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Opinião: Os Altos e Baixos do meu Coração (Becky Albertalli)

Editora: Porto Editora (2018) 
Formato: Capa mole | 288 páginas 
Géneros: Ficção contemporânea, Literatura YA

Ora bem... Os Altos e Baixos do meu Coração. O que dizer sobre este livro? Na verdade, não há assim muito que dizer, exceto que se trata de uma leitura romântica direcionada ao público mais jovem (o atualmente intitulado "Young Adult")

A história centra-se em Molly uma jovem que tem uma boa vida familiar e uma irmã gémea com quem partilha tudo. A família dela não seria, decerto, considerada a mais tradicional (infelizmente), pois tem duas mães que a tiveram, à irmã e ao irmão mais novo através de fertilização in-vitro, mas, no geral, Molly diria que é feliz.

A única coisa que a atrapalha são as suas frequentes paixonetas. Cassie, a irmã gémea, tem andado a contar e foram, durante os 16 anos da vida de Molly... 26.

No entanto, Molly nunca teve um namorado, uma curte, nada. Nunca age quando tem uma paixoneta por ter medo de se magoar. 

Quando Cassie arranja uma namorada, Molly conhece os dois amigos da mesma por arrasto. Será que Molly irá finalmente arranjar um namorado? E será um dos dois rapazes giríssimos que conheceu ou tudo ficará estragado pelos estranhos sentimentos que tem por Reid, o funcionário da loja onde ela também trabalha.

Como disse acima... não há muito a dizer sobre este livro exceto que é romântico, divertido e muito docinho. O suficiente para causar diabetes, quase.

Gostei mais deste livro do que do primeiro livro da autora, O Coração de Simon contra o Mundo. Identifiquei-me tanto, mas tanto com a Molly, com as suas inseguranças e com o seu medo de rejeição. 
Já da Cassie não gostei tanto, achei que foi insensível nalguns momentos para com a irmã e Molly, que supostamente quer ser uma pessoa forte, não reage muito, é muito passiva. 

O meu problema com este livro (e que já tinha tido com o primeiro) é que, apesar de termos muita diversidade (diferentes sexualidades, diferentes tipos de corpo, diferentes etnias, religiões, etc), tudo é tratado com "óculos cor de rosa". Ok, também não tem de ser um drama pesado, mas tendo em conta a sociedade de hoje... Becky Albertalli escreve como se toda a gente fosse super, mega tolerante e como se a diferença não causasse desprezo, desconforto, atitudes ridículas e erradas e tudo o mais. Ok, a rejeição de certas coisas está lá (a tia homofóbica, por exemplo), mas de forma tão camuflada e simplista que não há oportunidade de explorar esta vertente. 

E sendo uma obra para jovens, ainda em "formação", acho que é importante que se retrate a realidade como ela é, que se escreva de forma a que também estes jovens considerem como a sociedade ainda tem muito que evoluir em muitos aspetos. Talvez seja demasiado para esperar de um livro YA e talvez não seja realmente algo que qualquer escritor tenha realmente de fazer (não é nenhuma obrigação); mas seria interessante que o fizessem.  

No geral uma leitura rápida e agradável. Apesar da diversidade apresentada, é um livro com pouca profundidade pois não nos leva a pensar e retrata uma realidade que, a meu ver, não existe. Também me entristeceu que as personagens não crescessem, não se desenvolvessem, não passassem por momentos de angústia; um exemplo: Molly tem problemas com o corpo por ter peso a mais e isto é uma constante ao longo do livro; no entanto, no final ela já se aceitou como é e tudo por causa se um simples acontecimento. Lamento, não é assim que funciona. Enfim, uma leitura fofinha e pouco mais.

Detalhes da versão original:
Título: The Upside of Unrequited
Ano: 2017

Opinião: Um de Nós Mente (Karen M. McManus)

Editora: Gailivro (2018) 
Formato: Capa mole | 334 páginas 
Géneros: Ficção contemporânea, Literatura YA

Um de Nós Mente é a estreia de Karen M. McManus e é um livro de ficção contemporâneo dirigido ao público jovem adulto. Hesito em chamar-lhe um "thriller" porque, de facto, a resolução é bastante simples e acho que a exploração do clima social que se vive durante a adolescência é bastante mais interessante e chamativo do que o mistério em si.

O livro começa com cinco jovens, todos muito diferentes, que apanharam detenção por terem telemóveis ligados durante as aulas. Temos a rapariga estudiosa, o desportista popular, a rainha de beleza com o namorado jogador, o delinquente e o geek curioso que pesca um bocado de computadores e que se entretém a escrever mexericos e a denunciar segredos da escola numa app.

Deveria ser apenas uma detenção; mas não foi. Porque o geek, Simon, morre em frente dos outros quatro são considerados suspeitos e depois de muitos interrogatórios e de ações de alguma intimidação da parte da polícia, decidem tentar perceber o que se passou. No decurso dessa investigação, os segredos de cada um vão sendo revelados; segredos que Simon parecia saber, mas que nenhum deles queria ver tornados públicos. Então... qual deles matou Simon?

Um de Nós Mente foi uma leitura divertida. Como disse, a solução do mistério é quase imediatamente aparente e por isso não foi essa a parte que me puxou. No entanto, a exploração da vida e dos segredos dos protagonistas foi interessante, assim como da vida escolar e de como tudo é tão público, tangível e imediato nos dias de hoje, com as redes sociais e a internet.

Gostei do facto das personagens terem crescido (apesar de de forma superficial) e aceitado que os seus "segredos" eram como uma pedra que os prendia ao fundo do rio e que, depois de conhecidos, os libertaram para serem eles mesmos. 

Gostei muito da viagem de Addy, a rapariga que achava que tinha tudo e que se apercebeu de que estava numa relação emocionalmente abusiva (algo difícil de detetar, por vezes).

Não há muito mais que possa dizer sem revelar partes da história, por isso termino por aqui. Uma leitura interessante em termos de exploração do ambiente social na escola secundária, mas um bocado previsível em termos do mistério.

Detalhes da versão original:
Título: One of Us is Lying
Ano: 2017

Opinião: For Darkness Shows the Stars (Diana Peterfreund)

Editora: Balzer + Bray (2012)
Formato: Capa dura | 407 páginas
Géneros: Ficção científica, Lit. Juvenil/YA
Sinopse.

For Darkness Shows the Stars é um “retelling” ou adaptação (mais ou menos) de Persuasão, uma das obras de Jane Austen.

Apesar do esqueleto de For Darkness Shows the Stars ser semelhante ao de Persuasão (ou seja, dois apaixonados que planeiam fugir, mas cuja fuga acaba por não se concretizar porque a rapariga decide não ir à última da hora. E toda a desarmonia que daí advém quando os dois protagonistas se encontram anos mais tarde), a autora, Diana Peterfreund acrescenta toda uma nova dimensão, decorrente do seu mundo pós-apocalíptico e das diversas ideologias que o moldam.

Elliott North faz parte de uma classe de nobres, os “Luditas” (Luddites, no original), que desde que o mundo foi destruído devido a avanços científicos na área da genética, reinam sobre uma hoste de “Reduzidos” (no original Reduced), homens e mulheres portadores de deficiência mental, devido a mudanças no ADN dos seus antepassados.

Os Luditas defendem um estilo de vida simples, sem tecnologia (que tanto mal causou), de volta às origens. Por isso instituíram um sistema de classes, em que eles são os nobres, os superiores, uma vez que os seus antepassados se opunham à modificação genética (segundo nos é dado a perceber, eram de facto uma seita religiosa) e assim não foram modificados e escaparam ao flagelo da “redução” (ou seja não tiveram filhos Reduzidos). Como classe superior, os Luditas acreditam que a sua missão é cuidar do planeta e dos Reduzidos (o que fazem, obrigando estes últimos a trabalhar nas suas terras) e proibir o uso de tecnologia (exceto a que lhes dê vantagens, como tratores e outras máquinas parecidas).

