Review: Blood Cross (Faith Hunter)

Blood Cross by Faith Hunter
Publisher: Roc (2010)
Format: Mass Market Paperback | 321 pages
Genre(s): Urban Fantasy
Description (GR): "Jane Yellowrock is back on the prowl against the children of the night... 
The vampire council has hired skinwalker Jane Yellowrock to hunt and kill one of their own who has broken sacred ancient rules — but Jane quickly realizes that in a community that is thousands of years old, loyalties run deep...
With the help of her witch best friend and local vigilantes, Jane finds herself caught between bitter rivalries — and closer than ever to the secret origin of the entire vampire race. But in a city of old grudges and dark magic, Jane will have to fight to protect both sides, even if no one will protect her."
I just can't seem to warm up to Faith Hunter's writing style. I keep coming back to her books because they are great, concept-wise, but a good concept does not a good book make.

I had a bit of trouble following the story of this second installment in the Jane Yellowrock series because I read the first book a few years ago and although I remember strongly that I didn't like it very much, the story is all but forgotten. Still, after a few pages, I was pulled into Jane's world and the characters. I noted a marked improvement in Jane, she seemed less disdainful of females in general and less convinced she was super duper cool and good. I was also pleasantly surprised because, although there was description and the prose itself was still mostly too descriptive for my taste, it wasn't as bad as the first book (that I remember).

However, it didn't take long for me to realize that this book, like the first, lacked focus (narrative-wise). Jane runs around a lot, makes a lot of research but it's like the bits and pieces she uncovers make no sense whatsoever to the case she is investigating. It all seems so... random. Her investigative decisions make no sense. If she's investigating a rogue vampire, it does make sense to investigate crime scenes... but it doesn't make a lot of sense to delve into cold case files that seem to have nothing to do with the case at hand or going to vampire parties. 

All of the things Jane discovered seemed like pieces of different puzzles that really didn't fit together very well in the end (because some of the information was superfluous). She loses too much time on other things, unrelated things. 

It seemed to me the mystery was a bit too simplistic. When Jane uncovered a piece of it, it was quite easy for me, the reader, to understand what was happening... not Jane though; she may be "though as nails" but the sharpest tool in the shed she is not. This was... frustrating. Basically this mystery was not complex enough for a full length novel, in my opinion, and that is why Jane was so slow on the uptake and why she ends up doing so many unrelated things that add little to... anything, either character development or plot.

Overall, I still like the concept. The story telling? Not so much.

Other reviews in this series: Skinwalker (Jane Yellowrock, #1)
Other works by this authorBloodring

Temporada Ficção Pós-apocalíptica 2014

Ahem... isto não é propriamente uma "maratona", uma vez que se estende ao longo de dois meses. Chamemos-lhe antes "iniciativa". Esta iniciativa literária, da autoria da Telma do blogue Ler e Reflectir já foi realizada anteriormente, em 2012, entre os blogues Ler e Reflectir, Papéis e Letras e Livros, Livros e mais Livros.

Em 2014, combinámos nova temporada. Esta decorrerá entre 6 de fevereiro e 6 de abril e como na ocasião anterior, iremos ler livros que se insiram no tema "Ficção pós-apocalíptica". Isto pode ser qualquer tipo de ficção (especulativa) em que tenha ocorrido um cataclismo que tenha alterado a sociedade humana de forma significativa. Pode ou não ser uma distopia.

Eu sei que ainda faltam alguns dias para dia 6 de fevereiro, mas decidi ir adiantando o post e publicando a minha lista de livros para esta temporada:
São estes, por enquanto... posso acabar por ler mais, se entretanto os encontrar. 


