Opinião: A Passagem - vols. I e II (Justin Cronin)

A Passagem by Justin Cronin
Editora: Editorial Presença (2011)
Formato: Capa Mole | 968 páginas (dois volumes)
Géneros: Ficção científica
Descrição (GR): "Publicada em dois volumes, incluídos na coleção «Via Láctea», A Passagem é uma representação de um tenebroso fim da civilização atual. Uma experiência científica a que o exército dos Estados Unidos submete vários homens e uma menina, para os tornar invencíveis, resulta numa catástrofe cujos efeitos têm consequências inimagináveis. Os homens submetidos àquela experiência tornam-se detentores de extraordinários poderes, mas são monstros assassinos sedentos de sangue."
(A versão lida está em inglês, mas apresentam-se os dados da portuguesa)

"A Passagem" de Justin Cronin, é mais um daqueles livros que andam lá por casa há anos (desde 2010, lembro-me bem desta compra porque veio de Londres) e que são sempre deixados para trás quando outros livros, mais apetecíveis e mais recentes aparecem nas estantes. O facto de ser um calhamaço com mais de 700 páginas não ajudou.

Mas há algumas semanas atrás, li a opinião da Célia no Estante de Livros e fiquei imediatamente intrigada. Por isso decidi finalmente pegar nele (apesar de já o ter começado a ler antes, desisti ao fim de algumas páginas, não estava "para aí virada" suponho). E ainda bem que o fiz!

Devido à sinopse, tinha uma ideia errada deste livro. Pensei que pudesse ser mais ou menos como "A Estirpe" de Guillermo del Toro, do qual não desgostei particularmente mas que não é propriamente uma obra prima dentro do género, sendo mais parecido com um filme de acção do que com um livro de terror e de suspense.

Mas "A Passagem" é diferente. Oh, certamente que muitos dos elementos do enredo serão familiares para os amantes do género, como a linha de acção que envolve o exército e as suas experiências ou a sociedade apocalíptica remanescente de "Eu sou a Lenda". Mas penso que o autor conseguiu combinar diferentes linhas de acção e uma caracterização bastante boa das personagens com sucesso neste livro.

A Passagem tem várias partes distintas. Na primeira, o autor desenvolve o seu mundo e descreve os acontecimentos que levam à destruição da civilização humana como a conhecemos. Cronin gasta bastantes páginas construir o seu mundo e a explicar os acontecimentos. Apresenta-nos os pontos de vista de várias personagens aparentemente sem qualquer relação umas com as outras, mas que irão, no final, contribuir para o desastre. 

Num futuro próximo (pelo menos 2014, talvez mais tarde), um cientista descobre um vírus na selva que pode ser um meio de atingir a imortalidade. O exército americano fica extremamente contente, claro, e cria imediatamente um programa secreto para estudar o vírus e os seus efeitos no corpo humano. Entre as cobaias encontra-se Amy, uma jovem de seis anos, órfã. Os problemas começam quando as cobaias conseguem fugir das instalações de alta segurança... e despoletam o Apocalipse.    

Seguimos então várias personagens nesta primeira parte: Jonah, o cientista que descobriu o vírus, a mãe de Amy que a abandona num convento, os agentes do FBI cuja missão é transferir prisioneiros no corredor da morte para as instalações científicas onde se estuda o vírus. A maioria destas personagens são surpreendentemente humanas. As suas razões para fazerem o que fazem são variadas e erradas mas não são maliciosas. "A Passagem" caracteriza-se pois por um desenvolvimento cuidado dos seus protagonistas, pelo menos nesta primeira parte. Gostei do facto de as personagens terem profundidade e não serem apenas vilões que querem poder sobre o mundo. Até os "vampiros" têm motivações para o que fazem.
A partir da segunda parte, começa uma história diferente. A civilização humana ruiu após a fuga das cobaias. Cerca de 100 anos mais tarde, os Estados Unidos são uma terra desolada onde a maioria da população morreu, uma pequena percentagem foi "transformada" em "virais" (como lhes chamam as personagens) e o resto vive em abrigos construídos à pressa pelo exército na altura da tragédia. 

Uma dessas colónias conta com cerca de 100 indivíduos, descendentes dos refugiados e protegidos apenas por luzes dispostas em volta da sua aldeia murada (os virais são sensíveis à luz). Peter é um deles. A sua vida muda quando conhece a jovem Amy que, incrivelmente, parece ter sobrevivido numa terra inclemente e cheia de vampiros sem quaisquer problemas. Sendo os seres humanos como são, a aldeia está prestes a entrar em ruptura e Peter e um pequeno grupo de amigos decide explorar os territórios para além do seu refúgio... porque talvez ainda haja esperança. E talvez ainda haja mais alguém lá fora.

