Opinião: Exílio

Exílio de R.A. Salvatore
Editora: Saída de Emergência (2011)
Formato: Capa Mole | 288 páginas
Géneros: Fantasia
Descrição (SdE): "Após renegar a sua própria família e partir para longe de Menzoberranzan, a sua pátria, Drizzt tem que aprender a sobreviver e conquistar um novo lar no imenso labirinto dos túneis subterrâneos onde se ocultam criaturas das trevas. Mas o verdadeiro perigo parte da sua própria raça e Drizzt terá que estar atento a sinais de perseguição, pois os elfos negros não são um povo misericordioso...
Venha descobrir Drizzt, o elfo negro, uma das personagens mais lendárias da fantasia. E acompanhe-o na épica e intrépida jornada para longe de um mundo onde não tem lugar... em busca de outro, na superfície, onde talvez nunca o aceitem.
"
AVISO: Contém alguns SPOILERS.
Este segundo livro da 'Trilogia do Elfo Negro', continua a história do primeiro, apesar de uns anos mais tarde.

Drizzt fugiu da sua família e dos malvados preceitos que regem a sociedade drow. Dez anos passados, vive nas selvas do Subescuro caçando para sobreviver e tendo como única companhia Guenhwyvar a pantera negra contida numa figura de madeira.

Apesar de ter apreciado o livro em geral, não achei que "Exílio" tão bom como "Pátria". Senti falta da descrição detalhada que acompanha o primeiro livro, nomeadamente no que diz respeito à sociedade drow - o Subescuro é descrito com muito menos pormenor e como muitas vezes é apenas povoado por criaturas selvagens, tem menos interesse. Penso que o autor perdeu tempo demais a contar esta parte da história em particular, que as aventuras de Drizzt no Subescuro não necessitavam de um livro inteiro. O autor arrastou um pouco as situações pelo que a leitura se tornou por vezes morosa.

No que às personagens diz respeito, continuo a sentir que o autor falha na caracterização e desenvolvimento. Apesar de Drizzt sofrer uma espécie de conflito interior que deriva do seu modo de vida isolado, nunca senti que esse lado mais negro fosse tomar conta dele; ou seja, tive sempre a percepção de que Drizzt ultrapassaria os seus instintos e que a sua faceta "heróica" continuaria a prevalecer.

A única personagem que me cativou e cuja luta interior me pareceu "realista" por assim dizer, foi Clacker o Pech transformado em "horror de garras". Mas devo dizer que achei toda a situação que levou a esta transformação bastante inverosímil e algo ridícula... o feiticeiro humano que Salvatore atirou no caminho de Drizzt e do seu companheiro não fez sentido nenhum. Este é aliás, outro dos problemas de "Exílio": a existência de pequenas inconsistências ao nível da história, que deixam o leitor algo perplexo.

Mais uma vez, o autor não se aprofundou muito sobre Lolth e as suas origens; achei sinceramente que o livro teria beneficiado de um encontro entre Drizzt e a Rainha Aranha ou pelo menos os seus poderes (excluindo o zin-carla). Mas o enredo foca-se apenas em Drizzt e nas suas aventuras no Subescuro.

Com uma escrita acessível e personagens exóticos, "Exílio" é um livro de aventuras que agradará certamente aos leitores do género fantástico. Tal como em "Pátria", a história não é particularmente complexa, mas Drizzt é uma personagem simpática assim como o são os seus companheiros. No geral, uma boa obra de fantasia se bem que não prime pela originalidade.

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