Opinião: Sangue de Anjo (Nalini Singh)

Editora: Casa das Letras (2011)
Formato: Capa mole | 356 páginas
Géneros: Romance paranormal
Descrição (GR): "Elena Deveraux é uma caçadora de vampiros. Sabe que é a melhor - mas não sabe se será suficientemente boa para a tarefa que tem que cumprir. É contratada pelo perigosamente belo arcanjo Raphael, um ser de tal modo letal que nenhum mortal deseja merecer a sua atenção. Elena sabe que não pode falhar - embora se trate de uma missão impossível. Porque desta vez não é um vampiro voluntarioso que tem de localizar. É um arcanjo que degenerou. 
A missão irá colocar Elena no meio de um turbilhão de mortes inimaginável - e levá-la para o fio da navalha da paixão. Mesmo que a caçada não a destrua, sucumbir ao encanto de Raphael pode fazê-lo. Pois quando os arcanjos brincam, os mortais sofrem… 
Nalini Singh continua a encantar e a cativar novos leitores com os seus romances de anjos e vampiros. Sangue de Anjo é uma leitura empolgante com personagens maravilhosamente bem desenvolvidos e a criatividade que fez de Singh uma estrela. Com uma mistura inspirada de paixão e perigo, esta história vai manter-vos em suspense. E conquistará decerto um lugar na vossa lista de favoritos."
AVISO: alguns SPOILERS (muito poucos)

(A edição lida foi a original, mas apresentam-se os dados da portuguesa.)

Eu e o Romance paranormal temos uma relação tempestuosa, que tanto pode ser de amor como de ódio. Depende da minha disposição. Por vezes, tenho paciência para ler sobre heróis (seres sobrenaturais) torturados, possessivos mas muito sexy. Outras... não. Penso que foi um bocado este o problema que tive com Sangue de Anjo, o primeiro livro que leio da autora Nalini Singh. Já sabia que isto era romance paranormal e não fantasia urbana, mas o conceito (os anjos vivem entre os mortais e são os criadores dos vampiros) pareceu-me bastante interessante. E já tinha o livro nas estantes há algum tempo por isso... porque não?

Porque não estava com a mínima paciência para o Raphael, é por isso. O nosso herói, o famoso arcanjo Raphael é um estereotipo andante para este tipo de livros, certamente, mas nesta altura, não me caiu nada bem ler sobre este personagem que é demasiado possessivo e que vê a nossa heroína como um brinquedo, com o qual vai brincar e no final... destruir. Quer tratá-la como uma escrava sexual e ela, a idiota, está mais que disposta a deixar. Mas já lá vamos.

Elena Deveraux é uma caçadora de vampiros. Ela caça vampiros que fogem dos seus contratos de servidão com os seus mestres, os anjos. Geralmente leva-os de volta para acabarem de cumprir os seus deveres. Um dia, é contratada por Raphael, o arcanjo que 'governa' grande parte dos Estados Unidos. Mas a missão que Raphael lhe dá não é caçar um vampiro comum, mas sim um arcanjo que enlouqueceu e anda por aí a matar pessoas. Elena sabe que é improvável que saia viva desta missão, uma vez que nenhum mortal pode sonhar sequer tentar destruir um arcanjo.

Primeira coisa que me irritou neste livro: o enredo é descartado ao fim de algumas páginas. A Elena conhece o Raphael, sentem-se atraídos, o Raphael diz que quer ir para a cama com ela e que ela vai ser sua, sem dúvida, ela responde mas por dentro sente-se atraída porque oh, ele é tão forte e sexy e é mais forte do que eu, pode-me partir a espinha e pode controlar-me com a sua magia (ou lá o que é). Sinto-me tão feminina, pela primeira vez! E depois, as 100 páginas seguintes (não estou a gozar) é mais disto. Ela vai vê-lo para lhe pedir informações, ele acena indulgentemente com a mão e diz-lhe que ela não tem de saber mais nada, blah blah, ela zanga-se, vai para casa, ele tenta seduzi-la e/ou controlá-la com os seus poderes, volta o disco e toca o mesmo. 

E eu a pensar "então e o arcanjo doido?" mas aparentemente o arcanjo doido decidiu esperar alguns dias para que os protagonistas se conhecessem antes de começar a atacar.

Depois começa a "investigação", que é basicamente o Raphael a carregar a Elena para todo o lado enquanto voa. Entretanto, lá vão para a cama, e BAM ela já está semi-apaixonada. Mas será pedir muito, um romance com história? Aparentemente, sim.

Ou seja, sinceramente? Este livro tem muito pouco que o recomende. A história nunca passa de mal desenvolvida e foi concebida, muito obviamente, para que as personagens se conhecessem. O que até nem estaria mal, sendo este o tipo de livro que é (romance, logo espera-se que se foque no romance); mas a verdade é que as personagens são tão irritantes, o romance é tão morno e previsível e falta tanta química entre os personagens que a falta de um enredo coerente... é quase como faltar uma das quatro paredes numa casa. 

No geral, nada de especial. O conceito é muito interessante mesmo, mas o mundo está muito pouco desenvolvido (nem isso a autora se deu ao trabalho de fazer) e até alguns dos conceitos apresentados neste livro ficaram por explicar (o que significa uma pessoa ter nascido caçadora, por exemplo?). As personagens são estereótipos levados aos respectivos extremos (ele um macho alfa sem qualidades redentoras, ela uma "mulher forte" que "descobre" que afinal bom, bom é ser controlada por um homem, porque oh my ele é tão masculino e sexy e mais forte do que ela!). E durante quase todo o livro, as personagens sentem-se atraídas fisicamente mas no final, o Raphael tem um momento de claridade e percebe que aha, se calhar é amor isto. E não há qualquer explicação para estas duas pessoas gostarem uma da outra. Por isso, o romance? Mal explorado e mal desenvolvido. E isso é grave, porque este livro se apoia fortemente na sua componente romântica. 

Comentários

Anónimo disse…
Amei a Critica