Opinião: Destinos Interrompidos (Lissa Price)

Destinos Interrompidos by Lissa Price
Editora: Planeta (2013)
Formato: Capa mole | 352 páginas
Géneros: Ficção Científica, Lit. Juvenil
Descrição (GR): "Callie tem dezasseis anos e vive com Tyler, o irmão mais novo, e Michael, um amigo, nos escombros da cidade de Los Angeles. Quando as Guerras dos Esporos rebentaram, matando todos aqueles que tinham mais de vinte anos e menos de sessenta, Callie perdeu os pais. Como muitos outros Iniciantes, teve de aprender a sobreviver, ocupando prédios desabitados, roubando água e alimentos, fugindo aos Inspectores e combatendo os Renegados. Para tirar Tyler das ruas e garantir ao irmão uma vida melhor, Callie só vê uma solução: oferecer a sua juventude à Destinos Primordiais, uma empresa misteriosa que aluga corpos adolescentes aos velhos Terminantes - seniores, com centenas de anos, que querem ser jovens outra vez. Tudo corre como previsto, até o neurochip que lhe colocaram na cabeça avariar. Callie acorda, de súbito, na vida da sua locatária, a viver numa luxuosa mansão, a guiar carros topo de gama e a sair com o neto de um senador. A vida quase parece um conto de fadas, até Callie descobrir que a sua locatária não quer apenas divertir-se e que, no mundo perverso da Destinos Primordiais, a sobrevivência é apenas o começo."
ATENÇÃO: SPOILERS!! Ficam avisados

(A edição lida estava em inglês mas apresentam-se os dados da portuguesa)

Mais um daqueles livros sobre os quais me custa opinar. Talvez porque, como a capa da versão inglesa (que foi a que li), seja uma das coisas mais genéricas que já li desde sempre este ano. Para já não falar do facto de a autora decidir que o desenvolvimento do mundo era para os parvos e os leitores que "imaginassem". Epá eu gosto de imaginar mas preciso de um ponto de partida. 

Ora vamos lá fazer isto por tópicos... 

1. O livro passa-se num futuro distante e incerto (e só sabemos que é no futuro pelos avanços algo inverosímeis ao nível da extensão da esperança média de vida - no livro, uns 200 anos - entre outras coisas giras e 'totes' sci-fi); 

2. No livro, houve um cataclismo à la Hunger Games i.é. uma guerra qualquer (não sabemos contra quem foi ou porque é que se deu, mas como diz a Teresa Guilherme, isso agora não interessa nada) que alterou a dinâmica da sociedade. Previsivelmente alguém (desconhecido) lançou uma arma biológica contra (os EUA, o mundo, o planeta?) os EUA e alguém (também desconhecido) achou que era boa ideia vacinar os mais idosos e as crianças primeiro (aparentemente ser uma das mentes brilhantes que poderia encontrar a cura ou o Presidente do país inteiro não dá a ninguém privilégios nenhuns) pelo que no final ficam vivas apenas essas classes etárias. E um ano depois, temos uma data de putos ranhosos entre os 0 e os 20 anos (os Iniciantes - obrigada Scott Westerfeld, por começares a moda de dar nomes estapafúrdios às classes sociais nos livros de ficção científica... se é que foste tu) e uma data de velhadas entre os 60 e os 200 anos (os Terminantes); 

3. Previsivelmente (NOT) os idosos decidem que proteger a juventude é overrated e so last season e que há que pôr os órfãos a trabalhar num regime de semi-escravatura. E os jovens, claro, aceitam tudo muito caladinhos; 

4. Os idosos Terminantes até chegam ao ponto de criar uma cena (sim, cena... acaba o país de sair de uma guerra e é nisto que se gasta dinheiro? Mas esta gente não aprende?) que lhes permite habitar e controlar os corpos de adolescentes. Assim podem "alugar" corpos e sentir-se jovens outra vez! Cute. A empresa que teve a feliz ideia chama-se Destinos Primordiais (wha?). 

5. Mas à la Total Recall/Desafio Total a empresa é um bocado manhosa... então, perguntam vocês, isso significa que a Callie, a heroína deste livro, entra pela Destinos Primordiais adentro de arma em punho, tipo Colin Farrell/Arnold Schwarzenegger e dá porrada nos vilões todos? 

