Opinião: Partials (Dan Wells)

Partials de Dan Wells
Editora: HarperCollins (2012)
Formato: Capa mole | 470 páginas
Géneros: Ficção científica, Lit. Juv./YA
Sinopse: "The only hope for humanity isn’t human.
In a world where people have been all but wiped out by a virus created by part-human cyborgs called ‘Partials’, and where no baby survives longer than three days, a teenage girl makes it her mission to find a cure, and save her best friend’s unborn child.
But finding a cure means capturing a Partial…"
Partials é mais um livro pós-apocalíptico, com uma heroína quase perfeita, um romance que é quase um triângulo amoroso e um enredo onde Nada É O Que Parece.

A Humanidade está nas últimas. Há onze anos, uma raça de super guerreiros criados geneticamente denominada “Partials” (Parciais), libertou um vírus mortal (o RM) que decimou uma grande percentagem da população humana. Os sobreviventes americanos (presumo) reuniram-se em Long Island, perto de Nova Iorque e iniciaram a difícil tarefa de sobreviver num mundo quase completamente destruído. Neste novo mundo, não há eletricidade, divertimentos e a tecnologia destina-se apenas aos serviços mais importantes (como o hospital).

Os sobreviventes são imunes ao vírus RM. Têm-no na corrente sanguínea mas não têm sintomas. Contudo, todas as crianças que nascem contraem o vírus e morrem ao fim de três dias. A raça humana não tem um nascimento há 11 longos anos e procura desesperadamente uma cura, ao mesmo tempo que impõe medidas de reforço à natalidade (como obrigar as mulheres a engravidarem o mais possível e cada vez mais novas), de forma a verem se nascem bebés imunes.

A nossa heroína, Kira, tem 15 anos e está a “estagiar” na maternidade. Farta de ver bebés morrer e ao saber que uma amiga de infância está grávida, decide que a única hipótese de conseguir uma cura é capturar… um Partial (aka guerreiro com mais força, rapidez, reflexos e sentidos mais apurados do que o ser humano normal).

Toda esta história nos é contada por fases e com um grau de pormenor que, sinceramente, achei desnecessário. Há uma primeira parte em que se fala imenso na Kira, na cidade dela, nos amigos, na política, etc. Ok, é bom que se estabeleça o mundo, mas foi “estabelecimento” a mais.

Depois, a captura e estudo do Partial. Foi interessante mas um pouco sensaborona. 

Por fim, a parte em que Kira descobre que é a mais especial de todas. Revirei imenso os olhos nessa parte. Mesmo antes da Grande Revelação ela já era quase uma geneticista e virologista melhor do que muitos profissionais com anos de experiência. Era preciso acrescentar mais?

No geral, uma leitura satisfatória. Gostei, mas não adorei. Acho que a ideia do autor é boa, mas que podia ter sido explorada de outra forma, com mais ação e não se arrastando tanto nalgumas partes. Estou curiosa acerca de algumas partes do livro (a empresa de genética ParaGen e os seus objetivos), mas não tenho pressa em ler mais.

It's Monday! What are you Reading?

Depois de semanas de ausência, eis que volta o "It's Monday! What are you reading?" porque... bem, na verdade tenho uma opinião por escrever mas não me apetece escrevê-la agora, pelo que vou publicar isto antes.

Decidi atacar finalmente o primeiro livro da trilogia "O Século" do Ken Follett, que não fui eu que comprei atenção! Ahah!

A Queda dos Gigantes - Ken Follett


Como já passaram algumas semanas desde a última aparição da rubrica vou fingir que só passou uma semana e colocar aqui apenas as publicações da semana passada.

Rubrica da autoria de The Book Journey.