Mas depois de gerações de Reduzidos gerarem mais Reduzidos, começa a notar-se uma mudança: algumas das crianças já não exibem sinais de redução, são em tudo… normais. Kai é uma dessas crianças. Ele e Elliott vão desenvolver uma relação primeiro de amizade e depois de amor. Mas quando Kai quer abandonar a propriedade dos North juntamente com Elliott ela resiste; porque apenas ela se importa com as pessoas que vivem na sua propriedade.

Como quem já leu “Persuasão” provavelmente já adivinhou, Kai volta alguns anos mais tarde, capitão de um navio exploratório cujo objetivo é explorar o mundo (agora novamente desconhecido). Ele e o conjunto de “Posts” (pós-redução) que compõem o seu grupo são ricos e heróis para todos os Posts que continuam presos às terras dos Luditas. Eles alugam um estaleiro na terra dos North, que estão a precisar de dinheiro.
Kai está muito zangado com Elliott por o ter abandonado quatro anos antes. Mas, ao contrário de que acontece em Persuasão, a recusa de Elliott não se dá apenas devido a uma indecisão mas sim porque, sendo Ludita, Elliott acredita nos valores religiosos dos mesmos (apesar de ter uma mente mais aberta) e sabe que tem de cuidar dos que vivem nas terras dos North.

For Darkness Shows the Stars apresenta-nos a história romântica de Persuasão, mas adiciona-lhe uma batalha interior da parte de Elliott relativamente àquilo em que acredita e se os valores em que baseou a sua vida estarão realmente corretos. Não quero com isto dizer que este livro é melhor do que o “Persuasão”. Apenas que, no fundo, apesar dos aspetos comuns, é um livro que se consegue distinguir da sua obra de inspiração.

Achei Elliott uma personagem fantástica. Não é perfeita e sabe-o. É algo intolerante mas bondosa (como a maioria dos seres humanos no planeta, suponho) e luta para ser o melhor possível. Está aberta a novas ideias (pelo menos mais para o final do livro), o que é ótimo. Cresce enquanto personagem.

Kai é… bem, foi a personagem que me desapontou mais. É irritante e chega a ser mau. Para além disso não é nem de perto nem de longe tão intenso como o Capitão Wentworth da obra original.

No geral, um livro bastante bem escrito e interessante. Adorei o mundo criado pela autora, a doutrina religiosa que rege este mundo e sobretudo a forma como introduziu o velho e contínuo debate sobre até onde devemos ir com o nosso progresso científico e se as razões que damos para o mesmo (melhorar a vida das pessoas, por exemplo) justificam tudo. As personagens também me cativaram, especialmente a Elliott. O Kai teve algumas atitudes parvas mas não desgostei dele, no geral. Também achei muito interessante a forma como a autora desenvolve a relação entre a Elliott e o Kai através das cartas que escrevem um ao outro ao longo dos anos.

Opinião: A Todos os Rapazes que Amei (Jenny Han)

Editora: Topseller (2014)
Formato: Capa mole | 272 páginas
Géneros: Romance contemporâneo, Lit. Juvenil/YA
Sinopse.

Oh joy! Um livro da Topseller que não me apetece atirar para o outro lado da sala devido à frustração e ao facto de ter gasto os meus preciosos euros em livros parvos!

Sem ofensa, a Topseller e outras editoras têm de começar a perceber que o facto de ter estado na lista de bestsellers do New York Times não torna um livro bom. Aliás, já ouvi dizer que esses lugares podem ser comprados. Seja ou não verdade, a verdade (eh) é que a maioria dos supostos “bestsellers” são-no porque o livro foi sujeito a uma massiva campanha de marketing. Ok, pode ser que a minha irritação com muitos dos livros que li ultimamente da Topseller se deva ao facto de não ser a maior fã do género (James Patterson e Samantha Hayes que escrevem dentro do género do thriller) em que se inserem, mas nos últimos meses não tenho lido nem um livro desta editora de que tenha gostado. Excetuando “O Marciano” que até foi fixe.

Falando agora deste livro em particular (só para lembrar é o “A Todos os Rapazes que Amei” da Jenny Han), fiquei agradavelmente surpreendida. Sim é uma história de amor adolescente bastante normal, escrita vezes sem conta, mas foi tão fácil de ler, tão envolvente e tão fofinha, que fiquei extremamente contente com a compra.

Este livro conta a história de Lara Jean, a irmã do meio de três irmãs, que tem uma família normal, com um pai atencioso e uma vida despreocupada. Lara Jean tem o hábito de escrever cartas de amor (sort of) a todos os rapazes que por quem se apaixona; depois guarda-as numa caixa de chapéus que herdou da sua mãe e segue em frente. Parece (e é) uma forma saudável de lidar com os sentimentos.

Mas quando as cartas são acidentalmente enviadas, Lara Jean mete-se em problemas. Porque um dos rapazes a quem ela escreveu uma carta foi Josh, o ex-namorado da irmã mais velha, que está longe, a estudar na Universidade da Irlanda. E outro foi Peter K., que antes era seu amigo (antes da secundária e de se ter tornado popular).

Quando Josh recebe a carta, a sua relação de amizade com Lara Jean deteriora-se. Desesperada, Lara Jean arranja um plano juntamente com Peter (que quer fazer ciúmes à ex-namorada) e fingem que são namorados.

Mas os planos mais bem arquitetados também têm falhas e quando Lara Jean começa a sentir algo por Peter (que é bonito, convencido e acha que é o presente de Deus para as mulheres), as coisas complicam-se.

A sinopse anterior é basicamente a história completa do livro. É tudo o que se passa. E é uma leitura bastante divertida (ainda mais divertida para adolescentes, aposto), com a escrita simples e envolvente e a narrativa ritmada e sempre alegre, apesar das situações caricatas.

Do que mais gostei foi do facto da família de Lara Jean ser tão… normal. Não há pais ausentes, dramas exagerados entre irmãs, rebeldia desmesurada. As três irmãs dão-se bem com o pai e este participa na vida das filhas. É notório o facto de se amarem uns aos outros. Isto, num género em que a maioria das famílias é retratada como problemática (para justificar a rebeldia dos jovens protagonistas ou para justificar o facto de estes jovens serem caçadores de vampiros e/ou vampiros, etc. e os pais não darem por nada).

As personagens são interessantes, alegres e mantiveram-me bem-disposta.

No geral, este livro não é nenhuma obra-prima, mas no género que se insere (romance juvenil) é uma leitura fresca, alegre e compulsiva. Certamente que o romance é algo inverosímil, mas não é por isso que a leitura se torna menos interessante. Vale a pena ler, se se gostar do género.

Opinião: These Broken Stars (Kaufman, Spooner)

Editora: Disney Hyperion (2013)
Formato: Capa dura | 374 páginas
Géneros: Romance, Ficção científica
Sinopse.

These Broken Stars é o resultado do esforço conjunto das autoras Meagan Spooner e Amie Kaufman e é o primeiro livro de uma trilogia passada no futuro e direcionada a um público juvenil.

Neste livro conhecemos Lilac LaRoux, a filha do homem mais rico e importante da galáxia e o major Tarver Merendsen, um soldado condecorado que veio de origens humildes. Nunca se pensaria que o destino destas duas pessoas se viesse a cruzar, mas quando a nave espacial de lazer Icarus se despenha num planeta misterioso, Lilac e Tarver vão ter de pôr de lado a sua animosidade um pelo outro se querem sobreviver.

