It's Monday! What are you reading?

É Segunda! O que estão a ler? Bem, eu depois de ter acabado a excelente trilogia Mistborn do Brandon Sanderson, virei-me para a fantasia urbana (na verdade nem sabia bem o que havia de ler). Ouvi dizer muito bem desta série, mas depois de 40 e tal páginas lidas ainda não estou impressionada... pode ser que melhore. :)


Na semana passada não escrevi opiniões, mas tivemos o Balanço anual e mais algumas aquisições.


Rubrica da autoria de Book Journey.

Aquisições da Semana (41)

Estava a gostar tanto da trilogia "Mistborn" que decidi encomendar mais livros do Sanderson (bem, as sinopses são tão prometedoras...). E assim "nasce" mais um Aquisições da Semana (se bem que o Steelheart já não é desta semana... os outros livros é que são. Mas se há um tema, então há um tema. E o tema é o Brandon Sanderson). :P

The Risen Empire - Scott Westerfeld
World After - Susan Ee
The Way of Kings (part 1) - Brandon Sanderson
The Alloy of Law - Brandon Sanderson
Warbreaker - Brandon Sanderson
Steelheart - Brandon Sanderson

Baseado na rubrica In my Mailbox.

Balanço de 2013

Chegou a altura de fazer o meu balanço das leituras de 2013... o ano está quase a terminar e como o livro que estou a ler agora é gigante e cenas...

Primeiro tenho de referir o meu fracasso total em seguir o Monthly Keyword Challenge. Comecei muito bem, com dois livros em janeiro, mas a partir de fevereiro foi a desgraça total. Confirmei que realmente não tenho jeito para planear leituras, sou mais do género de olhar para a prateleira e tirar um livro com uma capa gira ou andar a pensar de repente num livro e decidir que tenho mesmo de lê-lo a seguir. Por outro lado, consegui ler um livro para o Adult Dystopia Challenge.

Este ano li sensivelmente os mesmos livros do que no ano passado, mas alguns foram bem grandinhos. O que me surpreendeu foi o facto de ter lido tantos livros interessantes, dos quais gostei realmente e que são, no fundo, memoráveis para quem lê mais de 100 livros por ano.

Sem mais demoras, os livros que me surpreenderam pela positiva (sem qualquer ordem particular):

Infelizmente, onde há bom também há mau e, apesar de este ano ter sido particularmente bom alguns livros destacaram-se... pela negativa. Aqui estão, na ordem de "são todos parvos":
  • All Night with a Rogue de Alexandra Hawkins (já não bastava a perseguição a raparigas na literatura juvenil por vampiros, anjos e lobisomens, agora passou também para o romance histórico - por nobres idiotas?)
  • Storm Born de Richelle Mead (Blah, blah vamos todos violar a gaja para ver se ela tem um filho profetizado. O que aconteceu a "vamos convidá-la para sair e tentar agradá-la"?)
  • Morte em Pemberley de PJ James (também conhecido por: Os Body Snatchers invadiram o Orgulho e Preconceito porque aqueles não são o Darcy nem a Elizabeth. E onde está o mistério neste livro de mistério??)
E... é tudo. :) Slayra out!

Feliz Natal!

... Para todos os leitores do blogue e, claro, muitos livros no sapatinho! :)


It's Monday! What are you Reading?

Mais uma nova rubrica para avivar o blogue... vou tentar postar todas as Segundas-feiras (sempre quero ver como me saio com isso). Esta rubrica é da autoria da autora do blogue Book Journey e o objetivo é, claro, dizer o que estamos a ler no momento e penso que, fazer um ponto da situação da semana anterior.

Por isso... eis o que estou a ler de momento (o terceiro livro da trilogia Mistborn):

The Hero of Ages - Brandon Sanderson

Ahem... na semana passada não escrevi grande coisa porque, enfim, os livros do Brandon Sanderson são grandes e passei a semana a ler o segundo... mas ainda publiquei uma opinião, a do primeiro livro da trilogia. E as minhas aquisições de Natal:

Rubrica da autoria de Book Journey.

