Editora: Disney Hyperion (2013)
Formato: Capa dura | 374 páginas
These Broken Stars é o resultado do esforço conjunto das
autoras Meagan Spooner e Amie Kaufman e é o primeiro livro de uma trilogia
passada no futuro e direcionada a um público juvenil.
Neste livro conhecemos Lilac LaRoux, a filha do homem mais
rico e importante da galáxia e o major Tarver Merendsen, um soldado condecorado
que veio de origens humildes. Nunca se pensaria que o destino destas duas
pessoas se viesse a cruzar, mas quando a nave espacial de lazer Icarus se
despenha num planeta misterioso, Lilac e Tarver vão ter de pôr de lado a sua
animosidade um pelo outro se querem sobreviver.
A primeira coisa que me veio à cabeça quando comecei a ler
este livro foi o filme “Titanic” com o Leonardo DiCaprio e a Kate Winslet. A
história principal de These Broken Stars, o romance entre estas duas
personagens, parece mais ou menos tirada a papel químico do filme de 1997. No “universo”
do livro, está novamente instituído um sistema de classes extremamente vincado;
e a Icarus é uma nave de “recreio”, como se fosse um luxuoso transatlântico
onde os mais ricos embarcam para se divertir e onde muitas pessoas de classe
média e baixa fazem as suas viagens pela galáxia.
Lilac é uma jovem acostumada ao privilégio e à riqueza, mas
tal como Rose em Titanic, também ela conhece o lado obscuro de ser uma “menina
de sociedade”. Aparentemente, também aqui a Humanidade regrediu – ou deixou de
progredir – porque é suposto as mulheres serem coqueluches vápidas; por
exemplo, é-nos dito que o pai de Lilac não gostaria que a sua filha aprendesse
engenharia e mecânica, e como consertar sistemas de naves ou mesmo que conhecesse
os fundamentos teóricos das viagens pelo hiperespaço, porque… não eram “ocupações
para uma mulher”. Sinceramente, sociedade ficcional ou não, isto
entristeceu-me. Quero dizer, quando pudermos viajar pelas estrelas espero que
já sejamos esclarecidos o suficiente para não fazermos este tipo de distinções
idiotas.
Tarver é o “self-made man”. Como Jack é um rapaz bondoso,
com algumas ambições. E, claro, nunca tentaria falar com Lilac porque tipo, são
de classes tão diferentes.
Até que a nave Icarus se despenha num planeta parcialmente “terra
formado” e os dois protagonistas parecem ser os únicos sobreviventes. Forçados
a conviver, vão perceber que as opiniões e preconceitos que tinham acerca um do
outro estão errados.
These Broken Stars é, primeiro que tudo, um romance. Tal
como já apontei anteriormente, este romance tem semelhanças incríveis com o
filme Titanic, exceto que o filme é um bocado mais “amor à primeira vista” ou “insta-love”.
Neste livro as autoras não se coíbem de desenvolver realmente o romance e
apesar de haver alguma atração, as personagens não acham que estão
completamente apaixonadas logo nas primeiras dez páginas. O que é de louvar.
Mas, apesar de o livro ser um romance, não significa que
romance seja tudo o que podemos esperar dele. A luta de Lilac e Tarver pela
sobrevivência não é descrita apenas em termos que nos permitem discernir a sua
aproximação um pelo outro; existe algo mais, vozes misteriosas, o mistério de
um planeta que estava a ser colonizado mas que foi, por motivos desconhecidos,
abandonado.
Este enredo tem quase tanto protagonismo quanto o romance e
mantém os leitores investidos na narrativa. Devo dizer que o desfecho desta
parte da história me pareceu um bocado irrealista demais, mas enfim… foi
interessante o suficiente.
No geral, These Broken Stars foi uma leitura agradável.
Sinceramente, com as ótimas críticas estava à espera de mais, tanto ao nível do
romance como do resto da história, mas foi um livro que li com gosto, ainda
mais porque se tenta afastar de tantos dos clichés que povoam a literatura
juvenil: o protagonista não é um homem das cavernas, a protagonista tem mais de
dois neurónios na cabeça e não os perde “por amor” e o desenvolvimento das
personagens é consistente e realista (dentro dos possíveis). A parte da “ficção
científica” merecia uma exploração mais cuidada, mas alas, não se pode ter
tudo.
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