Balanço de 2014

E... chegou a altura do costumado balanço anual. Este ano, penso que não há assim muito a dizer, porque não participei em nenhuns desafios (exceto a temporada pós-apocalíptica, que correu mais ou menos bem, como podem ver no respetivo balanço) e, apesar de ter lido mais ou menos o mesmo número de livros do ano passado, não houve, infelizmente, nenhum que se destacasse por aí além (apesar de terem havido um ou dois livros de que gostei bastante).

Os meus favoritos de 2014 são... *drum roll*:
  • To Sir Phillip, with Love, Julia Quinn (opinião em breve): porque, tipo, Julia Quinn. E este é o meu livro favorito da série Bridgertons, porque tenho um fraquinho por este tipo de heróis.
  • Por favor não matem a cotovia, Harper Lee: adorei a narrativa, a mensagem, a esperança subjacente na raça humana e também a caracterização. Muito bom.
  • Golden Fool, Robin Hobb: corresponde ao "Os Dilemas do Assassino" e "O Sangue do Assassino". Neste livro as personagens de Fitz e do Bobo ganham mais vida que nunca, é um livro de leitura super compulsiva.
  • The Lesser Dead, Christopher Buehlman (opinião em breve): uma história de vampiros muito cool e interessante. E assustadora.
  • A Queda dos Gigantes, Ken Follett: qualquer livro que me faça ler sobre a história do século XX com vontade, merece estar no top...
Menções honrosas:
Mas, como sempre, houve também algumas desilusões:
Menções honrosas: infelizmente, demasiadas para estar a pôr aqui. Há muitos livros este ano que levaram apenas duas estrelinhas no Goodreads porque não os apreciei assim muito.

Acho que não há muito mais a dizer, por isso Slayra out e um ótimo ano novo para todos!

Opinião: The Bridgertons: Happily Ever After (Julia Quinn)

Editora: Little, Brown Book Group (2013)
Formato: Capa mole | 384 páginas
Géneros: Romance histórico

Aviso: ligeiros spoilers
Para falar a verdade, não sou grande fã de “short stories” ou contos porque sinto que fica sempre tanto por contar, por desenvolver.

Mas uma vez que sou uma grande fã (ahah) da Julia Quinn que é, provavelmente, a minha autora favorita de romances históricos, decidi ler este livro que reúne os chamados “segundos epílogos” da série Bridgerton.

Passo a explicar. Todos os livros da série Bridgerton têm o seu epílogo, mas a série tornou-se tão popular que os leitores tinham imensas questões relativamente ao que acontecia depois do “feliz para sempre” de cada livro. E, por isso, Julia Quinn decidiu escrever pequenas histórias passadas vários anos após os casamentos que retratam determinadas situações que, claro, reforçam esses finais felizes.

A maioria das histórias é alegre, fofinha e romântica tal como os livros originais. Uma ou duas têm alguma angústia, mas claro, tudo acaba por se resolver.

Fartei-me de rir com a história do Anthony e da Kate, que recria o jogo de Pall Mall onde eles se apaixonaram. Todos os anos eles convidam as pessoas que lá estavam para um novo jogo e tentam ficar com o taco preto, que eles acham que lhes dá sorte.

A história que mais me tocou foi a da Francesca e do Michael, mas não gostei assim muito da resolução. Não me pareceu assim muito realista.

Algumas das histórias focam-se em personagens menores. A de Sophie e Benedict foca-se na irmã adotiva de Sophie, Posy e em como esta encontrou a felicidade.

Para além dos epílogos, o livro contém também um outro conto, intitulado “Violet in Bloom”. Cuja personagem é, claro, Violet, a matriarca dos Bridgerton. Este conto é composto por uma série de “flashes” da vida de Violet e finalmente, o falecido visconde, o seu marido Edmund tem algum protagonismo. É uma história muito fofinha e engraçada da qual gostei muito.

No geral, uma leitura leve e romântica, definitivamente recomendada (de leitura quase obrigatória, mesmo) para quem gosta da série Bridgertons.


Outras opiniões de livros da autora no blogue:

Opinião: Soul Screamers - livros 4-7 (Rachel Vincent)

Editora: Mira Ink/Harlequin Teen (2010 a 2013)
Formato: Capa mole/e-book | 1327 páginas (4 livros)
Géneros: Fantasia Urbana, Lit. Juvenil/YA

Agora que já passou algum tempo desde a minha leitura super rápida da série Soul Screamers, começo a ver as coisas de outra perspetiva. Isso e os detalhes da história começam a desvanecer-se da minha mente, porque a série, apesar de viciante, não é propriamente memorável.

E foi por isso que resolvi escrever uma opinião mais compacta dos últimos quatro livros. Porque, no fundo, os livros não são assim tão diferentes, apesar de haver um grande acontecimento no quinto livro (bem, dois, na verdade). No fundo tudo continua na mesma, com Kaylee e os leais amigos a lutarem contra o malvado hellion Avari.

No quarto livro (My Soul to Steal), Kaylee e Nash estão separados devido aos acontecimentos do livro anterior; Kaylee perdeu a confiança em Nash e sente que não pode continuar, por enquanto, a relação. Mas não fica satisfeita quando uma antiga namorada de Nash, Sabine, aparece pronta a reconquistá-lo.

E mais, Sabine é, literalmente, um pesadelo. É uma mara, uma criatura parasítica que sobrevive retirando energia dos seres humanos quando estes estão a dormir… e a sonhar. O medo é o seu alimento e Sabine sabe tudo sobre os medos mais profundos das suas vítimas. Quando parece que Sabine anda a matar professores para se alimentar, Kaylee sente que tem de investigar, mesmo contra a vontade de Nash. Encontra em Todd, o irmão mais velho de Nash, um aliado.

O quarto livro prima pelo dramatismo. Há muito drama associado à relação amorosa conturbada de Kaylee com Nash, que traiu a sua confiança no livro anterior e fez coisas muito pouco recomendáveis. O mistério é, como no terceiro livro, afastado para segundo plano, até porque Kaylee suspeita de Sabine mais por ciúmes do que por outra coisa.

É um livro intenso, com emoções e drama à flor da pele, tal como é típico dos adolescentes. Há muita injustiça e sentimentos feridos de parte a parte e devo dizer que Vincent constrói um triângulo amoroso muito dramático e angustiado.

If I Die, o quinto livro, é um ponto de viragem acentuado na trama central dos livros. Kaylee recebe uma notícia que irá, literalmente, mudar radical e permanentemente a forma como vê as coisas. Confrontada com uma realidade definitiva acerca da qual não pode fazer nada, Kaylee esforça-se por tentar remediar os seus problemas, especialmente a sua relação com o pai e com o talvez-ex-namorado Nash. E também tem de confrontar sentimentos de uma pessoa inesperada e talvez admitir que os seus próprios sentimentos relativamente a essa pessoa e a Nash mudaram.

