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Opinião: Sistemas em Estado Crítico (Martha Wells)

Editora: Relógio de Água (2024) 
Formato: Capa mole | 120 páginas 
Géneros: Fição científica, Mistério

O que dizer deste pequeno livro?

Primeiramente tenho a dizer que estou muito contente por finalmente terem publicado por cá esta série. Para quem gosta de fição científica, esta série vai ser uma delícia.

@ protagonista (sem género definido) é um android cujo objetivo é proteger humanos sempre que estes necessitem de tal, como por exemplo em missões que comportem riscos.

O que é diferente neste android é que el@ conseguiu piratear o módulo que permitia à empresa a que pertence controlar o seu comportamento, transformando-se assim, numa unidade completamente independente. O que faz el@ com esta liberdade? Ora essa vê séries de TV enquanto guarda os humanos.

Assassiborgue (nome escolhido pel@ mesm@) despreza humanos mas mesmo assim tem de fingir que os guarda. 

Estas novas emoções transformam @ Assassiborgue: desprezo, enfado, irritação (quando lhe interrompem as séries) e vão mudar a forma como olha para o mundo.

Os livros desta série são pequenos, leem-se num instante e são bastante acessíveis.

O mundo é extremamente interessante, com grandes corporações a mandarem basicamente no espaço controlado pelos humanos (centenas de planetas) o que demonstra os excessos do capitalismo com uma estrutura de quasi-escravidão de humanos em operações em grande escala.

O mundo é também imersivo e as personagens são divertidas e é fácil gostar delas, especialmente d@ protagonista, com a sua visão algo niilista e muito sarcástica do(s) mundo(s).

Este livro serve como introdução ao mundo e a algumas das personagens. Tem ação, muito diálogo interior do Assassiborgue e monstros galáticos. É uma espécie de mistério/thriller passado no espaço.

Acho que se pode ver que gostei muito desta leitura. Se gostam de fição científica, personagens bem desenvolvidas, ação e um mistério vão adorar este livro. As aventuras d@ Assassiborgue merecem ser seguidas e é de leitura fácil e imersiva.

Recomendado.

Opinião: Sundiver (David Brin)

Editora: Bantam (2010) 
Formato: Capa mole | 340 páginas 
Géneros: Ficção Científica 

(Nota: a edição apresentada não corresponde à que está a ser lida, porque estou a ler um livro com a trilogia completa). 

Já há algum tempo que ando para ler David Brin. Na verdade, desde que peguei, há muitos anos, num dos livros dele, publicados pela Europa-América que o meu pai tem lá por casa e li sobre golfinhos sencientes! 

Acho que acabei por não ler o livro todo, mas quando me deparei com uma edição 3 em 1 da trilogia original "Uplift" (Elevação), não resisti a comprar.

O primeiro livro, intitulado, "Sundiver" abre com o nosso protagonista a fazer experiências no sentido de modificar os golfinhos de forma a que estes sejam "elevados" ao nível dos seres humanos. Mas cedo, o protagonista (cujo nome eu não me lembro, e nem estou a brincar) é chamado como "consultor" numa outra experiência: humanos estão a realizar uma das experiências mais incríveis de sempre: uma expedição ao Sol. Mas surgiram problemas e, então, o nosso herói (mas como é que ele se chama, pá?) é chamado a investigar.

Devo dizer que não fiquei grandemente impressionada com este primeiro livro. Tem uma premissa tão boa, mas desperdiça-a para se focar num mistério desinteressante e algo simplista.

A premissa geral é a seguinte: a Humanidade estabeleceu contacto com centenas de espécies na Galáxia que, como eles, respiram oxigénio. E descobriu, no processo, que ao contrário dessas espécies fogem ao padrão estabelecido há muito pelos misteriosos Progenitores: as espécies sencientes "elevam" outras espécies (pré-sencientes) para um estado de senciência, criando laços reminiscentes de uma sociedade feudal: os que elevam são os benfeitores e os elevados são, durante algum tempo, seus "clientes", no sentido de lhes deverem a senciência. 

Todo este processo é registado numa Biblioteca galáctica que contém informações sobre as espécies da Galáxia e sobre todo o seu conhecimento tecnológico, científico, filosófico, etc. Como tal, nesta sociedade galáctica todo o saber é reciclado.

Os humanos, como não podia deixar de ser, são diferentes. Não se conhecem benfeitores para esta raça e tudo indica que evoluiram da pré-senciência para a senciência naturalmente. Darwin e tudo o mais.

E agora, os humanos estão a levar a cabo experiências, algo que as outras espécies não compreendem: para quê experimentar, se já está tudo na Biblioteca? E a tal expedição ao Sol é mais uma dessas experiências.

O enredo bem se podia focar num destes interessantes pontos: onde estão os benfeitores dos terráquios? Será que evoluímos mesmo sozinhos? 

Ou mesmo: será que o Sol é habitado? Porque parece ser essa a conclusão a que chegam os investigadores. E serão os habitantes do Sol os benfeitores da Terra?

Mas não. O enredo tem contornos bem mais simplistas e nenhuma das temáticas acima é abordada. Na verdade este livro é um... mistério.

E nem sequer é um bom mistério. O livro parece estar a descrever uma investigação científica normal até o protagonista ter um momento eureka e dizer a todos "juntem-se na sala X" e, depois, explicar a todos como fulano e sicrano fizeram isto e aquilo. O leitor nunca saberia que algo estava errado se o protagonista não o dissesse! Não há processo de investigação, suspense, nada. Num momento temos uma explosão suspeita, no seguinte o protagonista dá-nos uma solução.

As personagens também estão bastante mal exploradas; são estereótipos e nenhuma prima pela complexidade.

No geral, um primeiro livro bastante fraco. Poderia ter explorado tantas coisas interessantes, que o facto de se ter focado num mistério corriqueiro de "quem está a tentar sabotar a missão de exploração dos seres humanos" foi sinceramente desapontante.

Opinião: Wayward Pines - Paraíso (Blake Crouch)

Editora: Suma das Letras (2015)
Formato: Capa mole | 336 páginas
Géneros: Mistério, Ficção científica

Nunca tinha ouvido falar deste livro até a FOX começar a dar anúncios sobre a série; também tenho de confessar que este tipo de histórias reminiscentes do "Lost" (Perdidos) não me cativam por aí além uma vez que devo ser uma das poucas pessoas que não suporta a série.

Mas, uma vez que o livro é um fenómeno tão grande, tão popular e (dizem) com um final tão inesperado, decidi tentar a leitura. Que não foi má de todo, apesar de estar longe de ser brilhante.

E. Burke, agente dos Serviços Secretos dos Estados Unidos acorda no hospital de Wayward Pines depois de ter sofrido um grave acidente em que o seu parceiro morreu. Burke tem uma concussão e mal consegue sair da cama, mas isso não o vai impedir de realizar sua missão: investigar o desaparecimento de dois outros agentes na pequena cidade.

Mas cedo Burke começa a perceber que nem tudo é o que parece. Algo de estranho se passa na cidade e parece que muita gente está a esconder algo. À cabeça da conspiração, Burke suspeita, está o xerife. 

Não é possível dizer muito mais sobre este livro sem "spoilar" potenciais leitores, mas posso dizer que não fiquei assim muito impressionada.

(os SPOILERS começam aqui).

