Opinião: O Príncipe Corvo

O Príncipe Corvo de Elizabeth Hoyt
Editora: Livros de Seda (2009)
Formato: Capa Mole | 326 páginas
Géneros: Romance Histórico
Sinopse (Livros da Seda): Little Battleford, Inglaterra rural, segunda metade do século XVIII. Assistindo à constante debilidade das finanças familiares, Anna Wren, recentemente enviuvada, vê-se na necessidade de encontrar emprego. Culta e letrada, torna-se secretária de Edward de Raaf, conde de Swartingham.

Homem de um carácter que a vida tornou mordaz e inflexível, de rosto e corpo marcado por cicatrizes de infância, tudo parece indicar que Anna Wren será uma secretária a prazo.

Numa improvável partida do destino, ambos despertam o lado mais secreto do outro, rapidamente desenvolvendo um desejo mútuo e de forte carga erótica, inicialmente não assumido.

Na Inglaterra do Império e das conquistas ultramarinas, nas vésperas da Revolução Industrial, conseguirá o preconceito e o conservadorismo separar duas almas talhadas para se unirem?
(A edição lida está no inglês original, mas os dados bibliográficos apresentados são da versão portuguesa para tornar mais fácil a identificação da obra)

O Príncipe Corvo é o primeiro livro de uma trilogia da autoria de Elizabeth Hoyt. É um romance histórico muito ao estilo dos de Emma Wildes e Madeline Hunter, focando-se nos dilemas amorosos de duas personagens e tendo como fundo a Inglaterra de outros tempos.

Passa-se, pois, em meados do século XVIII e relata a história de amor entre um Conde e uma viúva de origens modestas. Devido a dificuldades financeiras, a viúva, Anna Wren é forçada a fazer aquilo que é quase impensável nesta altura, para uma senhora respeitável: trabalhar.

Anna consegue um posto como secretária do Conde de Swartingham, um homem com um lendário mau génio que já havia conseguido afugentar vários outros candidatos.

O que distingue, quanto a mim, O Príncipe Corvo de outras obras do género (nomeadamente das publicadas em Portugal) é o desenvolvimento cuidado e principalmente gradual da relação entre os protagonistas. Achei que a transição de meros conhecidos para amantes se fez de forma mais ou menos realista (tão realista como pode ser num livro deste tipo) e não apressadamente como em muitos outros romances históricos. Quero com isto dizer, que o herói e a heroina não caíram nos braços um do outro ao fim de dez páginas, o que é de louvar.

De louvar também é a caracterização minuciosa (pelo menos assim me pareceu) da sociedade inglesa do século XVIII. As personagens estão bem incorporadas no seu meio social e assistimos a diversas situações que nos mostram como se deviam comportar tantos os homens como as mulheres. O facto de Anna Wren ter procurado uma posição é algo que é criticado e comentado pela populaça pois mesmo sendo de origem modesta, Anna não faz parte da classe trabalhadora.

Não posso também deixar de mencionar uma linha de acção secundária que a autora apresenta e que tem como protagonistas duas irmãs que, para se sustentarem tiveram de se tornar "mulheres de má vida". A interacção da protagonista com estas mulheres traz alguma originalidade à história e mostra-nos, mais uma vez, as convenções sociais da época que não permitiam qualquer tipo de auxílio a estas mulheres.

No geral, achei "O Príncipe Corvo" uma leitura bastante agradável. O enredo é apelativo, os acontecimentos desenrolam-se a bom ritmo, as personagens são carismáticas e a escrita é fluída e interessante. Claro que não escapa aos habituais clichés do romance histórico, mas parece-me que tem algo mais. Devo também referir que algumas das cenas românticas deste livro são bastante gráficas, mais parece-me do que noutros livros da mesma categoria.

Comentários

Anónimo disse…
Olha, leste este! bem eu adorei a primeira metade, mas depois achei que a maneira como eles finalmente caem nos braços um do outro foi um bocadinho...eh...mmm..sei lá...não estava à espera. E nas cenas eróticas eu dispensava muitas descrições. Lá está, eu gostei da primeira parte exactamente porque foi possível ver a relação deles a evoluir lentamente. Mas acho que ainda vou ler mais qualquer coisa da autora, um dia destes...tu já leste mais alguma coisa dela?
slayra disse…
Sim, foi inverosímel realmente, LOL.

Pois realmente é bastante descritivo e gráfico mas já reparei que as cenas eróticas resultam melhor em inglês do que em português. Não sei em que língua leste este.

Sim já li mais dois, são do mesmo género... se gostas de romance histórico (bodice ripper, mesmo) acho que os livros dela não são maus, mas são mais explícitos do que muitos outros.
Não sei se já leste Georgette Heyer? Se gostas mais de romance ao estilo da Jane Austen eu recomendo os desta autora ao invés do tradicional bodice-ripper (se calhar até já conheces a autora, lol). ^^
Anónimo disse…
Sem dúvida, também já cheguei a essa conclusão, as cenas eróticas resultam muito melhor em inglês, vá-se lá saber porquê! e infelizmente eu li este em português, ás tantas tenho que ler um dos outros desta série no original...

Nunca li Georgette Heyer, mas ela sai-me recomendada várias vezes, tenho de experimentar. Outro dia também me estava a queixar num blog de que cenas muito gráficas por vezes estragam um bocadito um livro para mim, e recomendaram-me Julia Quinn, que espero experimentar em breve:)

Obrigada pela sugestão! eheh, são sempre bem-vindas:)
slayra disse…
Georgette Heyer é do melhor para quem não gosta de romance histórico gráfico... na verdade não tem cenas intimas nenhumas, centra-se apenas na relação entre as personagens. Muito PG, mas o livro que li dela "The Grand Sophy" foi uma leitura muito agradável! Julia Quinn também é bom, ela contém-se bastante. ^^
Anónimo disse…
Por acaso é mesmo The Grand Sophy que tenho na minha wishlist (já há algum tempo). Que coincidência.

Bem, quer dizer, também não vamos banir por completo as cenas que envolvem "o amor" (como dizia o Bruno Nogueira xD) mas um romance "limpo" sabe bem de vez em quando (tipo quando já chateia ler cenas íntimas que parecem ser todas iguais umas ás outras "agarrou-a aqui, mordeu-lhe ali...etc").
slayra disse…
Lol, é verdade. Bem, é um dos romances mais conhecidos dela. Georgette Heyer sabe bem para desanuviar, se quisermos ler romance histórico diferente do habitual, um pouco mais ao estilo de Austen. ^^

Sim, esse tipo de cenas fazem parte do romance histórico moderno, mas concordo que podem tornar-se muito repetitivas. ^^ Houve uma altura que só lia livros em que as cenas se passavam em carruagens, fiquei mesmo farta.