Ao mesmo tempo, Kaylee tenta proteger as raparigas da sua escola, que estão a ser atacadas por um incubus, que tudo fará para procriar… apesar de as mães de uma criança incubus não terem uma taxa de sobrevivência muito alta.
Temos neste livro um quadrado amoroso à moda antiga e níveis nunca antes vistos de angústia adolescente emocional. Sabine, Kaylee, Nash e o novo interesse amoroso de Kaylee todos lutam com os seus sentimentos e com aquilo que irá, inevitavelmente, acontecer a Kaylee no final.

A luta contra o professor de Matemática, aka incubus é, novamente, secundária. No entanto, a intensidade da narrativa continua a prender o leitor. 

No sexto livro, Before I Wake, Kaylee sobreviveu a uma mudança radical na sua vida. Ou melhor, “sobreviveu” talvez não seja a melhor palavra. Kaylee é agora, para além de uma bean sidhe com uma vida amorosa complicada, uma funcionária do Departamento de Recuperação (de almas), uma outra divisão dos reapers. O seu trabalho é recuperar almas que foram roubadas aos reapers. Para além do seu novo emprego, que lhe permite continuar a sua vida “normal”, Kaylee está ainda a habituar-se à sua nova relação e ao facto de Nash não lhe falar.

E, claro, Avari continua obcecado por ela e quer a sua alma… e tudo fará para a obter, inclusive arranjar maneira de ter uma presença na Terra.

Mais angústia a potes. Mais drama amoroso, mais drama relacionado com o facto de Kaylee ser tão perfeita e altruísta que Avari está obcecado por ela. Há algumas lutas e tudo o mais, mas a frase anterior resume o livro bastante bem. Mas… adoro o novo namorado da Kaylee. E adorei ler sobre ele na short story que vem neste livro.

E chegamos ao sétimo livro (With all My Soul). Depois dos acontecimentos traumáticos do livro anterior, Kaylee e os amigos decidem que têm de parar Avari e os outros hellions a qualquer custo. Vão tentar virá-los uns contra os outros, mas quando um novo hellion chamado Ira aparece, tudo vai de mal a pior. E Kaylee poderá ter de fazer o derradeiro sacrifício…

Se os outros livros foram emocionais, este bate todos os recordes. Finalmente Nash começa a perdoar Kaylee, Kaylee começa a perdoar Nash e Sabine está lá convenientemente para oferecer um final feliz ao ex-namorado rejeitado. Muito deste livro centra-se na personagem fulgurante que é Kaylee, tão especial que uma data de habitantes do Netherworld a querem.

Tendo em conta as minhas palavras sarcásticas, poderão pensar que não gostei da série. Não é o caso. Gostei, sim, li-a de um fôlego, devorei todos os livros e digo-vos: a escrita é o máximo. Não é floreada ou intrincada ou mesmo bela, mas é viciante, intensa e prende-nos de tal forma que parece que nos tem sob um feitiço. A escrita é o ponto forte da série porque é tão… envolvente.

E foi por isso, mais do que por qualquer outra coisa, que gostei da série. Certamente que o imaginário é interessante, mas depressa se tornou evidente que o mundo está lá para suportar a angústia emocional de Kaylee e do elenco de personagens que compõem os livros. Até o facto de Avari andar obsessivamente atrás de Kaylee contribui para isso. Nunca há grande desenvolvimento do mundo ou do imaginário (ou melhor, houve algum nos primeiros livros, mas depois acabou e passou a ser “Um drama na Escola Secundária”).

No geral, esta série está bastante bem escrita, de uma forma que nos dá vontade de ler sem parar, mas tenho de ser sincera: não é nenhuma obra-prima da fantasia (mesmo da urbana). Aliás, é mais romance paranormal do que fantasia urbana e tem demasiado drama para agradar, provavelmente, à maioria dos adultos. Eu, pessoalmente, gostei do facto de ser uma leitura compulsiva, mas teria gostado mais se houvesse menos drama e mais desenvolvimento da mitologia. A história é basicamente a mesma em todos os livros, como disse no início, e pouco mais.

Opinião: My Soul to Keep (Rachel Vincent)

Editora: Mira Ink (2011)
Formato: Capa mole | 378 páginas
Géneros: Fantasia Urbana, Lit. Juvenil/YA

O terceiro livro da série “Soul Screamers” traz-nos mais conflito e algum melodrama.

A vida de Kaylee Cavanaugh deveria consistir em festas, namoros e, claro, na escola. Mas o facto de ser uma bean sidhe não ajuda e Kaylee está sempre metida em sarilhos. E esta festa não vai ser uma exceção.

Kaylee e o namorado Nash vão a uma festa na casa de um amigo quando se deparam com algo surreal… e perigoso. Alguém anda a traficar “Sopro de demónio”, uma substância gasosa originária do Netherworld. Na verdade, tratam-se das exalações dos hellions. O “Sopro do demónio” é altamente viciante e pode ser fatal para os humanos, levando primeiro à loucura e depois à morte. Com os amigos de Nash envolvidos, Kaylee e o namorado não têm escolha senão tentar perceber como a substância é transportada para o seu mundo, uma vez que os hellions não podem atravessar.

Mas um deles tem um segredo que pode acabar com a sua relação apaixonada.

“My Soul to Keep” foi uma estreia e não uma releitura. Não tinha chegado a lê-lo anteriormente, devido a… coisas (nomeadamente, aos atrasos dos correios e do Book Depository), por isso soube-me bem perceber como a situação tinha mudado tanto no 4º livro.

Neste livro temos algum desenvolvimento do mundo, sim, mas penso que o seu foco são as relações entre Kaylee e as outras personagens da trama, especialmente Nash, o seu namorado. Nash é o primeiro namorado de Kaylee e esta sente-se nas nuvens, mas vai perceber neste livro que as pessoas têm defeitos e que Nash não é tão perfeito como imaginava. O que é fixe e tal. Mas… na verdade a Kaylee é um contraste tão grande (ou seja, é uma grande Mary Sue, super perfeita e sem defeitos… passo a redundância), que as imperfeições de Nash parecem ao mesmo tempo monstruosas e… falsas. Isto faz sentido? O que quero dizer é que o facto de Kaylee não ser uma personagem muito realista (é demasiado perfeita, todos gostam dela, etc.) faz com que o leitor acabe por também não levar a sério o resto das personagens.

