Opinião: Eternidade

Eternidade de Alyson Noel
Editora: Gailivro (2010)
Formato: Capa Mole | 284 páginas
Géneros: Romance Paranormal, Lit. Juvenil
Sinopse (Gailivro): Entrem num mundo encantador onde o verdadeiro amor nunca morre... Depois de um terrível acidente que lhe matou a família, Ever Bloom, de dezasseis anos, consegue ver as auras das pessoas que a rodeiam, ouvir os seus pensamentos e conhecer a história da vida de qualquer pessoa através de um simples toque. Desviando-se, sempre que possível, no sentido de evitar qualquer contacto humano e de esconder esses dons, Ever é vista como uma anormal na escola secundária à qual regressa. Mas tudo muda, quando conhece Damen Auguste. Damen é encantador, exótico e rico. E é a única pessoa que consegue silenciar o ruído e as manifestações de energia que invadem a cabeça de Ever. Ele transporta uma magia tão intensa que parece conseguir ler a alma de Ever. À medida que Ever é arrastada para o sedutor mundo de Damen, onde abundam os segredos e os mistérios, começam a surgir-lhe mais perguntas do que respostas. Além de que não faz ideia de quem realmente é... ou daquilo que é. Apenas sabe que se está a apaixonar desesperadamente.
Bem... a primeira coisa a dizer sobre "Eternidade" é que, quem gostou de "Crepúsculo" não desgostará certamente deste livro, pois contém todos os elementos que tornaram a saga de Stephenie Meyer tão popular: uma heroína especial, um heroi misterioso e atormentado e uma história de amor lamechas e verdadeiramente irreal. Mesmo assim, se tivesse de escolher entre um e outro, a minha escolha recairia em "Eternidade" uma vez que eu consegui acabar este livro, enquanto que fiquei a alguns capítulos do final, no outro (talvez porque a história de "Crepúsculo" se arraste imenso - na minha opinião - acabando por se tornar morosa).

Ainda assim, "Eternidade" é uma obra bastante fraca, mesmo tendo em conta que se dirige a um público mais jovem. A história é extremamente básica e retira um número surpreendente de ideias de "Crepúsculo". Senão vejamos: Ever Bloom (que nome mais idiota - Sempre em Flor?) muda-se para uma cidade nova após um acidente que a deixou orfã; pouco depois aparece-lhe à frente um jovem esplendorosamente belo que "acalma" os "poderes psíquicos" de Ever. Entre ambos nasce um amor intenso e quase imediato. Em "Crepúsculo", Isabella Swan muda-se para uma cidade nova após perceber que terá mais estabilidade se viver com o pai do que com a mãe; pouco depois de chegar à escola dá de caras com Edward Cullen, um jovem esplendorosamente belo que se sente atraído por Bella porque esta "acalma" os seus "poderes psíquicos". Entre ambos nasce um amor intenso e quase imediato.
Para dar algum crédito a Ever, ela age de modo mais realista do que Bella, quando descobre a verdadeira natureza do seu amado... mas as semelhanças são... assustadoras. Mas adiante.

Como já referi, o enredo é bastante básico; falta-lhe também coerência, o que torna a narrativa algo fragmentada. As motivações das personagens para se comportarem de certas e determinadas maneiras permanecem na obscuridade quase até ao fim do livro, pelo que o leitor vai lendo e ficando perplexo pelas atitudes por aquelas tomadas. O final é bastante anti-climático, com Damen a dar-nos no fim, toda a informação necessária para descodificar as atitudes das personagens e esclarecer o mistério. Quanto a estas, são bastante estereotipadas e muito pouco interessantes (temos o amigo gay, a amiga rebelde/gótica, a heroina atormentada e pouco expressiva e o heroi atormentado e misterioso - ou neste caso, simplesmente irritante).

No geral, uma leitura pouco estimulante; no entanto, recomendada para quem gostou da saga "Crepúsculo".