Opinião: Three Parts Dead (Max Gladstone)

Editora: Tor Books (2012)
Formato: e-book | 336 páginas
Géneros: Fantasia Urbana, Ficção Científica, Steampunk, Fantasia
Descrição (GR): "A god has died, and it’s up to Tara, first-year associate in the international necromantic firm of Kelethres, Albrecht, and Ao, to bring Him back to life before His city falls apart.
Her client is Kos, recently deceased fire god of the city of Alt Coulumb. Without Him, the metropolis’s steam generators will shut down, its trains will cease running, and its four million citizens will riot.
Tara’s job: resurrect Kos before chaos sets in. Her only help: Abelard, a chain-smoking priest of the dead god, who’s having an understandable crisis of faith.
When Tara and Abelard discover that Kos was murdered, they have to make a case in Alt Coulumb’s courts—and their quest for the truth endangers their partnership, their lives, and Alt Coulumb’s slim hope of survival.
Set in a phenomenally built world in which justice is a collective force bestowed on a few, craftsmen fly on lightning bolts, and gargoyles can rule cities, Three Parts Dead introduces readers to an ethical landscape in which the line between right and wrong blurs."
Three Parts Dead parece, à primeira vista, um livro de fantasia urbana. A capa e a sinopse parecem apontar para mais uma aventura de mais uma heroína que mete seres sobrenaturais. Mas quando o leitor inicia a leitura, desengana-se rapidamente: este é um livro de fantasia, passado num mundo diferente e com um sistema de magia francamente interessante.

A história passa-se na cidade de Alt Coulumb, onde o deus Kos, a Chama Eterna reina sobre fornalhas e geradores movidos a vapor. A função dos seus sacerdotes não é apenas rezar ao seu deus mas também manter estes aparelhos, que por sua vez mantêm a cidade, em boas condições. Quando o Kos morre, a "Artesã" Tara acompanha a sua chefe à cidade para o ressuscitar.

Achei o sistema de magia deste livro fenomenal e imaginativo. Os deuses são entidades que nascem da fé dos crentes e que trocam a sua magia e proteção sob a forma de contratos. Quanto mais seguidores o deus tiver, mais poder tem. Se o deus fizer contratos que se estendem para além dos limites dos seus poderes, morre.

Os humanos, por sua vez, têm acesso à magia através da "troca" ou utilização da sua "soulstuff" (literalmente "substância da alma") e complementam este poder com o poder que lhes é dado pelos elementos. Tara e a sua chefe, a firma Kelethres, Albrecht, and Ao são contratados pelo Templo de Kos para ressuscitar o deus. Infelizmente, para isso têm  de analisar os contratos feitos pelo mesmo pois o nível de autonomia e poder futuros de Kos dependem da sua "culpa" na sua própria morte (se passou dos seus limites).

O autor dá-nos também alguma história sobre os estudos dos humanos sobre a magia (Craft) e como estes descobriram que tinham acesso ao mesmo tipo de poder dos deuses. Fala-nos dos Reis Imortais, que vivem graças à sua magia, transformando-se em esqueletos com o passar do tempo. Fala-nos também numa guerra entre deuses e mortais por esse mesmo poder e devido a uma tentativa dos humanos de suplantarem os deuses.

Como disse, um sistema de magia notável e muito interessante. O enredo em si é engraçado, com a narrativa dividida entre diversas personagens (mas de uma forma que não se torna irritante ou a narrativa fragmentada). Estas narrativas vão dando pistas ao leitor sobre o que se passou realmente com Kos embora algumas das revelações finais tenham sido uma surpresa porque me parece que o autor não incluiu qualquer indícios sobre o que se ia passar.

O resto da construção do mundo é que deixa um pouco a desejar. Parece que o autor gastou todas as suas ideias na elaboração do seu sistema de magia, porque o mundo é muito... planeta Terra no século XXI mas estranhamente com navios com velas. Temos arranha-céus, clubes noturnos e discotecas, saltos altos, uma figura da Justiça bastante reminiscente da nossa e mesmo vampiros!. Ou seja, o resto do mundo peca pela falta de originalidade.

Ainda assim, Three Parts Dead foi uma leitura interessante. Tem personagens carismáticas, jogos de astúcia entre o vilão e os heróis e um sistema de magia francamente interessante. Recomendado para os amantes de fantasia [urbana].

It's Monday! What are you reading?