Sinceramente, apesar de gostar desta série, esta é uma espécie de “prazer proibido” ou “guilty pleasure”. A caracterização é irregular e a história não tem absolutamente nada de extraordinário, mas a forma como Vincent escreve envolve-nos em todo aquele drama e carga emocional de tal forma que não conseguimos parar de ler!

Assim, no geral, mais um livro de leitura rápida e agradável. Bastante mais melodramático e intenso do que os predecessores, mas bastante fraco ao nível da caracterização da sua personagem principal, que parece demasiado perfeita para ser real. A história também não se focou assim muito no tráfego da droga sobrenatural, como esperava… outros acontecimentos tomaram mais tempo de antena e tive pena. Recomendado para os fãs da série.


Outros livros da série:
  1. My Soul to Take
  2. My Soul to Save

Opinião: My Soul to Save (Rachel Vincent)

Editora: Harlequin Teen (2009)
Formato: Capa mole | 279 páginas
Géneros: Fantasia Urbana, Lit. Juvenil/YA

Aviso: alguns spoilers (poucos)
“My Soul to Save”, o segundo livro da série “Soul Screamers” é, claramente, um livro de transição e de desenvolvimento do mundo apresentado no primeiro livro.

A vida de Kaylee Cavanaugh sofreu uma reviravolta quando descobriu que é uma bean sidhe ou banshee e que tem o poder de saber quando alguém vai morrer. Descobriu também que o seu “grito” é na verdade uma canção pela alma da pessoa que morre e que, com esse grito, pode suspender essa alma e com a ajuda de um bean sidhe macho, voltar a colocá-la no corpo da pessoa.

Para além de ter descoberto as suas capacidades, Kaylee descobre também Nash, o bean sidhe macho que a ajudou a descobrir a sua verdadeira identidade. E está também disposta a descobrir o amor… mas a vida de Kaylee nunca é calma e quando uma jovem cantora morre em palco e Kaylee não grita, ela sabe que algo está errado… ela não pode cantar por alguém que não tem alma.

Neste segundo livro, Kaylee, Nash, Emma e Tod o grim reaper (e também, estranhamente, o irmão de Nash) que trabalha no hospital da cidade, ceifando as almas cujo tempo terminou têm de tentar descobrir como é que adolescentes andam a vendar a alma aos habitantes do Netherworld (a dimensão paralela onde tudo o que é monstro vive) em troca de fama e dinheiro. Tudo se torna pessoal quando uma das pessoas que vende a alma é Addy, uma antiga namorada de Tod.

O mistério é bastante simples e o livro em si não é muito grande, mas como já mencionei acima este livro serve, maioritariamente, para desenvolver o mundo e as personagens. A autora dá-nos mais informações sobre o Netherworld e sobre os seus mais temíveis habitantes, os hellions, sobre as habilidades de Kaylee e de Nash e claro, sobre o mundo dos grim reapers.

Também vemos algum desenvolvimento na relação entre Kaylee e Nash e algum desenvolvimento das outras personagens como Tod e Emma.

No geral, mais uma leitura agradável mas, sinceramente, até agora foi o livro de que menos gostei, de toda a série. É um livro de transição, com muito pouca progressão ao nível da história “maior” que percorre todos os livros.


Outros livros da série:
  1. My Soul to Take

Opinião: My Soul to Take (Rachel Vincent)

Editora: Mira Ink (2011)
Formato: Capa mole | 345 páginas
Géneros: Fantasia Urbana, Lit. Juvenil/YA

Para terminar o ano em beleza, decidi iniciar uma maratona de uma série que iniciei há alguns anos atrás e que agora já se encontra completa.

Na altura, tinha encomendado os livros do Book Depository depois de ter lido o primeiro e ter gostado e, tipicamente, eles chegaram fora de ordem, pelo que também os li fora de ordem. Li o primeiro e o segundo e depois passei diretamente para o quarto sem nunca ter lido o terceiro. Também na altura, esta série tinha apenas quatro livros, pelo que depois de terminar o quarto, deixei de seguir a série e deixei esmorecer o meu entusiasmo inicial.

Foi por isso que me decidi por uma maratona, a começar no primeiro.

“My Soul to Take” é, então, o primeiro livro da série “Soul Screamers” de Rachel Vincent. É uma série direcionada para o público juvenil (e nota-se), mas tem uma certa qualidade que a torna apetecível também para os mais adultos.

Algo está errado com Kaylee Cavanaugh. Por vezes sente-se acometida por ataques de pânico tão violentos que tem de fazer um esforço quase sobre-humano para não gritar. Foi por causa desses ataques que os tios, com quem ela vive, a internaram numa Unidade de cuidados mentais.

Mas, um dia, quando está num bar com a sua amiga Emma, Kaylee conhece (ou melhor encontra) Nash, um dos rapazes mais populares da sua escola e um conquistador consumado. Quando Kaylee sente o impulso irresistível de gritar ao ver uma jovem no bar, Nash ajuda-a a acalmar-se. E, mais tarde, Nash explica-lhe o que se passa realmente: Kaylee é uma bean sidhe (ou banshee) e sabe quando alguém vai morrer.

Enquanto Kaylee explora a sua verdadeira identidade e conhece melhor Nash, uma série de estranhas mortes faz com que a sua vida fique ainda mais complicada.

Li este livro de um fôlego. Vincent escreve extremamente bem, o mistério manteve-me interessada (apesar de ser simples) e nem o “insta-love” me irritou de sobremaneira. As personagens são simpáticas e carismáticas e o facto de o livro se focar em banshees aguçou ainda mais o meu interesse.

No geral, um livro de leitura compulsiva, bem escrito e interessante. Não é nenhuma obra prima, mas é uma boa leitura. 

Opinião: Cold Kiss (Amy Garvey)

Editora: Harper Teen (2011)
Formato: Capa mole | 292 páginas
Géneros: Fantasia Urbana, Lit. Juvenil/YA

Ora bem, o que dizer de “Cold Kiss”? Não há muito a dizer, na verdade… foi uma leitura bastante mediana, no geral.

Wren sempre soube que a sua família não era como as outras. A sua mãe fazia luzes brilhar no ar e conseguia manter a lareira acesa durante todo o dia apenas com um magro tronco. Mas é apenas quando o seu namorado Danny morre num acidente, que Wren vai descobrir a verdadeira dimensão dos seus poderes. Desesperada, inventa um feitiço para trazer de volta o seu amado; mas o rapaz que volta tem apenas algumas parecenças com o rapaz que ela amou.

Wren tem de manter Danny em segredo, mas um novo aluno, Gabriel, descobre-o com facilidade, uma vez que pode ler pensamentos e emoções. Com a ajuda de Gabriel, por quem começa a sentir alguma atração, Wren terá de tentar deixar partir verdadeiramente o rapaz que tanto amou… e no processo irá descobrir mais sobre si própria e a estranha energia que faz com que consiga manipular matéria e tantas outras coisas.