A primeira coisa que me veio à cabeça quando comecei a ler este livro foi o filme “Titanic” com o Leonardo DiCaprio e a Kate Winslet. A história principal de These Broken Stars, o romance entre estas duas personagens, parece mais ou menos tirada a papel químico do filme de 1997. No “universo” do livro, está novamente instituído um sistema de classes extremamente vincado; e a Icarus é uma nave de “recreio”, como se fosse um luxuoso transatlântico onde os mais ricos embarcam para se divertir e onde muitas pessoas de classe média e baixa fazem as suas viagens pela galáxia.

Lilac é uma jovem acostumada ao privilégio e à riqueza, mas tal como Rose em Titanic, também ela conhece o lado obscuro de ser uma “menina de sociedade”. Aparentemente, também aqui a Humanidade regrediu – ou deixou de progredir – porque é suposto as mulheres serem coqueluches vápidas; por exemplo, é-nos dito que o pai de Lilac não gostaria que a sua filha aprendesse engenharia e mecânica, e como consertar sistemas de naves ou mesmo que conhecesse os fundamentos teóricos das viagens pelo hiperespaço, porque… não eram “ocupações para uma mulher”. Sinceramente, sociedade ficcional ou não, isto entristeceu-me. Quero dizer, quando pudermos viajar pelas estrelas espero que já sejamos esclarecidos o suficiente para não fazermos este tipo de distinções idiotas.

Tarver é o “self-made man”. Como Jack é um rapaz bondoso, com algumas ambições. E, claro, nunca tentaria falar com Lilac porque tipo, são de classes tão diferentes.

Até que a nave Icarus se despenha num planeta parcialmente “terra formado” e os dois protagonistas parecem ser os únicos sobreviventes. Forçados a conviver, vão perceber que as opiniões e preconceitos que tinham acerca um do outro estão errados.

These Broken Stars é, primeiro que tudo, um romance. Tal como já apontei anteriormente, este romance tem semelhanças incríveis com o filme Titanic, exceto que o filme é um bocado mais “amor à primeira vista” ou “insta-love”. Neste livro as autoras não se coíbem de desenvolver realmente o romance e apesar de haver alguma atração, as personagens não acham que estão completamente apaixonadas logo nas primeiras dez páginas. O que é de louvar.

Mas, apesar de o livro ser um romance, não significa que romance seja tudo o que podemos esperar dele. A luta de Lilac e Tarver pela sobrevivência não é descrita apenas em termos que nos permitem discernir a sua aproximação um pelo outro; existe algo mais, vozes misteriosas, o mistério de um planeta que estava a ser colonizado mas que foi, por motivos desconhecidos, abandonado.

Este enredo tem quase tanto protagonismo quanto o romance e mantém os leitores investidos na narrativa. Devo dizer que o desfecho desta parte da história me pareceu um bocado irrealista demais, mas enfim… foi interessante o suficiente.

No geral, These Broken Stars foi uma leitura agradável. Sinceramente, com as ótimas críticas estava à espera de mais, tanto ao nível do romance como do resto da história, mas foi um livro que li com gosto, ainda mais porque se tenta afastar de tantos dos clichés que povoam a literatura juvenil: o protagonista não é um homem das cavernas, a protagonista tem mais de dois neurónios na cabeça e não os perde “por amor” e o desenvolvimento das personagens é consistente e realista (dentro dos possíveis). A parte da “ficção científica” merecia uma exploração mais cuidada, mas alas, não se pode ter tudo.

Opinião: Se eu Ficar (Gayle Forman)

Se eu Ficar de Gayle Forman
Editora: Editorial Presença (2014)
Formato: Capa mole | 216 páginas
Géneros: Romance, Lit. YA/Juv.
Sinopse.

AVISO: Alguns SPOILERS (nada de especial)
(A edição lida foi a inglesa, mas apresentam-se os dados da portuguesa)


Se eu ficar de Gayle Forman, é um pequeno livro, que se lê depressa, apesar do seu assunto. A autora consegue que o livro seja de leitura compulsiva, apesar de falar de um trauma complicado e levantar questões bastante reais sobre os sobreviventes de qualquer tipo de tragédia.

Mia é uma jovem de 17 anos, com uma vida normal: tem uma família carinhosa, um namorado que ama e os desafios normais inerentes à sua idade, como se irá para Nova Iorque deixando para trás a sua família e namorado, mas seguindo o seu sonho de se tornar uma artista de sucesso ou se fica.

Depois de um acidente que a deixa em coma, Mia terá de fazer uma escolha bem mais vital: deverá ficar... ou ir?

Todo o livro se centra nesta questão. Mia sofre um acidente de carro logo nas primeiras páginas, mas antes temos um vislumbre da vida que leva, na forma como brinca com o pai, a mãe e o irmãozinho mais novo, Teddy.

Ao longo do livro, Mia vai tendo vislumbres da sua vida sem que isso se torne numa corrida para responder àquela pergunta vital que tem agora pela frente. E se, alguns diriam que Mia parece algo deslocada e pouco emocional, creio que isso só torna a situação mais real, mais pungente, mais... humana. Mia está em choque. Está cansada. Quer que tudo acabe, mas não sente o que deveria sentir (tradicionalmente). Pergunto-me quantas pessoas pensam, perante uma determinada situação se não "deveriam sentir... mais". Mas a forma como Mia lidou com os seus sentimentos, como se estivesse anestesiada, pareceu-me... muito realista. Pelo que gostei de ler a forma como esta personagem foi escrita, muito mais do que se estivesse à beira do desespero.

As personagens que a acompanham nesta viagem também são dignas de nota. A amiga Kim, Adam o namorado, os avós. Forman captou bem as diversas formas como as pessoas lidam com a dor, desde oestoicismo ao histerismo.

Nem me reconheci ao ler este livro. Até chorei. E isso é algo invulgar relativamente a livros. Acho que está bem escrito, sem floreados ou emoções desnecessárias. É simples e cru, como as emoções humanas são na sua forma mais pura, sem as racionalizações que lhes impomos depois.

No geral, uma leitura impressionante. Quando uma pessoa lê muito acaba por ser preciso muito também para que um livro nos toque verdadeiramente. Para mim, o facto de a autora não cair num excesso de dramatismo foi o que me fez realmente sentir ligada a este pequeno livro tão grande.

Opinião: Alguém Como Tu (Sarah Dessen)

Alguém Como Tu by Sarah Dessen
Editora: Livros de Seda (2009)
Formato: Capa mole | 248 páginas
Géneros: Romance contemporâneo, Lit. Juvenil/YA
Descrição: "«Estendi os braços e puxei-a para mim, abraçando-a. Apertei a minha melhor amiga com força, retribuindo tantos favores de uma vez…»
No Verão dos seus 16 anos, Halley desconhecia que aquele telefonema a meio da noite iria alterar a sua vida e a de Scarlett, a sua melhor amiga. A partir de então, nada seria como dantes. A morte de Michael Sherwood afectou toda a escola, mas sobretudo Scarlett, que foi a sua última namorada. Não podendo contar com uma mãe que ainda se procura a si própria, apenas Halley encontra a amizade e compreensão de que necessita.
Entretanto, também a vida de Halley se complica. Cada vez mais afastada da mãe e decidida a assumir a sua crescente maturidade, acaba por se envolver com o atraente e irreverente Michael Faulkner, cuja impetuosidade acabará por afastar aquelas que, até então, eram as melhores amigas. Conseguirá o tempo colocar tudo no seu devido lugar?
Uma obra que nos fala das grandes descobertas e dilemas da adolescência, mas que, acima de tudo, nos ensina que o mundo é um lugar mais belo para se viver quando se tem uma melhor amiga."
Já há muito que tinha ouvido falar de Sarah Dessen, considerada a "rainha" do romance contemporâneo juvenil nos EUA. Depois de ler o "Quando éramos mentirosos", decidi experimentar finalmente um livro de Dessen, que é do mesmo género. Tinha lá este, já há algum tempo, como sempre e algumas horas de viagem num autocarro cheio de gente.

