Opinião: Influx (Daniel Suarez)

Influx by Daniel Suarez
Editora: Penguin Group (2014)
Formato: e-book | 353 páginas
Géneros: Ficção científica, Mistério/Thriller
Descrição (GR): "What if our civilization is more advanced than we know?
Are smart phones really humanity's most significant innovation since the moon landings? Or can something else explain why the bold visions of the 20th century--fusion power, genetic enhancements, artificial intelligence, cures for common disease, extended human life, and a host of other world-changing advances--have remained beyond our grasp? Why has the high-tech future that seemed imminent in the 1960's failed to arrive?
Perhaps it did arrive...but only for a select few.
Particle physicist Jon Grady is ecstatic when his team achieves what they've been working toward for years: a device that can reflect gravity. Their research will revolutionize the field of physics--the crowning achievement of a career. Grady expects widespread acclaim for his entire team. The Nobel. Instead, his lab is locked down by a shadowy organization whose mission is to prevent at all costs the social upheaval sudden technological advances bring. This Bureau of Technology Control uses the advanced technologies they have harvested over the decades to fulfill their mission."
Deixem-me dizer-vos como me deparei com este livro... não, esperem... já não sei. Por qualquer razão, vim parar à página de "Influx" e quando dei por mim tinha o livro no Kobo. Quer dizer, a premissa parecia bastante interessante: uma agência secreta que tem "protegido" a Humanidade das descobertas científicas desenfreadas, que poderiam, eventualmente, causar um colapso económico/social, se reveladas na altura em que foram descobertas. Parece fixe, certo.

Errado, errado, errado!

Se algumas vezes fico a pensar se ler críticas antes de ler o livro não estraga a leitura, outras (como neste caso), fico absolutamente convencida de que é vital. Se eu tivesse lido críticas, não tinha perdido uma semana da minha vida a ler um livro que a) é um thriller (eu eu não morro de amores pelo género); b) está mal escrito e c) tem as personagens mais... genéricas e desinteressantes que se podem imaginar.

Comecemos pelo enredo. Jon Grady, um gajo qualquer, inventa um "espelho de gravidade". Depois de uma explicação pesadíssima sobre o que isso é (só meia dúzia de pessoas é que provavelmente percebem aquela salganhada técnica e científica toda) - o autor nunca deve ter ouvido dizer que convém que todos os leitores percebam o que se passa e não apenas os doutorados em Física Quântica e afins - aparecem uns gajos que raptam o nosso herói (yawn) e o levam para uma prisão high-tech onde se põem a fazer experiências. Ele acaba por escapar e claro, vai lutar contra o sistema.

Entretanto há uma gaja boa, que é totalmente mais perfeita do que a perfeição porque foi geneticamente modificada ou lá o que é. Essa gaja é supostamente inteligente mas parece que o cérebro dela tirou umas férias durante alguns anos, porque não se apercebe que trabalha para uma organização MALÉFICA! :P

E depois há... 365 personagens diferentes, algumas importantes para o enredo e outras nem por isso, mas toda a gente aparece e tem capítulos (às vezes apenas parágrafos). A mudança constante de pontos de vista é confusa, irritante e completamente desnecessária. Porquê introduzir o ponto de vista de uma personagem que vai morrer 50 páginas mais tarde?

Mesmo dentro de um capítulo, o ponto de vista muda ao acaso. Uma frase poderá começar "Grady olhou para cima e viu um avião", mas o parágrafo seguinte já começa com "Alexa sentou-se e respirou fundo". Ou seja, não há coesão narrativa, não temos a perspetiva completa de uma, ou vá, diversas personagens, mas sim pontos de vista aleatórios e fraturados que mudam de parágrafo para parágrafo.

As personagens são... horríveis. Estereotipadas e muito pouco humanas, é quase impossível sentir empatia ou ligação com elas ou mesmo entre elas.

No geral, não foi um livro assim muito bom. A premissa prometia, mas ficou-se mesmo só pela promessa.

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