Realmente há pouco a dizer. A história está basicamente apresentada acima e não acontece muito mais. O que não teria assim muito mal se as personagens tivessem alguma profundidade. Mas não é o caso. Wren é a habitual heroína torturada, Danny quase não aparece e tem muito pouca personalidade devido à sua… condição e Gabriel é bastante estereotipado.

A autora poderia ter conseguido escrever uma história sobre perda e aceitação bastante boa, se tivesse dado profundidade e desenvolvimento às suas personagens e se não tivesse havido um “amor instantâneo” irritante lá pelo meio.

No geral… foi uma leitura rápida, mas sem grande substância. Tudo é mediano neste livro, desde a história e das personagens à própria escrita. Apesar de não me ter custado propriamente a ler não é um livro que recomende.

It's Monday! What are you reading?

Na semana passada não houve "It's Monday! What are you reading?", sinceramente nem sei muito bem porquê. Mas esta semana há e apanham-me a fazer uma releitura de uma série que comecei, andei a saltar livros e depois parei de ler há algum tempo. 

Como até gostei (gosto) da série, decidi reler tudo do início. 

My Soul to Take - Rachel Vincent

E quanto a opiniões, há algumas que vão ser deixadas de fora, porque acho que não vale a pena estar a listar opiniões de semanas passadas, por isso aqui deixo as da semana que passou (como deve ser):

Rubrica da autoria de The Book Journey.

Opinião: 1984 (George Orwell)

1984 de George Orwell
Editora: Antígona (2007)
Formato: Capa mole | 314 páginas
Géneros: Distopia, Ficção científica
Sinopse.

Aviso: opinião meio desnorteada e provavelmente pouco popular
(A edição lida está em inglês mas apresentam-se os dados da portuguesa).

Quando terminei a leitura de “1984” de George Orwell, um livro que, devido ao meu gosto por distopias e ficção científica, já queria ler há algum tempo, tive bastante dificuldade em decidir como classificar a obra.

Acabei por não a classificar. Isto tem muito a ver com a forma como eu e muitas outras pessoas foram educadas; assim como os leitores (alguns deles) olham de lado para quem quase nunca pega num livro e os amantes de séries olham de lado para quem só vê novelas, quando alguém não gosta de um livro considerado pelos críticos como “um clássico”, esse alguém pode sofrer algumas represálias, especialmente se tiver o desplante de criticar o tal livro online. Mas, quando terminei esta obra de Orwell, sabia que tinha duas opções: fingir que tinha achado o livro muito bom, excelente, uma obra-prima e fazer parte desse grupo maioritário; ou ser sincera acerca do livro e das impressões que obtive do mesmo.

E decidi ser sincera. Apesar do que isso me possa custar (provavelmente estarei a fazer uma tempestade num copo de água, mas ei… that’s me).

Mil Novecentos e Oitenta e Quatro centra-se na personagem de Winston Smith, um homem com 39 anos, de fisionomia indeterminada, que vive, presumivelmente nas Ilhas Britânicas, no que se presume ser o ano de 1984.

A sociedade que Winston conhece tem (assustadoramente), algumas semelhanças com a nossa – no que diz respeito à falta de privacidade, ao papel dos meios de comunicação na formação das opiniões e posições sociais das pessoas, e como a propaganda, e aos meios através dos quais obtemos informações podem modelar a nossa realidade – mas que diverge dramaticamente noutras (pelo menos na minha opinião).
As Ilhas Britânicas foram incorporadas num território mais vasto, a Oceânia, em que impera um regime totalitário agressivo de, aparentemente, pendor comunista. Winston, que trabalha no Ministério da Verdade é um membro do partido e como todos os outros é ferozmente monitorizado, achincalhado e forçado a moldar-se conforme o Partido e o seu líder Grande Irmão (Big Brother) querem.

Isto pode parecer uma contradição, tendo em conta o meu discurso acima, mas gostei da premissa deste livro. Tendo em conta a época em que foi escrito e a mensagem que pretende transmitir, não é possível dizer que “1984” não é uma sátira política extremamente bem conseguida e delineada. Aliás, tão bem delineada é e tão influente é este livro, que muitas das expressões e ideias passaram a integrar o imaginário da nossa sociedade moderna. A que primeiro nos vêm à mente é, claro, a expressão “Big Brother” que é hoje sinónimo de espiolhanço, falta de privacidade e de violação das liberdades civis. E é também um programa de televisão onde observamos os movimentos de pessoas 24 horas por dia… o que é, no fundo, o conceito de fundo da sociedade Orwelliana. Controlo total sobre todos, sempre. O que é assustador e não deixa de ser algo muito possível de concretizar com os meios hoje ao nosso dispor, numa sociedade tão globalizada. Certamente que os governos atuais não o fazem da mesma forma do que o Grande Irmão, mas conseguem-no mesmo assim.

O mais assustador no meio disto tudo é mesmo a forma como é possível manipular a opinião pública e as pessoas através da educação e dos meios de comunicação. A parte em que Orwell descreve o proletariado como interessado apenas em coisas triviais e na lotaria, ao mesmo tempo que ignora a sua própria precariedade social, económica e intelectual, pareceu-me bastante familiar. Certamente que esta não é uma tática nova pois já os romanos utilizavam o “pão e circo” como dispositivo de controlo ideológico das massas; mas a facilidade com que se continua a fazer o mesmo atualmente, mesmo depois dos exemplos do passado, mesmo depois de “1984” é arrepiante.

Assim, este livro tem, certamente, alguma relevância histórica especialmente ao nível político: na altura em que o autor o escreveu (1947-1948) entrava-se na guerra fria e a sua óbvia sátira política integra-se bastante bem na época do pós 2ª guerra/guerra fria. Como crítica aos excessos em que podem cair os regimes (neste caso o socialista, aqui descrito na sua forma mais agressiva e antidemocrática), é um livro importante.

Mas, a nível literário este livro não é propriamente estimulante... é seco, algo chato, cinzento e com pouca vida. E quer esta paisagem desbotada seja ou não propositada (talvez para mostrar como um regime totalitário envenena a vida e a criatividade), torna o livro bastante difícil de ler.

E passamos agora à parte menos agradável. Este livro está escrito de uma forma muito pouco conducente a uma leitura sem percalços. Se até estava a gostar da prosa e de Winston nas primeiras 70 páginas, a partir daí, a escrita tornou-se tão absurdamente evangelizante e teórica que me pareceu que estava a ler um ensaio ou algo do género. O que não é, de todo, o que procuro numa obra de ficção e não era o que procurava em “1984!”.

