Aquisições da Semana (44)

Mais umas aquisições da semana. Parece que dou por mim a apostar cada vez mais no romance contemporâneo. :)

Viver depois de Ti - Jojo Moyes
Entre o Agora e o Nunca - JA Redmerski

Baseado na rubrica In my Mailbox.

Opinião: Robopocalipse (Daniel H. Wilson)

Robopocalypse by Daniel H. Wilson
Editora: Bertrand Editora (2014)
Formato: Capa mole | 368 páginas
Géneros: Ficção científica
Descrição (Bertrand.pt): "Num futuro não muito longínquo, a espantosa tecnologia que gere o nosso mundo vira-se contra nós. Controlada por uma inteligência artificial infantil, mas extremamente poderosa, chamada Archos, a rede global de máquinas de que o nosso mundo se tornou dependente transforma-se de repente num inimigo implacável e mortal. Na hora H, o momento em que os robôs atacam, a espécie humana é quase completamente erradicada, mas, à medida que os sobreviventes se começam a reagrupar, a humanidade une-se pela primeira vez num esforço concertado de resistência. 
Este é o relato oral do conflito, contado por um elenco internacional de sobreviventes que viveram na pele este confronto longo e sangrento com as máquinas. 
Robopocalipse é um épico brilhante, cheio de ação e de pormenores ricos, com implicações arrepiantes no que diz respeito à tecnologia que nos rodeia."
"Robopocalipse" é um daqueles livros que, mal saiu, tinha logo um contrato para um filme. E percebe-se porquê. Fãs de filmes como "Exterminador Implacável", "Eu, Robô" e "The Matrix" irão reconhecer muitos dos elementos do enredo de "Robopocalipse". De facto, esta leitura esteve pejada de momentos de "deja vu".

A premissa é bem conhecida: um dia, uma inteligência artificial chamada "Archos" espalha um vírus que atinge todas as máquinas e as faz virarem-se contra os humanos. Por motivos desconhecidos, as máquinas desatam a matar pessoas aos milhões. Os sobreviventes refugiam-se nas zonas rurais onde as "máquinas ainda não conseguiam andar porque estavam habituadas a ambientes urbanos" e nascem diversos movimentos de resistência.

E... é isto. E mais, uma vez que este livro, tal como, segundo dizem o "Guerra Mundial Z", está escrito na forma de relatos vários sobre a "Nova Guerra" (New War, I kid you not) é bastante óbvio desde o início quem ganhou a guerra, o que para mim retirou bastante interesse à leitura.

O enredo, o mundo e as personagens não são nada se não genéricos. Não existe um narrador, per se, uma vez que se tratam de diversos acontecimentos espalhados no tempo, vividos por diversas pessoas, mas nem mesmo a pessoa que está a recolher esses relatos é interessante. Não há grandes descrições sobre como o mundo foi afetado pela guerra, não há descrições claras das máquinas e nem sequer sabemos em que ano (ou século) isto se passa.

Quanto a Archos, a inteligência artificial, parece estar no livro apenas para ser o vilão. Tipicamente, escolhe fazer-se representar pela imagem de uma criança e falar com uma voz infantil. Se o autor fosse menos subtil, não sei se isto teria sido publicado.

Não existe qualquer tipo de reflexão acerca do que é a vida, do que é viver e sobre como os robôs experimentam esta mudança. Este livro é apenas uma coleção de cenas de ação. E é por isso que dará um ótimo filme.

Existem diversas pontas soltas, sendo a mais grave de todas o facto de nunca nos serem explicadas as motivações de Archos. Porque é que a primeira coisa que uma inteligência artificial faz, ao ser criada, é tentar destruir a Humanidade? Supostamente seria por despeito, porque as pessoas criaram e destruíram outras IA antes de Archos, mas sinceramente isso não me parece um motivo muito válido para uma inteligência que é, supostamente, lógica.

Também nunca percebemos porque é que os robôs faziam experiências em humanos, porque é que não os mataram a todos e porque é que uma inteligência que controla todas as máquinas do planeta não conseguiu antecipar alguns dos movimentos dos humanos.

O final é... nem tenho palavras para o quão anticlimático e ilógico é.

No geral, uma obra pouco interessante. É realmente demasiado parecida com os filmes listados acima para ser original e não tem muitos atributos que a redimam. A única coisa que posso dizer em favor de "Robopocalipse" é que se lê rapidamente.
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Lido para a Temporada de Ficção Pós-apocalíptica:

It's Monday! What are you reading?

Ok, não é segunda-feira, mas ontem não tive nem um minutinho livre para escrever no blogue e depois acabei por me esquecer quando cheguei a casa...

O livro desta semana é um mistério histórico que estou a ler como parte de uma leitura conjunta com a Whitelady do Este meu Cantinho.


Quanto a posts, foi mais uma semana cheia deles. Um artigo de opinião e mais algumas opiniões de livros:
Rubrica da autoria de The Book Journey.

