A Guerra Eterna by
Joe Haldeman
Editora: ASA (2014)
Formato: Capa mole | 340 páginas
Géneros: Ficção Científica
Descrição: "Em 1997 a Terra entra pela primeira vez em contacto com os extraterrestres tauranos. Este encontro marca o início de uma guerra impiedosa. As autoridades terrestres decidem enviar um contingente de elite, e preparam um programa de treino quase inumano, destinado a produzir soldados capazes de aguentar tudo.
William Mandella é um desses soldados.
A fim de viajar até à frente de batalha, os soldados têm de atravessar portais chamados collapsars, que causam uma distorção espáciotemporal, fazendo com que o tempo subjetivo da nave seja mais lento que o tempo «real» do universo. Ou seja, quando Mandella regressa a casa após dois anos, quase três décadas passaram na Terra. E conforme viajam para mais longe, maior é a dilatação, passando de décadas para séculos inteiros.
A luta mais cruel que estes soldados terão de travar será a sua batalha pessoal contra o tempo."
(A edição lida está em inglês, mas apresentam-se os dados da portuguesa).
Sinceramente, não sei dizer o que se passa comigo e com a ficção científica ultimamente. Sempre gostei deste género, quero gostar deste género e quero ler mais obras deste género (o que tenho feito recentemente), mas por alguma razão ou tenho azar ou já li a minha conta de obras de ficção científica porque nem sequer deste livro, que é supostamente um clássico do género, consegui gostar particularmente.
Não sei se alguém me vai cair em cima por não ter "percebido esta obra" que aparentemente tem a ver com as experiências do autor na Guerra do Vietname. A mensagem geral parece-me bastante clara e até concordo com ela (diferenças culturais que causam guerras desnecessárias, yadda, yadda), mas a "execução" deste livro foi demasiado nonsense para mim nalgumas partes.
Ok. Estamos em 1996 (não nos esqueçamos que o livro foi escrito em 1975) e os seres humanos descobriram uma série de portais "a la Stargate" (exceto que estes são ocorrências naturais) que lhes permitem fazer passar naves para outros pontos da galáxia. Como somos seres curiosos, a Humanidade decide ir onde nenhum homem, mulher ou chimpanzé foi antes e estabelecer colónias em planetas próximos dos portais. Mas dão de caras com outra espécie, os tauranos. E assim começa uma guerra interminável de 1000 anos que nos é narrada por Mandella, o nosso protagonista. Devido à relatividade do tempo em diversos pontos do espaço (ou algo do género, alguém que saiba mais que me corrija), Mandella está presente durante a primeira e a última batalha desta guerra.
A primeira campanha de Mandella tem lugar em 1997, quando os humanos vêem pela primeira vez os tauranos. É uma carnificina. E depois... bem, depois temos o Mandella a andar de um lado para o outro em naves. De vez em quando volta para a Terra, onde se passaram algumas centenas de anos (enquanto para ele se passou um ano ou algo do género, Relatividade, etc e tal). Quando aí está ele reflete nas mudanças da sociedade; depois é de novo empurrado para o conflito e temos muitas descrições de acelerações de desacelerações das naves, de pessoas a entrarem em tanques para se protegerem, termos técnicos atirados de um lado para o outro e algumas batalhas.
E vira o disco e toca o mesmo. Quando ele chega perto da Terra já mudou tudo outra vez.
Devo dizer que esta dinâmica, a passagem do tempo no livro, foi o que mais me agradou em "A Guerra Eterna". Gostei muito de ler sobre isso, achei interessante se bem que não percebo de todo a teoria por detrás deste fenómeno. Seja como for, gostei de ver como a sociedade humana evoluía de cada vez que Mandella os encontrava.
O que me desagradou foi o sexismo e a homofobia presentes. Ok, esta obra é de 1975... mas podemos se faz favor ter uma mente aberta? Que tal. Quando li que as mulheres eram obrigadas pelo exército e pela lei a ter sexo com os seus colegas masculinos (para os satisfazerem, presumo, porque coitados, ali fechados sem companhia feminina, temos de ser compreensivos, os desejos das mulheres que se lixem) ia atirando com o Kobo à parede. E tipo, transformar toda a gente em homossexuais como forma de contraceção? Ahahahah! Como se as pessoas homossexuais não quisessem ter filhos. Please. E dizer que ser heterossexual era o equivalente a ser sociopata? Achei estas partes do livro tão idiotas, que me estragou a leitura do resto.
Quanto às personagens, devo dizer que não consegui sentir empatia por nenhuma delas. Mandella... sou-lhe totalmente indiferente, a sua narrativa era tão pouco emotiva que o destino da personagem não me interessou minimamente.
E quanto à guerra com os tauranos? Secundária (o que, num livro que supostamente está a tentar fazer ver como certas guerras podiam ser evitadas, me parece bastante grave). Os combates são a única vertente explorada no livro, as motivações e os tauranos enquanto raça nunca recebem qualquer atenção. Não ajuda em muito a mensagem "Guerra é má, especialmente quando é desnecessária". A não ser que seja suposto percebermos isso pelo caso esquisito de Síndroma de stress pós-traumático das personagens.
No geral? Não gostei assim muito. A premissa é gira e tal, mas clássico da ficção especulativa ou não (e prémios Nebula e Hugo ou não), não gostei particularmente da história. Enfim, gostos. Suponho que o devo aconselhar a quem gosta de ficção científica...