A frase na capa prometia-me um "crescendo" de suspense, mas na verdade a escrita de Crouch não é boa o suficiente para criar a tensão que supostamente, a história devia ter. Na verdade o livro é demasiado pequeno para existir mais do que um esboço de uma história que deveria (e poderia, nas mãos certas) ter dado para muito mais.

Este primeiro livro mostra-nos a situação da cidade e como a população sobrevive num mundo pós-apocalíptico. Houve diversas situações que achei que não faziam muito sentido, como as caçadas ao homem e, bem, na verdade todo o planeamento do homem atrás da cortina, um tal de David qualquer-coisa.

O facto de eu não me lembrar do nome desta personagem, mostra o quão pouco esta e outras estavam desenvolvidas. Mais uma vez, meros esboços, com pouca personalidade e poucas características intrigantes.

No geral, um livro bastante mediano. Não senti a tensão crescente que esperava e o mundo desenvolvido é bastante genérico, com criaturas que não são zombies, mas quase e uma data de sobreviventes que nem sabem que o são. Não existem quaisquer pormenores inovadores e as personagens pouco interessantes não ajudam. A escrita é pouco mais que competente. Uma boa leitura de praia, mas não esperem nenhuma obra-prima ou um enredo complexo. Ficarão desiludidos.

Opinião: Conspiração Mortal (J.D. Robb)

Editora: Chá das Cinco/SdE (2011)
Formato: Capa mole | 333 páginas
Géneros: Mistério, Romance contemporâneo, Ficção científica

(A versão lida está em inglês, mas apresentam-se os dados da edição portuguesa.)

Para mudar um pouco "de ares", decidi retomar a leitura da série "Mortal" de J.D. Robb (ou Nora Roberts). A minha última leitura, em finais de agosto do ano passado, tinha sido pouco satisfatória, talvez porque tinha andado a ler os livros todos de seguida e, assim, foi-me difícil não reparar que as histórias eram sempre parecidas.

O oitavo livro não foge muito à fórmula a que J.D. Robb já nos habituou em livros anteriores, mas desenvolve as personagens principais e introduz um crime que, mesmo sendo cometido por uma pessoa mentalmente instável, se distingue um pouco dos crimes anteriores.

Eve é chamada a uma cena de um crime, cuja vítima é um sem abrigo. Devido à sua filosofia, Eve sente que tem de "defender os mortos", independentemente da sua classe social pelo que, apesar de muitos polícias não se importarem muito com tais mortes, Eve irá fazer tudo para descobrir o culpado. Além disso, o coração do sem abrigo, de nome (ou alcunha) Snooks, foi levado. Eve, cedo suspeita que um cirurgião profissional possa estar envolvido no caso.

A sua investigação leva-a a descobrir que crimes semelhantes tiveram lugar em diversas cidades não apenas nos EUA mas também na Europa. À medida que Eve se aproxima do culpado, forças poderosas tentam impedir a sua investigação das mais diversas formas... parece que este assassino tem boas ligações.

Como disse, este livro não foge muito do estilo dos anteriores. No entanto, há mais tensão e um maior sentido de urgência, porque o assassino tem alguma influência em diversos meios políticos e Eve sofre alguma pressão para encerrar a investigação. Pressão essa, que não a impede de continuar, até que os seus inimigos tomam medidas drásticas.

Gostei deste livro devido à tensão que mencionei acima e porque, pela primeira vez, vemos Eve completamente vulnerável. Ela que é sempre tão dura e pronta para todas as situações, que vence constantemente os seus fantasmas, mostra-nos, neste livro, um lado mais humano. E Roarke também, de certo modo. Apesar dos constantes "Amo-te", de ambas as partes, senti que neste livro a relação deles foi testada pela primeira vez, realmente testada e isso deu mais alguma profundidade às personagens.

No geral, uma leitura que me agradou. O intervalo que fiz entre leituras de livros desta série ajudou certamente, mas penso que este livro é mais rico do que alguns dos anteriores, em alguns aspetos. Explorou-se um tipo diferente de crime, a questão da ética nas experiências médicas e ficámos a saber um pouco mais sobre como funciona a medicina em meados do século XXI.


Da mesma série:
  1. Nudez Mortal
  2. Glória Mortal
  3. Fama Mortal
  4. Êxtase Mortal
  5. Cerimónia Mortal
  6. Vingança Mortal
  7. Oferenda Mortal

Opinião: 1984 (George Orwell)

1984 de George Orwell
Editora: Antígona (2007)
Formato: Capa mole | 314 páginas
Géneros: Distopia, Ficção científica
Sinopse.

Aviso: opinião meio desnorteada e provavelmente pouco popular
(A edição lida está em inglês mas apresentam-se os dados da portuguesa).

Quando terminei a leitura de “1984” de George Orwell, um livro que, devido ao meu gosto por distopias e ficção científica, já queria ler há algum tempo, tive bastante dificuldade em decidir como classificar a obra.

Acabei por não a classificar. Isto tem muito a ver com a forma como eu e muitas outras pessoas foram educadas; assim como os leitores (alguns deles) olham de lado para quem quase nunca pega num livro e os amantes de séries olham de lado para quem só vê novelas, quando alguém não gosta de um livro considerado pelos críticos como “um clássico”, esse alguém pode sofrer algumas represálias, especialmente se tiver o desplante de criticar o tal livro online. Mas, quando terminei esta obra de Orwell, sabia que tinha duas opções: fingir que tinha achado o livro muito bom, excelente, uma obra-prima e fazer parte desse grupo maioritário; ou ser sincera acerca do livro e das impressões que obtive do mesmo.

E decidi ser sincera. Apesar do que isso me possa custar (provavelmente estarei a fazer uma tempestade num copo de água, mas ei… that’s me).

Mil Novecentos e Oitenta e Quatro centra-se na personagem de Winston Smith, um homem com 39 anos, de fisionomia indeterminada, que vive, presumivelmente nas Ilhas Britânicas, no que se presume ser o ano de 1984.

A sociedade que Winston conhece tem (assustadoramente), algumas semelhanças com a nossa – no que diz respeito à falta de privacidade, ao papel dos meios de comunicação na formação das opiniões e posições sociais das pessoas, e como a propaganda, e aos meios através dos quais obtemos informações podem modelar a nossa realidade – mas que diverge dramaticamente noutras (pelo menos na minha opinião).
As Ilhas Britânicas foram incorporadas num território mais vasto, a Oceânia, em que impera um regime totalitário agressivo de, aparentemente, pendor comunista. Winston, que trabalha no Ministério da Verdade é um membro do partido e como todos os outros é ferozmente monitorizado, achincalhado e forçado a moldar-se conforme o Partido e o seu líder Grande Irmão (Big Brother) querem.

Isto pode parecer uma contradição, tendo em conta o meu discurso acima, mas gostei da premissa deste livro. Tendo em conta a época em que foi escrito e a mensagem que pretende transmitir, não é possível dizer que “1984” não é uma sátira política extremamente bem conseguida e delineada. Aliás, tão bem delineada é e tão influente é este livro, que muitas das expressões e ideias passaram a integrar o imaginário da nossa sociedade moderna. A que primeiro nos vêm à mente é, claro, a expressão “Big Brother” que é hoje sinónimo de espiolhanço, falta de privacidade e de violação das liberdades civis. E é também um programa de televisão onde observamos os movimentos de pessoas 24 horas por dia… o que é, no fundo, o conceito de fundo da sociedade Orwelliana. Controlo total sobre todos, sempre. O que é assustador e não deixa de ser algo muito possível de concretizar com os meios hoje ao nosso dispor, numa sociedade tão globalizada. Certamente que os governos atuais não o fazem da mesma forma do que o Grande Irmão, mas conseguem-no mesmo assim.