Foi uma leitura rápida. A escrita presta-se a tal, é pouco complicada e de fácil leitura. Mas o enredo... não teve a magia do de Lockhart.

"Alguém como tu" conta a história de duas amigas, Halley e Scarlett e das mudanças por que passam durante o Verão da sua adolescência. Crescem, apaixonam-se, afastam-se das mães e dos pais. Basicamente, fazem tudo o que os adolescentes normais fazem.

Tenho pena que a autora tenha escolhido focar-se em Halley nesta história; Halley é provavelmente a personagem menos interessante de todas as que nos são apresentadas, embora, como todas as outras, sofra mudanças acentuadas. Scarlett e Macon pareceram ser bem mais dignos de nota.

Sinceramente, há livros juvenis que consigo ler bem e há outros que me lembram que já não sou uma adolescente de 16 anos (graças às ninfas literárias). "Alguém como tu" pertence à última categoria. Definitivamente não sou o público-alvo deste livro, porque não achei graça nenhuma às personagens.

No geral, uma história bastante típica sobre a adolescência e sobre os perigos que espreitam durante esta altura. Uma boa leitura para os mais jovens mas que, talvez por ser já dos anos 90, me pareceu datada e pouco interessante para o público mais velho. Não tem de ser, claro; afinal, o público-alvo são os adolescentes, mas enquanto há livros que transcendem a sua categoria, este não é, definitivamente, um deles.

Opinião: Quando éramos mentirosos (E. Lockhart)

Quando éramos mentirosos by E. Lockhart
Editora: ASA (2014)
Formato: Capa mole | 312 páginas
Géneros: Mistério/Thriller, Romance contemporâneo, Lit. Juvenil/YA
Descrição: "E se alguém lhe perguntar como acabar este livro… MINTA.
A família Sinclair parece perfeita. Ninguém falha, levanta a voz ou cai no ridículo. Os Sinclair são atléticos, atraentes e felizes. A sua fortuna é antiga. Os seus verões são passados numa ilha privada, onde se reúnem todos os anos sem exceção.
É sob o encantamento da ilha que Cadence, a mais jovem herdeira da fortuna familiar, comete um erro: apaixona-se desesperadamente. Cadence é brilhante, mas secretamente frágil e atormentada. Gat é determinado, mas abertamente impetuoso e inconveniente. A relação de ambos põe em causa as rígidas normas do clã. E isso simplesmente não pode acontecer.
Os Sinclair parecem ter tudo. E têm, de facto. Têm segredos. Escondem tragédias. Vivem mentiras. E a maior de todas as mentiras é tão intolerável que não pode ser revelada. Nem mesmo a si."
Tenho um "histórico" pobre com romances contemporâneos "young adult" (bem... romances contemporâneos em geral, na verdade), mas os livros desta autora estão sempre tão bem classificados, que, juntamente com o facto de este livro ser um "lançamento mundial", decidi que talvez fosse um livro que valesse a pena ler.

E, felizmente, desta vez até foi. Mais ou menos. Ou, pelo menos não me apeteceu atirar o livro à parede porque estava frustrada por ter gasto dinheiro nele. De facto, li-o num dia e, não sei se foi porque estou com PMS ou porque o livro é genuinamente comovente (desconfio que seja a primeira hipótese), até fiquei com uma lágrima ao canto do olho no final. Para que conste isso é extremamente raro.

Enfim. Então sobre o que é este livro? Bem, este livro é sobre uma rapariga chamada Cadence que vem de uma família super rica e que tem possivelmente tudo o que podia querer, embora obviamente seja extremamente infeliz. A família dela tem uma ilha privativa (sim, leram bem) e ela vai aí passar todos os Verões com os primos. Ela e os primos formam um grupo chamado "Mentirosos". E... acontecem coisas. Simplesmente não posso dizer mais senão é spoiler. Mas é trágico e é intenso e woe!

Este livro não escapa a ser, no geral, um enorme cliché sobre a adolescência, misturado com uma tragédia semigótica, com uma pitada de "Lost" para dar sabor. Mas é uma leitura viciante. Mesmo viciante, das que nem damos pelo tempo (e páginas) passar, ainda agora começámos e bam, já estamos na página 100, como é que isso aconteceu? É possivelmente uma mistura de capítulos super curtos, escrita fluída e do rol de personagens embrenhadas nos seus dramas familiares.

Personagens, história e desenvolvimento de ambas são um estereótipo gritante para este estilo de livro, mas a escrita da autora tem algo que nos prende, que nos faz identificar com as personagens e embrenhar-nos na história. Certamente que este livro não nos apresenta grandes revelações de vida, mas puxa-nos pela alma, ou pelo menos pelos canais lacrimais. Apesar de, estranhamente, o enredo ser algo rebuscado.

No geral, gostei. Só gostaria que a escrita tivesse sido um pouquinho menos pretenciosa, por vezes. Mas foi uma ótima leitura. Recomendado para os fãs de John Green... penso eu.

Curtas: Legend e Geek Girl

Mais uma edição das "Curtas", uma vez que não tenho muito a dizer sobre estes livros... foram leituras rápidas e medianamente interessantes.


Legend by Marie Lu
Editora: Razorbill (2011)
Formato: Capa mole | 262 páginas
Géneros: Ficção Científica, Lit. Juvenil
Sinopse.
Mini-review: Mais um livro interessante, ou pelo menos de leitura compulsiva. É uma distopia juvenil e, apesar de ter achado que a autora desenvolveu bastante bem o mundo (apesar da premissa que o sustenta não ser particularmente original), não gostei assim muito das personagens. Tanto a June como o Day eram bastante estereotipados e não sofreram grande evolução (ok, a June teve uma espécie de epifania quase no final do livro, mas algo inverosímil, sem muito que a sustentasse). Além disso, eram tão parecidos um com o outro que só sabia quando é que cada um deles estava a narrar porque o tipo de letra era diferente para cada um (oh, e aparecia o nome da personagem no início do capítulo). O romance foi... insta-love, se bem que não sei se hei-de considerar o relacionamento entre os personagens como um... romance, exactamente. Estou algo confusa em relação a esta parte; mas seja lá o que for que aconteceu foi... insípido; tépido... e demasiado rápido para meu gosto.

Do que gostei mais foi mesmo do mundo. E do facto de este livro ser, de facto, uma distopia, uma vez que a June está plenamente convencida de que vive numa sociedade, se não perfeita, pelo menos boa. 

No geral, um livro que se lê bem e que no final abre as portas a um maior desenvolvimento da história geral da série. Mas este primeiro volume deixou um pouco a desejar ao nível das personagens. O mundo, apesar de desenvolvido, é bastante "standard".


Editora: Harper Collins (2013)
Formato: e-book | 356 páginas
Géneros: Lit. Juvenil
Mini-review: Geek Girl de Holly Smale é o tipo de livro que no faz rir à gargalhada e que tratam de temas difíceis (como o bullying e as expectativas da sociedade em relação... à forma como sociabilizamos suponho), sim, mas de forma leve e cómica. Foi outra leitura rápida.

Gostei do facto de a Harriet (a nossa protagonista geek) encontrar as suas respostas sozinha, ou com a ajuda de pessoas de quem gosta mesmo e não devido a um romance instantâneo com um rapaz qualquer. Aliás o romance é quase inexistente neste livro, o que foi refrescante. 

