Opinião: Ravishing the Heiress (Sherry Thomas)

Ravishing the Heiress - Sherry Thomas
Editora: Berkley (2012)
Formato: e-book | 209 páginas
Género: Romance histórico
Sinopse.

AVISO: Alguns SPOILERS
Sherry Thomas é uma autora conhecida em terras lusas (três dos seus livros, Um amor quase perfeito, O fruto proibido e Promessas de amor estão publicados em português, pela Quinta Essência) pelo que achei que não seria totalmente disparatado escrever as minhas impressões sobre este livro em português (quem sabe, talvez seja publicado por aqui no futuro).

Devo confessar que a minha primeira experiência com os livros desta autora não foi a melhor. A primeira obra que li dela foi His at Night (Promessas de amor) e achei que era demasiado floreado, que havia pouca química entre as personagens e que o enredo era demasiado inverosímil. Por isso foi com alguma trepidação que me aventurei nesta leitura.

Felizmente, este livro foi bem melhor do que o outro que li da autora.

1888. Com a Revolução Industrial a alta sociedade londrina depara-se com a rápida mudança dos valores da civilização Ocidental. Ter terras e um título não é, de todo, sinónimo de riqueza e muitos dos nobres titulados, caídos em desgraça financeira, procuram esposas entre os membros da alta burguesia, os comerciantes e homens de negócios que nunca teriam deixado entrar na sociedade antes.

Millicent Graves é filha de um industrial que produz alimentos enlatados (especialmente sardinhas). Herdeira de uma enorme fortuna, foi educada desde nova para conseguir um casamento vantajoso. Pois se os nobres procuram dinheiro, os burgueses procuram associar-se às linhagens mais antigas. Ela sempre soube e aceitou que se casaria por conveniência. O que não esperava era apaixonar-se pelo seu marido.

O Conde Fitzhugh tem a infelicidade de ter herdado uma propriedade delapidada e muito pouco dinheiro. Por isso vê-se forçado a casar-se com Millicent Graves, uma jovem que não pode amar. Pois apesar de Millie ter apenas 16 anos e o Conde apenas 19, ele já ama uma mulher, a sua amiga de infância Isabelle.

Empurrados para um casamento que nenhum deles deseja realmente, decidem não o consumar durante oito anos. Fitz deseja inutilmente o amor que perdeu e Millie não quer perder mais o seu coração por um homem que não a ama.

Após 8 anos de casamento, Isabelle explode novamente nas suas vidas e aproxima-se o fim do pacto de castidade. O que farão Millie e Fitz (dun-dun-duuuun)?

Histórias sobre casamentos arranjados sempre foram das minhas favoritas. Foi por isso que, apesar de não ter gostado muito do outro livro da autora decidi ler este.

No geral, gostei bastante. A narrativa anda para a frente e para trás no tempo, mostrando em capítulos alternados, a evolução do casamento de Millie e Fitz e o que se passa no momento presente. E no momento presente, Isabelle, o antigo amor de Fitz volta a Londres, viúva. O Fitz, como idiota que é, quer reatar o antigo romance.

Quando terminei este livro queria dar-lhe cinco estrelas. Porque foi um daqueles livros que li com gosto, que me fez ficar acordada até mais tarde e que me fez sofrer juntamente com os protagonistas. E, bem, que mais podemos pedir de um livro, certo?

No entanto, horas depois, quando a euforia da leitura já não se sentia tanto, decidi que era mais justo atribuir-lhe apenas 4. Porque, lá está, o livro tem os seus defeitos. Ou melhor defeito. Que é o facto de a Millie perdoar o seu marido insensível tão rapidamente. Eu acho que a autora devia tê-lo feito sofrer mais. Muito mais. Porque o Fitz não só foi continuamente egoísta, declarando as suas intenções em se juntar à sua "amante" o mais depressa possível, como ainda teve a lata de ir queixar-se à mulher de cada vez que alguma coisa não lhe corria de feição com a Isabelle (do género, "ah e tal eu e a Isabelle temos de ir ver uma casa no campo, woe"). Achei que a Millie lhe aturou as manias sem se queixar e não o devia ter feito.

Também não achei grande piada ao enredo secundário com o Lord Hastings e a Helena. Afinal de contas, o terceiro livro da série é dedicado a estes dois personagens e penso que não há nenhuma razão lógica para estarem a roubar "tempo de antena" aos protagonistas deste. Mas enfim.

De resto, gostei. Gostei de ver o desenvolvimento gradual da relação entre o Fitz e a Millie, gostei das personagens (sem contar com a Isabelle, mas penso que isso é propositado) e gostei do ritmo da narrativa. No geral, um livro que se lê bem, que conta com momentos de ternura mas também de drama, com personagens carismáticas que são fortes mas também sensíveis. Recomendado para quem quer ler um romance "fofinho".

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