Aquisições da Semana (40)

E este... é o presente da Wells, meu para mim... xD Ah ah.
Pois é, cá temos mais um Aquisições da Semana... desta vez, com as compras de Natal que fiz para me oferecer a mim própria. Apesar de não gostar particularmente desta moda da Saída de Emergência de dividir os livros em dois, achei que valia a pena ter o "Tigana" em português. Quanto ao outro livro... bem, romance histórico e tal. :)


Provocadora - Madeline Hunter
Tigana - Guy Gavriel Kay

Baseado na rubrica In My Mailbox.

Opinião: Mistborn (Brandon Sanderson)

Mistborn: The Final Empire by Brandon Sanderson
Editora: Tor Books (2007)
Formato: Capa mole | 647 páginas
Género: Fantasia, Distopia
Descrição (GR): "Once, a hero arose to save the world. A young man with a mysterious heritage courageously challenged the darkness that strangled the land.
He failed.
For a thousand years since, the world has been a wasteland of ash and mist ruled by the immortal emperor known as the Lord Ruler. Every revolt has failed miserably.
Yet somehow, hope survives. Hope that dares to dream of ending the empire and even the Lord Ruler himself. A new kind of uprising is being planned, one built around the ultimate caper, one that depends on the cunning of a brilliant criminal mastermind and the determination of an unlikely heroine, a street urchin who must learn to master Allomancy, the power of a Mistborn."
AVISO: Alguns SPOILERS!
Não sei se isto vos acontece, mas para mim sempre foi mais fácil dizer mal de um livro do que dizer bem. Ou talvez, pondo as coisas em termos mais "agradáveis", sempre me foi mais fácil criticar do que elogiar. Não sei se isto é um problema geral da humanidade ou se eu simplesmente sou mazinha e chata, mas é verdade. Na verdade, penso que se prenderá com o facto de que, quando lemos um livro de que não gostamos, temos (ou eu tenho) tendência a ficar um pouco "presos" nos aspetos que não nos agradaram enquanto que quando lemos um livro de que gostamos... nos limitamos a gostar.

Toda esta conversa para dizer que a minha opinião geral de Mistborn é... OMG, que fixe! Basicamente. E que me é bastante difícil escrever algo concreto e minimamente (não nos esqueçamos que se trata de uma opinião) objetivo. Por isso, fiquem com isto para começar: gostam de fantasia? Leiam este livro.

Creio que, se tenho de apontar alguma falha (subjetivamente, pois suponho que deva ter falhas a nível 'técnico'... todos os livros têm, penso eu), diria que o começo algo lento será o maior problema deste primeiro livro da trilogia "Mistborn". De facto as primeiras, oh, 150 páginas arrastam-se e são algo aborrecidas. No entanto, o ritmo não tarda a acelerar (quando os protagonistas se encontram) e o livro torna-se muito mais interessante.

Devo dizer também que o final do livro foi um bocado anticlimático. O autor passou o livro todo a acumular tensão e depois o desfecho... soube a pouco. Ligeiramente.

De resto, "Mistborn" é certamente um dos meus livros preferidos de 2013. Tem ação, intriga, um mundo bem desenvolvido e imaginativo, personagens carismáticas e interessantes e até algum romance. A narrativa é empolgante e desenvolve-se a bom ritmo. As personagens crescem diante dos olhos do leitor.

O livro tem lugar num mundo fantástico onde um tirano imortal escraviza todo um povo. O mundo de Mistborn é um mundo quase estéril, onde plantar algo requer muito esforço e onde apenas alguns colhem os benefícios. Os "Skaa" (o equivalente aos camponeses/trabalhadores na Europa Feudal) trabalham quase vinte e quatro horas por dia, não são pagos (apenas em géneros... e mesmo assim mal) e ainda levam tareias se abrandarem o ritmo de trabalho. Do outro lado do espetro temos a nobreza, os exploradores de toda a terra e comércio. São os ricos, a classe privilegiada e quem fica com os frutos do trabalho dos Skaa.

Apesar desta disposição não ser propriamente original num livro de fantasia, gostei da forma como Sanderson a desenvolveu. O autor pega em diversas ideias e fundamentos com raiz histórica para explicar o seu sistema social. Os Skaa são vistos como inferiores (aos nobres) e quase como animais (tanto que matar um Skaa não é crime), o que me lembrou do racismo científico, uma doutrina que surgiu no século XVIII e que visava explicar porque é que os Europeus (brancos) eram superiores a outras raças. O mundo de Sanderson parece ter uma ideologia semelhante, que explica muitas das atrocidades cometidas contra grande parte da população.