O mais assustador no meio disto tudo é mesmo a forma como é possível manipular a opinião pública e as pessoas através da educação e dos meios de comunicação. A parte em que Orwell descreve o proletariado como interessado apenas em coisas triviais e na lotaria, ao mesmo tempo que ignora a sua própria precariedade social, económica e intelectual, pareceu-me bastante familiar. Certamente que esta não é uma tática nova pois já os romanos utilizavam o “pão e circo” como dispositivo de controlo ideológico das massas; mas a facilidade com que se continua a fazer o mesmo atualmente, mesmo depois dos exemplos do passado, mesmo depois de “1984” é arrepiante.

Assim, este livro tem, certamente, alguma relevância histórica especialmente ao nível político: na altura em que o autor o escreveu (1947-1948) entrava-se na guerra fria e a sua óbvia sátira política integra-se bastante bem na época do pós 2ª guerra/guerra fria. Como crítica aos excessos em que podem cair os regimes (neste caso o socialista, aqui descrito na sua forma mais agressiva e antidemocrática), é um livro importante.

Mas, a nível literário este livro não é propriamente estimulante... é seco, algo chato, cinzento e com pouca vida. E quer esta paisagem desbotada seja ou não propositada (talvez para mostrar como um regime totalitário envenena a vida e a criatividade), torna o livro bastante difícil de ler.

E passamos agora à parte menos agradável. Este livro está escrito de uma forma muito pouco conducente a uma leitura sem percalços. Se até estava a gostar da prosa e de Winston nas primeiras 70 páginas, a partir daí, a escrita tornou-se tão absurdamente evangelizante e teórica que me pareceu que estava a ler um ensaio ou algo do género. O que não é, de todo, o que procuro numa obra de ficção e não era o que procurava em “1984!”.

Confesso, até, que quando Winston começou a ler partes do Livro de Goldstein, comecei eu a ler na diagonal. Porque, senhores, há pessoas que conseguem escrever ensaios, teses e teorias interessantes, mas na minha humilde opinião, Orwell não é uma delas. Foi um suplício para mim terminar este livro mas queria mesmo terminá-lo, porque as ideias são interessantes e algumas delas (não considero a sociedade atual particularmente Orwelliana, apesar de algumas semelhanças… mas alguns podem discordar ou achar que estou a viver numa fantasia) pertinentes. Mas a escrita dificultou mesmo a tarefa. Para mim este livro não está bem escrito porque um livro bem escrito, na minha opinião, é um livro que dá gosto ler, independentemente das ideias nele contidas… e independentemente de se tratar ou não de ficção.

No geral (porque já me estou a alongar), um livro que tem certamente características para ser um clássico porque é uma obra relevante, especialmente para o estudo da política na década de 50 do século XX. Como “aviso” para as gerações futuras, também considero que terá alguma relevância apesar de me parecer que Orwell não parece ter escrito “1984” com essa intenção específica (o regime representado não difere muito dos que já existiam na Europa na época… regimes totalitários, centrados no controlo, por todos os meios, dos seus cidadãos), mas no fundo, sei lá, porque não escrevi o livro. É apenas o que me parece.

O que retirei, sobretudo, deste livro foi que os seres humanos têm uma enorme capacidade de ir até ao extremo para conseguir aquilo que querem; neste caso, poder absoluto sobre a realidade, sobre a vida e sobre as perceções de multidões. E isso é verdadeiramente assustador.  

Mas como dizia, um livro que tem muitas das características de um clássico mas ao qual falta, ao contrário do Grande Irmão, carisma. E que não me convenceu, em termos de história e escrita.


Opinião: Os Regressados (Jason Mott)

Os Regressados de Jason Mott
Editora: Porto Editora (2014)
Formato: Capa mole | 312 páginas
Géneros: Mistério, fantasia urbana, ficção científica

Depois de ter visto alguns episódios de "Resurrection", fiquei interessada no livro que deu origem à série.

Por isso, comecei este livro de Jason Mott com algumas expetativas: estava curiosa relativamente aos "regressados", as pessoas antes mortas que começaram a aparecer do nada.

Porque é essa a premissa base do livro: de repente, pessoas mortas (quer de causas naturais quer de acidentes, etc.) começam a aparecer em diversas partes do mundo.

Infelizmente, o livro não se centra na procura de explicações para o fenómeno, mas sim nas reações das pessoas à súbita aparição dos seus entes queridos, anteriormente falecidos.

Os protagonistas são Harold e Lucille Hardgrave, um casal idoso que perdeu um filho de 8 anos, Jacob, em 1966. Quando Jacob volta para casa, o casal tem de reabrir velhas feridas e voltar a lidar com toda a dor emocional da perda. Ao mesmo tempo, há pessoas que não querem os Regressados nas cidades e à medida que mais e mais pessoas regressam, o Governo é pressionado para resolver o problema.

Este livro toca, ao de leve, em diversos aspetos importantes. A já referida dor emocional relacionada com a perda de um filho, as reações emocionais ao regresso de pessoas que se pensava estarem perdidas para sempre, os direitos humanos, entre outros. Nenhum deles é explorado com profundidade suficiente para que "Os Regressados" possa ser considerado um livro dedicado à reflexão.

No entanto, não há ação suficiente para que seja considerado um livro de ficção científica ou sobrenatural. No fundo, esta obra centra-se, como já referi, nas reações das pessoas ao nível individual e ao nível coletivo (como os Regressados são vistos, o começo da discriminação contra eles, etc.). E também, claro, nas mudanças que os Regressados trazem à sociedade como um todo.

No geral é um livro sobre o qual não há muito a dizer. Lê-se bem e tem um enredo simples, mas interessante que se foca nos aspetos sociais e emocionais do acontecimento descrito. Tenho pena que não haja quaisquer pistas sobre o porquê de existirem Regressados (esse não é, de todo, o foco do livro), mas mesmo assim gostei da leitura.

Opinião: Fluency (Jennifer Foehner Wells)

Fluency de Jennifer Foehner Wells
Editora: Blue Bedlam Books (2014)
Formato: e-book | 283 páginas
Géneros: Ficção científica
Sinopse: "NASA discovered the alien ship lurking in the asteroid belt in the 1960s. They kept the Target under intense surveillance for decades, letting the public believe they were exploring the solar system, while they worked feverishly to refine the technology needed to reach it. 
The ship itself remained silent, drifting. 
Dr. Jane Holloway is content documenting nearly-extinct languages and had never contemplated becoming an astronaut. But when NASA recruits her to join a team of military scientists for an expedition to the Target, it’s an adventure she can’t refuse. 
The ship isn’t vacant, as they presumed. 
A disembodied voice rumbles inside Jane’s head, "You are home." 
Jane fights the growing doubts of her colleagues as she attempts to decipher what the alien wants from her. As the derelict ship devolves into chaos and the crew gets cut off from their escape route, Jane must decide if she can trust the alien’s help to survive. "
"Fluency" de Jennifer Foehner Wells, é um livro que já estou para ler há algum tempo, uma vez que a premissa me pareceu extremamente interessante.

