Editora: Little, Brow Book Group (2013)
Formato: Capa mole | 373 páginas
Géneros: Romance histórico
Quando comecei a ler romances históricos, comecei pela Amanda Quick e pela Julia Quinn e esta última tornou-se uma das minhas escritoras preferidas dentro do género. Adorei, especialmente, os primeiros seis livros da sua série "Os Bridgertons" e a obra "Minx" é uma das poucas a que dei cinco estrelas no Goodreads.
O facto de gostar tanto da Julia Quinn prende-se, primeiro com o seu humor e personagens divertidas e segundo com os romances fofinhos.
Mas, tenho notado que é muito difícil um escritor manter-se original e continuar com a mesma qualidade, depois de já ter escrito umas boas dezenas de livros. E isto tem acontecido com a Julia Quinn, infelizmente. As suas últimas obras têm sido "mais do mesmo".
Foi o que senti relativamente a "The Sum of all Kisses", o terceiro livro da série "Smythe-Smith Quartet". Quem já leu livros da série Bridgerton já ouviu certamente falar dos eventos musicais dos "Smythe-Smith", onde quatro jovens apresentam um número musical a uma plateia sofredora. Esta série foca-se nas jovens que têm de estar na ribalta, muitas delas com a consciência perfeita que não são boas músicas.
"The Sum of all Kisses" tem como protagonista Sarah Pleinsworth, filha de um Conde e prima dos Smythe-Smith (do lado da mãe, claro). Sarah viveu dolorosamente a tragédia que tocou os Smythe-Smith (devido a um duelo, o filho mais velho dos Smythe-Smith e herdeiro ao título de Conde - esta família parece ter muitos - teve de fugir para a Europa e viver exilado) e a família mais próxima.
É por isso que ela odeia Lord Hugh Prentice, que foi o causador da tragédia, quando, há três anos, desafiou Daniel Smythe-Smith para um duelo. Hugh ficou com mazelas devido a um tiro errante e o pai dele jurou vingar-se. Por isso Daniel fugiu.
Hugh quer apenas uma vida calma, mas os fantasmas perseguem-no: ele tem uma perna que não funciona bem e culpa-se pela tragédia que se abateu sobre a família do amigo, os Smythe-Smith. Mesmo quando Daniel volta para Inglaterra, Hugh tem dificuldades em acreditar que aquele o tenha perdoado. Por isso vive atormentado e a antipatia de Lady Sarah Pleinsworth não ajuda.
Mas, forçados a estar juntos devido a dois casamentos na família, Sarah e Hugh terão de conviver, conhecer-se melhor e, talvez, perceber que estavam errados relativamente às suas perceções.
Este livro tem muito de "Orgulho e Preconceito", na medida em que os protagonistas têm uma ideia errónea um do outro e vão ser forçados a estar juntos e a repensar essa ideia.
O que me incomodou neste livro é que tudo é muito... brando. A história é incrivelmente dramática, mas não senti as emoções que deveriam estar por detrás do discurso inflamado de Sarah ou da "auto-depreciação" de Hugh. Todas as "postas de pescada" (perdoem-me a expressão peixeira) trocadas entre os protagonistas me pareceram vazias e sem fogo e isso fez com que me fosse difícil acreditar na mudança de sentimentos que se operou.
Outro aspeto: Sarah foi algo irritante (e o mesmo se pode dizer da sua família), porque julga Hugh por ter feito fugir Daniel e nunca para para pensar que se calhar Hugh também perdeu algo, como por exemplo, o uso normal da perna (só um exemplo). Isto pareceu-me bastante mau, especialmente porque na época não se podia estar sentado a ver TV, a maioria das atividades eram físicas (dançar, caçar, jogos, mesmo andar) e Lord Hugh está assim, bastante limitado, mesmo na escolha de profissões (não nos esqueçamos que, como segundo filho de um nobre, Hugh não tem direito a heranças, tem de fazer dinheiro por si próprio, ou seja tem de escolher o exército, a marinha ou o clero).
Isto fez-me comparar o livro de Julia Quinn aos dois últimos romances históricos que li, em que as atitudes das personagens estão cuidadosamente em sintonia com a sociedade da época e sinceramente, Julia Quinn fica a perder.
Isto fez-me comparar o livro de Julia Quinn aos dois últimos romances históricos que li, em que as atitudes das personagens estão cuidadosamente em sintonia com a sociedade da época e sinceramente, Julia Quinn fica a perder.
No geral, este não é, de todo o melhor livro de Julia Quinn. O seu ponto forte sempre foi a interação entre personagens, mas neste livro as mesmas não têm brilho, vivacidade ou espírito. Uma leitura rápida mas que me desapontou.
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