Existe também a ideia de que se deve manter a "pureza do sangue", prevalecente durante tanto tempo entre as casas reais Europeias. No caso da "Dominância Central" e do "Último Império" (a designação do império comandado pelo Lord Ruler), isto prende-se com os poderes da Alomância (Allomancy em inglês... se o autor inventa, eu também invento) - um poder mágico que advém da "queima interior" (e figurada) de metais - que é, aparentemente hereditário.

E é aqui que entra uma das personagens principais, Vin a ladra. Vin é uma "Mistborn", uma 'maga' que pode utilizar todos os metais da Alomância para conseguir poderes. O seu pai é um nobre, mas não tem conhecimento dela porque os nobres têm de matar todas as mulheres Skaa com quem têm relações, para impedir que nasçam Skaa com poderes mágicos. É o envolvimento de Vin com a rebelião Skaa e com o enigmático Kelsier que é o centro deste primeiro livro. Mas já lá iremos.

Não posso deixar passar também toda a mitologia referente ao Lord Ruler, o imperador imortal. Na superfície ele é apenas um vilão que oprime o povo e os controla a todos mediante os Inquisidores, umas criaturas com estacas de metal enfiadas nos olhos (I kid you not). Mas, à medida que vamos lendo, vamos descobrindo que o Lord Ruler tem efetivamente um papel importante no mundo criado por Sanderson.

Está então construída a fundação de "Mistborn". A mitologia e desenvolvimento do mundo foram o que mais gostei neste livro. Claro que o enredo é interessante (ler sobre pessoas que enfrentam inimigos muito mais poderosos é sempre), mas gostei do facto de este livro ser... mais do que isso. Mais do que essa luta. É como o Shrek ou as cebolas... tem camadas.

Gostei da maioria das personagens. A Vin é uma personagem intrigante, com as suas inseguranças, que a tornam tão humana. Kelsier foi uma personagem que me irritou e me fez gostar dele à vez; não gostei particularmente da forma como manipulava as pessoas à sua volta, mas não posso negar que é uma personagem carismática. A única personagem que não achei nada de especial foi o Elend Venture.

No geral, um livro que recomendo vivamente a todos os amantes de fantasia. Correndo o risco de me repetir (mas vou mesmo, eh eh), "Mistborn" tem um pouco de tudo: ação, intriga, um mundo bem desenvolvido e imaginativo, personagens carismáticas e interessantes e até algum romance. É uma obra que se lê num ápice; assim que "entramos" na narrativa é quase impossível parar.

Conta para o:

Opinião: Pretty Guardian Sailor Moon, vols. 4-7 (Naoko Takeuchi)

Editora: Kodansha Comics (2012)
Formato: Capa mole | ? páginas
Género: Fantasia, Romance,  Lit. Juvenil/YA
Descrição (vol. 4): "A new group calling themselves Black Moon is after Usagi and the rest of the Sailor Guardians, wielding a new power known only as the Malefic Black Crystal. Chibi-Usa may be the key to it all, but to find the answers and rescue her kidnapped friends, Usagi will have to journey through time to the 30th century and discover what fate has in store. 
This new edition of Sailor Moon features: 
- An entirely new, incredibly accurate translation 
- Japanese-style, right-to-left reading 
- New cover art never before seen in the U.S. 
- The original Japanese character names 
- Detailed translation notes"
AVISO: SPOILERS para o anime e manga (pequenos)

No 4º volume de Pretty Guardian Sailor Moon continuamos a seguir a luta das Navegantes contra os misteriosos inimigos da Lua Negra. 

Tal como no anime, as Navegantes têm de enfrentar as quatro irmãs "da Caça" e o Ruby. Têm de proteger a Chibi-Usa do inimigo e tentar perceber qual o objetivo do mesmo.

Devo dizer que não gostei tanto do 4º volume como dos anteriores. Apesar de a história avançar consideravelmente (tudo se passa muito mais depressa do que no anime), penso que a falta de quase todas as Navegantes durante a maior parte do livro fez com que o apreciasse menos. A Usagi (Bunny) é um pouco irritante neste volume também. 