Opinião: A minha história com BOB (James Bowen)

A minha história com BOB by James Bowen
Editora: Porto Editora (2012)
Formato: Capa mole | 190 páginas
Géneros: Autobiografia, Não-ficção
Descrição: "Quando James Bowen encontra um gato alaranjado no prédio onde vive, não faz ideia do quanto a sua vida irá mudar. Lutando por sobreviver como músico de rua na cidade de Londres, a última coisa de que precisa é um animal de estimação. No entanto, incapaz de resistir ao animal doente, acolhe-o em sua casa. Quando Bob recupera a saúde, James deixa-o à porta do prédio, imaginando que nunca mais o voltará a ver. Todavia, Bob tinha outros planos. Dentro de pouco tempo, os dois tornam-se inseparáveis e as muitas aventuras que irão viver transformarão para sempre as suas vidas, curando lentamente as cicatrizes do passado atribulado de ambos. Esta é a história de uma amizade improvável e de como um gato vadio irá ajudar um homem a recuperar a sua autoestima e dar-lhe uma nova esperança quando o resto do mundo lhe parecia ter fechado as portas." "A minha história com BOB" é um livro vagamente autobiográfico sobre um homem que tem uma vida dura e encontra um dia um gato abandonado."
Geralmente não vou muito à bola com este tipo de livros em o autor reconta a sua ou a vida de alguém, um caso famoso ou algo do género. Simplesmente não é o meu estilo. Prefiro livros de ficção porque, enfim, para vidas reais já basta a minha.

No entanto, estes livros "aparecerem" completamente por acaso em minha casa (por uma vez, não fui eu que os comprei) e como puserem membros menos adeptos da leitura a ler, fiquei com curiosidade. E bem, Bob é um gato e eu gosto de gatos (até tenho um).

Suponho que não seja mau, dentro do género. O autor descreve a sua vida diária e como o Bob o ajudou a melhorar a mesma. Penso que o propósito era criar inspiração nos outros mas a verdade é que a descrição é demasiado vaga para isso, na minha humilde opinião. Nunca senti grande coisa face às dificuldades do narrador.

O facto de James Bowen não ser exatamente um bom escritor também não ajudou. A prosa é simplista e pouco cativante. Claro que, possivelmente, a qualidade da escrita é secundária neste tipo de livros, mas não consegui deixar de notar. Não impede a leitura (se bem que, se o livro fosse maior talvez se tornasse um problema), mas não é nada de especial.

O autor antromorfiza demasiado o gato, o que dá um ar um bocado irrealista a uma narrativa que, supostamente, é real. Demasiado floreado.

No geral, nada de especial, como já disse. Mas ao mesmo tempo, tenho de confessar que não sou provavelmente o público-alvo deste género de livros. Para quem gosta de histórias da "vida real" este livro poderá ser indicado: tem uma escrita acessível e um animal fofinho.

Opinião: Mataram a Cotovia (Harper Lee)

Mataram a Cotovia de Harper Lee
Editora: Relógio d'Água (2012)
Formato: Capa mole | 340 páginas
Géneros: Ficção histórica
Descrição (GR): "Durante os anos da Depressão, Atticus Finch, um advogado viúvo de Maycomb, uma pequena cidade do sul dos Estados Unidos, recebe a dura tarefa de defender um homem negro injustamente acusado de violar uma jovem branca. Através do olhar curioso e rebelde de uma criança, Harper Lee descreve-nos o dia-a-dia de uma comunidade conservadora onde o preconceito e o racismo caracterizam as relações humanas, revelando-nos, ao mesmo tempo, o processo de crescimento, aprendizagem e descoberta do mundo típicos da infância. Recentemente, alguns dos mais importantes livreiros norte-americanos atribuíram grande destaque ao livro, ao elegerem-no como o melhor romance do século XX."
Nunca sei o que dizer quando gosto de um livro. E quando se trata de um livro que é considerado um clássico, há ainda a dificuldade acrescida de podermos ter uma interpretação "errada" ou de darmos uma opinião pouco popular ou pouco erudita.

Por isso decidi que vou apenas escrever sobre o que eu retirei desta obra; desta história. Ou seja, esta será uma opinião completamente pessoal e subjetiva. Não irei fazer conjeturas acerca do valor literário deste livro ou sobre qual foi a mensagem que a autora quis passar porque não sou nem especialista na matéria nem a autora. Por isso vou apenas escrever sobre aquilo que retirei da história.

Jean Louise Finch é uma jovem como qualquer outra. Vive com a família numa pequena vila no sul dos Estados Unidos. A família não é pobre nem é rica. É remediada. O pai, Atticus, é um procurador. Jean Louise, também apelidada de "Scout" tem uma infância igual à de tantas outras crianças das classes trabalhadoras nos anos 30 do século XX. Uma vida algo difícil devido à depressão. Uma vida em que a moralidade social ditava, tal como atualmente, como as pessoas deviam pensar e tratar-se umas às outras.

Mataram a Cotovia acompanha a jornada de crescimento de Scout, a forma como começa a compreender as subtilezas da vida em sociedade. Como perde, de certa forma, a sua inocência na maneira de pensar quando é confrontada com a "lógica" ilógica da regras sociais.

Penso que esta obra é, como tantas outras, uma obra sobre a natureza humana. Certamente que se centra muito na mentalidade racista que persistia (e persiste ainda) nos Estados Unidos, uma vez que um dos acontecimentos mais marcantes do livro é o julgamento de um homem de cor, acusado de violar uma mulher branca. Scout e o seu irmão Jem aprendem muito acerca de como as pessoas se veem umas às outras e como a descriminação cega pode custar a hipótese de uma vida decente e mesmo a vida às pessoas.

Mas penso que esta obra não se limita apenas a denunciar esta vertente da sociedade. Penso que aponta as falhas desta num sentido mais geral, que denuncia as barreiras imaginárias sociais e "morais" e que fazem com que as pessoas tratem outros de forma diferente: a cor da pele, a classe social, a educação e mesmo o temperamento (aqui estou a pensar em Boo Radley, também muito maltratado pela sociedade, tanto que se tornou um eremita).