Esta semana decidi ser masoquista e ler o segundo livro de uma série cuja primeira obra não me agradou por aí além. Infelizmente, eu tenho a horrível tendência de comprar os livros em "bulk" e neste caso específico comprei logo os três primeiros da série... por isso. :P Vamos ver se o conceito original (que já elogiei na minha opinião do primeiro livro), compensa a infeliz propensão da autora para a descrição exagerada.


No que diz respeito a opiniões e outros posts... o blogue esteve pouco ativo. Só uma opinião e nem sequer vou incluir as Aquisições da Semana que estão com a data de ontem só para não serem dois posts hoje.
Rubrica da autoria de Book Journey.

Aquisições da Semana (42)

Eis mais um Aquisições da Semana. Rendi-me finalmente ao 1984 do George Orwell que andava a "namorar" na Fnac, apesar de ser um bocado caro para livro de bolso... mas enfim. E para a minha irmã, que gosta desta série (e bem, para mim também, eheh), o livro mais recente da série Casa da Noite.

Nineteen Eighty-Four - George Orwell
Revealed - P.C. e Kristin Cast

Baseado na rubrica In my Mailbox.

Opinião: Ultraviolet (R.J. Anderson)

Ultraviolet de R.J. Anderson
Editora: Orchard (2011)
Formato: Capa Mole | 416 páginas
Géneros: Fantasia Urbana, Ficção Científica, Lit. YA/Juvenil
Sinopse.

AVISO: SPOILERS (muito pequenos).
Ultraviolet é um livro um bocado estranho, porque aparenta não saber bem o que "quer ser": se fantasia urbana, se ficção científica.

Depois de ler inúmeras críticas positivas a este livro, comprei-o (as críticas são a origem de muitas compras por impulso) e mais recentemente decidi-me finalmente a lê-lo, talvez porque achasse que necessitava de algo diferente e a protagonista deste livro, a Alison vive de uma forma realista o seu "poder" sobrenatural.

O livro abre com Alison a ser internada numa instituição psiquiátrica, depois de uma estadia num hospital onde esteve por ter tido um esgotamento nervoso, causado por ter morto uma colega de escola.

Alison sempre se considerou algo estranha porque as suas perceções sensoriais são diferentes das das outras pessoas: Alison vê sons e sentimentos, associa cores e personalidades a letras e com cheiros. Os seus sentidos formam associações diferentes e muitas vezes mais completas do que as das outras pessoas. É por isso que, quando Alison suspeita que causou a morte de Tori, a sua colega e rival, começa a pensar que realmente é louca e que deve estar internada... devido aos seus "poderes".

Apesar do início algo lento, Ultraviolet é uma leitura envolvente. Nunca tinha ouvido falar na Sinestesia antes e foi fascinante não só aprender sobre a mesma enquanto forma de linguagem e de expressão (utilizada principalmente na literatura), mas também ler sobre como a autora, R.J. Anderson, reformulou o conceito de forma a fazer com que a Sinestesia se tratasse, neste caso, de uma "condição" que faz com que as perceções sensoriais das pessoas que dela sofrem sejam diferentes.

O livro não tem propriamente a ação formulaica da maioria dos livros de fantasia urbana (seres sobrenaturais aparecem, heroína descobre que tem poderes, romance, etc, vira o disco e toca o mesmo); a maioria do enredo tem lugar em Pine Hills, uma instituição psiquiátrica para onde Alison é mandada para ser avaliada psicologicamente. Muitas páginas (a maioria, mesmo), são gastas a descrever os sentidos de Alison, as suas tentativas de racionalização relativamente ao que aconteceu com Tori, as suas lutas interiores e sua raiva contra a família, que a abandonou numa instituição.

Muitas páginas são gastas também na descrição da Sinestesia de Alison e à medida que esta compreende melhor a sua "condição", também o leitor sente o seu entendimento da mesma aumentar. 

Gostei bastante desta leitura. O mistério da morte de Tori, que segundo Alison, "se desintegrou" é um chamariz obviamente, mas não se torna o ponto fulcral do livro, o que para mim não foi mau de todo, pois estava a gostar bastante de saber mais sobre como a Alison vê e sente o mundo.

