Opinião: Nove semanas e meia (Elizabeth McNeill)

Nove semanas e meia by Elizabeth McNeill
Editora: Quinta Essência (2014)
Formato: Capa mole | 150 páginas
Géneros: Romance contemporâneo, Lit. erótica
Descrição: "Quebraram todas as regras
Esta é uma história de amor tão pouco frequente, tão apaixonada, tão extrema e tão real que o leitor não pode deixar de seguir, fascinado, o seu desenvolvimento ritual. Duas pessoas cultas, civilizadas e independentes conhecem-se um dia por acaso numa rua de Nova Iorque, um domingo de maio nos anos setenta, e iniciam uma relação que em breve se tornará uma experiência sadomasoquista de rara intensidade. Desde o início, estabelecem espontaneamente entre eles estímulos sexuais que obedecem a um ritual instintivo de dominação e humilhação, ritual que é aceite primeiro com surpresa e depois com prazer genuíno, pela autora desta história chocante. Naturalmente, à medida que a relação progride, o casal embarca em jogos cada vez mais elaborados e sofisticados que, após nove semanas e meia, conduzem a mulher a uma absoluta falta de controlo do seu corpo e mente.
A verdadeira história de submissão sexual que inspirou o filme de culto: uma história perturbadora e fascinante, uma obra-prima da literatura erótica, que irá prendê-lo até à última página."
Sinceramente nem vou dar uma classificação a este livro. Porque não consigo, porque é demasiado perturbador, tão perturbador que ainda agora acabei de o ler e sinto que tenho de o expurgar de alguma forma da minha mente.

Quem nunca ouviu falar do filme Nove Semanas e meia? Bem, suponho que muita gente, mas tendo crescido nos anos 90 ouvi falar dele se bem que nunca o cheguei a ver. No entanto conheço-o como um filme erótico de alguma notoriedade. Por isso, quando vi esta nova edição na livraria e como me sinto algo curiosa com este fenómeno da literatura erótica, decidi comprá-lo e começar por aqui as minhas leituras dentro do género.

Não sei se fiz bem ou se fiz mal. É verdade que não tenho grande repertório relativamente a literatura erótica mas duvido que isto possa ser considerado um livro erótico per se. Oh, sim há sexo. E sexo sadomasoquista definitivamente. Mas creio que o livro se foca mais na componente emocional, uma vez que, tal como a heroína de "Cinquenta Sombras de Grey", também a protagonista deste livro (da qual nunca sabemos o nome) entrou quase que "por acidente" num mundo sobre o qual sabia muito pouco. Eu confesso que também sei muito pouco sobre SM mas sempre pensei que era algo que duas pessoas faziam com um conhecimento antecipado daquilo em que se iam meter, devido a um gosto por esse tipo de práticas sexuais, para além de, claro, terem uma boa dose de confiança um no outro. A protagonista deixa-se arrastar pela excitação e pela liberdade que lhe dá a submissão e acaba, penso eu, por se perder a si própria e a sua identidade. A sua experiência é ao mesmo tempo libertadora e aterradora até que acaba por a destruir.

O protagonista é um Mr. Grey dos anos 70; charmoso, rico, manipulador e acostumado a ter tudo o que quer. Ele vai "treinar" a protagonista para que ela seja aquilo que ele quer, sempre que ele quer. Quando ela quebra ele deita-a fora, descarta-a. Foi uma das coisas mais perturbadoras que já li... O amor enquanto força destrutiva. A autora não tenta disfarçar o carácter do protagonista: ele pode ser charmoso mas é também violento e manipulador e isso vê-se claramente. Não há embelezamentos de personalidade.

Para mim o que se destaca neste livro é a profundidade das mudanças operadas na protagonista. Como ela acaba por se perder, viver apenas para o protagonista (do qual também nunca sabemos o nome), ficar presa naquilo que pensava ser uma espécie de liberdade. Como os jogos sexuais e a submissão acabaram por tomar conta de toda a sua vida, se tornaram uma obsessão.
E como esta liberdade fictícia a arruinou no fim. O sexo podia ser bom, mas tinha consequências. É por isso que todas as fangirls do Mr. Grey deviam ler este livro... Porque é assim que acaba a história. Não em romance mas em terror.

No geral... indescritível.

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