O livro mostra-nos que não somos assim (Scout, Jem e Dill imitam os adultos mas não têm noção do quão injustos estão a ser), mas que nos tornamos assim. Que a educação social é repressiva e nos molda de forma a perpetuarmos a forma como vemos o mundo. Até Calpurnia achava que devia uma deferência especial ao patrão e aos seus filhos.

Por outro lado penso que o livro também nos mostra que as pessoas, apesar de terem comportamentos errados não são completos vilões. A maioria das personagens secundárias, aquelas que no fundo são racistas e intolerantes não são por isso pessoas horrorosas. Apenas condicionadas pela sua educação e sem se conseguirem libertar da sua maneira de pensar; mas muitas sabem, no fundo, que estão erradas.

O livro não cai em extremos. A autora poderia ter descrito os habitantes de Maycomb como monstros racistas, mas no fundo, como já disse anteriormente, são pessoas assustadoramente normais. E todas elas (até mesmo as pessoas de cor) contribuem para a perpetuação do racismo.

Mataram a Cotovia é um grito contra a intolerância em geral, em todas as suas formas contra a forma como nos mantemos confinados numa sociedade com a qual discordamos. 

Podia falar sobre a narrativa, que é simples e fácil de seguir, com uma linguagem tipicamente sulista (penso eu), e sem floreados. Podia falar sobre como a narrativa de Scout por vezes parece demasiado adulto para os seus sete anos. Mas isso não importa, porque a força da história faz com que esses pormenores sejam insignificantes, mesmo que fossem defeitos e não formas de adicionar encanto ao livro. 

Em suma, gostei. E é por isso que não estou a fazer assim muito sentido.

Opinião: Vínculo de Sangue (Patricia Briggs)

Vínculo de Sangue de Patricia Briggs
Editora: Saída de Emergência (2011)
Formato: Capa mole | 284 páginas
Géneros: Fantasia Urbana
Descrição (GR/SdE): "Mercy tem amigos em lugares estranhos e sombrios. E agora deve um favor a um desses amigos: o vampiro Stefan precisa das capacidades de metamorfose de Mercy para entregar uma mensagem a um vampiro recém-chegado à cidade. O que Mercy não sabe é que este novo vampiro tem um segredo: na verdade é um feiticeiro possuído por um demónio prestes a lançar o caos na cidade. Depois de várias tentativas da comunidade paranormal para destruir a criatura, Mercy vê-se envolvida na refrega: embora os seus amigos vampiros e lobisomens sejam mais fortes do que ela, são as suas habilidades especiais que poderão salvar a todos. E quando descobre a verdade sobre essas habilidades, Mercy vai aprender muito sobre o seu passado e os lobisomens que a criaram..."
(A edição lida está no inglês original, mas os dados bibliográficos apresentados são da versão portuguesa para tornar mais fácil a identificação da obra)

Vínculo de Sangue, o segundo livro da série "Mercy Thompson" é outro daqueles livros que li já há bastante tempo, ainda antes de ter saído por terras lusas, pela mão da Saída de Emergência. Assim, tenho de confessar que não me lembro de muitos pormenores sobre este livro, exceto que gostei dele, no geral. A minha crítica é basicamente uma tradução da opinião que deixei no Goodreads e na Amazon depois de ter lido o livro em... para aí 2008.

Mercedes Thompson, uma mecânica que vive na zona de Washington e uma metamorfa é acordada de madrugada por uma chamada telefónica; Stefan, o seu amigo vampiro necessita de um favor. Uma vez que Mercy está em dívida para com ele, não tem escolha senão aceitar envolver-se com este grupo de criaturas sobrenaturais. Stefan precisa que Mercy o ajude enquanto ele resolve alguns problemas vampíricos. Parece simples, certo? Errado. Aparentemente há um vampiro desconhecido à solta na região... um que tem um poder aterrador e que gosta de deixar corpos no seu caminho. Apesar de tanto os vampiros como os lobisomens estarem a tentar resolver o problema, Mercy percebe desde cedo que é ela a pessoa mais indicada para lidar com a ameaça.

A sequela de "O Apelo da Lua" foca-se noutro grupo de seres sobrenaturais, os vampiros. Tal como aconteceu no livro anterior, não achei que a autora tenha trazido algo verdadeiramente original no que aos vampiros diz respeito (são bastante genéricos), mas o segundo livro pareceu-me mais bem desenvolvido em termos de enredo e de personagens.

A Mercy, particularmente, cresce bastante neste livro e descobre algumas novas capacidades relacionadas com os seus poderes ao mesmo tempo que o leitor, o que nos permite 'viver' de certo modo, as suas emoções e reações. 

A história é interessante e o mistério é mais complexo do que o do primeiro livro. 

No geral, é uma leitura interessante e podemos ver que Mercy está a entrar numa fase nova e intrigante da sua vida, uma vez que aparentemente ela é mais do que aparentava ser (apenas uma metamorfa) em termos paranormais. Uma série a seguir para os amantes de fantasia urbana.

English Review.
Outras opiniões da série: O Apelo da Lua

Se são clássicos porque é que nem todos gostamos deles?