No entanto, a três quartos do livro, a história sofre uma reviravolta à qual não posso dar outro nome se não... mirabolante. Imprevisível, mas não no bom sentido de "nunca teria adivinhado mas faz sentido"; antes no sentido de "de onde é que a autora tirou isto?". Porque até três quartos do livro temos uma história de ritmo moderado, uma espécie de thriller psicológico com laivos subtis de elementos sobrenaturais... e de repente temos extraterrestres, portais galáticos à la Stargate e chips e experiências. 

Sem o leitor perceber bem como, quase no final do livro, a autora muda completamente a direção da história. E foi disto que não gostei, porque não há nenhum prelúdio, nenhum "foreshadowing" que dê sentido ao "twist" que vira este livro para a ficção científica. Num momento temos a Alison a explorar a forma como vê o mundo; e noutro ela vai atrás do seu psiquiatra misterioso (sim, temos um herói misterioso, mas isso ainda é o menos) e acaba por descobrir que existe um outro mundo, noutra ponta do Universo, onde seres que provavelmente têm antepassados em comum com os humanos estão a fazer experiências numa rutura no espaço-tempo que liga o planeta deles à Terra. A única ligação a esta surpreendente descoberta é a "morte" por desintegração da Tori, que, lembrem-se, esteve em segundo plano até ao momento.

Uma vez que esta reviravolta ocorre tão tarde no livro, a conclusão é apressada e pouco satisfatória. O ritmo torna-se frenético, a ação intensifica-se e a magia anterior da narrativa desfaz-se. 

Foi isto que me fez classificar o livro com três estrelas.

No geral, uma boa leitura, mas infelizmente não gostei muito da direção escolhida pela autora. A história transformou-se de forma abrupta e pouco realista. No entanto devo dizer que o livro é bastante interessante e merece uma leitura.

It's Monday! What are you reading?

Já é segunda-feira outra vez, por isso está na altura de mais um It's Monday! What are you reading? Esta semana, depois de mais alguns livros iniciados e postos de lado (ai ai, reading slump, tu não me reapareças!), comecei a ler o Three Parts Dead do Max Gladstone, que sinceramente pensei que fosse fantasia urbana, mas que é mais fantasia épica... mais ou menos. É um livro um bocado estranho, mas ainda assim interessante.

Three Parts Dead - Max Gladstone

Quanto a opiniões e outros posts, isto esteve fraco. Apenas uma edição das Curtas:



Rubrica da autoria de Book Journey.

Curtas: The Alloy of Law e Frostfire

Eis que chega a primeira edição das curtas de 2014. Os dois livros seguintes foram leituras... agradáveis, mas têm em comum o facto de estar à espera de muito, mas muito mais. E, claro, ter ficado algo desiludida.

Editora: Gollancz (2012)
Formato: Capa Mole | 327 páginas
Género: Fantasia

The Alloy of Law tem lugar cerca de 300 anos depois dos acontecimentos da trilogia Mistborn. Estes três livros foram dos meus favoritos em 2013 pelo que estava à espera de "amar" este livro. No entanto, apesar de ter sido uma leitura interessante (foi giro ver como é que a sociedade fantástica da trilogia original evoluiu e como é que aquilo que a Vin, o Elend e o Sazed fizeram impactaram as gerações futuras), achei que Sanderson foi um bocado para o preguiçoso. O mundo de Mistborn, 300 anos mais tarde parece-se com... a Inglaterra dos tempos vitorianos, com algum Steampunk à mistura e uma tentativa fraquita de adicionar elementos do Faroeste. 

Quanto à ideologia e mitologia, o autor não explora muito esta vertente, o que é pena porque foi o que mais gostei na trilogia anterior. Há algumas referências a combinações entre a Alomância e a Feruchemância mas pouco mais.

Dá a sensação de que The Alloy of Law é um conto, onde o que interessa é a ação imediata e pouco mais. O mundo e as personagens não foram grandemente desenvolvidos. 

No geral, não me convenceu e fiquei desapontada com este livro. Foi uma leitura agradável, cheia de ação e armas, mas pouco mais do que isso. O final pareceu-me... incompleto.