Confesso, até, que quando Winston começou a ler partes do Livro de Goldstein, comecei eu a ler na diagonal. Porque, senhores, há pessoas que conseguem escrever ensaios, teses e teorias interessantes, mas na minha humilde opinião, Orwell não é uma delas. Foi um suplício para mim terminar este livro mas queria mesmo terminá-lo, porque as ideias são interessantes e algumas delas (não considero a sociedade atual particularmente Orwelliana, apesar de algumas semelhanças… mas alguns podem discordar ou achar que estou a viver numa fantasia) pertinentes. Mas a escrita dificultou mesmo a tarefa. Para mim este livro não está bem escrito porque um livro bem escrito, na minha opinião, é um livro que dá gosto ler, independentemente das ideias nele contidas… e independentemente de se tratar ou não de ficção.

No geral (porque já me estou a alongar), um livro que tem certamente características para ser um clássico porque é uma obra relevante, especialmente para o estudo da política na década de 50 do século XX. Como “aviso” para as gerações futuras, também considero que terá alguma relevância apesar de me parecer que Orwell não parece ter escrito “1984” com essa intenção específica (o regime representado não difere muito dos que já existiam na Europa na época… regimes totalitários, centrados no controlo, por todos os meios, dos seus cidadãos), mas no fundo, sei lá, porque não escrevi o livro. É apenas o que me parece.

O que retirei, sobretudo, deste livro foi que os seres humanos têm uma enorme capacidade de ir até ao extremo para conseguir aquilo que querem; neste caso, poder absoluto sobre a realidade, sobre a vida e sobre as perceções de multidões. E isso é verdadeiramente assustador.  

Mas como dizia, um livro que tem muitas das características de um clássico mas ao qual falta, ao contrário do Grande Irmão, carisma. E que não me convenceu, em termos de história e escrita.


Opinião: Warbreaker (Brandon Sanderson)

Warbreaker de Brandon Sanderson
Editora: Gollancz (2012)
Formato: Capa mole | 672 páginas
Géneros: Fantasia
Sinopse.

Aviso: pequenos SPOILERS
O que dizer de Warbreaker? Foi possivelmente o livro que mais me desiludiu de Brandon Sanderson (até agora), o que me fez parar a “Sanderson-fest” que estava a fazer, lendo todos os livros do autor de rajada (a seguir a este ia iniciar a série Stormlight Archive).

Numa terra tropical, existe um reino, Halladren, governado pelo Rei Deus e o seu panteão de Retornados, pessoas que tiveram uma morte heroica e que voltaram como deuses. Os deuses vivem num enclave fechado, em mansões de luxo e são eles que tomam decisões governamentais, ouvem petições e fazem profecias.

Halladren é também uma cidade de magia (o BioChroma), onde feiticeiros denominados “Awakeners” (os que despertam) fazem magia através do Fôlego, algo que todos têm. Cada pessoa tem um Fôlego, mas podem acumular mais para “despertarem” objetos e fazerem funcionar pessoas mortas (que podem ser utilizadas no exército). Quanto mais Fôlegos uma pessoa colecionar, mais feitiços pode fazer mas também melhores serão os seus sentidos.

Não muito longe, em terras montanhosas, situa-se o reino de Idris, formado há 3 séculos pela antiga família imperial de Halladren, depois de terem sido expulsos. Idris é uma terra agreste que considera o estilo de vida de Halladren blasfemo. Mas, para evitar a guerra, o rei de Idris tem de mandar a sua filha, Vivenna, para casar com o Rei Deus.

Siri, a irmã mais nova de Vivenna é, ao contrário da irmã, voluntariosa e rebelde. Nunca ninguém pensaria que seria chamada para uma função importante. Assim, quando o pai troca as voltas a todos, Siri vê-se a caminho de Halladren para casar com o noivo da irmã.

Ao mesmo tempo, fala-se de guerra entre os reinos.

Esta é a história de Vivenna, Siri e de Lightsong, o deus da coragem que não acredita na sua divindade. E, claro, de um rebelde escondido com intenções vagas… rebelde esse que é um mestre na magia do BioChroma e que tem uma espada senciente.

Não consigo precisar bem o que fez com que torcesse o nariz a Warbreaker. Talvez seja o facto de a narrativa me ter parecido algo fragmentada e que se arrastava no tempo sem razão. Algumas partes do livro pareceram-me um pouco supérfluas, para dizer a verdade, muito tempo passado com as ruminações de Vivenna, que me pareceu uma personagem extremamente irritante até quase ao final do livro.

O problema aqui é que as personagens costumam ser um ponto forte dos livros de Sanderson… neste livro; nem por isso. Vivenna é irritante, com a sua mente fechada e a sua parvoíce e apenas se redime um pouco no final; Vasher, que é, supostamente, o herói do livro, mal aparece; e o Rei Deus e Siri poderiam ter sido melhor explorados. A única personagem sobre a qual gostei genuinamente de ler (tirando Nightblood, a espada encantada) foi Lightsong, o deus com dúvidas relativamente ao sistema religioso de Halladren. Gostei imenso desta personagem e de Llarimar o seu sacerdote-chefe. 

O sistema de magia também foi interessante, confesso, mas também não está assim muito desenvolvido. Nunca nos é realmente explicado o que é o BioChroma e como cria os Retornados, por exemplo. 

Achei que ficou muito por explorar neste livro e isso tirou-me um pouco o gosto da leitura, especialmente quando foram gastas tantas páginas em ações mundanas (por exemplo, Vivenna a encontrar-se com malfeitores para tentar sabotar os esforços de guerra de Halladren) e algo aborrecidas.

No geral, uma leitura interessante q.b., mas até agora o livro mais fraco de Sanderson. O mundo deste livro não tem aquela magia que o distingue de tantas outras obras de fantasia épica… confesso também que o facto de haver personagens que são deuses em todos os seus livros começa já a fartar um pouco, apesar da forma inventiva que o autor arranja para os explicar.

Outras obras do autor no blogue:

Opinião: Elantris (Brandon Sanderson)

Editora: Gollancz (2011)
Formato: Capa mole | 615 páginas
Géneros: Fantasia

Elantris, a primeira obra do escritor Brandon Sanderson, transporta-nos a mais um mundo repleto de magia e de intrigas políticas e religiosas.

Elantris foi outrora chamada “A cidade dos deuses”. Povoada por seres de pele prateada e cabelo branco capazes das mais incríveis magias, a cidade era o centro do reino de Arelon e os seus habitantes – seres humanos transformados pelo Shaod – eram venerados como deuses.

Mas algo aconteceu e os habitantes de Elantris perderam a sua magia e tornaram-se seres doentes e repulsivos. O povo de Arelon, sempre invejoso dos seus “deuses”, atacou a cidade e uma classe mercantil tomou conta do reino, instalando-se em Kae, uma das cidades que crescera à sombra de Elantris.