Opinião: This is Not a Test (Courtney Summers)

This is Not a Test de Courtney Summers
Editora: St. Martin's Griffin (2012)
Formato: Capa mole | 326 páginas
Géneros: Fantasia urbana, Ficção científica, Lit. Juv./YA
Sinopse: "It’s the end of the world. Six students have taken cover in Cortege High but shelter is little comfort when the dead outside won’t stop pounding on the doors. One bite is all it takes to kill a person and bring them back as a monstrous version of their former self. To Sloane Price, that doesn’t sound so bad. Six months ago, her world collapsed and since then, she’s failed to find a reason to keep going. Now seems like the perfect time to give up. As Sloane eagerly waits for the barricades to fall, she’s forced to witness the apocalypse through the eyes of five people who actually want to live. But as the days crawl by, the motivations for survival change in startling ways and soon the group’s fate is determined less and less by what’s happening outside and more and more by the unpredictable and violent bids for life—and death—inside. When everything is gone, what do you hold on to?"
Disclaimer: não gosto muito de histórias com zombies...

... mas este livro não é mesmo um livro sobre zombies, por isso está tudo bem. Tem zombies, sim, mas o foco é o monólogo interior e exterior da protagonista. A Sloane é uma jovem à beira do abismo e não apenas porque o mundo acabou e está cheio de zombies.

Na verdade Sloane é uma rapariga perturbada que sofreu durante anos às mãos do pai (abusos físicos, neste caso), juntamente com a sua irmã Lily. As duas tinham um plano para escapar quando Lily atingisse a maioridade. Mas quando Lily foge sozinha e deixa Sloane sozinha a sofrer os abusos do pai, Sloane decide que já não vale a pena viver mais... mas depois o mundo acaba.

E Sloane vê-se barricada na sua escola com um grupo de adolescentes, com água e comida finitas e muita tensão. Enquanto os outros só pensam em sobreviver, Sloane imagina uma forma de ir lá fora e acabar com o sofrimento que o abuso do pai e a traição da irmã lhe infligiram.

Nas mãos de outro escritor, talvez esta narrativa tivesse tido mais... emotividade. Profundidade. Mas Sloane é tão monocórdica que não consegui criar qualquer ligação a ela, não consegui sentir que aquela pessoa tinha mesmo uma razão para ser tão egoísta na situação em que se encontra.

O mundo acabou e Sloane teima em sentir-se mal com algo que pertence ao passado. Gostei disso, de certa forma. Mesmo na adversidade, o ser humano agarra-se àquilo que mais diretamente o afeta e incomoda e Sloane tem certamente razões para o seu humor suicida. Mas... novamente o tom seco e pouco emotivo da personagem não permite a ligação do leitor. Muito bem; Sloane tem certamente uma depressão e isso pode traduzir-se em períodos de pouca emotividade em que a pessoa está simplesmente cansada de tudo; mas nem o monólogo interior da personagem me interessou.

Ao mesmo tempo, a história exterior a esta personagem, os zombies, os companheiros de Sloane na escola, foi apenas medianamente interessante (previsivelmente não há grande desenvolvimento desta vertente). Até o romance me pareceu irrealista.

No geral, uma leitura com alguns pontos interessantes e que poderia ter sido um livro espetacular, se a personagem principal me tivesse conseguido cativar. Recomendado com reservas.

Opinião: Os Regressados (Jason Mott)

Os Regressados de Jason Mott
Editora: Porto Editora (2014)
Formato: Capa mole | 312 páginas
Géneros: Mistério, fantasia urbana, ficção científica

Depois de ter visto alguns episódios de "Resurrection", fiquei interessada no livro que deu origem à série.

Por isso, comecei este livro de Jason Mott com algumas expetativas: estava curiosa relativamente aos "regressados", as pessoas antes mortas que começaram a aparecer do nada.

Porque é essa a premissa base do livro: de repente, pessoas mortas (quer de causas naturais quer de acidentes, etc.) começam a aparecer em diversas partes do mundo.

Infelizmente, o livro não se centra na procura de explicações para o fenómeno, mas sim nas reações das pessoas à súbita aparição dos seus entes queridos, anteriormente falecidos.

Os protagonistas são Harold e Lucille Hardgrave, um casal idoso que perdeu um filho de 8 anos, Jacob, em 1966. Quando Jacob volta para casa, o casal tem de reabrir velhas feridas e voltar a lidar com toda a dor emocional da perda. Ao mesmo tempo, há pessoas que não querem os Regressados nas cidades e à medida que mais e mais pessoas regressam, o Governo é pressionado para resolver o problema.

