Opinião: Cursed (S.J. Harper)

Cursed by S.J. Harper
Editora: Roc (2013)
Formato: e-book | 304 páginas
Género: Fantasia urbana
Descrição (GR): "Meet FBI Agents Emma Monroe and Zack Armstrong.
She's cursed. He's damned. Together, they make one hell of a team.
Emma Monroe is a Siren, cursed by the gods and bound to earth to atone for an ancient failure. She’s had many names and many lives, but only one mission: redemption. Now that she works missing persons cases for the FBI, it could be just a rescue away. Unless her new partner leads her astray.
Special Agent Zack Armstrong just transferred into the San Diego Field Office. He’s a werewolf, doing his best to beat back the demons from his dark and dangerous past. As a former Black Ops sniper, he’s taken enough lives. Now he’s doing penance by saving them. 
Emma and Zack’s very first case draws them deep into the realm of the paranormal, and forces them to use their own supernatural abilities. But that leaves each of them vulnerable, and there are lines partners should not cross. As secrets are revealed and more women go missing, one thing becomes clear: as they race to save the victims, Emma and Zack risk losing themselves."
"Cursed" é o primeiro livro de uma nova série de fantasia urbana que se centra na personagem de Emma Monroe, uma "siren". Emma é na verdade uma ninfa grega (Ligea), uma das acompanhantes da deusa Perséfone, que foi expulsa do Olimpo quando a deusa foi raptada por Hades. Por isso, para além de ser imortal, Emma tem alguns poderes de persuasão e consegue fazer com que os afectados pelo seu poder lhe digam a verdade.

Amaldiçoada por Deméter, a mãe de Perséfone a caminhar pela Terra a salvar mulheres em perigo para se redimir do facto de não ter conseguido salvar a Perséfone, Emma vive uma vida solitária, uma vez que Deméter lhe proibiu o amor.

A história começa quando Emma reencontra Zack, um lobisomem com quem teve um caso amoroso. Emma descobre que ele vai ser o seu novo parceiro no FBI. Enquanto Emma e Zack trabalham juntos num caso de pessoas desaparecidas, ela tem de tentar travar as suas emoções porque sempre que se apaixona... as coisas correm mal.

Pela descrição que fiz acima (e pela ideia que tinha antes de ler o livro, admito), este livro parece mais romance paranormal do que fantasia urbana. No entanto, como uma das minhas criaturas míticas favoritas são as sereias, decidi arriscar. E, felizmente, estava enganada relativamente à parte do "romance paranormal". Quero dizer, há certamente romance neste livro, mas não tem um destaque tal que obscurece tudo o resto.

Gostei deste livro. É um bom começo para uma série de fantasia urbana, é efectivamente fantasia urbana e não romance paranormal.

A narrativa tem um bom ritmo, o enredo é cativante, as personagens são interessantes e carismáticas, e a escrita é apelativa.

A autora (ou autoras, uma vez que se trata de uma dupla) conseguiu equilibrar de forma bastante competente o romance e o resto da história. Deste modo, o enredo secundário romântico não tomou conta de todo o livro, impedindo o desenvolvimento da história principal, que se prende com a investigação de um caso de pessoas desaparecidas.

No geral, uma leitura agradável, que nunca se tornou aborrecida. As personagens não são meros clichés, a história foi interessante e o romance não foi exagerado ou dramático. Recomendado para quem gosta deste tipo de livros.

Opinião: Dark Triumph (Robin LaFevers)

Dark Triumph by Robin LaFevers
Editora: Andersen (2013)
Formato: Capa mole | 467 páginas
Género: Ficção YA, Fantasia, Ficção histórica
Descrição (GR): "When Sybella arrived at the doorstep of St Mortain half mad with grief and despair the convent were only too happy to offer her refuge—but at a price. The sisters of this convent serve Death, and with Sybella naturally skilled in both the arts of death and seduction, she could become one of their most dangerous weapons.
But her assassin's skills are little comfort when the convent returns her to the life that nearly drove her mad. Her father's rage and brutality are terrifying, and her brother's love is equally monstrous. But when Sybella discovers an unexpected ally she discovers that a daughter of Death may find something other than vengeance to live for . . ."
"Dark Triumph", sucede a "Grave Mercy" e conta a história de outra das jovens criadas no convento de São Mortain, Sybella.

Sybella aparece pela primeira vez no início de "Grave Mercy" e foi-nos descrita como uma rapariga rebelde, cujas experiências a deixaram à beira da loucura. O desejo de vingança é o impulso que a faz aceitar o treino do convento. Sybella aparece uma ou outra vez durante a narrativa de "Grave Mercy"; Ismae conta-nos que Sybella parece estar numa missão secreta.