Editora: Walker (2012)
Formato: Capa Mole | 439 páginas
Género: Fantasia

Já há algum tempo que ando para ler as obras de Zoe Marriott. Tenho alguns dos livros dela nas estantes, que fui comprando devido às muitas opiniões positivas sobres os mesmos.

Talvez tenham sido as altas expetativas que estragaram um pouco a minha leitura deste livro, mas a verdade é que não o achei assim tão bom como isso. A premissa é interessante: uma rapariga está possuída pelo espírito de um demónio-lobo e por isso vive uma vida solitária, com medo de magoar outras pessoas. Um dia é capturada pela guarda das montanhas do reino de Ruan, e conhece dois jovens que a farão mudar de ideias relativamente à sua solidão auto-imposta.

Este livro é bastante genérico. O mundo fantástico é genérico, as personagens são muito estereotipadas (um dos protagonistas é "perfeito" e o outro é "torturado") e claro, há um triângulo amoroso.

A autora nem explorou convenientemente (na minha humilde opinião), a parte sobrenatural do enredo! 

Para balançar, a nossa heroína usa um machado de guerra, yay. Mas no geral, este livro foi... genérico. Nada de especial, apesar de ter gostado da escrita. 

It's Monday! What are you reading?

Já me ia esquecendo de escrever o It's Monday! What are you reading? desta semana, apesar de a semana passada ter sido bastante boa, tanto em leituras como em opiniões.

Comecei a ler este livro no domingo passado e está a ser medianamente interessante... :/ Mas ao mesmo tempo de leitura compulsiva.

Frostfire - Zoe Marriott

Quanto a opiniões, escrevi duas (mas também não escrevi mais posts nenhuns...) e ambas de ficção científica:

Rubrica da autoria de Book Journey.

Opinião: Fortune's Pawn (Rachel Bach)

Fortune's Pawn by Rachel Bach
Editora: Orbit (2013)
Formato: e-book | 300 páginas
Géneros: Ficção Científica
Descrição (GR): "All her life, powered armor mercenary Deviana Morris has wanted one thing: to join the Devastators, the most elite armor unit on her home planet of Paradox. But it's hard to get noticed on a planet of billions. To speed things up, Devi takes a job aboard the Glorious Fool, an trade ship so dangerous that one year of service on its security team counts as five anywhere else. The ship's terrible record doesn't worry Devi at first, but when the captain starts sending her into impossibly dangerous situations no trader should ever get into, she beings to suspect that the Glorious Fool's problems are more than bad luck. But with her career on the line, Devi's determined to keep her nose down, despite her growing concern about the captain's strange missions, his creepy silent daughter, and the ship's insufferably sexy cook, Rupert Charkov, who is definitely more than what he seems. Maybe even more than human.
With the mysteries piling up and life on the Fool getting more dangerous by the second, Devi's knows she's going to have to get some answers fast, before all the secrets send her home in a body bag."
Parece que ultimamente tenho andado mais virada para a ficção científica e para a fantasia épica do que propriamente para o meu género de eleição (ou pelo menos um deles), a fantasia urbana ou contemporânea. 

Foi em parte por isso que escolhi este livro. Foi também porque li algures (numa crítica) que estava escrito mais ou menos como fantasia urbana, o que faz sentido, agora que o li. Está escrito na primeira pessoa e é mais um livro de aventura e de mistério do que um livro de ficção científica "puro", no sentido em que o "mundo futurista" é onde a ação se passa, mas não está diretamente relacionado com a mesma.

Devi é uma mercenária profissional. Depois de anos com uma prestigiada companhia de mercenários, Devi decide começar a aceitar trabalhos sozinha para alcançar o seu objetivo: ser admitida nos "Devastadores", a guarda de elite do rei de Paradox, o seu planeta natal.

Graças à sua impecável folha de serviço, Devi é recrutada para uma nave de carga, o "Glorious Fool", que tem fama de ter má sorte. Mas Devi, preparada com a sua armadura "inteligente" e muito poder de fogo, não teme embarcar na nave... até lá estar durante alguns dias, claro.

