Anjo Caído de Lauren Kate
Editora: Planeta (2010)
Formato: Capa Mole | 328 páginas
Géneros: Lit. Juvenil, Romance Paranormal
Sinopse (Planeta Editora): "E se a pessoa que lhe estava destinada Nunca pudesse ser sua? Existe qualquer coisa de dolorosamente familiar em Daniel Grigori. Misterioso e distante, prende a atenção de Luce Price logo que o vê no primeiro dia de aulas no internato Sword & Cross, em Savannah. É a única coisa boa num lugar onde os telemóveis são proibidos, os outros estudantes são tramados e as câmaras de segurança vigiam todos os movimentos. Excepto uma coisa: Daniel não quer ter nada a ver com Luce e faz o possível para tornar isso muito claro. Mas ela não consegue desistir. Atraída para ele como uma borboleta para uma chama, Luce tem de descobrir o que Daniel, desesperado, tenta manter em segredo... mesmo que a mate. Perigoso, excitante e sombriamente romântico, esta é uma apaixonante e perfeita história de amor."
Aviso: Contém alguns SPOILERS
(A edição lida está no inglês original, mas os dados bibliográficos apresentados são da versão portuguesa para tornar mais fácil a identificação da obra)
"Anjo Caído", da autoria da norte-americana Lauren Kate, é mais uma adição ao crescente número de obras de fantasia urbana direccionadas para um público mais jovem publicadas em Portugal. É também, infelizmente, mais um exemplo do "amor Crepúsculo" (ver esta opinião para mais informações), ou seja é a história de um romance adolescente contada de forma exagerada, irrealista e melodramática. A protagonista apaixona-se violentamente à primeira vista e persegue o objecto da sua afeição com todo o fervor... pensamento racional (que raparigas de 17 anos já deviam ter, em alguma quantidade) não entra sequer na equação.
Este livro é, na minha opinião, bastante fraco, em termos de conteúdo e desenvolvimento de personagens. Apesar de ter mais de 400 páginas (pelo menos a edição que li tinha - a portuguesa parece ter muito menos), muito pouco acontece. Mais de metade do livro é reservado a descrições da vida de "Luce" (diminutivo de Lucinda) na sua nova escola, que é um reformatório para adolescentes perturbados e/ou criminosos. Lucinda sente-se perdida e fora de contexto, e compreendo que a autora quisesse explorar um pouco os sentimentos da sua personagem, mas sinceramente, era mesmo necessário gastar tantas páginas no assunto?
As interacções com o protagonista (Daniel) são muito poucas e quase sempre bastante incoerentes: ele é malcriado ou distante e ela sente-se rejeitada e triste mas teima em persegui-lo porque... o quê, tem pouca auto-estima e ele é "um borracho"?; é masoquista?; o crime que a lançou para a escola foi "perseguição"?... não, não é nada disso. Ela anda atrás dele porque sente que eles têm uma "ligação". Enfim, tal como eu disse, pensamento racional é algo que não se vê muito neste livro.
E esta é basicamente a história da maioria do livro. A heroína age de forma irritante, há algumas "pistas" (bastante óbvias, pelo menos para mim foram) de que nem tudo é o que parece, mas basicamente o enredo reduz-se a isto: Lucinda vê Daniel (com quem ela quase nunca falou e quando falou ele foi mauzinho); Lucinda sente que quer estar com ele; Lucinda fica miserável porque não pode estar com o homem dos seus sonhos.
A autora podia ter feito muito mais com o enredo, até porque como disse anteriormente, há indícios de que nem tudo (e todos) são o que parecem: Lucinda vê sombras que mais ninguém vê e que parecem persegui-la, tem sonhos vívidos com Daniel e algumas das personagens têm conversas e atitudes estranhas. Para já não falar nos incêndios que parecem deflagrar em volta de Lucinda sem qualquer causa aparente, causando vítimas inocentes. Qualquer protagonista que se preze teria curiosidade e investigaria; mas como "Luce" não tem um grama de personalidade e é tão uni-dimensional e interessante como uma folha de papel ela não faz nada disso... passa todo o seu tempo a martirizar-se por causa de um rapaz que nem conhece.
Quanto a Daniel, a sua personagem é também bastante estereotipada. Tal como Edward Cullen (e outros protagonistas do género), ele manda sinais cruzados à nossa heroína fazendo com que ela se sinta confusa e é todo misterioso, possessivo e acha que "Luce" não consegue pôr um pé à frente do outro sem se magoar (logo ele tem de protegê-la e tudo o mais). Ou seja, um macho alfa perfeito (e sim, também a observa quando ela está a dormir, mas só uma vez).
Quanto ao mundo onde a acção se desenvolve, bem... sabemos muito pouco dele. Tal como o título sugere, anjos estão envolvidos, mas a história que David conta a Lucinda quando finalmente lhe diz a verdade é tão vaga, que muitas coisas ficam por explicar. Suponho que teremos de ler os outros livros se quisermos o resto da informação.
No geral, mais um livro bastante fracote, quer ao nível da história que se arrasta e arrasta durante páginas para desembocar num final incompleto e insatisfatório, quer das personagens que estão bastante mal desenvolvidas (especialmente Luce, que não tem qualquer tipo de personalidade). Se já leram "Hush, Hush" e "Eternidade" não vão encontrar nada de novo neste livro. "Same old, same old". Não recomendado.
Comentários
E faço minhas as palavras da Célia. :D
(curioso, ainda há pouco referia o mesmo em relação ao livro cuja opinião publiquei hoje)
Célia: Eu, por acaso, concordo plenamente com a tua opinião de "Feitiços de Amor". Li o livro o ano passado e também não achei nada de especial...
Mas também devo confessar que perdi-me mais pela capa do que pelo conteúdo.
De qualquer das formas é sempre interessante ver uma opinião diferente, para também ver o outro lado da história por assim dizer...
Ainda bem que nem toda a gente gosta do mesmo, senão o mundo seria um lugar muito aborrecido... :D Ainda bem que gostaste do livro e não apenas da capa.
Realmente foi quase como ler uma opinião do Hush, Hush. *.* Oh my...
Obrigada pela excelente opinião – sincera, construtiva e inegavelmente realista. Gostei muito. :)
Parabéns pelo Blog!
Cumps!
Alu
Achei bem interessante isso e pensei como devem ter sido feitas as 2 versões das traduções