Algumas das personagens eram hilariantes (o Wilbur e o pai da Harriet) mas mesmo assim penso que algumas partes do livro foram apressadas e como tal o desfecho de algumas linhas de acção (a animosidade de Alexa por Harriet por exemplo) não foi satisfatório.

No geral, uma leitura rápida e engraçada com personagens com que os adolescentes se podem realmente identificar (porque parecem mesmo adolescentes!).

Opinião: Tu Contra Mim (Jenny Downham)

Tu Contra Mim by Jenny Downham
Editora: Bertrand (2011)
Formato: Capa mole | 344 páginas
Géneros: Lit. Juvenil, Ficção realista, Romance
Descrição (GR): "Se alguém fizesse mal à tua irmã e tu fosses um rapaz haverias de te vingar, não achas? Se o teu irmão fosse acusado de um crime horrível mas se dissesse inocente, tu acreditavas nele, não era?
Quando a irmã do Mikey diz que foi violada, o mundo dele começa a desmoronar-se. Quando o irmão da Ellie é acusado do crime, o mundo dela começa a revelar-se. Quando o Mikey e a Ellie se encontram, são dois mundos que colidem.
Um romance corajoso e inabalável da autora de Antes de Eu Morrer. Um livro sobre a lealdade e as escolhas a que ela obriga. Mas acima de tudo um livro sobre o amor."
Na verdade não sei bem o que dizer acerca deste livro (desculpem se não for muito coerente... esta obra deixou-me confusa). O ano passado li outro livro com esta temática, mas que se centrava mais nos sentimentos da vítima. "Tu Contra Mim" centra-se nos sentimentos de todas as pessoas envolvidas num drama destes. Especialmente a família do agressor. Muitas vezes não nos apercebemos que os acusados também têm família... e que essa família não consegue acreditar que essa pessoa que pensavam conhecer tão bem seja capaz de fazer algo tão horrível.

Esta foi uma leitura um bocado estranha para quem, como eu, está habituado a livros juvenis escritos por autores americanos. A linguagem, a caracterização e a própria sociedade e hierarquia adolescente são diferentes (a acção passa-se no Reino Unido). Achei sinceramente que os adolescentes descritos por Jenny Downham são mais... realistas do que os que encontramos em livros juvenis americanos. Menos sofisticados, mais infantis e, ao mesmo tempo, mais humanos e reais.

Mikey MacKenzie não tem uma vida fácil. A sua família é pobre, a sua mãe tem problemas de alcoolismo e está desempregada. É Mikey que sustenta a família e cuida das irmãs. E um dia acontece o impensável: Karyn, a sua irmã de 15 anos é violada. Mikey não sabe como se sentir, apenas sente raiva e vontade de partir a cara ao tipo que magoou a sua irmã.

Ellie Parker não acredita no que aconteceu à sua família. O seu irmão, Tom, o irmão engraçado e amoroso que sempre conheceu é acusado de violação. O que não pode, de todo, ser verdade. A rapariga tem de estar a mentir... certo?

Mikey e Ellie conhecem-se a tentam vingar-se um do outro ao mesmo tempo que se apaixonam sem querer. Mas as acções de Tom pairam sobre a sua relação; será que conseguirão ficar juntos?

Como disse em cima, penso que os tópicos abordados neste livro são importantes. O problema foi que foram abordados como forma de justificar as interacções entre Mikey e Ellie que vivem um romance inverosímil (quase amor instantâneo).

No geral, esta leitura não me impressionou (apesar de ser bastante pesada, devido ao tema). Achei que o romance foi mal explorado e que faltava química às personagens, e sinceramente sendo esse o foco da narrativa, deveria ter sido melhor explorado do que foi.
Penso que a parte mais digna deste livro foi a exposição de como um crime como a violação afecta todos os que estão envolvidos (amigos, família da vítima e do acusado e o próprio acusado). Gostei também da exploração das "pressões do grupo" na adolescência, como o facto de querermos estar integrados num grupo nos pode levar a fazer coisas que não faríamos normalmente.
Teria gostado de um maior desenvolvimento das personagens secundárias (a Karyn e o Tom) e talvez de um final menos abrupto, mas mesmo assim achei que foi um final (relativamente) positivo tendo em conta o assunto do livro.

Nota (sobre a tradução): Este é o primeiro livro em português que leio este ano. Não sei se é por isto, mas confesso que a tradução me impediu de apreciar o livro tanto como devia. As frases tinham demasiadas vírgulas e muitas vezes os tempos verbais mudavam dentro da mesma frase ou do mesmo parágrafo... é natural que um tradutor cometa erros mas sinceramente é para isso que servem os revisores, certo?

Enfim... achei que a tradução devia ter sido revista com mais cuidado para evitar as quebras na leitura que inevitavelmente ocorreram quando me deparava com uma frase do género: Ele achava, que, não devia ter feito aquilo, mas não conseguia evitá-lo e, gostava dela. Esta frase é completamente inventada e não consta do livro, mas penso que dá para perceber do que estou a falar.

Opinião: Vain (Fisher Amelie)

Editora: Fisher Amelie (2012)
Formato: e-book | 180 páginas
Género: Romance, Lit. Juvenil
Descrição (GR): "If you’re looking for a story about a good, humble girl, who’s been hurt by someone she thought she could trust, only to find out she’s not as vulnerable as she thought she was and discovers an empowering side of herself that falls in love with the guy who helps her find that self, blah, blah, blah...then you’re gonna’ hate my story.
Because mine is not the story you read every time you bend back the cover of the latest trend novel. It’s not the “I can do anything, now that I’ve found you/I’m misunderstood but one day you’ll find me irresistible because of it” tale. Why? Because, if I was being honest with you, I’m a complete witch. There’s nothing redeeming about me. I’m a friend using, drug abusing, sex addict from Los Angeles. I’m every girlfriend’s worst nightmare and every boy’s fantasy.
I’m Sophie Price...And this is the story about how I went from the world’s most envied girl to the girl no one wanted around and why I wouldn’t trade it for anything in the world."
E, pronto, aqui está outro livro que parecia ter uma premissa original. Uma heroína que é má como as cobras mas não se arrepende do seu comportamento? Uma heroína que não é transformada pelo amor de um rapaz bonzão? Sim, se faz favor!

Ou não... porque a sinopse, meus amigos... mente! Mente, digo-vos!

É verdade que a Sophie Price é muita má... não porque dorme com todos, mas porque dorme com os namorados das amigas e ainda se vangloria! Claro que tem "má reputação" (e pelas razões erradas) mas isso agora não interessa nada. O que interessa é que esta rapariga estouvada que trai as amigas e snifa coca está prestes a ver a sua vida dar uma grande reviravolta. Depois de ser apanhada a consumir drogas é julgada e condenada a trabalho voluntário... num orfanato no Uganda.

Sim, fiquei muito entusiasmada e sinceramente perguntei-me como é que nenhum editor tinha pegado no livro... mas depois li mais e voilá fez-se luz! Após algumas páginas em que se fala um pouco da terrível e desumana situação das crianças no Uganda (muitas são recrutadas pelo Exército de Resistência do Senhor) a história passa a centrar-se nos sentimentos "poderosos e inexplicáveis" da Sophie pelo... bonzão de 20 anos que trabalha no orfanato. E a Sophie passa a ser uma mulher mudada! Em parte por causa dos órfãos mas mais porque o bonzão ao princípio não gosta dela!

Sinceramente, depois da autora introduzir um assunto tão sério e merecedor de atenção, o romance entre as personagens não era definitivamente sobre o que eu queria ler! Além disso prometeram-me uma transformação gradual e significativa de um ser humano que, sinceramente, não era assim muito boa pessoa. Mas isso não encontrei eu no livro. Nada de auto-reflexões, nada de tentativas da parte da Sophie de perceber porque é que se comportava da maneira como se comportava... nada. Só "oh, ele é mesmo bom" e "oh, sinto uma ligação física com este gajo bom". 