Hmmm... não. Previsivelmente (e como) ela vai cair numa armadilha, as coisas não são o que parecem e há um rapaz todo bom por quem ela sente uma atracção instantânea. Estão a ver como é que vai ser não é? 

Ok, depois desta exposição toda, que basicamente sumariza aquilo que se passa no livro inteiro (sim, SPOILERS) e o meu aborrecimento com o já mencionado monte de folhas, passemos a uma breve análise do que gostei e não gostei neste livro. 

Que não gostei do desenvolvimento descuidado e muito incompleto de Destinos Interrompidos deve ser bem claro por esta altura. Também não apreciei grandemente o enredo algo formulaico, com o romance aborrecido e sem química que constitui quase que um pré-requisito neste género de livros. Irrita-me que a autora não pareça ter feito um esforço para desenvolver o seu mundo ou tornar as suas personagens realistas e mais do que meros estereótipos deste tipo de literatura. 

O conceito desta sociedade de extremos não foi mais do que aflorado, todo o mundo é um esboço construído à volta de Callie... duvido que consiga subsistir sem ela. Por outro lado, a escrita simples e o ritmo da narrativa prendem a atenção do leitor e penso que tem um twist interessante no final. 

No geral, um livro com um conceito prometedor mas ao qual falta desenvolvimento. A palavra perfeita para descrever este livro é, de facto, "genérico".

Comentários

Elphaba disse…
LOL *Que chicotada*

Sou obrigada a concordar contigo em muita coisa, principalmente no que respeita ao desenvolvimento do mundo onde tudo acontece. Não há informação e fica muito por explicar. Será que Lissa vai trabalhar isso na continuação?
Também não gostei do romance..., não faz sentido, nem mesmo quando sabemos a Helena já tinha falado com o rapaz.

Mas vá, porque eu sou uma jóia de pessoa, gostei muito das temáticas que a senhora pretende abordar, dos pormenores de FC (aqui porque provavelmente sou uma leiga na coisa), bem como de tudo aquilo que envolve os comportamentos e emoções humanas.
Claro que tive uma opinião muito mais positiva que a tua, sou assim, vejo sempre as coisas boas e deixo os impropérios para as minhas notas pessoais.

Como não sou uma das maluquinhas do Hunger Games acho que estão no mesmo patamar. É bom mas podia ser muito melhor. True.
slayra disse…
Ahah, talvez seja porque já li tantos livros YA com esta combinação de características (romance adolescente, etc).

É possível, mas duvido. A guerra dos esporos e a situação da sociedade parecerem-me ser secundárias, só o "background" e a justificação para as atitudes da heroína.

Quanto aos meus "impropérios" (e desde quando é que é ofensivo ter um espírito crítico e exercer o meu direito de o utilizar senhores?), ainda bem que os proferi no meu próprio blogue, não? Se não és pessoa para escrever coisas negativas acerca de um livro, ainda bem para ti. Mas este é o meu estilo e o meu blogue e aqui escrevo tanto coisas positivas como negativas (aliás, se leste até ao fim, escrevi coisas positivas também).

Também não sou grande fã dos Hunger Games, se queres que te diga. Mas que foi melhor do que este, foi. Pelo menos mais original e bem desenvolvido. :P
Elphaba disse…
Ui... LOL.
Eu não queria dar a entender que tu dizes impropérios Slayra,eu digo sim, muitos, mas deixo-os nas minhas cómicas notas pessoais - só isso.

Boas leituras*
slayra disse…
*sigh* Ok, suponho que posso ter sido um bocadinho defensiva aqui, mas eu cá digo o que sinto nas minhas "reviews", tento não ser malcriada mas de resto... 100% de subjectividade garantida. :)

Como disse, ainda bem que não escreves (no teu blogue, pelo menos), coisas negativas e impropérios e outras coisas do género. Suponho que temos estilos diferentes de crítica e isso é perfeitamente legítimo e recomenda-se. Eu não tenho notas pessoais, é mesmo só o blogue.
WhiteLady3 disse…
Então mas os jovens antes de serem escravizados ou verem orfãos a serem-no, não dão porrada nos velhos? Onde anda a juventude estúpida de hoje que dá ou ameaça porrada a toda a gente? Não me digam que na flor da idade não são capazes de dar um enxerto em pessoal de 60 anos...

Ok, aquilo talvez tenha sido muito forte da minha parte mas reflecte a minha incredulidade perante a passividade de TODA uma faixa etária.

Total Recall até seria engraçado...