Opinião: Pátria

Pátria de R.A. Salvatore
Editora: Saída de Emergência (2010)
Formato: Capa Mole | 304 páginas
Géneros: Fantasia
Descrição (Goodreads): "Nas profundezas da terra e rodeada de trevas eternas, esconde-se a imensa cidade proibida de Menzoberranzan. Habitada pelos drows, os temidos elfos negros, Menzoberranzan é governada por um complexo sistema de Casas em constante batalha. No meio de uma dessas batalhas nasce uma criança com olhos cor púrpura. A criança, Drizzt Do'Urden, destinada a tornar-se príncipe de uma das Casas, cresce num mundo vil onde a sua própria família não hesita em conspirar, trair e assassinar. Surpreendentemente, Drizzt desenvolve um sentido de honra e justiça completamente estranho à sua cidade. Mas haverá lugar para ele num mundo onde a crueldade é a maior virtude? Venha descobrir Drizzt, o elfo negro, uma das personagens mais lendárias da fantasia. E acompanhe-o na épica e intrépida jornada para longe de um mundo onde não tem lugar... em busca de outro, na superfície, onde talvez nunca o aceitem."
AVISO: Contém Spoilers
Já há muito que conheço (de nome) a série "Forgotten Realms", baseada no jogo com o mesmo nome que por sua vez deriva (se não estou em erro) do famoso Dungeons and Dragons. No entanto, apesar de não ser adversa a ler fantasia baseada em jogos RPG (já li alguns do universo Dragonlance, por exemplo) nunca tive curiosidade em ler os livros desta série. Até que um exemplar de "Pátria" me veio parar às mãos.

Em "Pátria", seguimos Drizzt Do’Urden um elfo negro (ou drow) que vive no subsolo (ou Subescuro) numa impressionante cidade subterrânea, Menzoberranzan. O livro inicia-se com o nascimento do nosso protagonista numa altura em que a sua família (nobre) conspira para ganhar ainda mais poder. Marcado para ser sacrificado à misteriosa e maléfica deusa-aranha Lolth, Drizzt é salvo por circunstâncias imprevistas e torna-se no "Segundo Filho" da sua "Casa".

Nos capítulos seguintes, seguimos então o processo de crescimento de Drizzt, desde os seus inocentes primeiros anos até à sua intensa formação na Academia de guerreiros. Pelo caminho, o nosso herói vai também aprender os horrorosos costumes da sua raça, que glorificam a violência, a manha e a dissimulação.

"Pátria" é um livro que se lê rapidamente e chega mesmo a ser de leitura compulsiva nalgumas partes. Contém a maioria das características gerais da fantasia épica: diversas raças, magia, divindades misteriosas, entre outras. Gostei bastante de ler sobre a viagem de Drizzt, mas o que mais me impressionou foi a sociedade dos drow. Achei refrescante (apesar de não ser inédito) que as mulheres detivessem o poder; Gostei também de ler sobre a cidade e a sua construção. As descrições eram apropriadamente vividas e fiquei com uma boa ideia de como os elfos negros viviam. Só gostaria de ter tido mais informação - verdadeira, não a que é comunicada a Drizzt e aos seus colegas nas aulas da Academia - sobre as origens da raça, o porquê da sociedade se ter tornado tão vil e claro, sobre a misteriosa Lolth. Mas talvez haja mais informação sobre tudo isto em livros posteriores.

Apesar de ter gostado da história, no geral, não achei que as personagens estivessem particularmente bem desenvolvidas. Tanto a família de Drizzt como a maioria dos Drow com que este se cruza me pareceram muito mono-dimensionais, como se colectivamente representassem a maldade e a natureza vil da sociedade dos elfos negros. Não há grande individualidade no carácter das personagens; não parece existir mais nenhum drow que tenha dúvidas acercas das práticas da sua sociedade, e sinceramente, achei isso bastante inverosímel.
Só Zak se destaca, mas mesmo assim não gostei particularmente dele como personagem. Quanto a Drizzt, apesar de estar muito mais bem desenvolvido do que os outros nunca parece afastar-se muito da sua personalidade "heróica" por assim dizer. Acho que teria gostado mais de ter visto alguma vulnerabilidade em Drizzt, de vê-lo ceder aos preceitos da sua raça porque isso daria mais sentido à sua decisão final.

Mesmo com esta falha, "Pátria" é um livro interessante, apesar de claramente introdutório. Penso que os livros seguintes da saga trarão mais respostas em relação a muitos dos conceitos introduzidos nesta obra pois Drizzt irá conviver com outras raças e conseguir novas perspectivas.

No geral, um bom livro dentro do género... nada de verdadeiramente épico ou original, mas um começo sólido para uma saga. Recomendado para os que gostam de fantasia e mesmo para os que querem entrar neste género pela primeira vez.

Comentários

WhiteLady3 disse…
Olha, até parece interessante! :)
slayra disse…
Até é. Girl Power, totalmente! E têm chicotes-cobras... mwahahah! :D
WhiteLady3 disse…
Chicotes-cobras? *intrigued*