Editora: Mira Ink/Harlequin Teen (2010 a 2013)
Formato: Capa mole/e-book | 1327 páginas (4 livros)
Géneros: Fantasia Urbana, Lit. Juvenil/YA
Agora que já passou algum tempo desde a minha leitura super
rápida da série Soul Screamers, começo a ver as coisas de outra perspetiva.
Isso e os detalhes da história começam a desvanecer-se da minha mente, porque a
série, apesar de viciante, não é propriamente memorável.
E foi por isso que resolvi escrever uma opinião mais
compacta dos últimos quatro livros. Porque, no fundo, os livros não são assim
tão diferentes, apesar de haver um grande acontecimento no quinto livro (bem,
dois, na verdade). No fundo tudo continua na mesma, com Kaylee e os leais
amigos a lutarem contra o malvado hellion Avari.
No quarto livro (My
Soul to Steal), Kaylee e Nash estão separados devido aos acontecimentos do
livro anterior; Kaylee perdeu a confiança em Nash e sente que não pode
continuar, por enquanto, a relação. Mas não fica satisfeita quando uma antiga
namorada de Nash, Sabine, aparece pronta a reconquistá-lo.
E mais, Sabine é, literalmente, um pesadelo. É uma mara, uma criatura parasítica que
sobrevive retirando energia dos seres humanos quando estes estão a dormir… e a
sonhar. O medo é o seu alimento e Sabine sabe tudo sobre os medos mais
profundos das suas vítimas. Quando parece que Sabine anda a matar professores
para se alimentar, Kaylee sente que tem de investigar, mesmo contra a vontade
de Nash. Encontra em Todd, o irmão mais velho de Nash, um aliado.
O quarto livro prima pelo dramatismo. Há muito drama
associado à relação amorosa conturbada de Kaylee com Nash, que traiu a sua
confiança no livro anterior e fez coisas muito pouco recomendáveis. O mistério
é, como no terceiro livro, afastado para segundo plano, até porque Kaylee
suspeita de Sabine mais por ciúmes do que por outra coisa.
É um livro intenso, com emoções e drama à flor da pele, tal
como é típico dos adolescentes. Há muita injustiça e sentimentos feridos de
parte a parte e devo dizer que Vincent constrói um triângulo amoroso muito
dramático e angustiado.
If I Die, o quinto
livro, é um ponto de viragem acentuado na trama central dos livros. Kaylee
recebe uma notícia que irá, literalmente, mudar radical e permanentemente a
forma como vê as coisas. Confrontada com uma realidade definitiva acerca da
qual não pode fazer nada, Kaylee esforça-se por tentar remediar os seus
problemas, especialmente a sua relação com o pai e com o talvez-ex-namorado
Nash. E também tem de confrontar sentimentos de uma pessoa inesperada e talvez
admitir que os seus próprios sentimentos relativamente a essa pessoa e a Nash
mudaram.
Ao mesmo tempo, Kaylee tenta proteger as raparigas da sua
escola, que estão a ser atacadas por um incubus,
que tudo fará para procriar… apesar de as mães de uma criança incubus não terem uma taxa de
sobrevivência muito alta.
Temos neste livro um quadrado amoroso à moda antiga e níveis
nunca antes vistos de angústia adolescente emocional. Sabine, Kaylee, Nash e o
novo interesse amoroso de Kaylee todos lutam com os seus sentimentos e com
aquilo que irá, inevitavelmente, acontecer a Kaylee no final.
A luta contra o professor de Matemática, aka incubus é, novamente, secundária. No
entanto, a intensidade da narrativa continua a prender o leitor.
No sexto livro, Before I Wake, Kaylee sobreviveu a uma
mudança radical na sua vida. Ou melhor, “sobreviveu” talvez não seja a melhor
palavra. Kaylee é agora, para além de uma bean sidhe com uma vida amorosa
complicada, uma funcionária do Departamento de Recuperação (de almas), uma
outra divisão dos reapers. O seu
trabalho é recuperar almas que foram roubadas aos reapers. Para além do seu novo emprego, que lhe permite continuar a
sua vida “normal”, Kaylee está ainda a habituar-se à sua nova relação e ao
facto de Nash não lhe falar.
E, claro, Avari continua obcecado por ela e quer a sua alma…
e tudo fará para a obter, inclusive arranjar maneira de ter uma presença na
Terra.
Mais angústia a potes. Mais drama amoroso, mais drama
relacionado com o facto de Kaylee ser tão perfeita e altruísta que Avari está
obcecado por ela. Há algumas lutas e tudo o mais, mas a frase anterior resume o
livro bastante bem. Mas… adoro o novo namorado da Kaylee. E adorei ler sobre
ele na short story que vem neste livro.
E chegamos ao sétimo livro (With all My Soul). Depois dos
acontecimentos traumáticos do livro anterior, Kaylee e os amigos decidem que
têm de parar Avari e os outros hellions a qualquer custo. Vão tentar virá-los
uns contra os outros, mas quando um novo hellion chamado Ira aparece, tudo vai
de mal a pior. E Kaylee poderá ter de fazer o derradeiro sacrifício…
Se os outros livros foram emocionais, este bate todos os
recordes. Finalmente Nash começa a perdoar Kaylee, Kaylee começa a perdoar Nash
e Sabine está lá convenientemente para oferecer um final feliz ao ex-namorado
rejeitado. Muito deste livro centra-se na personagem fulgurante que é Kaylee,
tão especial que uma data de habitantes do Netherworld a querem.
E foi por isso, mais do que por qualquer outra coisa, que gostei da série. Certamente que o imaginário é interessante, mas depressa se tornou evidente que o mundo está lá para suportar a angústia emocional de Kaylee e do elenco de personagens que compõem os livros. Até o facto de Avari andar obsessivamente atrás de Kaylee contribui para isso. Nunca há grande desenvolvimento do mundo ou do imaginário (ou melhor, houve algum nos primeiros livros, mas depois acabou e passou a ser “Um drama na Escola Secundária”).
No geral, esta série está bastante bem escrita, de uma forma
que nos dá vontade de ler sem parar, mas tenho de ser sincera: não é nenhuma
obra-prima da fantasia (mesmo da urbana). Aliás, é mais romance paranormal do
que fantasia urbana e tem demasiado drama para agradar, provavelmente, à
maioria dos adultos. Eu, pessoalmente, gostei do facto de ser uma leitura
compulsiva, mas teria gostado mais se houvesse menos drama e mais
desenvolvimento da mitologia. A história é basicamente a mesma em todos os
livros, como disse no início, e pouco mais.
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