Este livro toca, ao de leve, em diversos aspetos importantes. A já referida dor emocional relacionada com a perda de um filho, as reações emocionais ao regresso de pessoas que se pensava estarem perdidas para sempre, os direitos humanos, entre outros. Nenhum deles é explorado com profundidade suficiente para que "Os Regressados" possa ser considerado um livro dedicado à reflexão.

No entanto, não há ação suficiente para que seja considerado um livro de ficção científica ou sobrenatural. No fundo, esta obra centra-se, como já referi, nas reações das pessoas ao nível individual e ao nível coletivo (como os Regressados são vistos, o começo da discriminação contra eles, etc.). E também, claro, nas mudanças que os Regressados trazem à sociedade como um todo.

No geral é um livro sobre o qual não há muito a dizer. Lê-se bem e tem um enredo simples, mas interessante que se foca nos aspetos sociais e emocionais do acontecimento descrito. Tenho pena que não haja quaisquer pistas sobre o porquê de existirem Regressados (esse não é, de todo, o foco do livro), mas mesmo assim gostei da leitura.

Opinião: Até que Sejas Minha (Samantha Hayes)

Até que Sejas Minha de Samantha Hayes
Editora: Topseller (2014)
Formato: Capa mole | 352 páginas
Géneros: Mistério/thriller
Sinopse.

Ai, por onde começar? Pelas opiniões maravilhosas que li noutros blogues? Pela capa cheia de opiniões positivas e conjuntos de 5 estrelas? Pelo facto de ir, mais uma vez, tecer uma opinião negativa sobre um livro do qual muitos gostam? Bem, vou. Por isso, fãs, pessoas que gostaram e pessoas que ainda querem dar uma oportunidade ao livro: agora é a altura de parar de ler.

Este livro é... uma confusão. Está mal construído. As personagens são pouco interessantes. O enredo é pouco linear e não há qualquer crescendo ou pistas relativamente ao desenlace.

Mas comecemos pelo princípio. "Até que sejas minha" abre com um prólogo em que uma das personagens da história nos conta um pouco da sua infância; como a mãe tinha problemas em ter filhos e como ela queria ter filhos. Não sabemos qual das personagens é.

Depois, conhecemos Claudia, uma mulher que sofreu diversas perdas mas que finalmente está grávida e quase a ter o bebé. O marido de Claudia trabalha para a Marinha e está longe durante longos períodos de tempo; por isso, decidem contratar uma ama para ajudar a fazer a transição e para acompanhar Claudia.

E é assim que conhecemos Zoe. Uma jovem misteriosa. Cedo Claudia começa a ter suspeitas acerca da sua nova ama, apesar das excelentes (e comprovadas) referências.

"Até que sejas minha" é contado do ponto de vista de três personagens: Claudia, Zoe e Lorraine, uma detetive encarregada de um caso macabro em que as vítimas são mulheres grávidas.

O problema é que a autora tem tanta subtileza como um elefante numa loja de cristais. Logo desde o início não só Claudia suspeita de Zoe, como a própria Zoe tem monólogos inquietantes acerca do "mal que vai fazer à família" e de "como se arrepende" do que está prestes a fazer. Isto, juntamente com o seu comportamento marcadamente suspeito, faz com que seja muito óbvio que a autora aponta freneticamente para Zoe como suspeita/assassina dos crimes hediondos que estão a ser investigados por Lorraine. Pois. Mesmo uma pessoa que não lê muitos livros de mistério, como eu, vai ficar desconfiada com tanta insistência...

Depois, temos a investigação fragmentada de Lorraine e do seu parceiro Adam, que é também o seu marido e que teve um caso extra-conjugal. Como tal, passam mais tempo com indiretas e animosidade do que a resolver efetivamente o caso. E para ficar tudo ainda mais fragmentado, temos acesso a páginas detalhando a vida de Lorraine e os problemas que tem com a filha mais velha, blá, blá, blá. Se Loraine fosse a personagem principal, ainda se compreendia, mas não é. Esta exploração da sua vida privada não faz sentido.