Dez anos mais tarde, a princesa Sarene do reino de Teod prepara-se para viajar para Arelon para se casar com o príncipe Raoden, de forma a que ambos os reinos possam fazer frente à expansão do império de Fjordell e da religião Shu-Dereth.

Quando Sarene chega, percebe que se tornou viúva. E que o reino de Arelon corre grande perigo pois um dos padres do Shu-Dereth, uma religião baseada na ambição e na força, tenta converter as massas. E fazer com que estas odeiem os habitantes de Elantris.

Raoden, por sua vez, passou pelo Shaod e foi fechado na cidade decrépita de Elantris. Privados da sua magia pelo estranho acontecimento de dez anos antes, todos os que sofrem o Shaod se tornam mortos-vivos de pele cinzenta e com chagas, sem cabelo e sem forma de curarem as suas feridas. Isto enlouquece a maioria dos novos habitantes de Elantris, mas Raoden está decidido a resistir e a fazer com que estas pessoas tenham uma vida condigna. Pelo caminho, começa a tentar perceber as razões da queda de Elantris.

Elantris foi uma boa leitura, tal como previa. Gostei bastante das personagens e do mundo desenvolvido por Sanderson. Sarene foi uma personagem divertida de conhecer, pois ela tem um temperamento forte e sabe tomar decisões. Raoden é um bocado perfeito demais (aliás ambas as personagens, Raoden e Sarene, o são), mas mesmo assim é impossível não se gostar dele.

Apesar de ter gostado da leitura, é bastante óbvio que Elantris é a primeira obra de Sanderson. O mundo é mais genérico, menos complexo do que o apresentado na trilogia Mistborn – Nascida das Brumas; as personagens são demasiado “coloquiais” por vezes, tendo em conta que se tratam de princesas, príncipes e nobres e o reino de Arelon, as antigas religiões que fazem parte da trama, o sistema de magia e o passado de Elantris podiam ter sido melhor desenvolvidos.

No entanto, este livro tem já aquela qualidade que nos faz querer ler mais e mais para saber qual é afinal o segredo da queda de Elantris. Que acabamos por saber.

No geral, um bom livro de fantasia, que deu gosto ler, mas que precisava de algumas arestas limadas e mais alguma complexidade ao nível do mundo e das personagens.


Outras obras do autor no blogue:

Opinião: Banished (Sophie Littlefield)

Editora: Delacorte Books (2010)
Formato: Capa dura | 304 páginas
Géneros: Fantasia urbana, Lit. YA/Juv.

Depois de alguns livros juvenis de ficção científica, senti necessidade de continuar a ler YA (Young Adult) mas de retirar a ficção científica da equação (talvez porque Inside Out foi um pouco uma desilusão). Por isso (e também para dar mais um golpe na minha pilha massiva de livros “físicos” por ler), escolhi este “Banished” de Sophie Littlefield. Pareceu-me apropriado e pela sinopse pareceu-me também uma história com personagens duras, que vivem em circunstâncias pouco usuais (devo dizer que o facto de a avó da personagem principal ser traficante também ajudou).

Infelizmente, esta não foi uma leitura com muito sucesso.

Hailey Tarbell vive num dos bairros mais pobres e problemáticos de Gypsum, Missouri, juntamente com a avó e o irmão adotivo de três anos, Chub. Tem uma vida difícil, pois a avó é uma pessoa amarga que descarrega as suas frustrações em Hailey (através de violência verbal) e que se dedica a negócios obscuros e ilegais. Chub, o irmãozinho de Hailey, que a avó adotou para obter o subsídio do Governo, tem dificuldades de aprendizagem e Hailey passa muito do seu tempo a cuidar dele.

Também na escola as coisas não são melhores, uma vez que todos a desprezam e ela nem sequer consegue travar amizade com os miúdos de “Trashtown”, outro bairro pobre da cidade.

Um dia, há um acidente na aula de Educação Física, quando uma das raparigas de “Trashtown” cai e bate com a cabeça. E é aí que Hailey descobre que tem um poder estranho que lhe permite curar. Mas a rapariga não está agradecida… pelo contrário, ela e todos os do seu bairro parecem ter medo de Hailey.

Tudo se complica mais com a chegada de Prairie, a tia que Hailey não sabia que tinha. Hailey poderá obter respostas sobre quem é e sobre a sua família, mas não será uma viagem isenta de perigos… alguém anda atrás dela e de Prairie por causa das capacidades da sua família.

“Banished” é… uma confusão em forma de livro. O enredo é complicado, mas não de forma positiva; a ação salta erraticamente de um ponto para outro, começando com o desenvolvimento incipiente da vida de Hailey em Gypsum e a apresentação de personagens que, ao que tudo indica, terão pelo menos alguma influência na história, para uma perseguição delirante de automóvel que leva Hailey e Chub para longe do mundo e personagens anteriormente desenvolvidos.

Enquanto lia “Banished”, senti-me como se tivesse a ver uma espécie de cruzamento entre um filme para a TV com atores de segunda com um enredo tão ridículo e inexplicável (ou inexplicado) como o de “The Tomorrow People” (peço desde já desculpa aos fãs da série, mas para mim aquilo é terrível). Não há fio condutor para o enredo exceto que de repente alguém aparece – a tia Prairie – e despoleta, indiretamente e por meios que nos são muito mal explicados (aparentemente a Prairie tem um namorado rico e maléfico) toda a ação subsequente. O dom de Hailey e de Prairie, e a sua origem são-nos explicados de forma confusa e que deixa mais perguntas do que respostas, por Prairie, numa sessão de info-dump tão óbvia que dá vontade de revirar os olhos.

Aparentemente os “Banished” são umas famílias da Irlanda que se espalharam pelo mundo. Têm dons, as mulheres da cura, os homens de previsão do futuro. Mas… porque deixaram a Irlanda? Quem lhes deu esses dons? Qual a sua finalidade? Não sabemos.

Uma mistura inverosímil de fantasia e ficção científica, porque claro que há um cientista qualquer que estudou o ADN da Prairie e quer os seus dons porque blah, blah, exército, “Banished” foi uma leitura confusa, com personagens bidimensionais, sem personalidade e bastante aborrecidas e sinceramente… má. Nem queria mencionar o romance parvo lá pelo meio, mas merece, porque é igualmente ridículo.

A única coisa (ou melhor, personagem) que redime um pouco este livro é Chub, um rapaz muito fofo e o único sobre o qual gostei de ler. Até o aspeto sobrenatural é confuso e aborrecido, como se a própria autora não soubesse bem como queria desenvolvê-lo.