Este segundo livro, detalha então a missão de Sybella e como a mesma se relaciona com a política no ducado da Britânia. A história de Sybella tem, como a própria autora nos explica no final, um tom mais pessoal. Creio que foi por isso mesmo que resultou melhor do que a aventura de Ismae; sem o peso de centrar parte da narrativa em toda a intriga política, a autora conseguiu um melhor desenvolvimento das personagens o que me fez, enquanto leitora, ligar-me mais às mesmas a nível emocional.

Suponho que seja justo enumerar novamente os critérios de que me servi para escrever a opinião do primeiro livro, de forma a tentar demonstrar porque é que achei que o segundo livro mostra uma melhoria relativamente ao primeiro:

1. A narrativa/escrita: continua a ser na primeira pessoa, presente e continua a não ser a minha forma de narração preferida, mas resultou melhor neste livro. Possivelmente porque este segundo livro se centra mais na própria Sybella e na sua relação com a sua família (os vilões, digamos).

2. Exploração confusa do enredo: que é muito mais focada neste livro. Sybella tem uma missão semelhante em muitos aspectos à de Ismae, mas não existem tantos protagonistas por quem dividir a atenção.

3. Falta de protagonismo: mais uma vez, a "falta de protagonismo" não é um problema neste livro. A Sybella tem um papel bastante central e o protagonista masculino está igualmente bem desenvolvido.

4. Exploração incipiente das "capacidades" de Sybella e de toda a mitologia em volta dos antigos deuses e do São Mortain: continua a ser um problema neste livro, de certa forma, pelo menos ao nível da mitologia em volta dos antigos deuses. Relativamente às capacidades da Sybella e das outras filhas de Mortain, existe algum progresso e neste livro, a Sybella usou realmente as suas capacidades. O facto de ser uma personagem mais inquisitiva do que a Ismae, ajudou.

No geral, um livro mais envolvente do que o primeiro. As personagens estão mais bem desenvolvidas e são mais carismáticas e a autora parece ter-se dado melhor uma vez que não foi necessária tanta exposição relativamente à política do reino. Gostei mais deste segundo livro e continuo a recomendar esta série a quem gosta de ficção histórica com alguma fantasia. Resta dizer no entanto, que dada a complexidade do enredo, estes livros poderiam ter sido melhores, na minha opinião, se fossem dirigidos a um público adulto e não juvenil.

Opinião: Grave Mercy (Robin LaFevers)

Grave Mercy by R.L. LaFevers
Editora: Houghton Mifflin Harcourt (2012)
Formato: Capa dura | 549 páginas
Género: Ficção YA, Fantasia, Ficção histórica
Descrição (GR): "Why be the sheep, when you can be the wolf?
Seventeen-year-old Ismae escapes from the brutality of an arranged marriage into the sanctuary of the convent of St. Mortain, where the sisters still serve the gods of old. Here she learns that the god of Death Himself has blessed her with dangerous gifts—and a violent destiny. If she chooses to stay at the convent, she will be trained as an assassin and serve as a handmaiden to Death. To claim her new life, she must destroy the lives of others.
Ismae’s most important assignment takes her straight into the high court of Brittany—where she finds herself woefully under prepared—not only for the deadly games of intrigue and treason, but for the impossible choices she must make. For how can she deliver Death’s vengeance upon a target who, against her will, has stolen her heart?"
Ler opiniões no Goodreads é sempre interessante; podemos encontrar bons livros desta forma, mas a verdade é que também formamos expectativas e ideias que podem estar muito, muito longe daquilo que a obra é na realidade. Afinal, uma opinião é, acima de tudo, um texto subjectivo sobre um texto subjectivo (especialmente se estivermos a falar de ficção) que é por sua vez interpretado por uma pessoa de forma subjectiva.

Tudo isto para dizer que "Grave Mercy" não foi bem aquilo que eu estava à espera. Estava à espera de um livro interessante (freiras assassinas? Yes, please!), mas juvenil, com uma história romântica lamechas e algo repentina (romance instantâneo, por exemplo). Neste aspecto, o livro surpreendeu-me pela positiva; "Grave Mercy" não só é mais "adulto" do que estava à espera, tendo em conta que a heroína é uma rapariga de 17 anos, como não houve uma atracção fulminante entre os protagonistas, nem, graças aos deuses literários, um triângulo amoroso.

No entanto, devo dizer que não adorei a forma como esta história foi contada. Louvo a autora pela sua pesquisa histórica (fiquei a saber bastante sobre o ducado de Brittany - do qual sabia quase nada) e pela tentativa de criar uma história intrincada, centrada na intriga política da época. E ainda, por tentar introduzir um elemento "sobrenatural" de forma subtil.

