Opinião: A Paixão de Emma

A Paixão de Emma de Charlotte Bingham
Editora: Edições Asa (2010)
Formato: Capa Mole | 288 páginas
Géneros: Romance, Ficção Histórica
Sinopse (Edições ASA): Emmaline sempre ouvira a mãe dizer que, como a mais velha de quatro irmãs, casar deveria ser a sua prioridade e dever. Contudo, o tempo passava sem que se vislumbrasse qualquer proposta de casamento. Até que num baile organizado em sua casa, um belo desconhecido a convida para dançar. Ele chama-se Julius e, na manhã seguinte, pede a sua mão. Cheia de esperança e vontade de começar uma nova vida, Emmaline deixa a América rumo a Inglaterra. Porém, quando chega, depara-se com uma casa estranha, repleta de pessoas invulgares e criados excêntricos. Um cenário bastante distante do glorioso lugar que Julius lhe descrevera. Na verdade, à medida que os dias passam, o próprio noivo parece ter-se tornado irreconhecível. Emmaline sente-se cada vez mais só e infeliz, chegando até a pôr em causa o futuro da relação. Mas isso é antes de o passado de Julius, e a história daquela enigmática casa, lhe serem desvendados.
Basta olhar para a minha página no Goodreads para perceber que gosto bastante de "Romances Históricos". Sempre achei que eram óptimas distracções para quando nos estamos a sentir mais desanimados e pretendemos o equivalente literário de um chocolate.

Foi por isso que peguei com algum entusiasmo nesta nova oferta literária do género, "A Paixão de Emma". No entanto, fiquei bastante desiludida com o livro, pois não é, nem de perto nem de longe tão bom como a maioria dos outros livros da mesma categoria. Aliás, não entendo bem como é que um livro tão desinteressante foi publicado e pior ainda, escolhido pela ASA para publicação em Portugal quando há tantos outros livros do género muito mais meritórios da "honra". Passo a explicar.

Primeiro, achei extremamente difícil gostar das personagens (com a notável excepção dos criados dos Aubrey, especialmente Wilkinson e Agnes e mesmo esses...) ou conectar-me com elas. Pareceram-me quase todas muito pouco... reais; a família de Emmaline parece-se com uma grande mancha, e não conseguiria distinguir uma personagem de outra, pois a única característica que os une é o desprezo por Emma. Esse desprezo é quase caricatural... como as irmãs malvadas da Cinderella no clássico da Disney. Por sua vez, Emmaline é uma personagem fraca e as emoções que demonstra durante o livro não parecem corresponder às situações em que se encontra. Julius deixou-me perplexa... quase não parecia humano, mas mais um robô ou algo do género, uma vez que quase sempre o seu comportamento me pareceu bizarro.

Depois temos a história. O enredo é bastante simplista e está muito mal explorado, para já não falar do facto de que é bastante previsível. Ao mesmo tempo, a linha de acção é confusa e é quase impossível dar pela passagem do tempo, devido ao modo como o livro está escrito. De facto todo o livro parece bastante irreal... Julius ora aparecia em casa ora desaparecia de casa, nas alturas mais estranhas e nunca havia maneira de o leitor saber se o protagonista se encontrava presente. Ele aparecia de repente (quando no dia anterior, estava supostamente em França ou algo do género) para o jantar e tentava parecer misterioso (tendo apenas conseguido parecer ser o homem mais aborrecido à face da Terra).
Foi por isso que a história de amor me pareceu tão pouco realista... Julius aparenta ter muito pouca personalidade para além de quase nunca estar em casa e é um mistério para mim como é que Emma se apaixona por uma pessoa que não se dá a conhecer. Ao mesmo tempo não nos é permitido conhecer os pensamentos de Julius pelo que nunca chegamos a saber como e quando é que se apaixonou por Emma.

O estilo de escrita também não é dos melhores. Não sei se a autora escreve mesmo assim, ou se foi da tradução, mas frases como "A Emma está muito bonita esta noite, muito bonita" ou "Emma não deve fazer isso, não deve" repetem-se com frequência e tornam-se irritantes, no mínimo.

No geral, uma obra muito fraca tanto em termos de estilo de escrita como em termos de história e personagens.

Opinião: A Princesa de Gelo (Camilla Läckberg)

A Princesa de Gelo de Camilla Läckberg
Editora: Oceanos (2009)
Formato: Capa Mole | 399 páginas

Géneros: Mistério / Thriller 
Sinopse.

Depois da obra de Stieg Larsson me ter supreendido pela positiva, decidi experimentar outros autores norte europeus. Camilla Läckberg pareceu-me a escolha ideal; não só foi publicada em Portugal pela mesma editora (Oceanos), como é apelidada de "A nova Agatha Christie que vem do frio" na capa desta obra. Visto que Agatha Christie continua a ser uma das minhas autoras de livros de mistério preferidas, decidi experimentar.

