Editora: Delacorte Books (2010)
Formato: Capa dura | 304 páginas
Géneros: Fantasia urbana, Lit. YA/Juv.
Depois de alguns livros juvenis de ficção científica, senti
necessidade de continuar a ler YA (Young Adult) mas de retirar a ficção científica
da equação (talvez porque Inside Out foi um pouco uma desilusão). Por isso (e
também para dar mais um golpe na minha pilha massiva de livros “físicos” por
ler), escolhi este “Banished” de Sophie Littlefield. Pareceu-me apropriado e
pela sinopse pareceu-me também uma história com personagens duras, que vivem em
circunstâncias pouco usuais (devo dizer que o facto de a avó da personagem
principal ser traficante também ajudou).
Infelizmente, esta não foi uma leitura com muito sucesso.
Hailey Tarbell vive num dos bairros mais pobres e
problemáticos de Gypsum, Missouri, juntamente com a avó e o irmão adotivo de
três anos, Chub. Tem uma vida difícil, pois a avó é uma pessoa amarga que
descarrega as suas frustrações em Hailey (através de violência verbal) e que se
dedica a negócios obscuros e ilegais. Chub, o irmãozinho de Hailey, que a avó
adotou para obter o subsídio do Governo, tem dificuldades de aprendizagem e Hailey passa muito do seu tempo a cuidar dele.
Também na escola as coisas não são melhores, uma vez que todos a
desprezam e ela nem sequer consegue travar amizade com os miúdos de “Trashtown”,
outro bairro pobre da cidade.
Um dia, há um acidente na aula de Educação Física, quando
uma das raparigas de “Trashtown” cai e bate com a cabeça. E é aí que Hailey
descobre que tem um poder estranho que lhe permite curar. Mas a rapariga não
está agradecida… pelo contrário, ela e todos os do seu bairro parecem ter medo
de Hailey.
Tudo se complica mais com a chegada de Prairie, a tia que
Hailey não sabia que tinha. Hailey poderá obter respostas sobre quem é e sobre
a sua família, mas não será uma viagem isenta de perigos… alguém anda atrás
dela e de Prairie por causa das capacidades da sua família.
“Banished” é… uma confusão em forma de livro. O enredo é
complicado, mas não de forma positiva; a ação salta erraticamente de um ponto
para outro, começando com o desenvolvimento incipiente da vida de Hailey em
Gypsum e a apresentação de personagens que, ao que tudo indica, terão pelo
menos alguma influência na história, para uma perseguição delirante de
automóvel que leva Hailey e Chub para longe do mundo e personagens
anteriormente desenvolvidos.
Enquanto lia “Banished”, senti-me como se tivesse a ver uma
espécie de cruzamento entre um filme para a TV com atores de segunda com um
enredo tão ridículo e inexplicável (ou inexplicado) como o de “The Tomorrow People”
(peço desde já desculpa aos fãs da série, mas para mim aquilo é terrível). Não
há fio condutor para o enredo exceto que de repente alguém aparece – a tia
Prairie – e despoleta, indiretamente e por meios que nos são muito mal
explicados (aparentemente a Prairie tem um namorado rico e maléfico) toda a ação
subsequente. O dom de Hailey e de Prairie, e a sua origem são-nos explicados de
forma confusa e que deixa mais perguntas do que respostas, por Prairie, numa
sessão de info-dump tão óbvia que dá vontade de revirar os olhos.
Aparentemente os “Banished” são umas famílias da Irlanda que
se espalharam pelo mundo. Têm dons, as mulheres da cura, os homens de previsão
do futuro. Mas… porque deixaram a Irlanda? Quem lhes deu esses dons? Qual a sua
finalidade? Não sabemos.
Uma mistura inverosímil de fantasia e ficção científica,
porque claro que há um cientista qualquer que estudou o ADN da Prairie e quer
os seus dons porque blah, blah, exército, “Banished” foi uma leitura confusa, com
personagens bidimensionais, sem personalidade e bastante aborrecidas e
sinceramente… má. Nem queria mencionar o romance parvo lá pelo meio, mas merece, porque é igualmente ridículo.
A única coisa (ou melhor, personagem) que redime um pouco
este livro é Chub, um rapaz muito fofo e o único sobre o qual gostei de ler.
Até o aspeto sobrenatural é confuso e aborrecido, como se a própria autora não
soubesse bem como queria desenvolvê-lo.
Comentários