Ora bem... "Fortune's Pawn" é um daqueles livros que nos vão encantando aos poucos, sem darmos por isso. Ao início achei que era incrivelmente genérico... um planeta algures na galáxia, onde a heroína é mercenária e uma heroína que é "maluca por armas" e toda durona. 

Mas continuei a ler e fui recompensada; sem nunca nos dar toda a história de chofre, Rachel Bach começa a desenhar o mundo em que Devi e os outros personagens se movem. Gostei bastante da história da "Old Earth" de onde vêm os Paradoxianos e os Terran. Os Paradoxianos, como a Devi, têm uma cultura mais guerreira e um rei a quem veneram como um deus. Já os Terran, são uma república, reminiscente dos governos atuais, com um desejo expansionista desenfreado.

E para que o ambiente seja ainda mais interessante, os habitantes da Old Earth descobriram a existência de mais quatro raças na galáxia, com quem coexistem de forma bastante tensa. Os extraterrestres não são propriamente muito elaborados, temos uma raça de lagartos, por exemplo, mas as suas civilizações são interessantes.

O que me surpreendeu foi o facto de um livro que é, basicamente e primeiro que tudo um livro de aventuras, ter um world building tão elaborado e imaginativo (para mim, que não leio assim tanta ficção científica como isso). Foi isto que me fez continuar a ler e é isto que me fará voltar aos restantes livros da séria... quero saber mais sobre Old Earth, o rei divino, a guerra entre Terrans e Paradoxianos e tudo o resto.

A Devi também me surpreendeu enquanto personagem. Como já mencionei acima, considerei-a algo estereotipada no início (pensei que ia ser uma daquelas heroínas duronas completamente irrealistas que mais parecem ciborgues do que seres humanos), mas vê-se rapidamente que ela tem vulnerabilidades e que consegue ser... choque!... feminina e uma guerreira espetacular ao mesmo tempo!
Para já não falar da armadura "inteligente" da Devi, toda mecha-style que faz com que ela seja ainda melhor.

Devo dizer que não gostei especialmente do interesse amoroso, o Rupert (really?), mas enfim, o mundo e a Devi compensaram.

No geral, um livro divertido, de leitura quase compulsiva que mistura ficção científica, romance e aventura nas doses certas. Com um mundo intrigante e personagens carismáticas, não posso deixar de recomendar amantes do género e não só! 

Opinião: Parasite (Mira Grant)

Parasite by Mira Grant
Editora: Orbit (2013)
Formato: e-book | 608 páginas
Géneros: Fantasia Urbana, Ficção Científica, Thriller
Descrição (GR): "A decade in the future, humanity thrives in the absence of sickness and disease.
We owe our good health to a humble parasite -- a genetically engineered tapeworm developed by the pioneering SymboGen Corporation. When implanted, the Intestinal Bodyguard worm protects us from illness, boosts our immune system -- even secretes designer drugs. It's been successful beyond the scientists' wildest dreams. Now, years on, almost every human being has a SymboGen tapeworm living within them.
But these parasites are getting restless. They want their own lives . . . and will do anything to get them."
Aviso: Contém alguns SPOILERS
Mira Grant é a autora de vários livros dos quais gostei bastante, como a série October Day e de "Feed", um livro de zombies que consegui ler e gostar bastante, apesar de não ser fã do tema.

Por isso, quando dei por mim numa espécie de "reading slump" sem conseguir fixar-me numa história e ler mais de que algumas páginas dos livros que tentei ler, recorri a mais uma obra desta autora para ver se me conseguia livrar do problema. E resultou.

Já tinha este livro debaixo de olho há algum tempo, pois tratava de um tema semelhante ao de "Feed", com curas milagrosas que dão para o torto; por isso preparei-me para uma leitura interessante e compulsiva e que, esperava, me fosse deixar a pensar.