Há mais de 50 anos, a NASA descobriu uma nave espacial, aparentemente abandonada, a flutuar na cintura de asteroides para além de Marte. Apenas no século XXI, é que a tecnologia permite que uma equipa de astronautas, entre eles a linguista Jane Holloway, partam numa cápsula para uma viagem de 18 meses até à estranha nave. O seu objetivo é, claro, explorar este veículo alienígena e tentar trazer dados sobre a tecnologia do mesmo. E, claro, se a nave tiver habitantes, encetar um primeiro contacto.

Contudo as coisas começam a correr mal logo de início. Jane começa a ter ataques que a deixam inconsciente e convencida de que está a comunicar telepaticamente com uma forma de vida extraterrestre, a pequena tripulação de seis começa a desintegrar-se e têm de lutar contra estranhos animais que parecem ter tomado conta da nave. 

O que aconteceu à tripulação original? O que são estes estranhos seres, parecidos com lesmas gigantes, que povoam a nave. E estará um dos alienígenas ainda vivo e na cabeça de Jane?

Gostei desta leitura. Sim, tem as suas falhas, nomeadamente devido ao facto de ser uma ideia ambiciosa, um livro sobre um "primeiro contacto", mas falhar devido à exploração pouco cuidada deste conceito.

Para além disso, a sociedade extraterrestre não era suficientemente... extraterrestre. Eram quase iguais aos humanos, o que foi bastante desapontante.

As personagens não foram grande impedimento à história, nem foram irritantes (exceto, talvez, o Walsh) mas também não senti grande ligação com nenhuma. Jane depressa se converteu numa "Mary Sue", com todos os poderes e todas as certezas.

No geral, apesar de ter gostado do livro e da leitura, e da ideia por detrás de "Fluency", creio que o enredo e o mundo mereciam um maior e mais cuidado desenvolvimento. Havia muito mais a dizer, mais a explorar e as explicações que nos foram dadas pareceram-me insuficientes e até mesmo confusas. Há muitos conceitos novos que aparecem nas conversas entre Jane e o extraterrestre, e apesar de ela compreender tudo, nós os leitores ficamos a coçar a cabeça nalgumas partes. Também não fiquei assim muito entusiasmada com a ideia de que "os seres humanos eram a última esperança", mas pronto.

Gostaria de seguir esta série, quanto mais não seja para ver o que acontece a seguir e para tentar compreender melhor este mundo de seres tão parecidos com os humanos que parecem mesmo ter uma origem genética comum. A autora lança algumas ideias muito interessantes relativamente a experiências feitas por raças muito antigas e ao surgimento de formas de vida. Espero, pois, que haja mais livros.

Opinião: Oferenda Mortal (J.D. Robb)

Oferenda Mortal de J.D. Robb
Editora: Chá das Cinco/SdE (2010)
Formato: Capa mole | 284 páginas
Géneros: Mistério, Romance contemporâneo, Ficção científica
Sinopse.

Aviso: contém pequenos SPOILERS para o livro anterior.
(A edição lida está em inglês, mas apresentam-se os dados da portuguesa).

Este sétimo livro da série "Mortal" abre de forma semelhante a todos os outros e tem uma estrutura semelhante a todos os outros: crimes em série, o Roarke a mudar os seus horários para cuidar da Eve e para se intrometer na investigação criminal, conferências de imprensa e muito sexo entre o casal principal.

Assim, foi com alguma apreensão que iniciei a leitura. Afinal, tenho gostado bastante da série, mas mesmo assim não posso deixar de admitir que a fórmula em todos os livros é idêntica, ainda mais nestes últimos em que Eve já confrontou parcialmente os "demónios do passado" e está a construir uma rotina. Rotina essa que nos é apresentada no livro.

E, durante grande parte do livro, esta semelhança com livros anteriores fez com que a leitura andasse mais devagar do que gostaria.

Em Oferenda Mortal, estamos na época natalícia, uma época bastante stressante para a maioria das pessoas e ainda mais para Eve, que nunca teve de se preocupar em arranjar presentes para ninguém e agora tem uma data de amigos e mesmo uma família.

No entanto, parece que há outras pessoas que também têm memórias traumáticas deste período e quando um assassino em série vestido de Pai Natal, começa a atacar, Eve terá de despender esforços (que lhe podem custar mais do que o normal, pois ainda tem sequelas de ter sido atingida por uma arma no livro anterior) para impedir que mais pessoas morram.

O que me irrita um bocado nestas investigações é que a Eve nunca chega lá sozinha. Há sempre um elemento de sorte, ou tem uma testemunha ou o assassino comete um erro. Apesar de investigar que se farta, a Eve nunca chega à conclusão correta e diz: "É este o criminoso. Vamos prendê-lo". E isso não ajuda a que o leitor a veja como muito boa naquilo que faz, como todas as personagens insistem que ela é.

Mas voltando a este livro em específico, este estava a ser uma leitura bastante típica para esta série. O que salvou realmente o livro foi Peabody, que finalmente mostrou alguma emoção para além de uma admiração desmesurada por Eve (que às vezes consegue ser bastante mal criada para a sua ajudante), McNab o detetive informático e Charles, o prostituto com quem a Peabody sai algumas vezes. Roarke e Eve limitam-se a repetir tudo o que fazem noutros livros.

No geral, uma leitura que me custou por causa da sua semelhança com outros livros da série. Como é que os leitores ainda não se fartaram ao fim de 40 livros não sei. Vou ler os próximos, mas se a fórmula para os mistérios continuar a mesma e se não houver mais desenvolvimento de Eve e Roarke (por amor da Santa, zanguem-se ou algo do género!), por mais que goste da série, acho que não vale a pena continuar e ler 532 vezes o mesmo livro. 

Da mesma série:
  1. Nudez Mortal
  2. Glória Mortal
  3. Fama Mortal
  4. Êxtase Mortal
  5. Cerimónia Mortal
  6. Vingança Mortal

Opinião: Vingança Mortal (J.D. Robb)

Vingança Mortal de J.D. Robb
Editora: Chá das Cinco/SdE (2010)
Formato: Capa mole | 301 páginas
Géneros: Mistério, Romance contemporâneo, Ficção científica
Sinopse.

(A edição lida está em inglês, mas apresentam-se os dados da portuguesa)

E cheguei já ao sexto livro da série "Mortal". Esta série é bastante viciante e o leitor (neste caso, eu) quer sempre saber mais sobre as interessantes personagens que povoam o mundo, pelo que continuamos a ler. Os mistérios e o intrigante mundo futurista são ótimos bónus!

Em Vingança Mortal, Eve terá de jogar um perigoso jogo com um psicopata cujo objetivo é vingança... vingança contra Roarke e todos os que o ajudaram no passado, aquele passado sombrio, na Irlanda do qual sabemos tão pouco.

Numa corrida contra o tempo, Eve tem de tentar resolver as adivinhas que lhe são transmitidas pelo assassino para conseguir chegar a tempo ao local onde as vítimas sofrem mortes horrorosas.

Temos também um elemento religioso nestes crimes, que a meu ver não foi suficientemente bem explorado, mas pronto.