A segunda parte do livro segue então uma estrutura mais parecida com a de um livro fantástico (demanda, etc). Um grupo de amigos inicia uma viagem pelos territórios infestados de virais, seguindo um sinal de rádio com 100 anos. Eles vão tentar descobrir o que realmente se passou. 

Encontram outros sobreviventes pelo caminho, uns dispostos a ajudar, outros não. Esta segunda parte foi interessante porque o leitor pode ver como é que estes personagens descobrem o que se passou (algo que o leitor já sabe). No entanto, houve demasiados momentos em que muito pouco se passava e as personagens são demasiado refletivas considerando que vivem num mundo extremamente perigoso. Achei também que alguns dos pontos de vista (aqui mais uma vez, temos vários pontos de vista) apresentados eram dispensáveis e não deram mais complexidade ou riqueza à história. No entanto, gostei novamente da construção do mundo, que mostra como é que os seres humanos sobrevivem nesta nova realidade.

No fundo, este livro não traz muito de novo ao género, mas a execução é tão interessante que queremos sempre ler mais, saber mais. No geral, gostei da leitura apesar das influências de livros como "Eu sou a Lenda" serem bastante óbvias. Não é um livro de leitura compulsiva porque as personagens refletem e analisam muito e há alguns momentos em que muito pouco acontece mas penso que vale a pena ler "A Passagem".

Aquisições da semana (34)

Já devia ter publicado as aquisições da semana, mas... epá não me apeteceu. Eheh. Até já li uma das minhas aquisições, a minha opinião pode ser lida no post anterior. Enfim, aqui vão.

Wool - Hugh Howey 
Fated - Benedict Jacka 
Written in Red - Anne Bishop

Baseado na rubrica In my Mailbox.

Opinião: The Perks of being a Wallflower (Stephen Chbosky)

Editora: Pocket Books (2009)
Formato: Capa Mole | 231 páginas
Géneros: Literatura juvenil
Descrição (GR): "Charlie is a freshman. And while he's not the biggest geek in the school, he is by no means popular. Shy, introspective, intelligent beyond his years yet socially awkward, he is a wallflower, caught between trying to live his life and trying to run from it. Charlie is attempting to navigate his way through uncharted territory: the world of first dates and mixed tapes, family dramas and new friends; the world of sex, drugs, and The Rocky Horror Picture Show, when all one requires is that perfect song on that perfect drive to feel infinite. But Charlie can't stay on the sideline forever. Standing on the fringes of life offers a unique perspective. But there comes a time to see what it looks like from the dance floor.
The Perks of Being a Wallflower is a deeply affecting coming-of-age story that will spirit you back to those wild and poignant roller-coaster days known as growing up."
"The Perks of being a Wallflower" (e aqui refiro a tradução brasileira do título, que acho excelente - "As vantagens de ser invisível") é um mais um livro sobre a vida adolescente, o que se costuma chamar uma "coming of age story". Nunca tinha ouvido falar no livro até ter visto as notícias sobre o filme, que conta com a presença de Emma Watson. Curiosa, decidi ir espreitar a página do Goodreads... e qual não foi o meu espanto quando constatei que o livro era até bastante popular!

Isto surpreendeu-me, porque pela premissa, parece-me uma história bastante vulgar, das que existem aos montes no mercado YA hoje em dia. Mas uma vez que o autor escreveu o livro para aí em 1999, talvez não fosse um género tão desenvolvido nessa altura... enfim.

Charlie é um jovem acanhado e estranho. A complexidade da sua mente e dos seus pensamentos é apenas suplantada pelo seu comportamento taciturno e simplista. Não é um rapaz popular e não entende realmente o que é ser adolescente... até que conhece Patrick e Sam.

E como disse, "The Perks of being a Wallflower" é sobretudo uma história de desenvolvimento, do desabrochar da mente e da sociabilidade. O Charlie vai-se tornando mais sociável e mais interessado no mundo que o rodeia à medida que convive com os seus amigos. Comete erros, torna-se confidente de alguns dos membros do seu grupo e basicamente vai transformar-se de observador em participante.

Gostei da prosa do autor. É simples, clara e sem floreados. Adapta-se bem a Charlie, uma personagem analítica e muito inteligente, mas algo anti-social  As subtis mudanças na própria escrita (o livro está escrito de forma epistolar)  demonstram as mudanças no próprio personagem. E claro, sendo uma adolescente dos anos 90 (ligeiramente mais nova do que o Charlie, que tem 15 anos em 1991) adorei as referências a esta década. Gostei também do facto de este livro mostrar a realidade da adolescência de forma crua e realista.