Pena que Camilla Läckberg não tenha nada a ver nem com Christie nem com Larsson. Falta-lhe a habilidade que, na minha humilde opinião, Agatha Christie tem de conceber um mistério intrincado que se apoia especialmente nas características psicológicas das personagens; falta também a Läckberg o talento para desenvolver personagens interessantes (que tanto Larsson como Agatha Christie possuem).

Assim, a este livro faltam, claramente, alguns elementos essenciais que fazem de uma obra deste género uma leitura interessante.

Não achei que as personagens fossem particularmente envolventes ou estivessem bem desenvolvidas e as suas interacções pareceram-me forçadas e pouco realistas.

O modo como resolveram o mistério também não me satisfez pois pareceu-me que tanto Erica como Patrik (que é um polícia, atenção) tinham poderes dedutivos muito incipientes. Mais, não vemos muito processo de dedução ou mesmo ao longo do livro; na verdade os dois protagonistas só conseguiram resolver o mistério porque encontraram algumas pistas (como recortes de jornal, etc) muito óbvias que até uma criança pequena conseguiria, com algum tempo, decifrar.
Senti-me quase como se estivesse a assistir a um episódio de "Scooby-Doo"... de vez em quando Patrik ou Erica encontravam algo, uma peça do "puzzle" e só faltava dizerem "Aha! Uma pista!". Ainda mais irritante: quando tal pista era encontrada, o leitor não era informado acerca da sua natureza; ou seja, na altura em que um dos protagonistas encontrava um objecto suspeito que o fazia ter um "momento Eureka", o leitor continuava às escuras uma vez que não nos era dito que objecto era esse.

Mesmo assim, demoraram uma eternidade a juntar todas as "peças" e quando o fizeram finalmente, já eu tinha adivinhado toda a história. Por isso suponho que podemos acrescentar "Previsível" à lista de defeitos desta obra.

Detalhes da versão original:
Título: Isprinsessan
Série: Fjällbacka
Ano:  2004

Feitiços de Amor

Título Original: "Casting Spells"
Autor: Barbara Bretton
Editora: Quinta Essência - 2009
Nº de Páginas: 296
Idioma: Português
Géneros: Romance, Fantasia

Sinopse (Quinta Essência): Parece uma vila bucólica igual a tantas outras, mas esconde um segredo antigo de todos os visitantes…
Sugar Maple é uma terra encantada habitada por feiticeiras, fadas, vampiros e outras criaturas mágicas. Chloe Hobbs é a única que não tem poderes especiais naquele lugar onde nada é o que parece.

Chloe é a proprietária da Sticks & Strings, uma popular loja de artigos de tricô. Mas é também a última descendente de uma longa dinastia de feiticeiras com o futuro de Sugar Maple nas mãos. Chloe sabe que tem de se apaixonar para receber os poderes mágicos e continuar a proteger a sua terra natal. Mas, aos 30 anos, ainda sonha com o verdadeiro amor e as amigas decidem lançar feitiços para a ajudar a encontrar o homem dos seus sonhos. O que ninguém esperava era que Chloe se apaixonasse perdidamente por Luke MacKenzie, o polícia destacado para investigar o primeiro crime ocorrido em Sugar Maple e cem por cento humano. Se o amor abre finalmente a porta aos seus poderes mágicos, esses mesmos poderes impedem Chloe de sonhar com um futuro ao lado de Luke… Feitiços de Amor é um romance encantador e inesquecível sobre o poder do amor e a magia dos sonhos.

"Feitiços de Amor" foi mais uma leitura rápida e relativamente agradável.

No entanto, este livro tem alguns problemas muito visíveis em termos de desenvolvimento da história. A autora não se dá ao trabalho de desenvolver o enredo (um caso de homicídio, que é pouco mais do que uma razão para os personagens principais se encontrarem) de modo a torná-lo interessante, preferindo centrar-se nas personagens. O que até é compreensível, visto ser esta obra um romance.
Infelizmente a parte do romance também não é das melhores, uma vez que não é minimamente verosímil: o casal "principal" apaixona-se em tempo recorde; não senti que houvesse grande química entre as personagens porque elas simplesmente... não se conheciam de lado nenhum.

No geral: a ideia é boa, mas a execução deixa muito a desejar. É também importante referir alguns erros muito óbvios de tradução. Como exemplo, temos a adaptação da frase inglesa "things that go bump in the night"; a tradutora escolheu uma tradução literal que simplesmente não resulta.

Recomendado para os que gostam de romances leves "com um toque de magia".