No 5º volume, as Navegantes (ou melhor, a Navegante da Lua) derrotam finalmente a Lua Negra e o seu vilão-mor, o Wiseman. O que achei interessante nesta história, foi a sensação de ter conseguido pormenores novos sobre a história. O porquê da Lua Negra (ou Nemesis) atacar o Cristal Tóquio é bastante mais lógico no manga; mais bem explicado. As origens do poder da Lua Negra são também mais evidentes. Gostei sobretudo de como as personagens (boas) não são completamente, 100% boazinhas... a Usagi tem ciúmes parvos e a Chibi-usa sente-se posta de parte e inútil e é por isso que se torna a Black Lady. No entanto, acho que a autora explorou a vertente emocional do enredo apenas de forma muito superficial; talvez seja porque acontece tudo "à velocidade da luz", mas teria gostado de saber mais sobre as motivações das personagens. Enfim. 

Outro aspecto de que gostei foi a "continuidade", relativamente à história anterior. As histórias no manga não são "estanques", as Navegantes recebem poderes e vão crescendo com o acumular de experiências. E claro, adorei o papel da Navegante de Plutão.

Os volumes 6 e 7, detalham a história da minha temporada favorita da Sailor Moon (no anime)... a temporada dos Death Busters. Mais uma vez, achei que os painéis estavam muito cheios e algo confusos, como se a autora tivesse espaço limitado para contar a história (e se calhar é verdade).

As Navegantes derrotaram a Lua Negra, mas um novo perigo aproxima-se. Luna e Artemis descobrem uma estranha fonte de energia em Tóquio, concentrada na Academia Mugen e estranhos monstros atacam os cidadãos da cidade. Ao mesmo tempo, novas guardiãs aparecem, mas estas misteriosas guerreiras não parecem querer nada com as Navegantes.

Apesar da temporada dos Death Busters ser muito diferente no anime e no manga, gosto igualmente das duas. O anime dura mais, claro, mas mesmo assim tive a sensação de que apreendi nuances da história, do "background" que não estão explicadas no anime. Por exemplo, no anime os Death Busters são apenas uns vilões que querem dominar a Terra e são cientistas. No manga, é-nos explicado porque é que eles querem dominar a Terra (para além do facto de serem maus e vilões e tudo o mais) e porque é que são cientistas (qual é o objetivo das experiências).

Também nesta temporada entramos na mente das personagens principais. As Navegantes sentem-se ameaçadas e fazem algumas coisas pouco recomendadas, as Navegantes da parte "Exterior" do sistema solar mostram como se sentiam com a sua missão (e aqui mostram alguma irritação com o seu papel e a sua missão; não são 100% dóceis e devotadas) antes de "renascerem" como humanas. E confesso que foi giro ver o Mascarado com ciúmes...

A temporada ou "arc" dos Death Busters só acaba no próximo volume, mas creio que tem tudo para se tornar, novamente, na minha favorita.

No geral, creio que o anime e o manga se complementam. O anime dá-nos ação e o manga dá-nos uma visão das lutas interiores das personagens e algumas informações que estão em falta no anime (como as motivações dos vilões). Recomendado para quem gosta de shojo e a não perder para fãs das Navegantes da Lua.

Outras opiniões: Pretty Guardian Sailor Moon, vol. 3
Fonte das imagens: The Oracle

Opinião: A Estação dos Ossos (Samantha Shannon)

A Estação dos Ossos by Samantha Shannon
Editora: Casa das Letras (2013)
Formato: Capa mole | 496 páginas
Género: Distopia, Romance paranormal, Lit. Juvenil/YA
Sinopse.

AVISO: Alguns SPOILERS!
(Li esta obra no inglês original, mas apresentam-se os dados da portuguesa).

Muitas das opiniões do Goodreads, descrevem este livro como um dos mais antecipados do ano, possivelmente devido à gigante campanha de publicidade que se construiu em volta de "A Estação dos Ossos".

Sinceramente, nunca tinha ouvido falar deste livro antes de ver para aí na net algures que o iam publicar aqui em Portugal. Só depois é que percebi que era uma espécie de "fenómeno" e foi por isso decidi ver porque é que toda a gente andava a falar do livro.

A capa da edição portuguesa contém uma citação da autoria da Forbes/N.Y. Times que diz o seguinte "Será Samantha Shannon a próxima J.K. Rowling?".