E por fim, temos o "twist". Alguns consideram que é de génio. Eu considero que não faz sentido nenhum. Para que este "twist do enredo" funcionasse era necessário que houvesse algum tipo de "foreshadowing", antevisão, sinais que permitissem ao leitor, mesmo que a posteriori, dizer "ah então é por isso que aconteceu tal e tal assim". Mas não há. Este "twist" vem do nada e é ilógico.

No geral, um livro com uma escrita fácil de ler e este é quase o único ponto positivo que posso apontar a "Até que sejas Minha". Como livro de mistério/suspense penso que falha redondamente e que, em termos globais, é um livro pouco interessante.

Opinião: Loveless vols. 1 e 2 (Yun Kouga)

Loveless (vols. 1 e 2) de Yun Kouga
Editora: Viz Media (2012)
Formato: Capa mole | 376 páginas
Géneros: Fantasia, lit, juvenil, manga
Sinopse: "When his beloved older brother is brutally murdered, Ritsuka is heartbroken but determined to search for answers. His only lead is Soubi, a mysterious, handsome college student who offers him an intimate link to his brother’s other life: a dark and vibrant world of spell battles and secret names. Will Ritsuka’s relationship with Soubi ultimately lead to the truth or further down the rabbit hole than he imagined possible?"
"Loveless" é um manga da autoria de Yun Kouga e uma mistura inebriante de vários géneros. Apesar da pouca idade do seu protagonista, aventurar-me-ia a dizer que "Loveless" será apreciado por um público mais velho (a partir dos 15 anos), devido às suas temáticas mais adultas como a dor da perda, a solidão e o abuso.

Ritsuka é um jovem de 12 anos, com um passado trágico. Para além de ter desenvolvido uma persistente amnésia durante os últimos dois anos da sua vida, o seu irmão mais velho, Seimei (com 17 anos), foi recentemente assassinado de forma brutal e a sua família está a desmoronar-se: a mãe está à beira da loucura e exige que "o velho Ritsuka" volte, e o pai prefere sair de casa e refugiar-se no trabalho a ajudar o filho e a protegê-lo dos abusos físicos e psicológicos de uma mãe perturbada.

A história começa quando Ritsuka entra numa nova escola, depois de um incidente na sua escola antiga. Aí vai conhecer uma jovem alegre e determinada, a Yuiko, que insiste em ser sua amiga.

Mas é também aí que conhece Soubi, um estudante universitário que diz ser amigo de Seimei e que professa "amar" Ritsuka.

Esta declaração não é tão alarmante como parece (tendo em conta a disparidade de idades entre Ritsuka e Soubi). Soubi mostra a Ritsuka o mundo oculto em que Seimei se movia. Um mundo em que se travam batalhas ferozes e onde as palavras têm poder. Um mundo onde duplas de guerreiro e sacrifício são um só; e Soubi era o "guerreiro" de Seimei, cujo nome de código era "Beloved" (amado). E as ordens de Seimei foram que, no evento da sua morte, Soubi procurasse Ritsuka e o protegesse (e amasse).

A temática da importância do amor (não apenas romântico, claro) assume um papel fulcral em "Loveless", sendo que os dois irmãos Seimei e Ritsuka, têm denominações opostas. Enquanto Seimei era "Beloved" e a sua relação com Soubi e com todas as outras pessoas pressupunha que era amado, Ritsuka é "Loveless" (sem amor) o que torna a sua relação com Soubi, com a gentil professora da escola e com Yukio estranha e algo novo com que Ritsuka tem dificuldade em lidar. A declaração de Soubi (que tem de "amar", porque é parte do duo "Beloved" e porque Seimei lhe ordenou que amasse Ritsuka), abre novas portas a Ritsuka, que começa a abrir-se para a possibilidade de ser amado e de que as pessoas possam gostar dele.

Ao mesmo tempo, temos elegantes batalhas de palavras que, admito, são bastante menos glamorosas do que magia e efeitos especiais, mas que me agradaram imenso. Neste mundo as palavras magoam. Literalmente.