A mudança de Sophie não foi gradual... foi abrupta e irrealista para que a autora se pudesse focar no romance. O desenvolvimento das personagens é incipiente e as suas atitudes pouco realistas (mais para o fim há um acontecimento traumático com o qual os protagonistas lidam friamente). Os diálogos têm pouco brilho (vejam o meu comentário sobre a escrita mais em baixo) e soam a falso. Ao romance (o aspecto principal do livro) falta-lhe magia. 

Enfim... podia ter sido muito, muito bom, este livro mas não foi. Não posso deixar de mencionar a escrita: por vezes a construção frásica era um pouco estranha e encontrei bastantes erros gramaticais e de escrita (este livro precisava urgentemente de um editor). Como foi a minha primeira obra "self-published" custou-me um pouco a ultrapassar estes problemas. 

No geral, um livro que podia ter sido bom, podia ter explorado problemas atuais e importantes, mesmo incluindo o romance adolescente, mas que preferiu focar-se no romance adolescente. Para meu desespero. Oh e durante o tempo todo só ouvia esta música na minha cabeça (sei que não sou a primeira reviewer a dizer isto, mas estou totalmente a falar a sério). :P

Review: Blaze (Laurie Boyle Crompton)

Blaze by Laurie Boyle Crompton
Publisher: Sourcebooks Fire (2013)
Format: e-book | 202 pages
Genre(s): Young Adult, Romance
Description (GR): "Blaze is tired of spending her life on the sidelines.
All she wants is for Mark the Soccer Stud to notice her. Not as Josh's weird sister who drives a turd-brown minivan. And not as that nerdy girl who draws comics.
What she gets is her very own arch-nemesis.
Name: Mark Deninger, aka Mark the Shark
Occupation: Soccer star and all-around lady killer
Relationship Status: Serial ater
Group Affiliation: No loyalty
Known Superpowers: Anti-girlfriend force field, breaking hearts
Mark may have humiliated Blaze supervillian-style, but what he doesn't know is how geek girls always get revenge.
#GeekGrlzRevenge"
WARNING: some (minor) SPOILERS.

This book is NOT bad. That's the first thing I want to say. It's just so... underdeveloped that I was disappointed and couldn't really connect with the characters. The premise, however, was interesting.

Basically I had a problem with the length of the book (less than 200 pages) because it didn't allow for the story to be properly developed. There was so much the author could have done with the characters, so much depth she could have added to their... character. She could have explored Mark's past better; she could have explored Blaze's feelings about her parent's divorce better; she could have explored Blaze's and Quentin's relationship (she could actually have included it in the book). Blaze herself deserved more development. The entire issue(s) raised by this book deserved more development, to be better and more deeply explored (I'm not saying the book had to be bleak... but some serious moments among the predominantly humorous moments would have made this book so much more interesting) and more "closure" than they got.

As it was, I couldn't really connect with the characters. I felt like only Blaze and Josh (her younger brother) were really more then cardboard cutouts (which I felt the rest of the characters were; just there to fill the book with... characters), but even them lacked development.

I don't know. This could have been a really good book about double standards based on gender in our society, the dangers of social media, etc. But... it needed more development and a bit more depth. As it was, I thought it was a quick, fluffy read and Blaze's love of comics was awesome, but that's all this book was... and it could have been so much more.

Overall... a quick, fluffy read that could have been so much more.
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Review: Beauty Queens (Libba Bray)

Beauty Queens by Libba Bray
Publisher: Scholastic Press (2011)
Format: e-book | 445 pages
Genre(s): Young Adult, Romance
Description (GR): "From bestselling, Printz Award-winning author Libba Bray, the story of a plane of beauty pageant contestants that crashes on a desert island. Teen beauty queens. A "Lost"-like island. Mysteries and dangers. No access to emall. And the spirit of fierce, feral competition that lives underground in girls, a savage brutality that can only be revealed by a journey into the heart of non-exfoliated darkness. Oh, the horror, the horror! Only funnier. With evening gowns. And a body count."
You know those made-for-TV movies that are on every channel on the weekends? Those adventure and/or romance movies with really predictable characters (perfect cliches) and storylines, all so overdone you can't help but roll your eyes and ask yourself and the world "Is this for real?".

Beauty Queens has that vibe. Everything about it is cliche... on purpose. Yep, this book is satire. I'd say it's a parody that mixes a lot of tropes and premade ideas with the objective of pointing out the sheer trope-ness (I think I just made up a new word) and stereotyped way of life of western societies. Beauty Queens touches a lot of subjects from sexism to reality TV (which is also sexist) and of course, the evils of rampant capitalism. All in an easy-to-read, easy-to-comprehend and highly marketable package. I mean this book is about sexy girls. All together. On a deserted island.

The book starts with a bunch of beauty pageant contestants on a plane. The plane crashes on an island and voila! You have the perfect setting for bunch of girls to find themselves. As the survivors try to survive one more day they'll have to deal with their inner demons not to mention with sexy pirates and corporate militias.

This book sort of defies description. There are no really great characters (or character development), no really great plot (the story is kind of nonsensical, actually) and no world building to speak of.

It's a cliche, inside a trope that has a stereotypical message inside. It's a very in-your-face kind of book about how sexist our society is, how ridiculous reality TV is and how big corporations have too much power over us and shape us with their products. It isn't subtle. It doesn't try to be. It's loud and it drills these realities into your head. Still, it's probably the only way teens will read something more critical than "Twilight" nowadays. It's marketable and/or pop "makes you think, at least a little" literature.

Overall, a funny and cute book, I suppose. Not especially deep, but it does have a specific purpose and its not afraid to tell you what it is.

Review: Pushing the Limits (Katie McGarry)

Pushing the Limits by Katie McGarry
Publisher: Mira Ink (2012)
Format: Paperback | 416 pages
Genre(s): Young Adult, Romance
Description (GR): "So wrong for each other...and yet so right.
No one knows what happened the night Echo Emerson went from popular girl with jock boyfriend to gossiped-about outsider with "freaky" scars on her arms. Even Echo can't remember the whole truth of that horrible night. All she knows is that she wants everything to go back to normal. But when Noah Hutchins, the smoking-hot, girl-using loner in the black leather jacket, explodes into her life with his tough attitude and surprising understanding, Echo's world shifts in ways she could never have imagined. They should have nothing in common. And with the secrets they both keep, being together is pretty much impossible.Yet the crazy attraction between them refuses to go away. And Echo has to ask herself just how far they can push the limits and what she'll risk for the one guy who might teach her how to love again."
I was never one to read contemporary YA. I think I simply got my fill when I was younger as we have a YA series written by famous teen book author (at least in Portugal) Maria Teresa Maia Gonzalez. She wrote numerous adventure type books featuring teenagers but she also wrote a series (called Profession: Teenager) in which she explores several subjects and problems that teens generally have: image in high school, bulimia, broken homes, among others. I always thought she had a very realistic outlook on these issues and I loved her books when I was younger. 

American contemporary YA is different. It generally follows the same structure: you have a boy and a girl one or both are troubled and they end up together and supporting each other through their problems. While I like this formula as much as the next person, the thing I loved most about Gonzalez's books was that romance was usually not needed for the characters to move forward; they do it by themselves. Also, in some books, the changes the characters go through aren't going to make everything peachy and sometimes they even make wrong choices. 

So why am I talking about another YA series in my review for Katie McGarry's "Pushing the Limits" you ask. Well, I just want to establish the background; the possible reason why I don't find "realistic YA" as enticing as many other people do. While they do bring up serious issues, I feel these books are so formulaic I end up not paying enough attention to the issues they address. 