A minha resposta a esta pergunta é um peremptório Não. Porquê? Porque a J.K. Rowling é uma mestra do world building (construção do mundo). Desde o primeiro livro que ela nos dá informações necessárias para compreendermos o que se passa com o Harry e com o mundo dos feiticeiros. Recebemos esta informação em "doses", de livro para livro, ao mesmo tempo que o Harry até que no final temos uma "imagem" completa e intrincada de todo o panorama: do sistema de magia, das criaturas mágicas, da relação entre os feiticeiros e os "muggles" e muito mais.

Em "A Estação dos Ossos", isso não acontece. A autora "atira-nos" para um mundo estranho, apesar de ser num futuro próximo. Temos a heroína que trabalha num "bar de oxigénio" (apenas como fachada), mas nunca nos é explicado o que é um "bar de oxigénio". É-nos dito que o Scion, o corpo político tirânico que governa muitas cidades da Europa se começou a afirmar no século XIX, devido à "descoberta" de uma nova "classe" de humanos, os "clarividentes", que têm o poder de entrar e/ou manipular o "aether". Aparentemente os clarividentes são considerados um perigo e caçados e encarcerados.

A origem dos clarividentes é-nos explicada de forma sumária e confusa: aparentemente o rei inglês Eduardo VII foi não só o primeiro clarividente mas também Jack o Estripador (porque matou uma data de gente para conseguir o poder ou algo do género). Sinceramente, não percebi esta história e fiquei com imensas dúvidas... isto significa que no mundo da autora a clarividência não existia como conceito cultural e religioso nas sociedades humanas antes do século XIX? Todas as artes relacionadas como o tarot e as runas, etc, não existiam? Ou existiam mas ninguém lhes prestava atenção? Não sabemos.

Ao mesmo tempo, as implicações religiosas deste fenómeno não são referidas de todo. Ao princípio é-nos dito que as pessoas têm "anjos da guarda" e fiquei a pensar que a autora ia fornecer uma explicação... mas não. Afinal os "anjos" são espíritos e nunca nos é dito como é que a existência do "aether", a substância onde, segundo a realidade expressa no livro os espíritos vão para "morrer" mudou a visão da sociedade sobre Deus e a religião. Continua a existir religião? É por pôr em causa a religião que as pessoas ditas "normais" têm tanto receio dos clarividentes? Não sabemos.

A nossa heroína, Paige Mahoney é uma clarividente que trabalha para o "sindicato", uma organização criminosa cujos objetivos, funções e razão de existência estão, mais uma vez, bastante mal explicados. Não consegui perceber muito bem se o sindicato existe para roubar as pessoas "normais", ou se existe para proteger os clarividentes.

Claro que Paige é uma clarividente rara e fora do vulgar que pode invadir os sonhos das outras pessoas. O que ela faz para o seu "mestre", o Jaxon Hall é algo obscuro... Aparentemente ela entra nos "sonhos" das pessoas para ver o que elas estão a pensar... No fundo para ver se existe algum perigo? Penso eu...

Os clarividentes têm de ter muito cuidado com a polícia de Scion (ou SciLo - Londres), que os prenderá na Torre (de Londres?) se os apanhar.

Um dia, Paige é apanhada e levada para Oxford, que por razões obscuras (e mal explicadas), está interdita devido a radiação (mas porquê, ninguém sabe). Acontece que Oxford é na verdade o lar de umas criaturas estranhas, os Refaim que são seres que vieram do aether. Aparentemente (segundo a confusa explicação) houve uma "overload" no aether no século XIX, causando uma fissura. Por isso os Refaim vieram daí e decidiram que iam ficar na Terra e raptar todos os clarividentes para os treinar para matarem os Efrim (sp?) umas criaturas que também vieram do aether e que comem humanos.

Isto causou-me logo estranheza porque: 1) se os Efrim vieram do aether no século XIX para a Terra, pela primeira vez porque é que comeriam humanos e 2) se os Refaim são assim tão mais poderosos do que os humanos (como estão sempre a dizer) porque é que não combatem eles os Efrim?

Não fazemos ideia. Tudo o que sabemos é que os Refaim são belos, poderosos e não gostam nada de humanos. Os clarividentes são basicamente escravos.

Em suma, A Estação dos Ossos é um livro com um conceito bastante ambicioso, certamente. Mas tem um problema que, para mim, é fatal: uma construção do mundo incipiente e imprecisa (mesmo com o glossário e os esquemas). Há muitas coisas a acontecer ao mesmo tempo; há muitas personagens a ocuparem tempo de antena (Jaxon Hall, Nick, o primo de Paige, o pai de Paige, o Guardião, uma mão cheia de Refraim, uma data de clarividentes, entre outros). No fundo, o grande problema deste livro é a sua exposição confusa e incompleta. Dá ideia que a autora não sabe bem em que direção levar a história.