Opinião: Acheron (Sherrilyn Kenyon)

Acheron by Sherrilyn Kenyon
Editora: Casa das Letras (2009)
Formato: Capa mole | 682 páginas
Géneros: Romance, Fantasia Urbana
Sinopse (Casa das Letras): Um deus nasceu há onze mil anos. Amaldiçoado num corpo humano, Acheron teve uma vida de sofrimento. A sua morte humana originou um horror indescritível que quase destruiu a Terra. Trazido de volta contra a sua vontade, tornou-se o único defensor da humanidade. Só que não foi assim tão simples...
Durante séculos, lutou pela nossa sobrevivência e escondeu um passado que não desejava revelar. Agora, tanto a sua sobrevivência, como a nossa, dependem da única mulher que o ameaça. Os velhos inimigos estão a despertar e a unir-se para matá-los - aos dois.
"Acheron" é na verdade o décimo-quinto livro de uma série (Predadores da Noite) que está correntemente a ser editada em português pela Saída de Emergência, havendo já três volumes disponíveis para compra. O porquê deste livro em particular ter sido traduzido por uma editora diferente é um mistério, mas o certo é que, apesar de poder ser lido por si só (pois contar a história de Acheron, é contar, em parte, a história dos Predadores da Noite), haverá referências a diversas personagens que aparecem, não só nos volumes acima mencionados mas também em volumes posteriores, ainda não traduzidos. Isto pode causar alguma confusão ao leitor; daí não perceber o porquê da publicação deste livro. Mas adiante.

Cada livro desta série (Dark-Hunters, no original) se centra numa personagem (nomeadamente num Predador da Noite) e em como esta consegue redenção através do amor. Para situar os eventuais leitores desta crítica, passo a explicar o que são estes "Predadores da Noite"; são homens e mulheres (mais homens, são mais propensos à vingança e dão heróis torturados muito melhores) que deram a alma à deusa grega Artemis (deusa da caça e do parto) em troca de um momento de vingança. Consumada essa vingança, estes humanos ficam sob o comando da deusa, perdendo algumas capacidades (como a de caminhar sob a luz do sol) e ganhando outras (como a imortalidade e uma força superior à dos humanos. Adivinhem como é que os humanos lhes chamaram ao longo dos séculos. :p). O objectivo de Artemis é criar um exército que possa combater os Daimons, umas criaturas que sugam as almas das pessoas para sobreviver.

Ao longo dos séculos, Artemis tem reunido as almas de muito boa gente. Cada livro, como disse, conta a história de um Predador da Noite, e de como, depois de muita choradeira, ele ou ela consegue de volta a sua alma (e mortalidade).

Ora se há um livro sobre Acheron então ele deve ser... pois é, um Predador da Noite. Mas não um Predador da Noite qualquer. Acheron (ou "Ash" como gosta de ser tratado) é o mais antigo de todos, o primeiro Predador da Noite e o líder de todos eles. É por isso que aparece em muitos dos livros da série, sendo uma personagem fulcral. Assim, escrever a sua história, depois de 15 livros era certamente uma tarefa difícil... mas penso que a autora conseguiu!

Não esperava qualquer rigor histórico e não o encontrei, claro; encontrei meramente uma versão fantasiada da Grécia antiga (e de como se processam escavações arqueológicas, infelizmente), mas não o li pela veracidade histórica, por isso não me importei grandemente.

O livro tem duas partes. A primeira relata o passado de Acheron (que começa em cerca de 9000 a.C.); o seu nascimento, crescimento e o sofrimento atroz que o leva a tornar-se um Predador da Noite. Esta foi a parte que mais gostei, pelas descrições da perdida Atlântida e pela imaginação delirante da autora em relação à mitologia atlante (e também ao seu uso da grega). O passado de Acheron, o seu envolvimento com Artemis e a criação dos Predadores da Noite deu uma leitura extremamente interessante e aditiva.

Já a segunda parte, passa-se nos dias de hoje. É basicamente a "história de amor" do Acheron. Desta parte já não gostei tanto... pareceu-me que tudo aconteceu um bocado a correr e sinceramente não senti as "faíscas" entre os dois protagonistas. Também não gostei de Tory (aquela que rouba o coração de Acheron) por aí além, achei-a irritante. Na verdade, esperava mais da história de Acheron, uma vez que ele é uma personagem tão importante e especial na série, mas a história de amor não difere em muito das encontradas noutros livros sobre personagens menores. Convém referir também que "Acheron" não está, infelizmente, livre daquelas cenas algo "fatelas" que a autora gosta de incluir nos seus livros (como dançar ao som das músicas disco do filme "Dança Comigo". Oh vá lá!). Mas pronto, isso é um mal menor.

No geral, uma boa obra dentro do romance paranormal, que se lê muito rapidamente e com gosto, apesar do seu assustador número de páginas. Recomendado para fãs deste tipo de romances e fãs da série.