Fonte
Como já devem ter reparado se leram o meu post anterior, estou a ler um livro que é considerado um dos clássicos intemporais da literatura norte-americana. É ele "Por favor, não matem a cotovia" (ou Mataram a cotovia) de Harper Lee, uma história sobre uma pequena cidade do Alabama nos anos 30. O acontecimento que marca este livro (mas não, penso eu, o único acontecimento de monta) é o julgamento de um homem de cor, acusado de violar uma jovem branca. O pai da narradora (uma rapariga de 8 anos) é o advogado de defesa e através dos olhos da criança, podemos ver as atitudes racistas e a mentalidade prevalecentes nas cidades do sul dos Estados Unidos nos inícios do século XX (quando ainda estava bem presente a Guerra Civil americana).

Comecei a ler este livro, como também já mencionei anteriormente, porque a Telma do Ler e Reflectir o leu recentemente e gostou imenso. E eu também estou a gostar. E como podem ver, mesmo sem o ter terminado já tenho algo a dizer.

Tenho sentido tanto interesse pelo livro que fui espreitar as páginas do Goodreads sobre o mesmo e deparei-me com uma discussão em que o autor da mesma se questiona se mais alguém achou que "To Kill a Mockingbird" ficou aquém das expetativas (link aqui). Alguns utilizadores responderam que sim. E imediatamente se iniciou um debate aceso sobre os méritos do livro e como o livro é um clássico da literatura e como, nas palavras de um dos membros "apenas pessoas estúpidas, que não compreendem as subtilezas desta obra, a achariam 'monótona' ou 'aborrecida'." (fonte). 

Porque é um clássico. E todos temos de gostar dos clássicos. Porque se não gostarmos de clássicos enquanto leitores então temos de pressupor que existe algo de errado connosco e com o nosso gosto literário. Pelo menos é o que muita gente diria.

No entanto, nunca percebi muito bem o que é um "clássico". Parece-me que é uma definição muito vaga, muito lata que pode englobar muitos livros e muitos géneros. É um livro com alguns anos? É um livro "bem escrito"? É um livro que se foca em assuntos sociais e humanos? Nesse caso, géneros como o romance e a ficção especulativa estariam desde logo excluídos, porque... o "Senhor dos Anéis" não se foca exatamente e/ou claramente na mentalidade racista do sul dos Estados Unidos. Seria "Orgulho e Preconceito" um clássico se não fosse, para além de um romance, uma crítica social escrita de forma humorística?
Fonte

Porque é que "Os Maias" é um clássico em Portugal? Porque é um retrato da época (não são todos os livros retratos de época)? Porque é um livro antigo? Teve esta obra algum impacto significativo na sociedade (não falo do choque do incesto)?

Uma pesquisa na Internet traz algumas respostas vagas. O site About.com (não das fontes mais fiáveis, mas enfim, isto é um artigo de opinião), diz que um clássico é um livro que "exprime uma qualidade artística", que "que tem um encanto universal", que "resiste ao teste do tempo" e que "um clássico tem ligações com outros movimentos artísticos".

Penso que os clássicos são clássicos primeiro porque alguém decidiu que seriam clássicos. Porque se o forem porque têm "encanto universal" então não existe um único clássico no mundo. Penso que é legítimo afirmar que alguns livros estão mais bem escritos e são mais complexos do que outros, mas não creio ser legítimo dizer que alguns livros não merecem ser livros. Ou que outros não merecem ser considerados aborrecidos, monótonos e simplistas apenas porque são... clássicos. 

As experiências e vivências de um ser humano podem influenciar a leitura de forma profunda e podem fazer-nos gostar ou não gostar de um livro aclamado pela crítica. Isso não nos torna menos cultos do que outros... nem que passem o tempo todo a ler livros quase universalmente considerados "lixo". Leiam o que quiserem. Aquilo que são enquanto seres humanos, a vossa personalidade, os vossos gostos são o que no fim decidirá aquilo que retirarão de um livro, seja ele "As Cinquenta Sombras de Grey" ou "A Cidade e as Serras".

Fonte
A arte é subjetiva. A literatura é uma arte. A técnica pode ser perfeita, em termos artísticos, mas são os observadores (ou os leitores) que têm a decisão final sobre o mérito de uma obra de arte. É por isso que não gostamos todos de Degas, Van Gogh e alguns preferem a Joana Vasconcelos. É por isso que alguns de nós nunca conseguiram ler "Os Maias" até ao fim mas lêem alegremente todos os livros do Nicholas Sparks. Isso não é uma reflexão da qualidade do gosto ou da inteligência de nenhum leitor. Quem utiliza esses argumentos passa a vida a viver um engano na minha humilde opinião e quiçá, a levar a leitura muito mais a sério, muito mais como uma tarefa em vez de uma atividade de lazer.

Tudo isto para dizer que não gostei do tom dos argumentos que li naquele debate. Apelidar os outros de "estúpidos" porque não gostam de um "clássico" é contraproducente e inválido. Leiam o que quiserem e serão muito mais felizes. Dito isto, e como descobri recentemente, variar faz muito bem às saúde das nossas leituras. :)

It's Monday! What are you reading?

E já  é segunda-feira outra vez... por isso temos mais uma edição da rubrica para encher chouriços "It's Monday! What are you reading?". Ora bem, esta semana estou a ler um livro que tem muito pouco a ver com as minhas leituras habituais. Não é um livro de fantasia (infelizmente) e é um clássico (gasp!). Foi uma "semi-sugestão" da Telma, do Ler e Reflectir, que esteve a ler este livro há umas semanas atrás e adorou. E eu devia mesmo ouvir as pessoas quando elas gostam de um livro...