"Pushing the Limits" suffers from the same problem. I mean it is obviously a love story so I don't get why exactly both characters need to be so troubled. And their issues are so... strange, or Echo's are anyway, a convergence of events so bizarre that it is probably quite rare in real life. 

Still, while the cliches abound, McGarry does know how to write. It was a compulsive reading but I must say I was disappointed with the cliche characterization of most of the characters (especially Noah). Where is the cute, awkward geek in these books? He never gets to be a hero! I want YA fiction with a game geek and/or an otaku for a change... I'm kind of tired of pseudo-bad-boys who sleep around and are "reformed" by the heroine. Oh well :P 

But it was a nice read anyway. Echo and Noah's voices were realistic enough, likable enough and the issues were well explored. 

Overall: a typical contemporary/ realistic YA book that failed in its characterization and fell into the same old formulas for this kind of book. However, the writing was very good and Noah's choices at the end made him a lot more likable to me. It was a good book, but more of a romance book than a "let's explore teen issues" book.

Opinião: The Perks of being a Wallflower (Stephen Chbosky)

Editora: Pocket Books (2009)
Formato: Capa Mole | 231 páginas
Géneros: Literatura juvenil
Descrição (GR): "Charlie is a freshman. And while he's not the biggest geek in the school, he is by no means popular. Shy, introspective, intelligent beyond his years yet socially awkward, he is a wallflower, caught between trying to live his life and trying to run from it. Charlie is attempting to navigate his way through uncharted territory: the world of first dates and mixed tapes, family dramas and new friends; the world of sex, drugs, and The Rocky Horror Picture Show, when all one requires is that perfect song on that perfect drive to feel infinite. But Charlie can't stay on the sideline forever. Standing on the fringes of life offers a unique perspective. But there comes a time to see what it looks like from the dance floor.
The Perks of Being a Wallflower is a deeply affecting coming-of-age story that will spirit you back to those wild and poignant roller-coaster days known as growing up."
"The Perks of being a Wallflower" (e aqui refiro a tradução brasileira do título, que acho excelente - "As vantagens de ser invisível") é um mais um livro sobre a vida adolescente, o que se costuma chamar uma "coming of age story". Nunca tinha ouvido falar no livro até ter visto as notícias sobre o filme, que conta com a presença de Emma Watson. Curiosa, decidi ir espreitar a página do Goodreads... e qual não foi o meu espanto quando constatei que o livro era até bastante popular!

Isto surpreendeu-me, porque pela premissa, parece-me uma história bastante vulgar, das que existem aos montes no mercado YA hoje em dia. Mas uma vez que o autor escreveu o livro para aí em 1999, talvez não fosse um género tão desenvolvido nessa altura... enfim.

Charlie é um jovem acanhado e estranho. A complexidade da sua mente e dos seus pensamentos é apenas suplantada pelo seu comportamento taciturno e simplista. Não é um rapaz popular e não entende realmente o que é ser adolescente... até que conhece Patrick e Sam.

E como disse, "The Perks of being a Wallflower" é sobretudo uma história de desenvolvimento, do desabrochar da mente e da sociabilidade. O Charlie vai-se tornando mais sociável e mais interessado no mundo que o rodeia à medida que convive com os seus amigos. Comete erros, torna-se confidente de alguns dos membros do seu grupo e basicamente vai transformar-se de observador em participante.

Gostei da prosa do autor. É simples, clara e sem floreados. Adapta-se bem a Charlie, uma personagem analítica e muito inteligente, mas algo anti-social  As subtis mudanças na própria escrita (o livro está escrito de forma epistolar)  demonstram as mudanças no próprio personagem. E claro, sendo uma adolescente dos anos 90 (ligeiramente mais nova do que o Charlie, que tem 15 anos em 1991) adorei as referências a esta década. Gostei também do facto de este livro mostrar a realidade da adolescência de forma crua e realista.

Por outro lado... talvez a realidade destes adolescentes seja demasiado crua. Tudo parece acontecer a estes adolescentes, passam por todos os traumas, por todas as tragédias que um ser humano (adolescente ou adulto) pode passar. É demasiado trauma enfiado num só livro. Por estranho que possa parecer, o livro é demasiado intenso. Lida com demasiados temas problemáticos. É... demasiado. Se é que faz sentido.

No geral, um livro definitivamente diferente. É cru, faz pensar e não poupa os leitores às realidades mais desagradáveis da vida. Mas creio que o autor fez passar o seu limitado "cast" de personagens por demasiados problemas. No fundo isso fez-me alguma impressão. Alguns dos temas deixaram-me incomodada (o que suponho, era o objetivo e que isso significa que o autor o atingiu), o que fez com que não soubesse muito bem se gostei muito ou só mais ou menos do livro. É por isso que não ofereço classificação para este.

Opinião: Grita (Laurie Halse Handerson)

Grita by Laurie Halse Handerson
Editora: Asa (2012)
Formato: Capa mole | 176 páginas
Géneros: Lit. Juvenil
Sinopse (GR): "Desperdicei as últimas semanas de agosto a ver desenhos animados da treta. Não fui ao centro comercial, ao lago, à piscina, nem atendi chamadas. Entrei na escola secundária com o cabelo errado, a roupa errada, o feitio errado. E não tenho ninguém sentado a meu lado." Melinda Sordino é a pessoa mais odiada do Liceu de Merryweather. No final do verão chamou a polícia, acabando com uma festa e colocando em sarilhos alguns dos finalistas mais populares da escola. Mas Melinda tem um segredo que guarda bem fundo, dentro de si, e que não pode contar a ninguém. Mas Melinda está a ser corroída pelo que aconteceu, e o mundo de reclusão que construiu para si ameaça ruir a qualquer momento."
(a edição lida foi a inglesa, mas são apresentados os dados da portuguesa)

Melinda Sordino é uma solitária. Ninguém lhe fala e ela não fala com ninguém. Velhas amizades são esquecidas quando Melinda telefona para a polícia e denuncia uma festa ilícita.

Rejeitada por todos, remete-se ao silêncio. Mas o que os ex-amigos não sabem é que Melinda passou por algo terrível naquela festa; algo que não a deixa falar, que a transforma numa sombra sem vida.

"Grita" (Speak no original) é o que pode ser considerado "um pequeno grande livro". Em cerca de 250 páginas (na edição lida) a autora traça um retrato cruel e terrível na sua verosimilhança, da experiência de uma adolescente na Escola Secundária.

A protagonista passou por algo indescritível e Laurie Halse Anderson mostra-nos com uma mestria horripilante como isso a afecta internamente. Melinda é uma personagem vazia e emocionalmente quebrada e isso nota-se no seu discurso. Em adição a este problema, Melinda deixou de ter amigos e de falar. Todo o livro é construído em volta da negação dos acontecimentos que levaram ao seu estado.

Ao mesmo tempo a autora apresenta-nos diversas situações da vida numa escola secundária: o facto de os professores não se importarem, os cliques, as instâncias de bullying (por parte de alunos e professores) e a completa inutilidade de algumas das disciplinas leccionadas.

Escrito de forma simples, na primeira pessoa, Grita é uma narrativa pungente. De leitura recomendada a quem gostou de livros como A Lua de Joana. E a toda a gente, vá.

