Opinião: Metro 2033 (Dmitry Glukhovsky)

Metro 2033 de Dmitry Glukhovsky
Editora: Gailivro (2011)
Formato: Capa Mole | 540 páginas
Géneros: Ficção Científica
Sinopse: "Num futuro não muito distante, no seguimento de uma guerra desastrosa que destruiu o mundo, o que resta da Humanidade vive no subsolo para se proteger da radiação e de criaturas de pesadelo que substituíram o Homem no topo da cadeia alimentar. Alguns milhares de pessoas sobrevivem, a custo, no metro de Moscovo sem saberem se são os últimos da sua raça. Quando a estação de VDNKh se vê ameaçada por estranhas criaturas mutantes, um jovem, Artyom, é mandado através dos escuros e misteriosos túneis até à mítica cidade "Pólis", o último arquivo do conhecimento humano e a única esperança de salvar os habitantes desta estação."

Metro 2033 foi uma leitura ao mesmo tempo frustrante e reveladora. Enquanto lia, experimentei sentimentos contrários acerca da escrita e foco do autor. Se nalgumas partes a narrativa flui de forma correcta e agradável, noutras Glukhovsky parece perder-se em considerações filosóficas por demasiado tempo, o que faz com que o leitor perca um pouco, o 'fio à meada'. No entanto, de modo geral, conseguiu equilibrar as várias vertentes e géneros de que vive a sua narrativa.

Artyom, um jovem inexperiente que quase nunca se aventurou para fora da sua estação de residência (cada estação representa uma sociedade ou mesmo cidade, nalguns casos) é incumbido de percorrer "a linha do Metro" até chegar à cidade Pólis, onde, segundo se diz vivem os da classe académica, os detentores do saber. Artyom, armado apenas de uma velha metralhadora, uma lanterna e alguns mantimentos, parte para uma viagem desconhecida por túneis mal iluminados (e muitas vezes sem qualquer tipo de iluminação).

Acompanhamos o jovem, enquanto este percorre os túneis e lida com diversos medos (afinal, encontra-se debaixo da terra...); conhecemos personagens insólitas que nos informam de lendas e mitos sobre este local sombrio onde vivem: os túneis onde desaparecem pessoas, os túneis onde se enlouquece, os túneis escondidos da antiga elite russa e mesmo a estação assombrada. O Metro de Moscovo tornou-se um mundo em miniatura e as pessoas continuam iguais a si próprias... apesar de tudo o que passaram ainda se dividem por credos, religiões ou ideais políticos. Ainda fantasiam sobre o que contém a escuridão.

Esta foi a parte que mais gostei no livro. O modo como os ideais que dividem as populações perduram, enquanto o conhecimento se desvanece e os sobreviventes regridem em termos civilizacionais.

O protagonista conhece algumas pessoas, a maioria das quais o ajuda na sua demanda e outros que tentam impedir que chegue ao fim. Desde comunistas a revolucionários e de místicos a membros de cultos (o Grande Verme, ahah), todas elas representam estereótipos políticos e religiosos e todos à sua maneira contribuem para a evolução de Artyom (que muitas vezes, para minha irritação, se mostrava um pouco burrinho) enquanto personagem.

Gostei bastante desta leitura, apesar do final um pouco abrupto e algo deprimente. No entanto, não gostei do facto do autor ser bastante vago em relação ao que se tinha passado para se chegar ao cenário em que se moviam as personagens e confesso que os nomes das estações russas tornaram a leitura um pouco penosa, porque são tão complicados que é fácil esquecer qual é que fica aonde e por qual se tem de passar para voltar para trás... enfim, uma confusão. Outro factor que me dificultou um pouco a leitura foi a qualidade inconstante da tradução... pareceu-me que algumas partes estavam mal traduzidas ou então é a escrita do autor que é estranha, não sei.

No geral, uma boa obra dentro do género da Ficção Científica, mas se estão à espera de muita acção desenganem-se. "Metro 2033" é mais acerca da viagem e auto-conhecimento da personagem principal e há muito mais disso do que humanos a disparar sobre mutantes.

Comentários

Laura disse…
Este livro parece-me bastante interessante, sem dúvida.
slayra disse…
É bastante interessante se gostares do género "pós-apocalíptico". É parte acção, parte discussão filosófica, mas às vezes é uma tal salganhada que acho que o autor se perde um pouco.