Opinião: Bloodshot (Cherie Priest)

Bloodshot by Cherie Priest
Editora: Spectra (2011)
Formato: Capa mole | 359 páginas
Género: Fantasia Urbana
Descrição (GR): "Raylene Pendle (AKA Cheshire Red), a vampire and world-renowned thief, doesn’t usually hang with her own kind. She’s too busy stealing priceless art and rare jewels. But when the infuriatingly charming Ian Stott asks for help, Raylene finds him impossible to resist—even though Ian doesn’t want precious artifacts. He wants her to retrieve missing government files—documents that deal with the secret biological experiments that left Ian blind. What Raylene doesn’t bargain for is a case that takes her from the wilds of Minneapolis to the mean streets of Atlanta. And with a psychotic, power-hungry scientist on her trail, a kick-ass drag queen on her side, and Men in Black popping up at the most inconvenient moments, the case proves to be one hell of a ride."
Cherie Priest é conhecida pela sua série de Steampunk, "The Clockwork Century". No entanto, apesar de ter também um dos livros desta série, a Fantasia Urbana é mais a minha onda... por isso tinha de experimentar os Cheshire Red Reports; afinal diz-se muito bem desta escritora e, bem é fantasia urbana, after all.

Apesar de não ter grandes expectativas (a não ser vagas, devido a todos os elogios), devo dizer que me senti desiludida. O principal problema deste livro, para mim, é que não invoca qualquer emoção no leitor. Ou pelo menos esse foi o caso comigo. As personagens e o enredo não me despertaram interesse, de tal modo que até pensei (seriamente) em desistir do livro. Mas como já tenho o número 2, decidi ler até ao fim. Mas foi com alguma dificuldade, confesso.

As personagens não são memoráveis. De todo. O seu desenvolvimento é incipiente e nenhuma delas é particularmente carismática. A protagonista, a Raylene, é bastante irritante com as suas neuroses e manias (poderia ter sido uma personagem interessante mas o facto de estas características não terem qualquer razão de ser... ou de a mesma não nos ser explicada, tornou esta faceta da personagem bastante desagradável). Os protagonistas masculinos são do mais aborrecido que se possa imaginar apesar de serem (I kid you not) um drag-queen e um vampiro cego.

Quanto ao enredo, tenho de confessar que tinha potencial apesar de ser também um bocado cliché. O Governo tinha um projecto onde fazia experiências em seres sobrenaturais. Mas o ritmo da narrativa (que se arrasta) e o pouco que se passa efectivamente em todo o livro fizeram com que não conseguisse sentir o mínimo interesse pela história. O livro pareceu-me uma longa conversa entre diversas personagens (os momentos de "info-dump") com partes em que as personagens esperam por algo e fazem coisas mundanas como beber chá ou ver televisão. Estas são as partes melhor descritas; as cenas de acção não mereceram tanta atenção.

Outro aspecto irritante: o facto de isto ser, supostamente, "fantasia urbana", mas de fantasia urbana ter muito, mas muito pouco. A Raylene é um vampiro, mas para além de nos estar sempre a lembrar deste facto não acontece assim muito de sobrenatural. É como se o facto de a heroína ser um vampiro fosse só uma curiosidade. É certo que se serve das suas "vantagens" vampíricas de vez em quando mas fora isso, pouco sabemos em relação ao seu mundo e proveniência. Como ladra também não me pareceu especialmente competente, apesar de nos estar sempre a dizer o quão boa é.

No geral, um livro que tive bastante dificuldade em ler. A escrita é competente mas o desenvolvimento da história e das personagens e o ritmo lento e aborrecido da narrativa fizeram com que fosse quase uma tarefa terminar "Bloodshot".

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