Opinião: Fome (Michael Grant)

Editora: Planeta (2011)
Formato: Capa Mole | 484 páginas
Géneros: Horror, Mistério, Ficção Científica, Lit. Juvenil
Descrição da Edição Portuguesa (GR): "Todos têm fome, mas ninguém se dispõe a encontrar uma solução. E a cada dia que passa são mais os jovens que sofrem mutações e adquirem capacidades sobrenaturais, que os distinguem dos que não têm esse género de poderes. A tensão cresce e o caos reina na cidade. São os «normais» contra os mutantes. Cada um, luta por si, e até os melhores são capazes de matar. Mas avista-se um problema ainda maior. A Sombra, uma criatura sinistra que vive soterrada no coração das montanhas, começa a chamar alguns dos adolescentes da ZRJ. A chamá-los, a guiá-los, a manipulá-los. A Sombra despertou. E tem fome. Nem todo o ouro do mundo seria pagamento suficiente para o que Lana tencionava fazer. O ouro não alterava em nada o terror frio que lhe enchia o coração. E se falhasse não precisaria do ouro para nada. Não podia subornar a Sombra. Mas talvez… talvez a pudesse matar."
AVISO: Contém pequenos SPOILERS!
(A edição lida está em inglês, mas apresentam-se os dados da portuguesa.)

Este livro pareceu-me ser mais para "encher chouriços" do que outra coisa. Ainda existem muitas perguntas no ar, certamente, e o autor tornou a conseguir tornar o enredo verosímil, mas pouco acontece neste livro, em termos de história.

As personagens evoluíram mais ou menos como estava à espera depois do primeiro livro; e claro, a revolta dos "humanos" contra as "aberrações", tão à X-men era também previsível. Gostei do facto do autor introduzir problemas no seu mundo fechado que outros autores têm algum receio de abordar: nomeadamente, neste livro, a fome (ou a falta de comida). Já li outros livros em que os protagonistas estavam num espaço isolado mas acho que em todos os casos eram alimentados. Em "Fome" vêem-se claramente as consequências de vida desregrada de crianças sem supervisão.
Também achei bastante realista o facto do protagonista, Sam, não se tornar de repente um herói sem falhas e cheio de responsabilidade. Continua a ser humano e antes de tudo... um rapaz de 15 anos (e yay, não é misterioso, um ladies man, etc, etc).

Ou seja, no que diz respeito às personagens e à sua evolução, não tenho razões de queixa. Mais uma vez, acho que Grant fez um trabalho excelente. Agora o enredo é outra história.

Como já disse, muito pouco se passou. Descobrimos mais algumas coisas sobre a "Sombra" e sobre a situação em geral, mas em termos de 'acção' e comparando com o primeiro livro, este segundo é bastante parado. Diria mesmo que é talvez um pouco aborrecido por vezes. Creio que aqui as personagens são mesmo o foco central.

Em geral, uma boa adição à série. As personagens conseguem levar o leitor investir emocionalmente na história. As interacções entre os habitantes de Perdido Beach é quase suficiente para tornar este livro de leitura compulsiva. Infelizmente, depois da acção quase non-stop da primeira entrega, os leitores sentirão algum desapontamento devido ao ritmo mais lento da história. Mesmo assim, uma boa leitura.

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