(eu estou a ler a versão em inglês, por isso é que aparece a capa em inglês, mas está traduzido, claro).

Relativamente a posts, foi uma semana "prolifera", com 3 (três!) opiniões e um post com aquisições. 
Rubrica da autoria de The Book Journey.


Opinião: O Jogo (Anders de la Motte)

O Jogo by Anders de la Motte
Editora: Bertrand (2014)
Formato: Capa Mole | 328 páginas
Género: Mistério/ Thriller
Descrição (GR): "«Henrik Pettersson, “HP” encontra acidentalmente um telemóvel que o convida a jogar um jogo de realidade alternativa. Passado o teste de admissão, começa a receber uma grande variedade de missões emocionantes, todas elas filmadas e avaliadas secretamente. HP deixa-se imediatamente conquistar por este jogo, mas não tarda a perceber que ele não é tão inocente como a princípio parecia.
A Investigadora da polícia Rebecca Normén é o oposto de HP. É uma mulher em perfeito controlo da sua vida e com uma carreira ambiciosa em ascensão. Tudo seria perfeito não fosse o bilhete escrito à mão que ela encontra no seu cacifo. Seja quem for que as escreve, sabe de mais acerca do seu passado.
Os mundos de HP e Rebecca aproximam-se inevitavelmente um do outro. Mas se a realidade é apenas um jogo, então o que é real?»"
Acabar livros ao fim de semana é um bocado chato para mim porque depois não posso logo escrever sobre eles e acabo por me esquecer de algumas das coisas que queria dizer... especialmente se se tratarem de livros tão pouco memoráveis como este. Passado um dia, aquilo de que mais vivamente me lembro sobre "O Jogo" é que o tradutor aparentemente traduziu "hard drive" por "disco duro".

Iniciei a leitura de "O Jogo" com poucas expetativas... se ainda não disse isto (e duvido), digo-o agora: thrillers não costumam constituir leituras muito boas para mim. Não é um género que aprecie assim muito porque os mistérios são fáceis de adivinhar, a ação resulta geralmente melhor num filme e os heróis acabam sempre com a "boazona" no final (pensem em... Robert Langdon). Mas enfim, estava a precisar de algo diferente da fantasia e da ficção científica para espairecer e este autor é sueco e parece que eles agora são os mestres do thriller, por isso... bem, vocês podem imaginar o que aconteceu (e a capa tem um telemóvel todo estilhaçado, how cool is that?).

Infelizmente não é "O Jogo" que me vai fazer ficar a gostar mais do género. Apesar deste livro não ter sido mau, per se, digamos que também não é propriamente uma obra-prima do thriller e do mistério... e certamente que não está ao nível de Stieg Larsson.

Na verdade, creio que este livro será mais bem recebido por quem nunca viu O Jogo, o que não é o meu caso. Esta leitura foi uma experiência doida de "deja vu", com o nosso protagonista envolvido num jogo patrocinado por pessoas desconhecidas, mas ricas e aparentemente com muito tempo livre. Mas em vez de termos o Michael Douglas e um calhamaço dos anos 90 com uma antena de meio metro, temos um gajo qualquer (que não é rico nem nada assim) com um touchscreen com mensagens e net. :P

O nosso protagonista é HP (sinceramente nem vou tentar encontrar o nome dele na maioria das vezes chamam-no assim de qualquer modo), um homem na casa dos 30 que vive como se tivesse 21: basicamente é um criminoso ocasional com pouca moral e muita necessidade de afirmação. O típico herói deste género de livros (exceto que os outros protagonistas geralmente não são criminosos e são bem sucedidos, mas de resto...).

Bem, o HP encontra um telemóvel num comboio e decide ganhar uns trocos vendendo-o, mas de repente começam a enviar-lhe mensagens e sabem o nome dele e tudo. E querem que ele participe num jogo, e o HP (alguém já está a ter imagens recorrentes de impressoras?) fica todo contente e vai logo fazer o que lhe dizem as mensagens.

Ao mesmo tempo, seguimos a vida de uma pessoa que aparentemente não está relacionada com o enredo, uma guarda-costas chamada Rebecca.

Este foi o primeiro aspeto que me irritou: narrativa de dois pontos de vista. Sinceramente, o ponto de vista da Rebecca tem pouca importância para a história geral, exceto deixar o leitor a pensar qual será a relação dela com HP (esta parte foi bem conseguida, confesso), mas no fim não valeu a pena a fragmentação da narrativa.

Depois temos o próprio HP: irresponsável e quase sociopata no seu desprendimento relativamente às suas ações, poderia ter sido um personagem bastante interessante... nas mãos de um escritor que tivesse realmente desenvolvido a personagem. Mas HP nunca é mais do que um idiota mesquinho que não mede, de todo, as consequências dos seus atos.

Por fim, temos o enredo. Admito que a ideia de um jogo global que pode ser responsável por muitos dos grandes atos criminosos da História tem o seu quê de intrigante, mas não da forma como é visto por HP. Além disso, não conseguia deixar de pensar em Douglas e no filme com o mesmo nome.

No geral, uma leitura rápida, mas não achei que este "O Jogo" fosse especialmente bom. Como sempre, ação e thrillers resultam melhor em filme. Pelo menos para mim. No entanto, quem gosta deste género poderá querer ler o livro, que tem ação e thriller suficientes para interessar. Mas não é nada que mantenha uma atenção constante, algo que costumo procurar num thriller.