Neste sexto livro ficamos então a saber mais sobre Roarke, sobre o seu passado e sobre as tais ações objecionáveis de que já se vem falando desde livros anteriores. É um forte teste ao carisma da personagem, uma vez que finalmente temos uma visão bem mais clara do que Roarke fez e de quem ele é realmente. Já não é apenas uma personagem misteriosa e um pouco "dark".

Gostei do facto deste livro ter tido um pouco mais de ação do que os anteriores (sem exageros e sem comprometer o enredo), com uma perseguição a alta velocidade e tudo. 

Vemos também as primeiras "sementes de discórdia" entre o casal de protagonistas, o que me pareceu bastante realista tendo em conta a natureza das infrações de Roarke.

Vemos também que Eve, longe de ser perfeita, não se abstém de utilizar métodos menos "legais" para apanhar os criminosos.

No geral, mais uma boa leitura. Acho que a autora apanhou novamente o ritmo que tinha falhado um pouco no livro anterior e que as personagens sofreram um desenvolvimento marcado neste livro.

Outros livros da série:
  1. Nudez Mortal
  2. Glória Mortal
  3. Fama Mortal
  4. Êxtase Mortal
  5. Cerimónia Mortal

Opinião: Cerimónia Mortal (J.D. Robb)

Editora: Chá das Cinco/SdE (2010)
Formato: Capa mole | 269 páginas
 
Géneros: Mistério, Romance contemporâneo, Ficção científica
Sinopse.

O quinto livro da série mortal debruça-se, ao contrário do anterior, num tema tão antigo como o tempo: as religiões. Os crimes que a Tenente Dallas investiga em Cerimónia Mortal têm contornos religiosos algo macabros e envolvem athames, muito sangue e mesmo corações desaparecidos. Estes homicídios vão levar a tenente Dallas a lidar com alguns conceitos que vão contra a sua natureza lógica e analítica. Ao mesmo tempo, Eve conhece um lado do seu marido que desconhecia.

Devo dizer que este volume me desiludiu um pouco. Não porque não tenha sido uma leitura interessante e compulsiva, mas porque achei que Robb não desenvolveu tão bem o seu mistério desta vez. A conclusão foi apressada e pouco satisfatória: basicamente, Eve só descobriu o culpado porque o mesmo a raptou e lhe ia fazer mal. Senão, a detetive andaria completamente a leste, por assim dizer.

O argumento de "natureza versus educação" surge novamente neste livro (embora muito menos vincadamente do que no anterior) e centra-se também nas crenças religiosas e em como ainda continuam vivas e fortes, apesar de estarmos nuns meados do século XXI muito desenvolvidos a nível tecnológico.

Como também já referi anteriormente, Eve fica a conhecer uma faceta antes desconhecida de Roarke que tem, afinal, respeito pelo oculto. Apesar de não haver um desenvolvimento marcado ao nível das personagens neste livro, sinto que o casal de protagonistas avançou um pouco na sua relação, pois a mesma encontra-se agora mais aberta.

No geral, mais uma leitura bastante interessante. Não gostei tanto como de outros livros da série, mas Cerimónia Mortal é uma boa adição à série e será uma ótima leitura para quem gosta de mistérios ou da Robb (ou Nora Roberts).


Outros livros da série:
  1. Nudez Mortal
  2. Glória Mortal
  3. Fama Mortal
  4. Êxtase Mortal

Opinião: Êxtase Mortal (J.D. Robb)

Êxtase Mortal de J.D. Robb
Editora: Chá das Cinco/SdE (2009)
Formato: Capa mole | 268 páginas
Géneros: Mistério, Romance contemporâneo, Ficção científica
Sinopse.

(A edição lida estava em inglês mas apresentam-se os dados da portuguesa)

O quarto livro da série "Mortal" abre com a lua de mel de Eve e de Roarke, fora do planeta, numa futura estância de luxo (ainda em construção). Mas Eve nunca consegue (nem quer) muito tempo livre e aparentemente, a morte persegue-a: um suicídio no local, vai ser o ponto de partida para o próximo mistério que Eve terá em mãos.

Êxtase Mortal, foi mais uma leitura agradável com a sua escrita fluída, personagens intrigantes e ritmo regular e nunca entediante. O mistério é bastante fácil de resolver, como sempre, mas não tira por isso encanto à leitura.

Desta vez, Eve depara-se com uma série de suicídios que ela considera suspeitos. As vítimas morrem com um sorriso de pura alegria na cara e Eve luta para provar que existe influência externa (ou seja, que se tratam de homicídios). Surge neste livro um interessante debate (que achei que podia ter sido bastante mais aprofundado, mas pronto) sobre a "natureza versus a educação" que vai ainda mais longe do que o descrito em Divergente e entra mesmo na influência da composição dos nossos genes e como isso pode determinar por completo as nossas escolhas.

Outro aspeto que achei interessante é que, pela primeira vez, a arma do crime é um dispositivo existente neste mundo de ficção científica desenvolvido por J.D. Robb.

A narrativa continua a incluir tanto os passos de Eve para descobrir o que se passa como o desenvolvimento da sua vida pessoal, com Roarke. Este livro contém acontecimentos bastante fortes que poderiam ter tido, na minha opinião de leitora, um impacto mais forte nestes dois personagens. Achei que foi um conflito que se resolveu demasiado depressa e que, tendo em conta o passado de Eve, não deveria ter sido assim. Mas pronto.

No geral, mais uma boa leitura. Cada vez gosto mais desta série policial e de ficção científica que combina diversos elementos como a construção e desenvolvimento do mundo, das personagens e da história de forma tão equilibrada e envolvente. Ainda bem que a série tem muitos outros livros para devorar.

Outros livros da série:

Opinião: Fama Mortal (J.D. Robb)

Fama Mortal de J.D. Robb
Editora: Chá das Cinco/SdE (2009)
Formato: Capa mole | 286 páginas
Géneros: Mistério, Romance contemporâneo, Ficção científica
Sinopse.

(A versão lida está no inglês original, mas apresentam-se os dados da portuguesa)

Com o terceiro livro da série "Mortal" (Fama Mortal) voltamos a focar-nos na vida da agente da polícia de Nova Iorque, Eve Dallas.

Neste livro temos, como sempre, mais um mistério para resolver e é um mistério que tem contornos muito pessoais para Eve: a sua amiga Mavis é acusada do homicídio de uma modelo muito conhecida, chamada Pandora. Eve terá de fazer tudo para ilibar a amiga enquanto tenta manter-se imparcial. Ao mesmo tempo, tem de lidar com o seu iminente casamento com Roarke, o milionário que ama e com recordações da sua infância, que começam a regressar na forma de pesadelos.

Gostei bastante desta leitura. É, maioritariamente, um livro de Suspense romântico porque uma das componentes essenciais da série é a vida romântica de Eve, mas mesmo assim, Robb conseguiu dar protagonismo suficiente ao mistério que envolve supermodelos, drogas feitas com plantas experimentais e corrupção. 

Como nos livros anteriores, o mundo futurista está tão bem inserido na narrativa que o leitor não sente qualquer estranheza ao ler sobre ele. Viagens para outros planetas? Parece plausível. Colónias terrestres? Certamente. Comunicadores que cabem na palma da mão? Nada de especial.

A escrita de Robb é harmoniosa, envolvente e interessante. Apesar de ter havido uma parte lá para o meio que achei um bocado frustrante, porque Eve não andava nem desandava com a resolução do caso, no geral, este livro foi uma leitura muito satisfatória.

