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Opinião: Deslumbrante (Madeline Hunter)

Deslumbrante de Madeline Hunter
Editora: Asa (2013)
Formato: Capa mole | 320 páginas
Géneros: Romance histórico
Sinopse.

Já há algum tempo que não leio um livro de Madeline Hunter, porque o primeiro que li dela não me encantou assim muito. Mas o tempo apaga muita coisa, e sendo Hunter uma autora tão popular entre o público português, decidi que talvez tivesse apenas pegado no livro errado. 

Infelizmente, não foi o caso. 

"Deslumbrante" é o primeiro livro da série "As Flores Mais Raras" e narra a história de Audrianna (que raio de nomes que as pessoas inventam para as suas personagens), uma jovem caída em desgraça (juntamente com a família), após o suicídio do seu pai, que era, aparentemente, um homem corrupto que deixou que pólvora má fosse enviada para a frente de batalha na Guerra Napoleónica. 

Audrianna não acredita que o seu pai seja culpado, claro. É por isso que vai encontrar-se sozinha, com um personagem envolto em mistério, o Dominó, numa estalagem, depois de este último ter posto um anúncio no jornal dizendo que queria falar com o pai de Audrianna (sou só eu que penso que só um grande idiota não se aperceberia de que esta pessoa só pode ter más intenções). Ahem. 

Sebastian, irmão de um marquês e membro da Casa dos Comuns (what?), foi o investigador principal. E também decide ir apanhar o Dominó no ato. Mas depois encontra Audrianna e bam! Dá-lhe um choco, because... reasons. 

E assim começa uma história de traições, pólvora, marqueses feridos na guerra e um homem misterioso (que não é Sebastian). 

Dá ideia que Madeline Hunter não sabe bem o que quer escrever. Se um mistério histórico, se um romance. E como tal, todas as vertentes deste livro sofrem: o mistério é insípido, as personagens são irritantes e o romance é inverosímil. E mais, "(...) reading this translated to Portuguese, was the nail in the coffin... Who hires this people?" (tive mesmo de citar a Susana, porque não consigo encontrar frase mais apta para descrever o que senti ao ler isto em português. A prosa... parece ter sido alvo de alguma mutilação neste livro, as cenas de sexo eram a coisa mais confusa que já li. Não me lembro de Madeline Hunter as escrever assim. 

Algumas das personagens secundárias pareceram-me interessantes (as amigas de Audrianna, por exemplo e mesmo o marquês), mas as principais foram extremamente aborrecidas e o "insta-love" não ajudou. Acho que é bastante triste quando as personagens secundárias nos interessam mais do que as principais. Entre os protagonistas não havia qualquer química que pudesse interessar o leitor (ou esta leitora, pelo menos); e muito menos houve qualquer desenvolvimento das personagens. 

Enfim, por tudo isto tenho a dizer que, no geral, esta leitura ficou aquém das expectativas. E podia dizer mais, mas sinceramente não me apetece dizer mais sobre um livro do qual não gostei assim tanto como isso.


Mais obras da autora no blogue:

Opinião: As Regras da Sedução (Madeline Hunter)

As Regras da Sedução de Madeline Hunter
Editora: Edições ASA (2008)
Formato: Capa Mole | 320 páginas
Géneros: Ficção Histórica, Romance
Sinopse (Edições ASA): Hayden chega sem aviso e sem ser convidado – um estranho com motivações secretas e um forte carisma. Em poucas horas, Alexia Welbourne vê a sua vida mudar irremediavelmente. A relação entre ambos é tensa, agitada e incómoda. Para Alexia, Hayden é o culpado da sua desventura: sem dote, ela perdeu qualquer esperança de algum dia se casar. Mas tudo muda quando Hayden lhe rouba a inocência num acto impulsivo de paixão. As regras da sociedade obrigam-na a casar com o homem que arruinou a sua família. O que ela desconhece é que o seu autoritário e sensual marido é movido por uma intenção oculta e carrega consigo uma pesada dívida de honra. Para a poder pagar, ele arriscará tudo... excepto a mulher, que começa a jogar segundo as suas próprias regras… 
(A edição lida está no inglês original, mas os dados bibliográficos apresentados são da versão portuguesa para tornar mais fácil a identificação da obra)

A principal característica do romance histórico (como o vejo, claro) é uma história leve de desentendimentos, paixão, amor de conto de fadas e sensualidade. Este género, também apelidado "bodice-ripper" (que pode ser entendido por "arrancar o bodice") por alguns (dependendo muito do enredo), caracteriza-se, geralmente, pela história formulaica - homem e mulher encontram-se, homem e mulher sentem-se atraídos, homem tem um passado negro e por fim, homem e mulher apaixonam-se - e um desenvolvimento bem conseguido das personagens.

Em "As Regras da Sedução", Madeline Hunter tenta fazer mais com a história (o que não é inédito no género, atenção) acrescentando várias linhas de acção em que o heroi da trama deve pagar uma dívida de honra a um amigo há muito desaparecido. A heroina faz parte da família desse amigo. Seguem-se intrigas, fraudes e mistérios a resolver, para além das usuais interacções entre as duas personagens. A história está quase sempre bem encadeada, o que é geralmente um problema com livros deste género onde acontece tudo muito depressa. Lá mais para o final, no entanto, o ritmo da acção começa a acelerar e alguns acontecimentos parecem muito precipitados.

O grande problema deste livro é que a autora, para desenvolver o enredo acima mencionado, decidiu ignorar as personagens. O desenvolvimento das personagens é de extrema importância no romance histórico uma vez que a história se centra tão fortemente nos dois protagonistas, e a obra é desapontante nesse ponto. Não vemos, ao longo do livro, mudanças de comportamento que levem realisticamente, ao final da praxe - felizes para sempre. Ou seja, as personagens são quase sempre frias e mudam pouco por isso quando os seus sentimentos um pelo outro sofrem alterações não parece muito... verosímel.

Apesar desta falha, "As Regras da Sedução" constituiu uma leitura agradável e bastante interessante - especialmente porque aprendi algumas coisas sobre as instituições bancárias de meados do século XIX. E apesar das liberdades históricas, os romances históricos são fontes de informação sobre a sociedade da época.