Editora: Scholastic Press (2012)
Formato: e-book | 312 páginas
Géneros: Mistério, Literatura YA, Fantasia Urbana
Houve uma altura na minha vida em que achava imensa piada a livros ou séries para jovens adultos (YA ou Young Adult, no original). Isto porque achava (e ainda acho), que os autores deste tipo de livros têm de se esforçar mais para manterem os seus públicos interessados porque... bem, como sabemos, os livros competem, hoje em dia, com a televisão e os jogos de computador.
Mais tarde, depois de ler um número considerável de livros para esta faixa etária (entre os 14-20 anos, mais ou menos), descobri que muitos partilham dos mesmos elementos e que isso parece ser mais ou menos suficiente para cativar as massas adolescentes.
O que muitos destes livros têm, quer sejam contemporâneos, históricos ou fantásticos é uma história de amor dramática à qual é dada muita proeminência.
Com o passar do tempo, fui desistindo um pouco da literatura YA, mas há alturas em que volto a elas. Como nesta ocasião, para ler o primeiro livro na aclamada série de
Maggie Stiefvater, "The Raven Cycle".
Blue Sargeant vive numa casa cheia de mulheres. A mãe, as tias, as amigas da mãe. Todas entram e saem das diferentes divisões da casa e todas têm algo em comum: um dom para a profecia e clarividência. Exceto Blue, claro. Blue não tem premonições e não consegue ver fantasmas; a única coisa que ela faz é amplificar o poder dos outros, pelo que é sempre conveniente tê-la por perto quando se faz uma leitura para um cliente.
Gansey é um dos "Raven Boys", nome dado aos alunos ricos de uma escola privada na cidade de Henrietta. Gansey tem dinheiro, charme e beleza e poder-se-ia pensar que era o rapaz mais feliz da cidade; mas Gansey tem uma obsessão pelo sobrenatural e pela busca de um antigo rei galês. Com ele, arrasta um estranho grupo de amigos: Ronan, igualmente rico, mas atormentado e arruaceiro; Adam, inteligente mas envergonhado da sua situação familiar e económica; e Noah, calado e misterioso.
Quando uma das profecias da mãe de Blue e um encontro com um espírito fazem com que o caminho dos Raven Boys e de Blue se cruzem, vão ver-se a braços com um mistério sobrenatural e perigoso: por que é que Henrietta é uma cidade tão boa para quem tem poderes sobrenaturais? E estará o rei galês realmente nos Estados Unidos?
Confesso que uma das coisas que me impediu de começar a leitura mais cedo foi o medo do "insta-love". Afinal parece ser algo comum nestes livros e é também algo de que estou um bocado farta nas minhas leituras (não há nada de errado em não haver romance e atração num livro, na minha humilde opinião). No entanto, apesar do livro começar logo com a profecia da mãe de Blue, que diz que o beijo dela matará o seu verdadeiro amor, relações adolescentes não são o foco do livro, felizmente.
Aliás, quase não há romance. A autora começa por explorar um pouco as personagens e o que as motiva. Gansey, querendo ser mais do que o sucessor do seu pai; Ronan, amargurado pela morte misteriosa do seu pai; Adam, um aluno bolseiro numa escola de ricos, com uma vida familiar complicada; e Blue que é a única na família sem um talento sobrenatural.
Gostei das personagens, mas não achei que Blue e Gansey, os supostos protagonistas, tivessem gozado de uma caracterização especial (e penso que deviam ter). O mistério começou interessante, mas depressa se tornou algo confuso, com a personagens a andarem de um lado para o outro e com a investigação sobre o paradeiro do rei galês a acontecer em segundo plano. Depois, houve a descoberta de Cabeswater, que tornou o sistema de magia do livro bastante confuso: passou de realismo mágico para "Alice no País das Maravilhas" (Cabeswater é um local completamente absurdo, portanto).
No geral, foi um bom livro introdutório, mas pareceu-me um bocado confuso e muito foi deixado por explorar. Espero que livros futuros tragam um maior desenvolvimento do mundo e das personagens.
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