Também gostei bastante das mudanças que se estão, lentamente, a operar em Eve. Tem de enfrentar os seus medos relativamente ao casamento e começa a recuperar da amnésia que tem desde os oito anos sobre a sua infância... as revelações deste livro são perturbantes e deixam ao leitor a vontade de saber como irá Eve lidar com tudo o que se passou; será que aprenderá finalmente a pedir ajuda?

A nova personagem, a agente Peabody também me surpreendeu pela positiva. Com o seu humor seco e a sua pose rígida, pareceu-me uma adição interessante ao rol de personagens da série.

Irei certamente ler mais livros da série. Estou a gostar imenso e acho que a autora combina os diversos elementos de forma muito natural e fluída, o que é algo que não acontece assim tanto como desejaríamos. Uma série para continuar. 

Opinião: Glória Mortal (J.D. Robb)

Glória Mortal by J.D.Robb
Editora: Chá das Cinco/SdE (2008)
Formato: Capa mole | 254 páginas
Géneros: Mistério, Romance contemporâneo, Ficção científica
Sinopse.

(A versão lida está no inglês original, mas apresentam-se os dados da portuguesa)

O que dizer sobre este segundo livro da série mortal que não tenha dito já na opinião anterior? 

Porque "Glória Mortal" tem as mesmas qualidades e defeitos do livro anterior: protagonistas interessantes que nos puxam, um mundo intrigante e um mistério que é razoavelmente cativante e mantém o leitor interessado mas que não é propriamente difícil de deslindar.
Em "Glória Mortal", Eve tem de descobrir o autor de uma série de crimes que têm como alvo mulheres de sucesso com uma presença pública. Neste livro vemos Eve a lidar com a dor das famílias envolvidas e como os sentimentos pessoais podem afetar julgamentos e mesmo o decorrer da investigação.

Temos também alguns desenvolvimentos surpreendentes relativamente à vida pessoal de Eve, nomeadamente no que diz respeito à sua vida amorosa e à sua relação com Roarke (que, surpreendentemente, não é o idiota possessivo que parecia no primeiro livro... gostei bastante dele neste segundo volume). 

Tal como no primeiro livro, a componente romântica desenvolve-se demasiado depressa e sem as nuances necessárias para parecer "realista", mas Roarke e Eve são um casal extremamente fofinho e penso que foi uma das razões pelas quais gostei tanto deste livro apesar do seu mistério simplista.

No geral, uma boa leitura. Ok, o mistério não foi nada de especial, é pouco elaborado e é fácil de desvendar, mas as personagens e o seu desenvolvimento dão brilho à obra. Vou continuar a ler, sem dúvida.

Opinião: Nudez Mortal (J.D. Robb)

Nudez Mortal de J.D. Robb
Editora: Chá das Cinco/SdE (2008)
Formato: Capa mole | 246 páginas
Géneros: Mistério, Romance contemporâneo
Sinopse.

Nora Roberts é uma autora mundialmente famosa e top de vendas em Portugal, mas por qualquer razão nunca me senti tentada a ler nada dela. Talvez porque o seu género de eleição é o romance contemporâneo, do qual fugia até recentemente por razões que nem para mim são claras; talvez porque, devido à sua fama, Nora Roberts me aterrorizava: e se eu não gostasse dos seus livros?

Mas, quando me deparei com críticas aos seus livros da Série Mortal no blogue Estante de Livros, decidi que era tempo de me aventurar. E não como o fiz há anos atrás, com uns livros quaisquer dela que metiam vampiros e que li já com uma mente fechada e preconceituosa (tinha lido o Crepúsculo - ou tentado pelo menos - há pouco tempo). E assim escolhi a série Mortal, que escreve sob o pseudónimo de J.D. Robb.

Ainda bem que "dei ouvidos" à Célia! Finalmente um thriller/mistério que não achei irritante! Ok, a Eve é uma mulher durona ao estilo de tantas heroínas de fantasia urbana, mas há algo de apelativo nela e nunca é "durona" demais. Parece ter um passado tortuoso sobre o qual o leitor descobrirá, espero, mais em livros seguintes da série e tem uma coisa que falta a tantas "mulheres fortes": empatia.

O mistério em si não é assim muito elaborado, mas entretém. O mundo parece bastante interessante e é desenvolvido com muita mestria por Hobb, com um equilíbrio que poucas vezes vi (li) entre o "info-dump" (onde as personagens explicam verbalmente o mundo em que se movem) e ações que permitam ao leitor "visualizar" o mundo. Basicamente, a construção é fluída e não interrompe a narrativa, não se torna "o elefante na sala". O leitor sente-se quase imediatamente a entrar no mundo da heroína (em meados do século XXI).

As personagens também brilham bastante. Já falei de Eve, que me agradou imenso como heroína. Roarke, o misterioso ricalhaço e o segundo protagonista, também me agradou, estranhamente, uma vez que é mais ou menos um estereótipo do macho alfa: rico, possessivo e demasiado confiante. Mas isto é temperado por uma preocupação genuína por Eve e pelas pessoas de quem gosta, o que o torna mais... humano e menos homem das cavernas. 

Achei que a parte romântica se processou demasiado depressa, mas de resto gostei bastante e deu-me vontade de ler outros livros de Nora Roberts.

No geral, uma leitura surpreendente, pela positiva. Estou já a ler o segundo volume e parece-me que me vou divertir bastante com a Série Mortal. Recomendada para quem gosta de Romance de suspense.

Opinião: O Marciano (Andy Weir)

O Marciano by Andy Weir
Editora: Topseller (2014)
Formato: Capa mole | 384 páginas
Géneros: Ficção científica
Descrição: "Há exatamente seis dias, o astronauta Mark Watney tornou-se uma das primeiras pessoas a caminhar em Marte. Agora, ele tem a certeza de que vai ser a primeira pessoa a morrer ali.
Depois de uma tempestade de areia ter obrigado a sua tripulação a evacuar o planeta, e de esta o ter deixado para trás por julgá-lo morto, Mark encontra-se preso em Marte, completamente sozinho, sem perspetivas de conseguir comunicar com a Terra para dizer que está vivo.
E mesmo que o conseguisse fazer, os seus mantimentos esgotar-se-iam muito antes de uma equipa de salvamento o encontrar.
De qualquer modo, Mark não terá tempo para morrer de fome. A maquinaria danificada, o meio ambiente implacável e o simples «erro humano» irão, muito provavelmente, matá-lo primeiro.
Apoiando-se nas suas enormes capacidades técnicas, no domínio da engenharia e na determinada recusa em desistir, e num surpreendente sentido de humor a que vai buscar a força para sobreviver, ele embarca numa missão obstinada para se manter vivo. Será que a sua mestria vai ser suficiente para superar todas as adversidades impossíveis que se erguem contra si?
Fundamentado com referências científicas atualizadas e impulsionado por uma trama engenhosa e brilhante que agarra o leitor desde a primeira à última página, O Marciano é um romance verdadeiramente notável, que se lê como uma história de sobrevivência da vida real."
O Marciano é um livro de ficção científica que, tal como Robopocalipse é aclamado pela crítica, tem já um contrato para um filme e... é de ficção científica.

