Opinião: A Luz do Fogo (Sophie Jordan)

Editora: Livros D'Hoje (2011)
Formato: Capa Mole | 296 páginas
Géneros: Romance Paranormal, Lit. Juvenil/YA
Sinopse.

(A edição lida está no inglês original, mas os dados bibliográficos apresentados são da versão portuguesa para tornar mais fácil a identificação da obra)

Não é segredo para nenhum leitor (mesmo que casual) deste blogue que gosto de ler livros direccionados para jovens adultos. Apesar de muitos terem uma boa dose de cenas dramáticas típicas dos adolescentes, consigo geralmente encontrar conceitos e ideias muito originais e apelativas na literatura "YA" (Young Adult). Penso que isso se deve, em grande parte, ao público a que se destinam; os autores têm forçosamente de ser o mais criativos possível para chamarem a atenção de um público que só muito dificilmente lê algo, num mercado já saturado.

Infelizmente, de vez em quando apanho um livro que quase me faz perder a vontade de voltar a ler seja o que for dentro do género. "A Luz do Fogo" (Firelight no original) de Sophie Jordan é um exemplo.
A ideia do livro é bastante apelativa, pois mistura dragões com o mundo contemporâneo. Jacinda faz parte de um grupo especial de metamorfos, os "draki". Descendentes dos dragões, estas criaturas adaptaram-se, no entanto, às crescentes exigências de secretismo tendo para isso desenvolvido elaborados métodos de camuflagem (podem transformar-se em humanos) e sofrido certas mutações (por exemplo, a sua forma é mais pequena e humanóide). Jacinda é especial mesmo entre a sua espécie pois consegue expelir fogo, característica rara e muito prezada entre os "draki".

Como podem ver a premissa parece interessante. Mas uma coisa é a ideia e outra diferente a execução e este livro falha terrivelmente nesta última. Em vez de levar o leitor numa fascinante viagem ao mundo dos draki, Jordan decide afastar a protagonista da sua "colónia", deixando-nos assim na obscuridade (apenas com a informação mais básica) acerca desta raça tão intrigante.

A maior parte do livro (que nem é muito grande) é composto pela exploração de um romance "tipo Crepúsculo" (marca registada) entre Jacinda e um humano (o Will). Melodrama, monólogos interiores e declarações irrealistas de amor (para já não falar de actos obsessivos por parte do rapaz... à la Edward Cullen) abundam. Dos draki pouco mais ouvimos falar. Mas a "conexão" especial entre os dois protagonistas está escarrapachada em todas as páginas, repetida vezes sem conta e comprovada por actos desprovidos de qualquer sentido e muitos diálogos interiores contraditórios por parte da heroína. 
Basicamente temos em "A Luz do Fogo" mais um romance "à primeira vista" irrealista e exagerado, que não convence e chega a irritar de tão melodramático. O foco excessivo nesta parte do enredo impede que outras vertentes sejam exploradas pelo que pouco mais temos em termos de história.

Quanto às personagens, não houve nenhuma que se destacasse. Jacinda e Will bem podiam ser Bella e Edward e todos os outros intervenientes têm pouca ou nenhuma personalidade.

No geral: mais um romance paranormal juvenil direccionado para a massiva "fanbase" de livros como "Crepúsculo", "Anjo Caído", "Eternidade" e "Hush, Hush". Acumulando estereotipo em cima de estereotipo Jordan constrói uma história de amor com pouco brilho e ainda menos interesse.

Comentários

WhiteLady3 disse…
Ah bolas... Ainda pensei "dragões YAY!" mas amor-Crepúsculo dispenso...
slayra disse…
Sim, também eu. Mas sinceramente acho que em relação a Fantasia Urbana com dragões me fico pela série da Jennifer Scales. :P Este livro é uma anedota. Só não escrevi uma opinião mais completa pq estava cheia de sono ontem. O-o
Ana C. Nunes disse…
A tua já não é a primeira opinião que oiço que refere o insta-love (coisa que detesto ver na literatura, salvo raras excepções).
Adoro dragões e até queria ler este livro por isso, mas se esse nem é um dos focos principais, acho que não fico a perder nada.
De clones já estou farta.

E gostei da opinião. :)