Como acontece com tantos livros a ideia era óptima... mas a execução deixou algo a desejar. Para organizar as ideias, vou tentar fazer uma lista do que acho que "correu mal" (como sempre, na minha opinião):

1. A narrativa/escrita: a narrativa é na primeira pessoa do presente. Nunca gostei particularmente desta forma de narrar, porque se penso que uma narrativa na primeira já é difícil de concretizar, então a narrativa na primeira pessoa do presente... é quase impossível, sem que a mesma pareça demasiado descritivo ou impessoal. E a autora, tenho a dizer, não conseguiu tornar este estilo de narrativa empolgante. De todo. À narrativa, certamente como produto do estilo utilizado, falta-lhe emoção e ritmo.

2. Exploração confusa do enredo: a autora teve uma ideia bastante interessante, ao enviar a nossa heroína, Ismae, para a corte de Brittany. E até conseguiu introduzir parte da intriga de forma eficaz, mas houve partes do livro que me pareceram confusas e mal explicadas, como as "provas" que "provavam" que o vilão era... o vilão. As explicações de Ismae e Duval não fizeram grande sentido para mim no que diz respeito ao verdadeiro espião, pode ter-me escapado alguma coisa, mas penso que não provavam grande coisa.

Também houve muito que ficou por explicar, nomeadamente o envolvimento do convento de São Mortain, a intransigência da abadessa e os desígnios do próprio Mortain, no meio daquela salganhada toda. O mesmo se pode dizer das intenções da mãe de Duval e da falta de resolução para a família deste. Basicamente, ficaram muitas pontas por atar.

3. Falta de protagonismo: das personagens. O "cast" deste livro é bastante grande, desde as amigas da Ismae e das freiras até ao Duval, aos seus amigos e à sua família. Nenhuma das personagens é desenvolvida de modo a causar interesse ao leitor devido, mais uma vez, ao estilo da narrativa que é muito virada para Ismae. Acho que não tenho qualquer imagem mental de Duval ou de Anne, dois dos protagonistas.

E falta de protagonismo da própria Ismae, que supostamente é uma assassina e especialista nas artes "ninjas", mas que acaba por ser relegada muitas vezes para segundo plano. Como quando o Duval lhe diz "Ah e tal, tenho de ir à corte ver cenas e tu tens de ficar em casa". What??

4. Exploração incipiente das "capacidades" de Ismae e de toda a mitologia em volta dos antigos deuses e do São Mortain: o período de aprendizagem da Ismae foi retirado do livro. Numa página ela chega ao convento, duas páginas depois já se passaram dois anos e ela foi treinada em montes de coisas... eu compreendo que o livro já seja grande o suficiente, mas a autora incluiu muitas descrições e cenas supérfluas mais tarde, que, na minha humilde opinião, poderiam ter sido retiradas para dar lugar a mais informações sobre o sistema de crenças das freiras. Afinal, a personagem principal é influenciada pelos ensinamentos do convento. Toda a sua vida e personalidade advém do seu treino.

E, mais uma vez, a Ismae é uma assassina que todos respeitam, mas não utiliza assim muito as suas capacidades (excepto para ouvir às portas).

E é isto. Foram estes os aspectos que me incomodaram neste livro. Por outro lado, fiquei agradavelmente surpreendida pela complexidade da ideia da autora para o enredo. Este mistura história, acção, romance e intriga de forma mais ou menos balançada. Só é pena é que o estilo de narrativa não faça muito para criar uma ligação entre o leitor e as personagens.

No geral, "Grave Mercy" é um livro com todos os ingredientes para se tornar numa leitura agradável. O enredo, a mitologia e o local e época são intrigantes e, se tivessem sido explorados de outra forma, penso que esta teria sido uma das minhas leituras favoritas este ano. Ainda assim é um livro interessante e recomendado para quem gosta de romances históricos com alguma intriga política. E foi um livro de que gostei, apesar da irritação que me causaram alguns aspectos.