Nestes dois primeiros volumes, a autora atira-nos um pouco ao acaso para o mundo da "Septimal Moon", uma organização envolta em sombras que parece treinar pessoas para estas batalhas de palavras e magia derivada das mesmas (feitiços). Não nos são dados muitos pormenores e ficamos tão confusos como Ritsuka, que é atirado para o meio das batalhas sem pré-aviso ou explicação. Esta é a parte mais fraca do manga, até agora.

Outra coisa estranha: neste mundo, todas as pessoas nascem com orelhas e caudas, que caem quando se tornam "adultos". Apesar de nunca nos ser dito com exatidão o que significa ser "adulto", é subentendido que isso acontece quando se perde a virgindade. Não consegui, até agora, perceber a relevância desta parte da história, mas provavelmente a autora gosta de desenhar pessoas com orelhas. Eh.

No geral, "Loveless" é um manga complexo e bastante lírico, à sua maneira. Penso que o componente da magia e da fantasia está bem conseguido (se bem que mal explicado) e que se adequa às próprias carências do protagonista, que sofre bastante com as palavras cortantes e cruéis da mãe e com as indiferentes do pai. O tema de "Loveless" é bastante claro: o abuso e o estrago que os seres humanos conseguem trazer uns aos outros com palavras e ações. As personagens representam não só indivíduos como ideias; como o amor, a perda ou a falta de amor. A relação entre os protagonistas é algo estranha, talvez, mas creio não ultrapassar as fronteiras do que é aceitável, em termos culturais (e legais!). Ainda assim diria que este manga não é para todos.

Opinião: A Good Debutante's Guide to Ruin (Sophie Jordan)

A Good Debutante's Guide to Ruin de Sophie Jordan
Editora: Avon (2014)
Formato: e-book | 384 páginas
Géneros: Romance histórico
Sinopse.

O que dizer sobre este livro? É que é um livro tão típico, tão normal, tão... "expectável", que muito pouco se pode dizer sobre ele que já não tenha sido dito noutras opiniões a outros livros do género.

Foi, sem dúvida, uma leitura rápida e absorvente. Mas não foi, de todo, surpreendente.

Rosalie Hughes é uma jovem pobre, filha de uma oportunista que se casou com um duque e que nunca mais quis saber dela. 

Declan é o duque atual (e o irmão adotivo) e não quer, de todo, receber Rosalie na sua casa e ter de lhe arranjar um marido. Por isso, para a despachar, dá-lhe um dote generoso e manda-a para os bailes da sociedade.

E pronto, é isto. A Rosalie é fofinha e tem um "crush" no Declan (desde miúda) e o Declan, coitado, não gosta nada da mãe da Rosalie por um motivo terrível que se torna claro mais tarde.

O romance prossegue de forma típica, com antagonismo ao início, depois atração, depois negação (mais da parte do herói) e por fim aceitação e o felizes para sempre, com alguma angústia pelo meio devido ao passado do Declan que toca também num assunto difícil e provavelmente um tabu ainda maior do que o descrito no último romance histórico que li. A autora tratou este assunto de forma bastante correta mas não creio que lhe tivesse dado a importância devida.

E não há mesmo mais nada a dizer.

No geral, uma leitura rápida e fofinha mas este "A Good Debutant's Guide to Ruin" não prima pela originalidade.

Um blogue pouco ativo

Quem visita este cantinho, poderá já ter notado na falta de publicações e na bandalheira geral que por aqui vai (há não sei quanto tempo que não publico a rubrica It's Monday. What are you reading? por exemplo).

Retirada daqui.
Esta falta de atividade tem diversas causas, como o facto de ter mudado de emprego (e de casa) há pouco tempo e todo o cansaço suplementar associado a ter de me mudar, de aprender como fazer o meu trabalho, de conhecer novas pessoas (o que é particularmente extenuante para alguém que é introvertido) e tudo o mais.