A maioria (ou todos) poderão não se lembrar que não gostei particularmente de Robopocalipse; felizmente, as características que mencionei em cima são tudo o que O Marciano e Robopocalipse têm em comum: posso dizer que O Marciano, de Andy Weir foi uma leitura envolvente e interessante, que me lembrou um pouco do filme de 2013 com Sandra Bullock, Gravidade.

Num futuro próximo (penso eu), a NASA organiza missões tripuladas a Marte denominadas "Ares" para estudar o planeta vermelho. O nosso protagonista, Mark Watney, é um dos astronautas numa dessas expedições (a Ares 3), um botânico e engenheiro mecânico que se vê abandonado em Marte depois da equipa ter tido de fugir devido a uma tempestade de areia. Com poucos recursos, Mark tem de fazer o que é necessário para sobreviver num deserto mais mortífero do que tudo o que podemos imaginar.

Gostei. Especialmente para um livro que tem tantos capítulos que se focam numa personagem que está, literalmente, sozinho num planeta. A ciência foi, na sua maioria, percetível (e eu sou de letras), nunca se tornando, no entanto, aborrecida. Os instrumentos e ferramentas ao dispor de Mark são familiares o suficiente para que os leitores criem ligações e consigam imaginar as cenas com alguma facilidade.

Apesar de não ser um livro com um ritmo de ação alucinante, nunca se torna árido (ah! Marte. Árido. Eheh); há sempre algo a acontecer e Mark é uma personagem com um sentido de humor razoável.

Só achei que talvez o autor pudesse ter explorado mais o lado sombrio de Mark se encontrar sozinho, num planeta.

No geral, uma boa leitura. Gostei das soluções encontradas por Mark e pelos cientistas para o tentarem resgatar e ajudar a sobreviver. É um livro que, apesar de ter aquela "onda" da "pessoa presa na ilha deserta" (mas a uma escala cósmica) não se torna aborrecido ou repetitivo. As situações de perigo nunca se tornam irrealistas (apesar de serem muitas e variadas). Enfim, um bom livro de ficção científica que apelará a diversos tipos de leitores.

Opinião: Nova War (Gary Gibson)

Nova War by Gary Gibson
Editora: Pan MacMillan (2013)
Formato: Capa mole | 568 páginas
Géneros: Ficção científica
Descrição (GR): "Dakota and Corso are taken prisoner by the Bandati in the second book of The Shoal Sequence
Dakota discovered the Shoal's dark and dangerous secret, and now she works toward stopping not only the spread of this knowledge, but also the onset of the nova war. Found adrift near a Bandati colony world far away from Consortium space, Dakota and Corso find themselves the Bandati's prisoners, and it rapidly becomes clear to them that the humanity’s limited knowledge of the rest of the galaxy, filtered through the Shoal, is direly inaccurate. The Shoal have been fighting a frontier war with a rival species, the Emissaries, with their own FTL technology for more than 15,000 years. Realizing that the Shoal may be the Galaxy's one chance at sustained peace, Dakota is forced to work with Trader to prevent the spread of deadly knowledge carried onboard the Magi ships—but it seems that the nova war is inevitable."
Aviso: SPOILERS
O segundo livro de "The Shoal Sequence" começa quase imediatamente onde terminou o anterior. Dakota e Corso, os nossos dois protagonistas, emergem com a sua nave capaz de FTL num sistema controlado pelos Bandati, uma espécie alienígena que se organiza em "Colmeias" (como as abelhas). Os nossos dois heróis são capturados e torturados para que os Bandati obtenham informações sobre a estranha nave em que os dois humanos apareceram.

Ao mesmo tempo, numa colmeia rival, estão a ser reunidos esforços para uma missão de salvamento. Todos parecem interessados nesta nave com tecnologia FTL... e os mais interessados são os Shoal, porque a nave tem o potencial de fazer com que venha à luz um segredo que mantiveram escondido durante milhares de anos: uma guerra com outra espécie que também possui tecnologia FTL, os Emissários.

Nova War foi um livro com menos ação do que o primeiro, porque se foca antes nas intrigas de duas Colmeias Bandati, cada uma aliada a uma força poderosa na galáxia: uma das colmeias decide ajudar os Shoal a obter a nave de Dakota para que se mantenha o status quo; outra, faz um acordo com os misteriosos Emissários, com quem os Shoal travam uma guerra há milhares de anos pelo controlo da galáxia e das espécies "inferiores" que a habitam. Tanto os Shoal como os Emissários "encontraram" a tecnologia FTL (ou seja, não a desenvolveram por si mesmos) e não querem que mais ninguém a tenha. E os Shoal não querem que os Emissários descubram o poder destrutivo dos motores FTL porque isso faria com que a guerra fosse extremamente destrutiva para a galáxia.

Assim, Dakota e Corso são, novamente, peões de forças muito maiores e grande parte do livro descreve os seus dias enquanto prisioneiros dos Bandati.

Obtemos neste volume mais informações sobre o porquê dos Shoal estarem a mover o seu mundo pela galáxia, sobre as naves dos Magi e como são pilotadas, e sobre a espécie (denominada "os Criadores") que disseminou a tecnologia FTL pela galáxia.

A escrita continua a ser fluída e simples, pelo que a narrativa nunca se torna aborrecida.

Continua a não haver grande desenvolvimento das personagens e sinceramente penso que o autor acrescentou uns "twists" um bocado inverosímeis à história mas, no geral, Nova War foi mais um livro que li com gosto e que associo ao conceito "clássico" de ficção científica: extraterrestres, naves espaciais e colónias noutros planetas. Os diferentes governos planetários e ideologias pareceram-me ser bastante interessantes, mas infelizmente, o autor não entra muito na exploração dessas aspetos, preferindo focar-se mais na ação e em cenas repletas de tecnologia.

No geral, uma obra interessante, mas que podia estar mais bem desenvolvida.

Opinião: Stealing Light (Gary Gibson)

Stealing Light by Gary Gibson
Editora: Pan MacMillan (2013)
Formato: Capa mole | 604 páginas
Géneros: Ficção científica
Descrição (GR): "In the 25th century, only the Shoal possess the secret of faster-than-light travel (FTL), giving them absolute control over all trade and exploration throughout the galaxy. Mankind has operated within their influence for two centuries, establishing a dozen human colony worlds scattered along Shoal trade routes. Dakota Merrick, while serving as a military pilot, has witnessed atrocities for which this alien race is responsible. Now piloting a civilian cargo ship, she is currently ferrying an exploration team to a star system containing a derelict starship. From its wreckage, her passengers hope to salvage a functioning FTL drive of mysteriously non-Shoal origin. But the Shoal are not yet ready to relinquish their monopoly over a technology they acquired through ancient genocide."
Uma das minhas decisões para este ano (mais ou menos silenciosas) foi não ler imensos livros seguidos de um só género, para não "enjoar". Por isso, achei que estava na altura de mais uma ficção científica e escolhi o primeiro da "Shoal Sequence" do autor Gary Gibson. Adquiri os dois primeiros volumes há algum tempo, porque a história me pareceu francamente interessante. Felizmente, desta vez, o investimento compensou.

No século XXVI, a Humanidade colonizou apenas um número limitado de planetas na galáxia, devido às rígidas restrições dos Shoal, uma poderosa raça extraterrestre que tem em seu poder uma tecnologia capaz de dominar os restantes povos da Via Láctea: naves que viajam mais rápido do que a luz (FLT - Faster than Light). Os Shoal conseguiram, com as suas naves, fazer contacto com outras espécies e impor a sua vontade a todas elas, pois nenhuma conseguiu ainda criar naves assim tão rápidas, pelo que precisam que os Shoal os transportem.