Futuro próximo. Uma empresa chamada SymboGen desenvolve uma ténia geneticamente modificada cujo objetivo é proteger o ser humano da maioria das doenças. E tem sucesso. Em poucos anos, quase toda a gente tem um implante, o "Guarda-costas Intestinal" (TM) e têm basicamente uma saúde de ferro. O sucesso deste implante deve-se em parte à recuperação milagrosa de Sally Mitchell uma das primeiras implantadas que, graças à sua ténia, conseguiu recuperar de um coma e de danos cerebrais. 

No entanto, nem tudo é perfeito... Sally recuperou a consciência mas não se lembra de nada da sua vida anterior; e a sua recuperação e aprendizagem fazem-se à custa de ser um sujeito experimental para a SymboGen. Ao mesmo tempo, uma misteriosa doença começa a espalhar-se pelo mundo: as pessoas atacadas perdem a noção do "eu" e começam a andar sem sentido (como zombies) até caírem num coma. Sally e o namorado Nathan vão ver-se metidos no meio de algo que os ultrapassa.

Pois bem. Este livro é da Mira Grant por isso, tal como esperava, foi uma leitura compulsiva e interessante. Mas não foi propriamente surpreendente, inovador ou escrito de modo a fazer pensar.

A premissa é de facto, semelhante à de Feed, com a história a passar-se num futuro próximo e a Humanidade à beira de um cataclismo (bem, em Feed, já se deu um cataclismo, mais ou menos) devido a avanços médicos. Tal como em Feed, achei a escrita da autora envolvente e quase cinematográfica; as personagens são carismáticas e é fácil identificar-mo-nos com elas, em certa medida. 

Mas... não há realmente grande profundidade no livro. A autora podia ter desenvolvido melhor outros pontos de vista menos "humanos" que teriam dado um ar de "luta existencial" à coisa. Os vilões têm motivações extremamente simplistas e mal explicadas e não há nenhuma personagem que se destaque assim muito pela sua complexidade. A identidade de Sal(ly) era óbvia desde o início, o Dr. Banks nunca foi mais do que um vilãozeco, o Nathan pouca evolução tem e a Dra. Cale é uma personagem inconsistente. A única personagem da qual gostei foi a Tansy.

No fundo, "Parasite" tem aquela qualidade muito própria (refiro-me à forma como o leitor interage com a história e não à "qualidade" do livro enquanto obra literária) de um filme feito para a TV em que os heróis têm de passar por muitas tribulações para desvendarem uma conspiração que uma qualquer corporação está a tentar encobrir por todos os meios. 

O final é abrupto, deixando-nos em suspenso para o próximo livro.

No geral, uma leitura interessante, compulsiva e divertida (dentro do género), mas pouco mais do que isso. Nalguns aspetos lembrou-me de "A Passagem" de Justin Cronin.

It's Monday! What are you reading?

Mais uma segunda-feira, o que significa que temos o nosso (meu?) primeiro It's Monday! What are you reading? de 2014. Pois bem, depois de acabar os livros do Sanderson, dei por mim num dos aterrorizantes (para um amante de livros) "reading slumps" e peguei em dois livros (um dos quais foi apresentado nesta rubrica, na semana passada) para os largar passadas 40 páginas. Finalmente, lá me pus a ler algo de uma autora da qual gosto muito, a Mira Grant e acabei por 'devorar' o livro nalguns dias. Será que o meu "reading slump" terminou? Não sei, veremos. 

Agora parece que estou numa de fição científica...

Fortune's Pawn - Rachel Bach

Quanto a publicações/posts, não houve muitos, mas ainda consegui escrever uma opinião geral sobre os últimos 5 volumes do Manga Bishoujo Senshi Sailor Moon (conhecido por estas partes como As Navegantes da Lua).


Rubrica da autoria de Book Journey.

Opinião: Pretty Guardian Sailor Moon, vols. 8-12 (Naoko Takeuchi)

Editora: Kodansha Comics (2012 e 2013)
Formato: Capa mole
Género: Fantasia, Romance,  Ficção Científica, Lit. Juvenil/YA

Aviso: SPOILERS!!
E acabou. Acabei o manga das Navegantes da Lua e deixem-me dizer-vos... que viagem! O manga tem muito mais desenvolvimento emocional do que o anime, é mais focado nos sentimentos de cada personagem e cada uma delas passa por muito para crescer.