Somando tudo isto, confesso que não me tem apetecido escrever no blogue e mesmo as leituras têm andado lentas (adormeço a ler livros, começo imensos livros e não tenho vontade de os acabar, vocês sabem... um reading slump).

Só vos peço que não desistam do blogue! Não penso encerrar o Livros, livros e mais livros, está apenas a fazer um pequeno intervalo! Obrigada pela paciência. :)

Opinião: Visions (Kelley Armstrong)

Visions de Kelley Armstrong
Editora: Random House (2014)
Formato: e-book | 402 páginas
Géneros: Mistério, Fantasia urbana
Sinopse.

Neste segundo livro da série "Cainsville", encontramos Olivia a acostumar-se à sua nova vida que inclui um novo emprego como investigadora para Gabriel.
No entanto, isto muda rapidamente quando Olivia começa a ver portentos e a ter visões de um corpo de uma rapariga desmembrada, vestida para se parecer com ela.

Será que as visões são mesmo visões? Ou que alguém quer assustá-la a sério?

"Visions" foi definitivamente um livro de fantasia urbana. Apesar de haver um mistério, este está relacionado de forma direta com os elementos sobrenaturais que compõem a série. 

Ao contrário do primeiro, que se centrava no passado de Olivia e dos seus pais, este livro centra-se nas capacidades de Olivia e nas suas origens. Dá-nos pistas sobre quem serão os fundadores de Cainsville e sobre as origens tanto de Olivia como de Gabriel.

Achei que este livro tem um bocado de palha a mais e se alonga demasiado. Algumas partes são um pouco aborrecidas e não servem, na minha opinião, grande propósito narrativo.

Olivia e Gabriel sofrem mais algum desenvolvimento.

No geral, um livro que sofre de síndrome do segundo livro, sem dúvida. Certamente que aprendemos muito sobre a componente sobrenatural da história geral e há algum desenvolvimento do mundo, mas contabilizando tudo no final, muito poucas respostas nos foram dadas tendo em conta o tamanho do livro (400 páginas). Um livro interessante, certamente, mas que se arrasta um bocado.

Opinião: Omens (Kelley Armstrong)

Omens de Kelley Armstrong
Editora: Random House (2013)
Formato: e-book | 400 páginas
Géneros: Mistério, Fantasia urbana 
Sinopse.

É bastante difícil escrever uma opinião sobre um livro que é uma mescla de tantas coisas que é quase impossível defini-lo.

Afinal, "Omens" é um livro de mistério, terror ou fantasia urbana? Um pouco de tudo, suponho.

Não sou estranha à obra de Kelley Armstrong, que me deliciou há uns tempos com a sua trilogia juvenil "The Darkest Powers". Sim, ok, não achei que fossem livros terrivelmente bem escritos mas eram boas leituras, compulsivas.

Era isso que esperava de "Omens", o primeiro livro de uma nova série, desta vez para o público adulto. E foi, de certo modo, isso que obtive. Mas também obtive muito mais.

Olivia Taylor-Jones é uma jovem de 24 anos que faz parte da elite de Chicago. Rica, glamorosa e noiva de um promissor CEO, Olivia passa o seu tempo entre as caridades, o voluntariado e outras coisas com que as jovens da sua classe social se ocupam.

Mas tudo muda quando Olivia descobre que foi adotada e que os seus pais são assassinos em série, culpados da morte de oito pessoas. Com os jornalistas à perna e a mãe adotiva sem saber o que sente sobre esta revelação, Olivia foge e dá consigo numa pequena cidade chamada Cainsville. Cainsville é peculiar, parece ter parado no tempo e parece ser o lar de várias pessoas excêntricas. Mas é aqui que Olivia vai recomeçar a sua vida, ao mesmo tempo que tenta descobrir-se a si própria, tenta descortinar a verdade por detrás dos assassínios de que os seus pais são acusados e confronta-se com a aterrorizante questão de ser ou não filha dos seus pais.

"Omens" é, primeiro que tudo, um mistério. Olivia descobre que é adotada e que os seus pais são assassinos em série, e sofre um choque. Mas ao mesmo tempo, quer saber a verdade, acerca de si mesma e dos seus pais. Para isso, forma uma equipa com um advogado interesseiro chamado Gabriel.