Aquisições da Semana (43)

Voltam as aquisições da semana (porque eu não me consigo mesmo controlar... e depois, é a Julia Quinn! Acho que isso é justificação suficiente... erm), com novo look (ou um novo botão ou algo do género) e uma edição 100% portuguesa. 





O Jogo - Anders de la Motte
Espero por ti - Jennifer Armentrout
A grande revelação - Julia Quinn

Baseado na rubrica In my Mailbox.

Opinião: Angelfall (Susan Ee)

Angelfall by Susan Ee
Editora: Amazon Children's Publishing (2012)
Formato: Capa Mole | 283 páginas
Género: Fantasia Urbana, Ficção pós-apocalíptica, Lit. Juvenil
Sinopse.

AVISO: Contém SPOILERS (nada de grave)
Vou fazer parte da minoria, tanto de leitores internacionais, como de alguns nacionais e dizer francamente: não achei este livro nada de especial.

Talvez tivesse expetativas demasiado altas. Talvez seja uma pessoa demasiado picuinhas que vê sempre algo de errado em tudo. Mas não consegui sentir a magia, a ligação e o entusiasmo de centenas de outros leitores que deixaram aqui a sua opinião.

Por isso, eis o que achei (numerado, para ser mais fácil).

1. O enredo: Angelfall é uma história apocalíptica, o que é bastante óbvio pelo título: "Queda de anjos". Acompanha a jornada de Penryn, uma jovem de dezassete anos que vive numa sociedade recentemente (há seis semanas, no livro) destruída pelo Apocalipse. Com A grande. Com anjos a voarem dos céus e a destruírem a Humanidade. Penryn tem uma irmã de sete anos que é paraplégica e uma mãe esquizofrénica. Quando a irmã, Paige, é raptada por anjos, Penryn tem de formar uma aliança desconfortável com o anjo Raffe, que parece ter inimigos entre os da sua espécie.

Tenho de admitir que tinha alguma curiosidade sobre a forma como a autora ia explorar um Apocalipse com implicações religiosas. Mas a minha curiosidade não foi satisfeita porque este livro não refere nada, nadinha mesmo, sobre isso... apenas que chegaram uns anjos e BAM, destruíram tudo e são mesmo maus.

Tudo o que acontece é uma espécie de demanda onde a Penryn convence um anjo chamado Raffe a dizer-lhe onde fica o (a?) aerie, o covil dos anjos em São Francisco para que ela possa ir salvar a irmã. A dinâmica entre estas duas personagens poderia ter sido interessante se houvesse realmente antagonismo entre ambas; mas apesar de eles trocarem bitaites nunca há realmente "faíscas" (de serem inimigos) e tensão entre eles. Isto deve-se provavelmente à narrativa e à escrita: o livro está na primeira pessoa do presente indicativo, o que significa que apenas temos o lado da Penryn. E a escrita, apesar de competente, não consegue transmitir adequadamente os sentimentos dos personagens.

Algumas das cenas do livro são bastante "foleiras", como o facto de se dizer que ah e tal os anjos não são humanos, mas o que fazem os anjos mal se "instalam" na Terra? Vão curtir, meus! Abrem um "clube"/bar e andam por lá a cirandar, com roupas dos anos 20 e mulheres meio despidas no braço. Yeah, baby.

E que raio vem a ser toda aquela história com as experiências em humanos. Não faz sentido nenhum.

2. Mundo: muito mal desenvolvido. A sociedade humana basicamente ruiu em 6 semanas e a autora dá muito pouco contexto sobre como tal aconteceu. Penryn não fala sobre o que se passou, não temos qualquer ideia sobre o que os anjos estão ali a fazer, o que despoletou o Apocalipse, etc. Basicamente, a construção do mundo é incipiente.

3. Personagens: admito, a Penryn é uma protagonista bastante decente. Sabe cuidar de si e não se derrete toda por causa do protagonista masculino. Mas também não é uma personagem propriamente memorável. A sua voz narrativa é algo monocórdica e cinzenta e mesmo os sentimentos que professa (pela irmã, mãe e pelo Raffe) parecem distantes.

O Raffe é um estereotipo andante, se bem que ganha pontos por não ser creepy como a maioria dos protagonistas... não observa a heroína a dormir, não a persegue, etc. E é... agnóstico. Tal como, aparentemente o são muitos outros anjos, o que não impediu que fizessem o que lhes mandou o anjo manda-chuva que supostamente recebe ordens de Deus... que eles não têm a certeza se existe... erm.

4. Personagens secundárias: A Paige quase não aparece e a mãe da Penryn é provavelmente a pessoa mais interessante da história.