As colónias humanas são governadas "não-oficialmente" pelo Consórcio, um poderoso grupo político e militar que monitoriza os diversos governos coloniais. Apesar de terem feito muitas (mas cuidadosas) tentativas, os Humanos não conseguiram obter os segredos tecnológicos dos Shoal.

Dakota Merrick, a nossa protagonista, é uma "machine-head", pois tem implantes no cérebro que lhe permitem interagir com computadores. É esta habilidade que leva um Senador de uma colónia distante a contratá-la para o guiar, juntamente com um pequeno contingente, até um sistema deserto e fora das rotas normais onde uma descoberta pode mudar o destino da Humanidade. E da Galáxia (inserir música dramática).

Stealing Light foi uma leitura compulsiva. Já li alguns livros de ficção científica, mas penso que nunca tinha lido uma Space Opera tão... Space Opera. Gary Gibson tem uma escrita fluída e envolvente e consegue manter um equilíbrio perfeito entre ação, explicações científicas (ou seja, não há um info-dump excessivo), mistério e uma galáxia extremamente interessante, povoada por diversas espécies todas restringidas pelos Shoal.

Foi um livro que me manteve sempre interessada, sempre a querer saber mais e que não se tornou demasiado complicado para seguir. Gostei do desenvolvimento do(s) mundo(s), do facto da Galáxia ser controlada economicamente e não pela força.

O único elemento que me desapontou foram as personagens. Não senti grande ligação com nenhuma delas e creio que o desenvolvimento de todas foi bastante incipiente.

No geral, uma ótima obra para quem gosta de ficção científica. Tem ação, mistério, naves espaciais e está bem escrita. Recomendado.

Opinião: A Guerra Eterna (Joe Haldeman)

A Guerra Eterna by Joe Haldeman
Editora: ASA (2014)
Formato: Capa mole | 340 páginas
Géneros: Ficção Científica
Descrição: "Em 1997 a Terra entra pela primeira vez em contacto com os extraterrestres tauranos. Este encontro marca o início de uma guerra impiedosa. As autoridades terrestres decidem enviar um contingente de elite, e preparam um programa de treino quase inumano, destinado a produzir soldados capazes de aguentar tudo.
William Mandella é um desses soldados.
A fim de viajar até à frente de batalha, os soldados têm de atravessar portais chamados collapsars, que causam uma distorção espáciotemporal, fazendo com que o tempo subjetivo da nave seja mais lento que o tempo «real» do universo. Ou seja, quando Mandella regressa a casa após dois anos, quase três décadas passaram na Terra. E conforme viajam para mais longe, maior é a dilatação, passando de décadas para séculos inteiros.
A luta mais cruel que estes soldados terão de travar será a sua batalha pessoal contra o tempo."
(A edição lida está em inglês, mas apresentam-se os dados da portuguesa).

Sinceramente, não sei dizer o que se passa comigo e com a ficção científica ultimamente. Sempre gostei deste género, quero gostar deste género e quero ler mais obras deste género (o que tenho feito recentemente), mas por alguma razão ou tenho azar ou já li a minha conta de obras de ficção científica porque nem sequer deste livro, que é supostamente um clássico do género, consegui gostar particularmente.

Não sei se alguém me vai cair em cima por não ter "percebido esta obra" que aparentemente tem a ver com as experiências do autor na Guerra do Vietname. A mensagem geral parece-me bastante clara e até concordo com ela (diferenças culturais que causam guerras desnecessárias, yadda, yadda), mas a "execução" deste livro foi demasiado nonsense para mim nalgumas partes.

Ok. Estamos em 1996 (não nos esqueçamos que o livro foi escrito em 1975) e os seres humanos descobriram uma série de portais "a la Stargate" (exceto que estes são ocorrências naturais) que lhes permitem fazer passar naves para outros pontos da galáxia. Como somos seres curiosos, a Humanidade decide ir onde nenhum homem, mulher ou chimpanzé foi antes e estabelecer colónias em planetas próximos dos portais. Mas dão de caras com outra espécie, os tauranos. E assim começa uma guerra interminável de 1000 anos que nos é narrada por Mandella, o nosso protagonista. Devido à relatividade do tempo em diversos pontos do espaço (ou algo do género, alguém que saiba mais que me corrija), Mandella está presente durante a primeira e a última batalha desta guerra.

A primeira campanha de Mandella tem lugar em 1997, quando os humanos vêem pela primeira vez os tauranos. É uma carnificina. E depois... bem, depois temos o Mandella a andar de um lado para o outro em naves. De vez em quando volta para a Terra, onde se passaram algumas centenas de anos (enquanto para ele se passou um ano ou algo do género, Relatividade, etc e tal). Quando aí está ele reflete nas mudanças da sociedade; depois é de novo empurrado para o conflito e temos muitas descrições de acelerações de desacelerações das naves, de pessoas a entrarem em tanques para se protegerem, termos técnicos atirados de um lado para o outro e algumas batalhas.

E vira o disco e toca o mesmo. Quando ele chega perto da Terra já mudou tudo outra vez.

Devo dizer que esta dinâmica, a passagem do tempo no livro, foi o que mais me agradou em "A Guerra Eterna". Gostei muito de ler sobre isso, achei interessante se bem que não percebo de todo a teoria por detrás deste fenómeno. Seja como for, gostei de ver como a sociedade humana evoluía de cada vez que Mandella os encontrava.

O que me desagradou foi o sexismo e a homofobia presentes. Ok, esta obra é de 1975... mas podemos se faz favor ter uma mente aberta? Que tal. Quando li que as mulheres eram obrigadas pelo exército e pela lei a ter sexo com os seus colegas masculinos (para os satisfazerem, presumo, porque coitados, ali fechados sem companhia feminina, temos de ser compreensivos, os desejos das mulheres que se lixem) ia atirando com o Kobo à parede. E tipo, transformar toda a gente em homossexuais como forma de contraceção? Ahahahah! Como se as pessoas homossexuais não quisessem ter filhos. Please. E dizer que ser heterossexual era o equivalente a ser sociopata? Achei estas partes do livro tão idiotas, que me estragou a leitura do resto.

Quanto às personagens, devo dizer que não consegui sentir empatia por nenhuma delas. Mandella... sou-lhe totalmente indiferente, a sua narrativa era tão pouco emotiva que o destino da personagem não me interessou minimamente.

E quanto à guerra com os tauranos? Secundária (o que, num livro que supostamente está a tentar fazer ver como certas guerras podiam ser evitadas, me parece bastante grave). Os combates são a única vertente explorada no livro, as motivações e os tauranos enquanto raça nunca recebem qualquer atenção. Não ajuda em muito a mensagem "Guerra é má, especialmente quando é desnecessária". A não ser que seja suposto percebermos isso pelo caso esquisito de Síndroma de stress pós-traumático das personagens.

No geral? Não gostei assim muito. A premissa é gira e tal, mas clássico da ficção especulativa ou não (e prémios Nebula e Hugo ou não), não gostei particularmente da história. Enfim, gostos. Suponho que o devo aconselhar a quem gosta de ficção científica...