilo, das personagens, de tudo.

No geral, uma boa leitura dentro do género da fantasia urbana. Tem alguns momentos assustadores, arrepiantes e envolventes e é um livro que, penso, está bastante bem escrito. Recomendado.

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