No geral... foi uma leitura mediana. Nada mais. Infelizmente este livro não me conseguiu cativar. :/

Lido para a Temporada Ficção Pós-apocalíptica:

Opinião: The Darwin Elevator (Jason M. Hough)

The Darwin Elevator de Jason M. Hough
Editora: Titan Books (2013)
Formato: Capa Mole | 484 páginas
Género: Ficção científica, Ficção pós-apocalíptica
Descrição (GR): "The Builders came to Earth and constructed an elevator from Darwin, Australia into space. No one know why, or if they will return.
Years later, a virus ravaged the planet. The rare immunes survived, others became less than human. How the elevator supresses the disease, and why, remains unknown. But scientist Dr Tania Sharma has a terrifying theory...
As Darwin collapses under the onslaught of refugees, reluctant captain Skyler Luiken and his scavenger crew scour the wasteland outside the elevator's protective aura for essential resources.
but when the alien technology fails, will humanity survive?"
AVISO: Alguns SPOILERS (nada que estrague realmente a leitura)
The Darwin Elevator já me tinha chamado a atenção há bastante tempo, com a sua premissa aparentemente bastante interessante: extraterrestres construíram um elevador (para o espaço, por isso espacial? Orbital?) na cidade de Darwin, na Austrália por razões desconhecidas e misteriosas. Quase ao mesmo tempo, uma praga misteriosa dizima grande parte da Humanidade e transforma uma pequena fração em "sub-humanos", criaturas selvagens, quase zombies, mesmo, que só pensam em atacar e matar. Apenas a "aura", uma espécie de campo de forças gerado pelo elevador protege os resquícios da Humanidade.

Quem não quereria ler isto, certo? Pelo menos se, como eu, o leitor gostar de ficção especulativa. Por isso, quando andava há procura de algo para ler, algo para passar o tempo entre a minha última leitura e o inicio da Temporada de Ficção Pós-apocalíptica, decidi pegar neste livro, sem me aperceber que o enredo faz dele um candidato ideal para este desafio.

Infelizmente, a ideia que parecia tão boa na sinopse, tornou-se um desastre nas mãos de Jason M. Hough. Desde o primeiro momento que senti que havia algo errado na forma como o livro estava escrito e com o passar das páginas percebi o que era: a caracterização das personagens é, numa palavra, horrível. E o facto de o livro ter inicio numa altura em que o elevador já foi construído há anos e que a praga já teve os seus efeitos mais nefastos não ajuda, porque o autor não nos dá contexto suficiente para perceber a sociedade atual em Darwin. A construção do mundo é confusa; os pedaços de informação que nos são dados pelos personagens não chegam para formar mais do que uma ideia fragmentada do que se passou com o elevador e a praga e, no meu caso, isso deixou-me muito pouco satisfeita com a progressão e com o foco do livro; se não sei nada de relevante sobre o mundo em que a história se passa, como posso interessar-me por ele?

Para dar um exemplo mais concreto, a história passa-se no final do século XXIII (2280 e tal, salvo erro) mas não nos é dada qualquer ideia do nível tecnológico da Humanidade. Aparentemente (uma vez que necessitam do elevador e que não utilizaram naves para fugir da praga), a Humanidade ainda não é capaz de viagens estelares... mas porquê? Tendo em conta o nosso nível de desenvolvimento atual, se as coisas progredirem regularmente, isso será uma possibilidade no século XXIII não? Quer dizer, se agora já conseguimos viajar até à Lua e mandar sondas para Marte, não me parece descabido que no século XXIII possamos ir, sei lá, até Marte, pelo menos (corrijam-me se estiver errada, que posso estar para aqui a inventar). E achei sinceramente estranho que, com tanto satélite, ninguém tenha dado pela nave dos "Construtores" como chamam os humanos aos extraterrestres. Isso também não nos é explicado. O autor simplesmente nos diz: apareceu aqui um elevador, apareceu uma praga, muita gente morreu e agora vamos em frente e o "backstory" que se lixe.

Outra coisa que me pareceu bastante parva (lamento, mas não me lembro de mais nenhuma palavra de momento), e atenção que aqui haverão spoilers, foi a premissa inicial que despoletou a "investigação" de uma das protagonistas, Tania aos dados sobre a nave dos "Construtores". Outro dos personagens (Neil) sabia da existência (ao contrário do resto do mundo), de uma segunda nave dos "Construtores" onde estes, muito gentilmente delineavam o seu "plano" nas proximidades do planeta Terra. Mas um dos amigos do Neil decidiu explodir com a nave e agora o Neil tem de ser maroto e fazer com que a Tania investigue os dados para saber se consegue descobrir o "plano" dos Construtores? Porque é que ele faz tanto segredo de tudo se precisa de ajuda? E porque é que, se as pessoas associam o elevador e a praga aos extraterrestres, ninguém tentou investigar esta ligação antes? Sinceramente, a aleatoriedade do enredo não me convenceu.

E as personagens? Terríveis! O herói era uma mosquinha morta (o que até seria ok, se ele evoluísse), o vilão era um estereotipo saído de um filme de categoria B (a sério, só lhe faltava o bigode... ele disse à heroína "Se não me disseres o que quero saber ficas a ser a escrava sexual dos meus homens"... I kid you not) e a heroína devia ser uma investigadora toda xpto e super inteligente, mas acabou por ser uma "donzela em apuros e um bocado burra" que não sabia fazer nada sozinha. A personagem feminina que era forte era também, para falar mal e depressa (e de forma um pouco misógina, peço desculpa), uma cabra. Via-se mesmo que o objetivo era que os leitores gostassem da heroína submissa e "feminina" e pseudo-cientista e que detestassem a protagonista kickass, que era alta, sabia lutar e utilizar armas. E nem me vou por a barafustar por causa dos sorrisinhos ("grins"). Toda a gente dava sorrisinhos dementes em situações despropositadas e a toda a hora: Uma pessoa morre, alguém "sorri"; uma pessoa pensa numa coisa sem piada nenhuma, alguém "sorri". Muito sorri esta gente e sem motivo. 