Muito do livro é dedicado ao mistério de um dos assassínios duplos cometidos pelos pais da Olivia. Provas indicam que estes podem não ter sido responsáveis por esse crime e Olivia decide que tem de saber se tal é verdade. Ao mesmo tempo, vemo-la criar raízes na pequena cidade de Cainsville, que é bem mais do que aparenta.

Olivia é uma personagem muito bem construída. Carismática e bastante insegura, é bondosa, mas não se define apenas pelas suas boas qualidades (como uma boa Mary Sue). Tem também alguns defeitos e é alvo de um crescimento marcado neste primeiro livro. Olivia perde todos os pilares que seguravam a sua antiga vida e tenta, durante todo o livro, fazer sentido da nova, tenta descobrir qual é o seu lugar.

Isso não significa que o livro seja particularmente introspetivo, porque não é. Não faltam cenas de ação e mistério para manter a narrativa fluída. 

Não falta também uma pitada de sobrenatural, uma vez que Olivia parece ter o dom de interpretar portentos (mas nunca nos é dito com clareza se ela tem ou não apenas uma imaginação ativa), o que contribui também para a sua confusão.

No fim, estes "ingredientes" juntam-se para formar uma história interessante, de leitura compulsiva e sem paragens. A jornada de Olivia e as pessoas que conhece são bastante intrigantes e a fluidez e ritmo da narrativa asseguram que o leitor está sempre com vontade de ler mais.

No geral, muito interessante e um bom começo para uma série de mistério com um pouco de sobrenatural à mistura (mas de forma subtil e de certa forma, mais "realista").

Opinião: How to Lose a Duke in Ten Days (Laura Lee Guhrke)

How to Lose a Duke in Ten Days de Laura Lee Guhrke
Editora: Avon (2014)
Formato: e-book | 371 páginas
Géneros: Romance histórico
Sinopse.

Aviso: Pequenos spoilers (não estragam a leitura)
Depois do começo desapontante desta série com "When the Marquess Met His Match" estava um pouco receosa de ler este livro. A Laura Lee Guhrke tem livros que adorei ler, mas tem outros que são fraquitos e tive algum receio de que este pudesse ser mais um desses.

Passado na época vitoriana, "How to Lose a Duke in Ten Days" foca-se numa jovem herdeira americana, Edie (de Edith) que conseguiu um casamento de conveniência com um duque inglês, uma vez que este último precisava do dinheiro para pagar dívidas contraídas pelo seu avô e pai.
A única condição de Edie foi que Stuart, o duque, saísse do país e não voltasse mais. Em troca ela casaria com ele, pagaria todas as suas dívidas e geriria as suas terras.

Mas, depois de um encontro com a morte, Stuart decide voltar e começar um casamento a sério com Edie, que mal conhece. Por isso, decide seduzi-la.

Mas Edie, cujo passado é obscuro e esconde um terrível segredo, não tem vontade de conhecer Stuart. Por isso ele faz uma aposta com ela: 10 dias para ela o beijar ou ele assina uma ordem de separação.

Este livro toca, de forma muito cuidadosa, mas emocional, num tópico muito difícil: o abuso sexual. No século XIX (onde fosse em que circunstâncias fosse, era sempre culpa da mulher). Por isso, Stuart tem não só de seduzir Edie, tem também de lhe mostrar que pode confiar nele e que nem todos os homens são iguais.

E, com alguns percalços, é isso que acontece. Achei que o desenvolvimento da relação esteve muito bem conseguida e que houve química. O tópico difícil do abuso sexual foi tratado com tacto mas sem drama excessivo.

A narrativa tem um ritmo regular que nos mantém sempre interessados e as personagens estão bastante bem conseguidas e realistas.

Em suma, é um livro que recomendo, dentro do romance histórico. Tem todos os ingredientes que compõem um bom livro do género, nas doses certas e, melhor do que tudo, há química entre as personagens. Recomendado para os amantes do género. É um livro muito cativante.