No volume 8 assistimos ao final do "arc" dos Death Busters (Infinity no manga). A Hotaru é agora a Mistress 9, um inimigo. A navegante da Lua decide combater o Pharaoh 90 sozinha porque tudo parece perdido e as Navegantes não podem fazer nada. Depois aparece a navegante de Saturno que para salvar o mundo tem de o destruir. 
Este volume é especialmente emocional porque acontecem tantas, tantas coisas às navegantes e ao mascarado, especialmente no final quando se sentem impotentes perante a eminente destruição do mundo. Vemos o afeto do Mamoru pela Usagi bastante bem.

Felizmente o poder inesgotável do Cristal Prateado (e é importante notar que a autora frisa que este cristal é especial e que não se deve tudo à super-especialidade maravilhosa da Usagi) salva o dia e tudo volta ao normal. O último capítulo inicia o "arc" seguinte, o do Death Moon Circus (Dream no manga), que sinceramente, sempre foi o que gostei menos. No anime sempre me pareceu que esta temporada era muito confusa e depois da excelente Sailor Moon S, uma desilusão.

Mas os volumes 8, 9 e 10 fazem um ótimo trabalho a unir as pontas do que, no anime, é um enredo fragmentado. As motivações do inimigo e as suas origens são explicadas de forma coerente e interessante e ficamos a perceber quem é realmente a Nehelenia (basicamente o oposto dos habitantes do Milénio Prateado). Também aparecem personagens que terão mais tarde um papel importante (falo do Quarteto das Amazonas) e que no anime são muito secundárias. 

Basicamente, gostei do facto de este "arc" no manga estar intrinsecamente ligado às personagens principais, ao reino da lua e a navegantes do passado e do futuro. Tem algumas semelhanças com o "arc" original, mas é interessante e fornece "backstory" para o único planeta que parece não ter poderes significativos: a Terra. Para falar verdade penso que este "arc" complementa o primeiro, o do Dark Kingdom (a rainha Beryl), pois ficamos a saber mais sobre os vários poderes que atuam no Sistema Solar. As navegantes têm, como sempre, conflitos emocionais com que lidar e ganham novos poderes.

O último "arc" é o das Stars. Neste "arc" a ameaça da Shadow Galaxia apodera-se da Via Láctea e as navegantes descobrem que não estão sozinhas: cada planeta tem um guardião (navegante) e todas as formas de vida têm "Sementes de estrela". As navegantes terão de lutar para preservar o Caldeirão primordial que é a origem de toda a vida na galáxia.

Fiquei um bocado de pé atrás com este "arc" porque apesar da autora nos explicar muito sobre as navegantes planetárias, nunca sabemos muito sobre a inimiga principal, a Galaxia. A sua história é contada de forma resumida, mas parece-me que haveria muito mais a dizer. Da mesma forma, o Caos tem um papel demasiado pequeno e a maioria das navegantes vai "desaparecendo" ao longo dos últimos volumes pelo que não há muito sobre elas.

A navegante da lua é a personagem que redime um pouco este "arc"... não a sua persona do presente, que tem a atitude correta que lhe conhecemos mas a sua incarnação do futuro distante, porque admite fraqueza, imperfeição e mesmo... cobardia. Também gostei do papel mais ativo da princesa Kaguya e dos guardiões das navegantes (Luna, Artemis, Diana, os corvos da navegante de Marte, etc).

No geral, adorei. Tenho sempre medo de ler os livros depois de ver os filmes, mas neste caso não faz mal porque o anime e o manga são tão diferentes um do outro. No manga tudo se passa mais rápido, sim, mas a história está mais bem encadeada e as personagens crescem muito mais, para além de serem mais humanas e interessantes. Além de que não há aquela separação entre as navegantes principais e a Neptuno, Urano, Plutão e Saturno; é notório que gostam umas das outras e são amigas. E não posso deixar de referir as magníficas ilustrações a cores e a qualidade da arte na maioria dos volumes. Recomendado!

Outras opiniões sobre a série: