Não me canso de reiterar que não sou muito de assinalar lançamentos de livros, mas deparei-me com este e pareceu-me bastante interessante. Além disso sou toda a favor dos autores portugueses que escrevem fantasia pelo que tinha mesmo de mencionar esta nova oferta dentro do género! "A Donzela Sagrada - O Segredo de Thunderland" é o primeiro livro da autora Diana Tavares e mistura elementos fantásticos, mitologia de várias civilizações antigas e claro, raparigas guerreiras! Pareceu-me uma combinação intrigante e original. Continuem a ler para mais informação sobre o livro e uma entrevista com a autora, Diana Tavares que foi muito simpática e concordou em responder a algumas perguntas. :)
A primeira questão que lhe quero colocar prende-se com as suas influências. Sempre gostou do fantástico? Quais foram os primeiros livros que leu dentro do género e como é que a sua leitura influenciou a sua própria obra?
Diana Tavares (DT) -- "Bem... como qualquer criança li contos de fadas, por isso, mesmo que não tenha gostado muito das histórias, podemos dizer que foram as primeiras influências. Mas depois, a partir dos onze anos, comecei a ler romances fantásticos, começando com o Harry Potter, As Crónicas de Nárnia… e depois, “saltei”, podemos dizer, para o romance fantástico para adultos, sendo Juliet Marillier a autora em quem eu… viciei-me. A partir daí, não parei de ler o género desde então. Leio romances de vários autores, de vários países, como autores ingleses , neo-zelandeses, alguns americanos mas não muitos… li livros de autores espanhóis, e muita manga japonesa, especialmente Yuu Watase, que aconselho a toda a gente. Ensinou-me muito, ler formatos e histórias de várias culturas e países porque mostraram-me a minha própria forma de contar uma história. E é isso que eu tento fazer quando escrevo. Conto a minha própria história, à minha própria maneira. Encontrar a minha própria “voz”, por assim dizer."
Como é que nasceu a ideia para "Donzela Sagrada - O Segredo de Thunderland"? Foi uma ideia que lhe veio de repente ou a história foi-se formando gradualmente, ao longo do tempo?
DT -- "Bem... foi um pouco das duas. Eu sempre fui uma apaixonada por mitologias, e pesquisava sobre o assunto, de forma quase obcecada, há algum tempo. E um dia estava a pesquisar mitos e personagens da mitologia grega meio desconhecidos. E encontrei por acaso o mito grego das Horae. Um trio de mulheres que eram grandes heroínas, guardiãs da vida dos povos e encarregadas de garantir a ordem e protecção tanto dos mortais como dos deuses. Achei incrível! A sua história era simplesmente fascinante! E no mito, o dom das Horae é um dom que passa de geração e geração, e comecei a magicar como seria se esse mito ainda continuasse nos dias de hoje, como seria. E aí, a génese da história como que explodiu na minha mente. Depois, gradualmente, fui pesquisando mais coisas, aprofundando mais… e as ideias foram surgindo, colando-se umas às outras, até que tinha a história completa na minha mente e, simplesmente, tinha de escrevê-la."
Que tipo de pesquisa fez para o seu livro?
DT -- "Bem, como referido na resposta anterior, as ideias principais do livro provém directamente, da pesquisa da mitologia grega. E várias ideias foram surgindo com mais pesquisa. O mito principal é o mito das Horae, e os deuses do Olimpo, mas também elementos de mitologia Celta, Chinesa, Vampírica e Nórdica. Mas depois, dentro dessas mitologias, procurei mitos que não fossem aqueles que toda a gente está à espera de ver quando abordamos o assunto. Procurei mitos e personagens que não tivessem tido… “tanto tempo de antena”, porque existem criaturas e histórias simplesmente brilhantes, tão interessantes, que estão “escondidas” do público geral! E eu queria mostrá-los um pouco, para dar oportunidade aos leitores de ouvirem falar deles. E depois, outra coisa que fiz foi adaptar os mitos, um bocadinho, para fazerem sentido no meu Universo, na minha narrativa. Por exemplo, no mito dos vampiros, voltei aos primeiros relatos que foram feitos. Como sabem, o mito dos vampiros muda consoante os tempos, e eu optei por ver as origens dos mitos, e depois também adaptá-los aos dias de hoje, mas de forma a não cair em nenhum estereótipo mais moderno, e ao mesmo tempo adaptando-os para fazer sentido na minha história em particular. O resultado final é uma história com várias mitologias, juntas, que não se “pisam” umas às outras, de forma alguma."
Foi difícil escrever sob o ponto de vista de uma jovem de 14 anos? Porque é que escolheu escrever sobre uma heroína tão jovem?
DT -- "Bem... eu tinha a mesma idade de Hana quando comecei a pesquisar para a história, e embora tenha começado mesmo a escrever dois anos depois, mantive a idade porque, primeiro, não era assim tão mais velha, e também porque… os meus catorze anos foram quando, sinto, deixei de ser uma criança ou pré-adolescente e passei a ser “eu” como mulher, jovem mulher. Foi a idade em que “comi a maçã”, podemos dizer assim, em que o mundo deixou de ser meramente preto e branco, em que comecei a ganhar perspectiva de como as coisas são na realidade. Uma jornada muito semelhante pelo que a Hana passa nos livros. Identifico-me muito com ela nesse sentido. A minha jornada emocional, desses dias, é muito semelhante. Não tive o destino do mundo nas minhas mãos, mas passei por momentos tristes e momentos confusos, para no fim ter uma clareza de ideias. Por isso tudo, escolhi que a Hana tivesse 14 anos."
Há alguma cena no livro de que goste particularmente? E alguma que tenha sido particularmente difícil de escrever?
DT -- "Adorei escrever as cenas românticas (LOL) entre a Hana e o Chris. Foi mesmo aquelas partes em que eu dei tudo o que tinha, estiquei a imaginação até ao limite e diverti-me imenso quando o fiz. Lamento não dar uma resposta mais profunda e intelectual mas a verdade é esta Foi um deleite trabalhar nessa relação em particular. Adorei. E fiquei muito orgulhosa delas quando terminei. As mais difíceis contudo, foram as cenas do inicio, a primeira parte da história. Horas, dias, a olhar para o ecrã, para o meu documento Word em construção, pensando “mas que raio é que eu vou escrever, para que não seja demasiado aborrecido para que o leitor o largue logo!” porque eu tinha esse medo, já tinha tido muitas experiências com livros em que tinha de ler pelo menos cinquenta páginas antes de ficar minimamente interessante e conhecia bem a vontade de deitar o livro pela janela fora. E eu, claro, queria que o leitor gostasse logo da história, quisesse seguir em frente, ficasse interessado em conhecer as personagens. No fim, espero tê-lo conseguido. Quem o ler será o juiz disso."
O que podemos esperar para o(s) próximo(s) livro(s)?
DT -- "O segundo livro de Donzela Sagrada sairá no próximo Inverno, estou muito entusiasmada e impaciente por vê-lo à disposição do público. Já me têm perguntando quando é que sai, porque estão ansiosos por ler o que acontece a seguir, o que me deixa muito feliz. E… quanto à história, não posso revelar muito, porque não quero estragar, mas o que posso dizer é que… as personagens viveram momentos difíceis no primeiro, corações foram partidos, e agora estão lentamente a tentar recuperar do que passaram… mas o pesadelo está longe, muito longe, de terminar. Espero que os leitores gostem."
Título: "Donzela Sagrada - O Segredo de Thunderland"
Autor: Diana Tavares
Editora: Euedito
ISBN: 9789892020037
ISBN: 9789892020037
Nº de Páginas: 383
Para adquirir um exemplar mandem um email para aqui( ici, here).
Sinopse: "Hana Warren, uma rapariga do nosso mundo, festeja o seu 14º aniversário com a sua família. Depois do aparecimento da Aurora Boreal no céu, Hana é transportada para outro mundo, um mundo onde a mitologia é a realidade.
Neste mundo, Hana descobre que é a Horae Justiceira, uma guerreira dos deuses, destinada a combater as criaturas das trevas e a proteger ambos os mundos.
Juntamente com Prue Geller, a Horae Discípula, Hana inicia uma viagem pelo misterioso reino de Thunderland, procurando uma forma de cumprir o seu destino e voltar para o seu mundo.
Mas Thunderland tem um segredo sombrio que pode destruir todos os mundos…e que mudará a vida de Hana para sempre."
Mais uma vez, muito obrigada à Diana Tavares por se ter disponibilizado para esta entrevista! Espero que tenham gostado. :D
Comentários
Vamos ter mais entrevistas? *com olhos à Gato das Botas pede "Scott Westerfeld! Entrevista o Scott Westerfeld!"*
Ahah, fazemos uma entrevista conjunta, que tal? Tu contactas o Scott e depois logo se vê (aposto que apanhas o secretário do secretário do secretário do agente dele... :p).
Já leste? Vamos ter direito a opinião? Eu ainda não li a Cast (à parte de um capítulo da Casa da Noite e acho que já sabes como correu :P), mas mitolgoia grega sem dúvida que parece interessante. Acho que o meu problema se prende mais com a protagonista. Já não tenho propriamente 14 anos e não se pode dizer que muitos livros com protagonistas adolescentes me tenham cativado, nos tempos mais recentes está claro, por aí além. :/
Já leste, slayra?
Joana: Concordo. Acho que se uma pessoa tem uma história na cabeça, deve pelo menos escrevê-la. :D
Muito boa a entrevista. ;)