Se tirarmos o conceito, o livro é uma distopia paranormal bastante genérica. O Scion é um governo totalitário genérico e obviamente à mercê de forças externas. Os Refaim são uma raça de extraterrestres misteriosos e poderosos que exercem ao mesmo tempo fascínio e repulsa na nossa heroína. Os seres humanos são, previsivelmente, os sofredores.

Não existe também grande descrição da evolução tecnológica dos humanos. Estamos em 2059 e tudo o que parece diferente são os "bares de oxigénio" (o que quer que isso seja).

Relativamente às personagens, não mostraram grande complexidade neste primeiro livro. Não são propriamente estereótipos, mas também não primam pela originalidade. O romance foi bastante cliché e não foi propriamente realista.

No geral, "A Estação dos Ossos" é um livro certamente ambicioso que tem o potencial para se tornar numa série interessante e complexa. Infelizmente, apesar da escrita envolvente, a autora não foi capaz de esboçar de forma eficaz o mundo em que as personagens se movem. Gostaria de ter sabido mais sobre as origens da sociedade de Scion e de ter lido mais sobre como os clarividentes são diferenciados e discriminados. E claro, sobre os próprios Refaim. Sim, eu sei que isto é uma série, mas relativamente ao que aconteceu neste primeiro livro, penso que a autora omitiu partes fundamentais do world building.

Detalhes da obra original:
Título: The Bone Season
Série: The Bone Season
Ano: 2013

Opinião: Luz e Sombra (Leigh Bardugo)

Luz e Sombra by Leigh Bardugo
Editora: Asa (2013)
Formato: Capa mole | 312 páginas
Género: Fantasia, Romance, Lit. Juvenil/YA
Descrição (GR): "Só ela consegue vencer as trevas... Rodeada por inimigos, a outrora grande nação de Ravka foi dividida em duas pelo Sulco de Sombra, uma faixa de escuridão quase impenetrável cheia de monstros que se alimentam de carne humana. Agora, o seu destino pode depender de uma só refugiada. Alina Starkov nunca foi boa em nada. Órfã de guerra, tem uma única certeza: o apoio do seu melhor amigo, Maly, e a sua inconveniente paixão por ele. Cartógrafa do regimento militar, numa das expedições que tem de fazer ao Sulco de Sombra, Alina vê Maly ser atacado pelos monstros volcra e ficar brutalmente ferido. O seu instinto leva-a a protegê-lo , e ela revela um poder adormecido que lhe salva a vida, um poder que poderia ser a chave para libertar o seu país devastado pela guerra. Arrancada de tudo aquilo que conhece, Alina é levada para a corte real para ser treinada como um membro dos Grishas, a elite mágica liderada pelo misterioso Darkling. Com o extraordinário poder de Alina no seu arsenal, ele acredita que poderá finalmente destruir o Sulco de Sombra. No entanto, nada naquele mundo pródigo é o que parece. Com a escuridão a aproximar-se e todo um reino dependente da sua energia indomável, Alina terá de enfrentar os segredos dos Grisha... e os segredos do seu coração."
(Li esta obra no inglês original, mas apresentam-se os dados da portuguesa).

"Luz e Sombra", publicado recentemente pela ASA e incluído na colecção de fantasia 1001 mundos, é o primeiro livro da trilogia "The Grisha".

Acompanha as aventuras de Alina Starkov, uma jovem órfã acolhida por um poderoso Duque de Ravka, um reino dilacerado pela guerra.

Alina, uma criança doente e frágil, cresce na companhia de Mal, outro órfão e é também na sua companhia que se alista no Primeiro exército.

Nos primeiros capítulos do livro, Alina prepara-se para a sua primeira travessia pelo Sulco de Sombra, um espaço de escuridão que divide o país onde nada cresce e povoado por volcra, criaturas que vivem no sulco e se alimentam de humanos.


Durante a perigosa viagem, a barca de Alina é atacada por volcra e, para salvar o seu amigo, Alina demonstra de repente um poder há muito escondido que a marca como fazendo parte dos Grisha - um exército de magos e cientistas que lutam para defender o reino através das suas artes. Alina é levada para o palácio dos Grisha e trava conhecimento com o Darkling, o senhor desta facção.