No geral, não recomendo. A única coisa boa foi mesmo o facto de estar escrito de forma a que se lesse rapidamente.

Opinião: Inside Out (Maria V. Snyder)

Editora: Mira Ink (2011)
Formato: Capa mole | 315 páginas
Géneros: Ficção Científica, Distopia

“Inside Out” de Maria V. Snyder é o meu primeiro “contacto” com a autora após vários anos e depois de ler dois dos três livros da trilogia “Poison”. Nunca cheguei a ler o terceiro, porque na altura várias pessoas cuja opinião respeito bastante ficaram muito desiludidas com esse livro, o que me fez perder a vontade de ler livros da autora durante bastante tempo.

Mas tinha lá este e como estava toda lançada nas distopias, decidi ler.

A sociedade de Trella está dividida não apenas em níveis, mas também em classes. A classe “trabalhadora” (scrubs) vive nos dois níveis mais baixos, em camaratas e com cantinas, com pouca privacidade e muito poucas esperanças de uma vida melhor. A classe mais beneficiada (os uppers) vive nos dois níveis superiores e tem mais conforto, trabalhos mais especializados e o controlo do governo. Trella é uma scrub, cujo trabalho é limpar as ventilações e canos desta sociedade subterrânea; como consequência ela consegue ir a todo o lado.

É por isso chamada de “Rainha da canalização” e é por isso que quando o seu amigo Cogan lhe pede que ajude um homem a recuperar discos escondidos que revelam a localização do lendário “Exterior”, Trella vai ver-se envolvida numa revolução da qual nunca quis fazer parte.

Foi uma leitura algo… genérica. O mundo, as personagens e a progressão da história são bastante normais e pouco surpreendentes neste tipo de género. Para falar a verdade, o final foi bastante surpreendente e fui apanhada de surpresa, mas de resto… a sociedade desigual, a corrupção de um propósito há muito definido e perdido nas brumas do tempo e uma história mítica que serve de motivação para um grupo de rebeldes… tudo isto me pareceu bastante trivial.

Também não gostei grandemente das personagens, que me pareceram estar mal desenvolvidas e ter pouca personalidade. O romance pareceu-me irrealista e inverosímil. E sim, sei que estou a ser redundante, mas é que não senti mesmo qualquer ligação entre as personagens.

No geral, uma leitura bastante mediana. Não foi má, mas também não foi propriamente original e sinceramente, para além do final, nada do que aconteceu me puxou assim muito para a história. Certamente que há um certo paralelismo com a “luta de classes” do século XX, mas isso é uma correlação que pode ser encontrada em muitas distopias. Nada de especial, mas o final vale bastante porque lá está, foi a única parte surpreendente do livro.

Opinião: The Forever Song (Julie Kagawa)

The Forever Song de Julie Kagawa
Editora: Harlequin Teen (2014)
Formato: e-book | 287 páginas
Géneros: Fantasia Urbana, Ficção Científica
Sinopse (contém spoilers)

Com “The Forever Song” chegamos ao final desta trilogia e da viagem de Allison Sekemoto.

Depois do terrível acontecimento que marcou o final do livro anterior, Allie decidiu tornar-se naquilo que sempre evitou ser: um monstro. Para ela não há mais sentimentos, tentativas de conter a “Fome” ou de ser mais do que uma fera sedenta de sangue e de morte.

É neste clima que Allie, Jackal e Kanin continuam a sua busca por Sarren o vampiro louco que se dirige para Eden, o último reduto completamente humano, para lá espalhar a nova estirpe da Febre do Pulmão Vermelho. Pelo caminho, vão encontrar mais violência do que alguma vez esperavam e muitas armadilhas deixadas por Sarren.

O terceiro volume de The Blood of Eden tem mais ação, sangue, gore e violência do que os outros dois, e também bastante mais drama. Neste livro as personagens são um bocado dramáticas demais e têm umas “pity-parties” um bocado irritantes, mas considerando as circunstâncias (maluco, fim do mundo – mais do que já foi), até se percebe.

A Allie vira um bocado “Mary Sue” super perfeita neste livro, mas isso não me impediu de o devorar.

Enquanto conclusão para a trilogia, The Forever Song é um livro perfeito que ata todas as pontas soltas, mantém o leitor agarrado às páginas e ainda garante um final satisfatório, apesar dos muitos momentos de angústia.

Não há muito mais a dizer sobre este livro, exceto que, mais uma vez, Julie Kagawa me surpreendeu pela positiva relativamente à escrita fluída, viciante e “cinematográfica”. Sobre a história, não há muito a acrescentar, especialmente porque não difere muito da do segundo livro, com uma perseguição ao vilão pelas ruínas inóspitas da civilização humana.

No geral, mais uma leitura compulsiva e bem interessante. Recomendada para quem gosta de fantasia urbana, vampiros e de muitas cenas de ação.

Da mesma série:
  1. The Immortal Rules
  2. The Eternity Cure
Mais livros da autora no blogue:

Opinião: The Eternity Cure (Julie Kagawa)

The Eternity Cure de Julie Kagawa
Editora: Mira Ink (2013)
Formato: Capa mole | 434 páginas
Géneros: Fantasia Urbana, Ficção Científica
Sinopse

AVISO: alguns spoilers para o primeiro livro
“The Eternity Cure” foca-se novamente Allison Sekemoto, uma jovem vampira que sobrevive num mundo distópico e muito duro.

Depois de deixar o seu grupo de amigos humanos na lendária cidade de Eden (uma cidade não controlada por vampiros), Allie parte em busca do seu criador, Kanin, que foi raptado pelo vampiro louco Sarren. Através do seu laço de sangue, Allie segue a pista de Kanin, mas acaba por encontrar Jackal, outro dos descendentes de Kanin.

Apesar de não confiar em Jackal que é, acima de tudo, um vampiro com “V” grande (que não se importa minimamente com os seres humanos), Allie tem de unir forças com o seu irmão de sangue porque o vampiro que vão enfrentar pode ser louco mas também é forte.

A sua busca leva-os a New Convington, a antiga cidade onde Allie viveu quando era humana. Aqui, Jackal, Allie e Zeke, o amigo humano de Allie, vão descobrir que Sarren tem planos horripilantes para o mundo, que incluem uma nova estirpe da Febre do Pulmão Vermelho.

Este segundo livro foi um pouco menos interessante do que o primeiro, mas mesmo assim revelou-se uma leitura compulsiva.

Allie continua a lutar contra a sua natureza vampírica, especialmente porque o seu caminho atual é bastante perigoso e ela fica ferida algumas vezes, precisando de se alimentar para se curar. A “Fome” é um elemento sempre presente.