Traída (Casa da Noite, 2)

Título Original: "Betrayed"
Autor: P.C. Cast, Kristin Cast
Editora: Saída de Emergência - 2009
Nº de Páginas: 332
Idioma: Português
Géneros: Lit. Juvenil, Fantasia Urbana

Sinopse (SdE): Zoey Redbird pertence à Casa da Noite e sabe que foi abençoada com vastos poderes pela deusa vampyra Nyx. Mas quando começa finalmente a sentir-se integrada entre os amigos e é escolhida para líder das Filhas das Trevas, o impensável acontece: a Casa da Noite é acusada das mortes misteriosas de alguns adolescentes humanos.
Mais do que nunca o perigo ronda os amigos de Zoey - e ela sabe que os poderes que a tornam única também ameaçam aqueles que ama. Quando a tragédia chega à Casa da Noite, a jovem precisará de coragem para enfrentar a traição que ameaça o seu coração, a sua alma... e o próprio mundo que a acolheu.
Traída é o segundo volume da série "Casa da Noite", que conta com seis volumes em inglês (três dos quais, já publicados pela Saída de Emergência).

Passaram cerca de dois anos (penso eu), desde que li o primeiro livro da série, "Marcada" (ou "Marked", no original), e apesar de já não me lembrar da maior parte dos pormenores (não é propriamente uma história que nos fica na memória), lembro-me do enredo em geral.

Este livro é uma continuação directa do primeiro; a acção decorre alguns dias depois dos acontecimentos de "Marcada". Em termos de história "Traída" não constituiu nenhuma surpresa. O vilão é exactamente quem eu pensava que seria e as personagens deram as voltas que eu esperava que dessem (excepto num ou noutro particular, mas são coisas ínfimas). Ou seja, a acção é extremamente previsível e as personagens são clichés ambulantes. Não há nada de inovador nesta série, cujas principais qualidades são o estilo de escrita escrita apelativo e o óptimo encadeamento dos acontecimentos que tornam a leitura fluida e viciante.

Uma leitura leve e agradável para quem (como eu), gosta de fantasia urbana.

Sangue Fresco (Sangue Fresco, 1)

Título Original: "Dead until Dark"
Autor: Charlaine Harris
Editora: Saída de Emergência - 2009
Nº de Páginas: 272
Idioma: Português
Géneros: Fantasia Urbana, Mistério/ Thriller
Sinopse (SdE): Uma grande mudança social está a afectar toda a humanidade. Os vampiros acabaram de ser reconhecidos como cidadãos. Após a criação em laboratório, de um sangue sintético comercializável e inofensivo, eles deixaram de ter que se alimentar de sangue humano. Mas o novo direito de cidadania traz muitas outras mudanças…

Sookie Stackhouse é uma empregada de mesa numa pequena vila de Louisiana. É tímida, e não sai muito. Não porque não seja bonita – porque é – mas acontece que Sookie tem um certo “problema”: consegue ler os pensamentos dos outros. Isso não a torna uma pessoa muito sociável. Então surge Bill: alto, moreno, bonito, a quem Sookie não consegue ouvir os pensamentos. Com bons ou maus pensamentos ele é exactamente o tipo de homem com quem ela sonha. Mas Bill tem o seu próprio problema: é um vampiro. Para além da má reputação, ele relaciona-se com os mais temidos e difamados vampiros e, tal como eles, é suspeito de todos os males que acontecem nas redondezas. Quando a sua colega é morta, Sookie percebe que a maldade veio para ficar nesta pequena terra de Louisiana.

Aos poucos, uma nova subcultura dispersa-se um pouco por todos os lados e descobre-se que o próprio sangue dos vampiros funciona nos humanos como uma das drogas mais poderosas e desejadas. Será que ao aceitar os vampiros a humanidade acabou de aceitar a sua própria extinção?
Mais uma vez, começo por referir que li este livro em inglês ("Dead until Dark"), mas achei que apresentando a informação da versão portuguesa seria mais fácil aos eventuais leitores do blogue identificarem a obra uma vez que a tradução do título não é, de modo nenhum, literal.

Dito isto, "Sangue Fresco" foi mais uma leitura agradável. É um livro que se lê bem (e depressa), devido ao seu estilo de escrita apelativo.

No entanto, notei que a autora comete nesta obra, o mesmo erro que cometeu em "Shakespeare's Landlord"; ou seja, dá muito mais importância à relação entre personagens, passando assim para segundo plano o "mistério", pelo que parece ter alguma tendência para falhar um pouco na construção de um enredo coerente. Ao mistério é dada muito pouca importância e a sua resolução é bastante simplista... sabe a pouco, como costumo dizer. E mesmo apesar deste livro se centrar nas personagens, achei que as interacções entre Bill, o vampiro e Sookie eram algo forçadas e irrealistas.

Mas tendo em conta que "Sangue Fresco" é o primeiro livro de uma série, penso que talvez seja por isso que a autora se centrou mais nas personagens; assim vou continuar com ela, para ver como se desenvolve a história. :D

Em suma, um livro recomendado para os amantes de Fantasia Urbana.