Já tinha este livro há algum tempo, mas foi só quando saiu em Portugal e começaram a aparecer as primeiras opiniões (positivas) da obra que me decidi a ler finalmente este "Luz e Sombra".

Não é propriamente um mau livro. O problema é que é demasiado genérico, com a sua mitologia, geografia e sistema de magia mal explicados. Ao início estava a achar a leitura bastante agradável porque parecia que a autora se iria focar na luta do povo (e exército) de Ravka. Mas logo que se percebe que a Alina é uma Grisha toda Xpto (sim... ela é um espécime raro), o livro descarrila.

De repente estamos na Escola Secundária, com raparigas populares e mazinhas, raparigas a fofocar nas costas dos outros e toda a gente quase a desmaiar por causa do Darkling, que é muito poderoso e muita bom e aparentemente velho como as montanhas (mas parece um modelo da GQ). A Alina, sempre descrita como uma rapariga não muito bonita transforma-se de repente numa beldade.

A partir daqui, e durante muitas páginas, o livro é pouco mais do que uma obra juvenil normal, com adolescentes, hormonas e toda a gente de olhos esbugalhados porque a nossa heroína é super especial.

Redime-se um pouco mais para o final, quando o enredo dá uma reviravolta mais ou menos pouco previsível e passa a ser novamente mais focado na aventura e na magia em vez de em bailes e invejas.

No geral, uma leitura interessante, mas nada de especial. A ideia é boa, um mundo fantástico baseado na civilização Russa, mas a execução deixa um bocado a desejar. Devo dizer no entanto, que a mitologia me pareceu interessante (se bem que incipiente) e que, com alguma construção do mundo poderia ser bastante intrigante. Gostaria também de saber porque é que os poderes de Alina têm alguma relevância, uma vez que me pareceu que não podia fazer muito... por isso, mais um aspecto que seria interessante desenvolver. Gostei mas não tenho grande pressa em ler o resto.

Review: Midnight Secretary, Vol. 1 (Tomu Ohmi)

Midnight Secretary, Vol. 1 by Tomu Ohmi
Publisher: VIZ Media (2013)
Format: Paperback | 192 pages
Genre(s): Romance, Josei, Manga
Description: "Mad Men meets Vampire Diaries. Kaya Satozuka prides herself on being an excellent secretary and a consummate professional, so she doesn’t even bat an eye when she’s reassigned to the office of her company’s difficult director, Kyohei Touma. He’s as prickly—and hot—as rumors paint him, but Kaya is unfazed…until she discovers that he’s a vampire!!
Kaya quickly accustoms herself to scheduling his “dinner dates” and working odd hours, but can she handle it when Kyohei’s smoldering gaze starts turning her way?!
Reads R to L (Japanese Style) for mature audiences."
First impressions: I actually liked this one better this time around. Ok, so the story is pretty typical, but Kaya is cute and she isn't a wimp either. And this Manga is sexy.

Kaya Satozuka is the perfect secretary, right down to her appearance. She works at a major Japanese corporation.

One day she is promoted to executive secretary of the playboy of Touma Corp, director Kyohei Touma! He's handsome, he's cool and he's got a string of girlfriends! But what Kaya discovers about her new boss is even more surprising... he is a vampire! Kaya will have to prove herself a great secretary if she wants to keep her position... even if it means scheduling her boss's meals.

"Midnight Secretary" is a piece of fluffy Josei that you just know how it's going to end as soon as you open volume 1. Kaya is a plain-ish woman who prides herself on being professional... so professional she tries to do her best even after discovering her boss is a vampire.

Kyohei is your typical handsome playboy, who has as many assignations scheduled as other executives have meetings. Of course, as Kaya soon discovers, many of these "dates" are actually feedings.

It's pretty predictable really. There's nothing special about the story and the characters don't evolve (at least in volume 1) to more than mere clichés. I did like the fact that Kaya stands up for herself a bit, but otherwise, everything was pretty predictable.

Still, I enjoyed it anyway. I'm not any kind of specialist on artwork, but it seemed clean enough. I guess it's a good read if you're not expecting much. It's fluffy, romantic (sort of, since the hero is kind of - predictably - childish) and even cute.