A ação continua a ser uma parte predominante da história, com Allie, Jackal e Zeke a combaterem os rábidos, os homem-toupeira (os canibais que vivem nos subterrâneos de New Convington) e mesmo os afetados pela nova estirpe da Febre do Pulmão Vermelho. Há também uma componente romântica entre Allie e Zeke, que é dificultada pelas suas naturezas opostas: Zeke é um humano e Allie uma vampira.

Basicamente, tal como o primeiro livro, este tem tudo o que se pode querer para uma leitura compulsiva e muito interessante. Temos já mais algumas informações sobre as pesquisas levadas a cabo antes de tudo dar para o torto (na cura da Febre do Pulmão Vermelho), mas isso não empata o ritmo frenético e aditivo da narrativa.

No geral, uma ótima leitura. Tem as doses certas de ação, romance, mistério e também personagens carismáticas e interessantes. Que mais se pode querer?


Da mesma série:
  1. The Immortal Rules
Mais livros da autora no blogue:

Novidade Marcador: O Cavalheiro Inglês de Carla M. Soares

O Cavalheiro Inglês de Carla M. Soares. Nas livrarias a partir de amanhã.


Uma nação em crise.
Uma família na miséria.
Uma mulher determinada.
Um noivo terrível.
Um inglês apaixonado.
Um crime e uma proposta indecente.

PORTUGAL. 1892. Na sequência do Ultimato inglês e da crise económica na Europa e em Portugal, os governos sucedem-se, os grupos republicanos e anarquistas crescem em número e importância e em Portugal já se vislumbra a decadência da nobreza e o fim da monarquia.
Os ingleses que ainda permanecem em Portugal não são amados. O visconde Silva Andrade está falido, em resultado de maus investimentos em África e no Brasil, e necessita com urgência de casar a sua filha, para garantir o investimento na sua fábrica.
Uma história empolgante que nos transporta para Portugal na transição do século XIX para o século XX numa narrativa recheada de momentos históricos e encadeada com as emoções e a vida de uma família portuguesa.

Opinião: For Darkness Shows the Stars (Diana Peterfreund)

Editora: Balzer + Bray (2012)
Formato: Capa dura | 407 páginas
Géneros: Ficção científica, Lit. Juvenil/YA
Sinopse.

For Darkness Shows the Stars é um “retelling” ou adaptação (mais ou menos) de Persuasão, uma das obras de Jane Austen.

Apesar do esqueleto de For Darkness Shows the Stars ser semelhante ao de Persuasão (ou seja, dois apaixonados que planeiam fugir, mas cuja fuga acaba por não se concretizar porque a rapariga decide não ir à última da hora. E toda a desarmonia que daí advém quando os dois protagonistas se encontram anos mais tarde), a autora, Diana Peterfreund acrescenta toda uma nova dimensão, decorrente do seu mundo pós-apocalíptico e das diversas ideologias que o moldam.

Elliott North faz parte de uma classe de nobres, os “Luditas” (Luddites, no original), que desde que o mundo foi destruído devido a avanços científicos na área da genética, reinam sobre uma hoste de “Reduzidos” (no original Reduced), homens e mulheres portadores de deficiência mental, devido a mudanças no ADN dos seus antepassados.

Os Luditas defendem um estilo de vida simples, sem tecnologia (que tanto mal causou), de volta às origens. Por isso instituíram um sistema de classes, em que eles são os nobres, os superiores, uma vez que os seus antepassados se opunham à modificação genética (segundo nos é dado a perceber, eram de facto uma seita religiosa) e assim não foram modificados e escaparam ao flagelo da “redução” (ou seja não tiveram filhos Reduzidos). Como classe superior, os Luditas acreditam que a sua missão é cuidar do planeta e dos Reduzidos (o que fazem, obrigando estes últimos a trabalhar nas suas terras) e proibir o uso de tecnologia (exceto a que lhes dê vantagens, como tratores e outras máquinas parecidas).

Mas depois de gerações de Reduzidos gerarem mais Reduzidos, começa a notar-se uma mudança: algumas das crianças já não exibem sinais de redução, são em tudo… normais. Kai é uma dessas crianças. Ele e Elliott vão desenvolver uma relação primeiro de amizade e depois de amor. Mas quando Kai quer abandonar a propriedade dos North juntamente com Elliott ela resiste; porque apenas ela se importa com as pessoas que vivem na sua propriedade.

Como quem já leu “Persuasão” provavelmente já adivinhou, Kai volta alguns anos mais tarde, capitão de um navio exploratório cujo objetivo é explorar o mundo (agora novamente desconhecido). Ele e o conjunto de “Posts” (pós-redução) que compõem o seu grupo são ricos e heróis para todos os Posts que continuam presos às terras dos Luditas. Eles alugam um estaleiro na terra dos North, que estão a precisar de dinheiro.
Kai está muito zangado com Elliott por o ter abandonado quatro anos antes. Mas, ao contrário de que acontece em Persuasão, a recusa de Elliott não se dá apenas devido a uma indecisão mas sim porque, sendo Ludita, Elliott acredita nos valores religiosos dos mesmos (apesar de ter uma mente mais aberta) e sabe que tem de cuidar dos que vivem nas terras dos North.

For Darkness Shows the Stars apresenta-nos a história romântica de Persuasão, mas adiciona-lhe uma batalha interior da parte de Elliott relativamente àquilo em que acredita e se os valores em que baseou a sua vida estarão realmente corretos. Não quero com isto dizer que este livro é melhor do que o “Persuasão”. Apenas que, no fundo, apesar dos aspetos comuns, é um livro que se consegue distinguir da sua obra de inspiração.

Achei Elliott uma personagem fantástica. Não é perfeita e sabe-o. É algo intolerante mas bondosa (como a maioria dos seres humanos no planeta, suponho) e luta para ser o melhor possível. Está aberta a novas ideias (pelo menos mais para o final do livro), o que é ótimo. Cresce enquanto personagem.

Kai é… bem, foi a personagem que me desapontou mais. É irritante e chega a ser mau. Para além disso não é nem de perto nem de longe tão intenso como o Capitão Wentworth da obra original.

No geral, um livro bastante bem escrito e interessante. Adorei o mundo criado pela autora, a doutrina religiosa que rege este mundo e sobretudo a forma como introduziu o velho e contínuo debate sobre até onde devemos ir com o nosso progresso científico e se as razões que damos para o mesmo (melhorar a vida das pessoas, por exemplo) justificam tudo. As personagens também me cativaram, especialmente a Elliott. O Kai teve algumas atitudes parvas mas não desgostei dele, no geral. Também achei muito interessante a forma como a autora desenvolve a relação entre a Elliott e o Kai através das cartas que escrevem um ao outro ao longo dos anos.