No fim, apesar do seu conceito interessante, The Darwin Elevator acabou por ser pouco mais do que o equivalente de um filme "feito para a TV" de ficção científica: elementos especulativos ostentosos mas muito pouca ciência; "zombies", para dar efeito e proporcionar um inimigo sedento de sangue mas pouco complexo; cenas de ação non-stop e muito pouca substância. Um foco de narrativa confuso e uma má construção do mundo. E a escrita? Medíocre.  

No geral, uma desilusão e um livro algo penoso de ler. Não me considero especialista no género, longe disso, mas não achei nada de especial. Admito ter alguma curiosidade sobre os "Construtores" e o seu "plano", mas até me esquecer desta experiência não volto a pegar no segundo da série... esperem uns quinze dias, portanto e lerão por aqui uma crítica do segundo livro comigo a queixar-me porque sou masoquista. Enfim.

Lido para a Temporada Ficção Pós-Apocalíptica:

It's Monday! What are you reading?

Em plena temporada de ficção pós-apocalíptica estou a ler um dos livros que estavam na minha lista para o desafio: o aclamado (pelo menos no GR) Angelfall de Susan Ee. E continuo a ler o "Silêncio..." da Susan Cain porque é um daqueles livros que só vou lendo umas páginas de cada vez, de vez em quando. 


Quanto a posts, esteve novamente fraco na semana passada. Apenas uma edição das curtas, com duas pequenas opiniões.

Rubrica da autoria de The Book Journey.



Curtas: Libriomancer e Deadly Descendant

A fantasia urbana é um dos meus géneros favoritos mas também é um género em franca expansão (lá fora), do qual saem centenas de livros todos os anos.

Talvez seja por ler tantos livros do género que não tenho assim muito para dizer sobre estes dois livros de fantasia urbana, que têm ambos bons conceitos mas que não são assim nada de especial no que diz respeito à execução.

Editora: Del Rey (2013)
Formato: Capa Mole | 320 páginas
Género: Fantasia urbana
Libriomancer tem um conceito bastante interessante: Gutenberg, um mago pouco poderoso, desenvolve juntamente com a prensa um novo tipo de magia, que consiste em retirar objetos de livros. Ora isto nos dias de hoje, com tantos livros de fantasia e ficção científica é algo perigoso; devido à imaginação de autores e dos seus leitores, surgiram objetos mágicos perigosos que podem alterar o equilíbrio mágico do mundo (como o anel de Sauron do Senhor dos Anéis) e surgiram também muitas espécies novas de seres sobrenaturais (como os vampiros Meyerii, que surgiram com os livros de Stephenie Meyer... e sim, eles brilham). Isaac Vainio, o nosso protagonista é um "Libriomancer", um feiticeiro treinado para utilizar este poder (com algum cuidado... alguns livros estão "trancados" e não é possível aceder aos seus objetos... O Senhor dos Anéis é um deles).

Gostei muito de ler sobre as coisas que o Isaac retira dos livros. Gostei do facto da magia ter consequências. Gostei do tratamento da personagem Lena, uma ninfa que veio de um livro onde a sua espécie servia apenas para realizar todos os desejos dos seus amantes (há uma luta constante da parte de Lena e dos outros personagens, para tentarem separar aquilo que ela é, enquanto personagem de um livro sexista daquilo que ela é, enquanto pessoa). No entanto a escrita não me impressionou por aí além e o mistério e a personagem principal (o Isaac) pareceram-me bastante genéricos.

No geral, uma leitura agradável, mas nada de especial.


Editora: Pocket (2012)
Formato: Capa Mole | 355 páginas
Género: Fantasia urbana
Deadly Descendant é o segundo livro da série "Nicki Glass", sobre uma jovem que descobre que é descendente da deusa grega Artemisa. Sendo Artemisa uma deusa da caça, Nicki depressa descobre que tem poderes invulgares que lhe permitem seguir rastos e caçar com uma habilidade sobrenatural e disparar de forma certeira todo o tipo de armas. Nicki trava conhecimento com outros "Liberi" (descendentes de deuses) que estão em luta com os "Olympians", os vilões da série. Os "Olympians" (descendentes de deuses gregos) acham que são superiores não apenas aos humanos mas também aos descendentes de deuses de outros panteões.

Neste segundo livro, um descendente de Anúbis anda a matar pessoas inocentes com uma matilha de chacais.

Se Libriomancer é um livro bastante típico de fantasia urbana, apesar da sua premissa e conceito interessantes, Deadly Descendant é um verdadeiro estereotipo. E um daqueles livros que se lê bem, com personagens de que gostamos relativamente, mas que nunca adoramos ou com os quais nunca chegamos a sentir grande ligação.

Fantasia urbana genérica para quem gosta de enredos que metem mitologias antigas como a Grega ou a Egípcia.

It's Monday! What are you reading?

Mais um "It's Monday! What are you reading?". Ainda há pouco estava realmente a ler dois livros, mas desisti de um (isto acontece cada vez mais... so many books, so little time, como se costuma dizer). Esta semana estou então a ler o livro "Silêncio - O poder dos introvertidos num mundo que não para de falar". A Célia, do Estante de livros leu e gostou bastante deste livro pelo que decidi experimentar também. Uma vez que sou efetivamente introvertida, penso que será uma leitura útil.


Quanto a posts, na semana passada escrevi duas opiniões (uma em inglês, mas mesmo assim... inglês parece-me ser a língua ideal para quem quer escrever uma "rant") e um post sobre a Temporada de Ficção pós-apocalíptica que vai arrancar na próxima quinta-feira!