O Palácio de Inverno de Eva Stachniak
Editora: Casa das Letras (2014)
Formato: Capa mole | 536 páginas
Géneros: Ficção histórica
Editora: Casa das Letras (2014)
Formato: Capa mole | 536 páginas
Géneros: Ficção histórica
Sinopse: "Quando Vavara, uma jovem órfã polaca, chega à ofuscante e perigosa corte da imperatriz Isabel em Sampetersburgo, é iniciada em tarefas que vão desde o espreitar pela fechadura até à arte de seduzir, aprendendo, acima de tudo, a ser silenciosa - e a escutar.Chega, então, da Prússia Sofia, uma frágil princesa herdeira, a potencial noiva do herdeiro da imperatriz. Incumbida de a vigiar, Vavara em breve se torna sua amiga e confidente e ajuda-a a mover-se por entre as ligações ilícitas e as volúveis e traiçoeiras alianças que dominam a corte.Mas o destino de Sofia é tornar-se a ilustre Catarina, a Grande. Serão as suas ambições mais elevadas e de longo alcance? Será que nada a deterá para conquistar o poder absoluto?"
O Palácio de Inverno de Eva Stachniak retrata uma época e um país sobre os quais não li assim muito: o século XVIII e a Rússia.
A história foca-se na personagem de Varvara Nikolayevna (ou Barbara, o seu nome “verdadeiro” polaco), uma jovem filha de um encadernador polaco que se muda para a Rússia com a mulher e a filha e consegue obter alguns trabalhos no palácio da Imperatriz Isabel.
Quando os pais morrem, Varvara é levada para o palácio como órfã protegida da Imperatriz e poderia ter tido uma vida normal a trabalhar no guarda-roupa imperial, se o chanceler da Imperatriz não tivesse reparado nela e começado a treiná-la como espia para a soberana. Varvara aprende a espiar, ouvir às portas, desencantar informações escondidas em escrivaninhas, baús e mesmo no soalho. Mas depois, conhece a jovem Catarina, noiva de Pedro, o herdeiro do trono e forma-se, entre as duas, uma amizade tanto terna como perigosa… pois Catarina tem muitos inimigos na corte, e Varvara é, no fundo, a espia de Sua Majestade.
Este livro está repleto de intriga, traição e tudo o que qualifica um bom livro deste género, que se foca numa corte europeia, cheia de sumptuosidade e liderada por uma mulher aparentemente fútil.
Não sei praticamente nada sobre a história russa deste período, envergonha-me dizer, exceto que Catarina, com o cognome de “a Grande” conduziu a Rússia a uma época dourada de progresso e riqueza. Este livro propõe contar a “(…) implacável ascensão de Catarina, a Grande, vista através dos olhos da jovem espia da imperatriz na Rússia do século XVIII.” mas, na verdade, Catarina, apesar de presente durante grande parte do livro, não é, na minha humilde opinião, nem de perto nem de longe, a personagem principal.
O livro foca-se mais na imperatriz reinante, Isabel e na amizade entre Varvara e Catarina, mas esta última nunca é retratada como particularmente envolvida na política imperial (exceto quando a envolvem) ou como estando a maquinar algo. Esse conhecimento é-nos dado em retrospetiva, no final do livro: afinal Catarina era mais calculista do que pareceu durante as 500 páginas anteriores; o que faz (ou pelo menos fez, no meu caso) com que Varvara pareça especialmente parvinha, no fundo. Enganada por uma jovem mais nova e não treinada (como ela) nas artes da espionagem.
Este ponto incomodou-me, confesso. De resto, foi uma leitura interessante e envolvente como são a maioria das obras que se centram nas intrigas da corte numa determinada época. Foi muito interessante ver como funcionava a corte russa, como a Rússia se relacionava com o resto da Europa e a mentalidade dos nobres e da corte. Foi bastante intrigante perceber que na Europa Central e de Leste, as monarquias permitiam que as mulheres reinassem como soberanas, enquanto tal não era permitido na maioria das monarquias na Europa do Oeste.
O palácio a cair, a pompa sem sentido, as dívidas da Coroa. Tudo isto me fascinou enquanto amante de História.
No geral uma obra muito interessante do ponto de vista da ficção histórica. Pena que a personagem principal não pareça primar muito pela inteligência e que o enredo não se tenha focado assim muito na “ascensão de Catarina”.
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