Opinião: Eve (Anna Carey)

Eve by Anna Carey
Editora: Harper Teen (2011)
Formato: Capa Mole | 318 páginas
Géneros: Romance, Ficção Científica, Lit. Juvenil
Descrição (GR): "Where do you go when nowhere is safe?
After a deadly virus wiped out most of Earth's population, the world is a terrifying place.
Eighteen-year-old Eve has never been beyond the heavily guarded perimeter of her school, where she and two hundred other orphaned girls have been promised a bright future in The New America. But the night before graduation, Eve learns the shocking truth about her school's real purpose--and the horrifying fate that awaits her.
Fleeing the only home she's ever known, Eve sets off on a long, treacherous journey, searching for a place she can survive. Along the way she encounters Caleb, a rough, rebellious boy living in the wild. Caleb slowly wins her trust . . . and her heart. But when soldiers begin hunting them, Eve must choose between true love and her life."
AVISO: Contém SPOILERS! Apesar dos meus géneros de eleição serem a fantasia e a ficção científica, não é com muita frequência que leio livros passados num futuro incerto. No entanto, as distopias (de que 1984 de George Orwell é um exemplo clássico) sempre me interessaram: porque há tanta coisa que pode correr mal, mesmo com avanços tecnológicos cujo objectivo é facilitar a vida das pessoas. É também interessante ler como é que autores de ficção idealizam um mundo pós-apocalíptico. Estas são as razões que me levam a ler distopias e foi a razão pela qual li "Eve", de Anna Carey.

Bem, suponho que este é um daqueles casos em que tenho de dizer que estava "mesmo a pedi-las". Pela sinopse eu sabia que ia haver romance adolescente para lá metido e mesmo assim... toca de comprar e ler o livro.

Isto não é distopia. Este livro não é sobre uma sociedade pós-apocalíptica, sobre como as pessoas lidam com um mundo devastado por uma doença mortífera que dizimou a maioria da população mundial. Não. Esta é a história do amor conturbado entre uma jovem chamada Eve e um jovem chamado Caleb. 
As inconsistências no mundo criado por Carey são flagrantes e muito fica por responder, exactamente porque o foco é o romance adolescente: será que se descobriu a cura para a Praga? Como é que o Rei da Nova América consegue petróleo quando aparentemente não há contacto com o mundo exterior? Porque é que as professoras das Escolas pactuam com o plano do Rei para utilizar as raparigas órfãs como produtoras em massa de crianças? Porque é que as raparigas recebem uma educação de cinco estrelas se vão ser utilizadas apenas como fábricas de bebés? Enfim, podia continuar...

Eve vive desde miúda na "Escola" (sim chama-se mesmo "Escola") com outras rapariga órfãs. Segundo lhe disseram, está a ser educada para ser uma "mais-valia" na "Cidade da Areia", uma nova cidade que está a ser construída pelo Rei da Nova América (sim, também revirei os olhos perante este mundo construído ao acaso, completamente irreal e bastante ridículo). Um dia antes da cerimónia de graduação, Eve descobre a terrível verdade: foi educada e bem tratada não para ser uma mente brilhante numa nova sociedade mas para a encherem de drogas e a fazerem dar à luz vezes sem conta através de inseminação artificial... afinal é preciso repovoar a Terra. 

Eve foge e claro, encontra o Caleb, que também fugiu de um campo onde o faziam a ele e aos outros rapazes órfãos, trabalhar 14 horas por dia para construir a tal "Cidade da Areia". Basicamente o Rei e os adultos construíram uma nova sociedade "nas costas" dos órfãos. 

Eve e Caleb apaixonam-se, mas oh snap, a Eve foi condicionada para desconfiar de todos os homens (o porquê de tal educação nunca é claramente explicado) e isso é um entrave. E depois quando um dos amigos do Caleb decide fazer uma Coisa Muito Má à Eve, o nosso herói tem o atrevimento de acreditar que a Eve possa ter querido que tal acontecesse. Em vez de o mandar à fava a Eve desata a chorar. 

Por isso em vez de explorar este mundo distópico que apresenta bastantes inconsistências, que poderiam no entanto, ser explicadas com uma construção mais cuidada do mesmo, a autora apresenta-nos cerca de 300 páginas de romance adolescente. 

Para ser justa o Caleb até é um rapaz decente na maioria das vezes (excepto naquela cena que referi), não persegue a Eve nem é possessivo demais como parece ser moda. Pelo contrário, a Eve é francamente burra e faz coisas que não cabem na cabeça de ninguém, dada a situação (estando ela em fuga e tudo o mais).

Apesar da autora se focar no romance e não no (consideravelmente mais interessante) mundo distópico, no final do livro não senti que os protagonistas se amassem realmente. Ou seja, o romance também não me convenceu, as emoções não foram descritas de forma realista.

Não consegui identificar-me com nenhuma das personagens, que me pareceram bastante mal desenvolvidas e muito pouco carismáticas. As descrições das personagens, dos lugares e do mundo em geral são tão vagas que não tenho imagens mentais de nada nem ninguém.

No geral, uma obra pouco memorável com um enredo fraco e um mundo que parece ter sido construído apenas para que os protagonistas pudessem viver a sua história de amor sem sal. Não me parece que tenha havido um esforço por parte da autora, de explorar a sua história convenientemente. Não existem momentos de tensão, momentos de suspense ou vilões verdadeiramente interessantes. Sobre este mundo pós-apocalíptico pouco ou nada se sabe. As personagens são bidimensionais e pouco interessantes. Não recomendado.

Review: Shut Out (Kody Keplinger)

Shut Out by Kody Keplinger
Publisher:  Poppy (2011)
Format: Hardcover | 273 pages
Genre(s): Romance, Young Adult
Description (GR): "Most high school sports teams have rivalries with other schools. At Hamilton High, it's a civil war: the football team versus the soccer team. And for her part,Lissa is sick of it. Her quarterback boyfriend, Randy, is always ditching her to go pick a fight with the soccer team or to prank their locker room. And on three separate occasions Randy's car has been egged while he and Lissa were inside, making out. She is done competing with a bunch of sweaty boys for her own boyfriend's attention

Then Lissa decides to end the rivalry once and for all: She and the other players' girlfriends go on a hookup strike. The boys won't get any action from them until the football and soccer teams make peace. What they don't count on is a new sort of rivalry: an impossible girls-against-boys showdown that hinges on who will cave to their libidos first. But what Lissa never sees coming is her own sexual tension with the leader of the boys, Cash Sterling...
"
"Shut Out" is a quick, easy read just like "The DUFF", Keplinger's first novel was.

Kody Keplinger tries her hand at writing a modern, teen version of the Greek play "Lysistrata" by Aristophanes with her new novel.

The main character is Lissa Daniels, girlfriend of the quarterback of the football team. Except in her school there isn't only a football team... there's also a soccer team. And they've been at each other's throats forever. So Lissa decides to take action and she and the other players' girlfriends decide to withhold sex until the rivalry is over.

Like I said before I enjoyed this book. I liked the fact that the author managed to tackle an important issue: sex in high school, how differently boys and girls view it and are treated. This matter is handled in a rather obvious manner as the girls get together, talk and basically rehash all the ideas that usually form the core of teen mentality on sex (and of many adults as well, unfortunately). Keplinger exposes the double standard existent in our society concerning sex and gender.
Of course, like I said, the author is 'obvious' about it but I think it's important to pass the message and this is a teen book after all, so the fact that she isn't exactly 'subtle' didn't bother me very much.

Sex and gender issues aside, "Shut Out" is basically a teen romance with all the stereotypes that come with the genre: the jerk boyfriend, the sexy hero (here named Cash Sterling which is as bad as Griffin King, really) and the torn heroine. Misunderstandings and lust ensue.

The characters were pretty much stereotypes and weren't particularly well developed.

Overall, "Shut Out" was a fun, quick read that uncovers the views and prejudices of our modern, supposedly equal society concerning sex. This is explored in a light manner but it still makes an important point: that when we talk about sex there is no normal, no definite rules and that the double standard is actually upheld by both men and most women due mostly to education and wrongful perpetuation of old values. It's not exactly a subtle, layered book but it entertains and tries to address an important subject and that has some merit.
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