Por outro lado... talvez a realidade destes adolescentes seja demasiado crua. Tudo parece acontecer a estes adolescentes, passam por todos os traumas, por todas as tragédias que um ser humano (adolescente ou adulto) pode passar. É demasiado trauma enfiado num só livro. Por estranho que possa parecer, o livro é demasiado intenso. Lida com demasiados temas problemáticos. É... demasiado. Se é que faz sentido.

No geral, um livro definitivamente diferente. É cru, faz pensar e não poupa os leitores às realidades mais desagradáveis da vida. Mas creio que o autor fez passar o seu limitado "cast" de personagens por demasiados problemas. No fundo isso fez-me alguma impressão. Alguns dos temas deixaram-me incomodada (o que suponho, era o objetivo e que isso significa que o autor o atingiu), o que fez com que não soubesse muito bem se gostei muito ou só mais ou menos do livro. É por isso que não ofereço classificação para este.

Review: Biting Cold (Chloe Neill)

Biting Cold: A Chicagoland Vampires Novel by Chloe Neill
Publisher: Gollancz (2012)
Format: Paperback | 337 pages
Genre(s): Urban Fantasy, Paranormal Romance
Description (GR): "Turned into a vampire against her will, twenty-eight-year-old Merit found her way into the dark circle of Chicago’s vampire underground, where she learned there was more to supernaturals than met the eye—and more supernaturals than the public ever imagined.
And not all the secrets she learned were for sharing—among humans or inhumans.
Now Merit is on the hunt, charging across the stark American Midwest, tailing a rogue supernatural intent on stealing an ancient artifact that could unleash catastrophic evil on the world. But Merit is also the prey. An enemy of Chicagoland is hunting her, and he’ll stop at nothing to get the book for himself. No mercy allowed. 
No rules apply. No lives spared. The race is on."
WARNING: some spoilers for earlier books.

So, what went wrong? I was liking the series well enough (although Neill's plots are pretty easy to figure out. I figured out who was the villain in all the books. The world building is also nothing to write home about, but I like the fact that these books are light and somewhat funny.

This latest book... was not so good in my opinion. Why? The biggest reason is Ethan. He's back and he's having exactly the same attitude towards Merit he had before (avoidance, let's break up because of... reasons and all that crap). It's the same situation again and I kind of got tired. It does help that I never understood the chemistry between Merit and Ethan. It also helps that Ethan never fully developed into something more than a stereotype.

So Ethan... go away. You're annoying (I doubt that will happen but oh well).

This series isn't exactly characterized by inventive plots and deep mysteries. Every single time I knew who the villain was quite early. Person behind the drugs in book 4? Yeah, figured it out. Person behind the black magic in book 5? Very easy, knew it. Seth Tate's identity? Since he was revealed to be a supernatural I had a suspicion about which type he would be. I kid you not. I'm being totally honest here.

So why, you ask, did I keep reading? Because Neill seemed willing to take some risks with her characters. I mean what happened in book 3 and book 4. Sadly, she always fixes these "dramatic events". And that really annoyed me and made me dislike this book. The events in books 4 and 5 would have been great ways for Merit to grow as a character... but she doesn't because these huge, traumatic events are... fixed and everything is alright and back to normal in the end.

Overall, this book was pretty boring. The world building is rather cliche and not very detailed, the mystery was too simplistic and the romance felt flat (as it has felt since the beginning). I lost interest in reading the rest of the series, at least for now.

Monthly Keyword Challenge 2013 - fevereiro


Já devia ter publicado isto mais cedo, mas tem-me faltado vontade. Enfim, resumindo, o Monthly Keyword Challenge de fevereiro foi um fracasso total. Não consegui ler nenhum livro que se inserisse numa das palavras-chave da lista. A ver se março corre melhor.


Para março tenho, para além do Monthly Keyword Challenge, uma leitura conjunta do livro Em Parte Incerta (Gone Girl), juntamente com a Whitelady e a Diana. Por isso, se se concretizar, poderão ver mais um post como aqueles das leituras conjuntas do ano passado. :) Ou não, logo se vê.

Aquisições da semana (33)

Trabalho, Internet lenta, preguicite aguda... tudo é um entrave e o pobre do blogue é que sofre. Enfim. Aqui vão mais algumas aquisições. Os primeiros três livros são de uma série que ando a ler e da qual estou a gostar bastante, nem sei bem porquê. Dos outros dois, ouvi falar bem, apesar de estar um bocado de pé atrás com o "Easy". Vamos ver.

Drink Deep - Chloe Neill 
Biting Cold - Chloe Neill 
House Rules - Chloe Neill
Easy - Tammara Webber
Aristotle and Dante discover the Secrets of the Universe - Benjamin Alire-Saenz

EDIT: como é que me esqueci disto! Mais uma aquisição!
Tomb Raider (2013)


Baseado na rubrica In my Mailbox.