Opinião: Antigoddess (Kendare Blake)

Antigoddess by Kendare Blake
Editora: Orchard Books (2013)
Formato: Capa mole | 384 páginas
Género: Ficção YA, Fantasia Urbana
Descrição: "The acclaimed author of ANNA DRESSED IN BLOOD returns with an incredible story about ancient gods, modern love and an epic fight for survival
He was Apollo, the sun, and he'd burn down anything that tried to hurt her... Cassandra and Aidan are just your average high-school couple. Or so Cassandra believes. Blissfully unaware that she was once a powerful prophetess, Cassandra doesn't even know thats god exist... Until now.
Because the gods are dying - and Cassandra could hold the answer to their survival. But Aidan has a secret of his own. He is really Apollo, god of the sun, and he will do anything to protect the girl he loves from the danger that's coming for her. Even if it means war against his immortal family...
Sexy, irresistible characters; romantic and mythological intrigue; relentless action and suspense - ANTIGODDESS is the YA novel you've been waiting for."
Sempre gostei dos livros de Kendare Blake (mais especificamente, seus dois livros da série Anna [Dressed in Blood]), que misturam fantasia urbana e protagonistas interessantes com algumas cenas muito "creepy"; por isso tinha grandes expectativas relativamente a Antigoddess. Um livro sobre mitologia escrito por esta autora? Sim, por favor! Pensei que fosse garantido que os protagonistas seriam "kick-ass". E foram ... mais ou menos.

Não é que eu não tenha gostado do livro. Ou da história (ou pelo menos da ideia. Ou dos personagens. É só que este livro me pareceu um prólogo excessivamente longo (vejam esta opinião da Khanh para mais pormenores, ela é mais articulada do que eu sobre isto). Nada acontece durante o livro, excepto que algumas pessoas andam a viajar pelos Estados Unidos. Não há qualquer sugestão da verdadeira história do livro. É, pura e simplesmente, uma apresentação das personagens. Uma apresentação de mais de 300 páginas.

A história começa de forma simples. Cassandra tem 16 anos e é "vidente" (Cassandra, vidente, mitologia, onde é que isto irá parar). Ela namora com o gajo bom "do pedaço", um loiro deslumbrante chamado Aidan. Há deuses gregos a correr de um lado para o outro à procura dela  (e são emo e irritantes na sua generalidade, com excepção da Athena, na maioria das vezes). Todos convergem na cidade natal de Cassandra. Há um showdown. O fim. Não nos são dadas pistas para nada. Não sabemos porque é que os deuses estão a morrer de repente, não sabemos quem está a controlar os "vilões", nem tão pouco porque é que a Cassandra acabou por ter determinadas 'capacidades' ... nada . E isso estragou um livro que poderia ter sido bastante bom. Porque o conceito? É bom.

Quanto ao resto ... bem, suponho que gostei da ideia. E do final. 

No geral... foi bom, mas podia ter sido melhor.

English review 

Opinião: Os Pilares da Terra (Ken Follett)

Os Pilares da Terra - Ken Follett
Editora: Editorial Presença (2007)
Formato: Capa mole | 1094 páginas (2 volumes)
Género: Ficção Histórica, Romance histórico
Descrição (GR): "Do mesmo autor do thriller "A Ameaça", chega-nos o primeiro volume de um arrebatador romance histórico que se revelou ser uma obra-prima aclamada pela comunidade de leitores de vários países que num verdadeiro fenómeno de passa-palavra a catapultaram para a ribalta. Originalmente publicado em 1989, veio para o nosso país em 1995, publicado por outra editora portuguesa, recuperando-o agora a Presença para dar continuidade às obras de Ken Follett. O seu estilo inconfundível de mestre do suspense denota-se no desenrolar desta história épica, tecida por intrigas, aventura e luta política. A trama centra-se no século XII, em Inglaterra, onde um pedreiro persegue o sonho de edificar uma catedral gótica, digna de tocar os céus. Em redor desta ambição soberba, o leitor vai acompanhando um quadro composto por várias personagens, colorido e rico em acção e descrição de um período da Idade Média a que não faltou emotividade, poder, vingança e traição. Conheça o trabalho de um autêntico mestre da palavra naquela que é considerada a sua obra de eleição."
Mais um (de tantos) livros que já andavam lá por casa há algum tempo. Adquiri "Os Pilares da Terra" na Feira do Livro de Lisboa (não me perguntem qual), por recomendação da, quem mais, Whitelady, mas o facto de serem dois volumes desencorajou-me da leitura durante algum tempo.

Como sou uma pessoa que gosta muito de História, este tipo de livros sempre me interessou. Há algum tempo atrás, um dos meus escritores preferidos dentro do género da ficção histórica escreveu uma série de quatro volumes sobre uma confraria de artesãos no Antigo Egipto; essa série é uma das minhas preferidas até hoje. Estranhamente, essa foi uma das razões que me levou a adiar a leitura de "Os Pilares da Terra"; confesso que tinha algum receio de como Ken Follett, que conheço apenas pelo seu thriller "O Terceiro Gémeo" iria abordar o tema da construção em tempos antigos.

Felizmente, o estilo de Ken Follett é bastante diferente do de Christian Jacq, embora também seja bastante envolvente.

A história passa-se no século XII, na Inglaterra e não tem propriamente um protagonista, a não ser que consideremos a catedral de Kingsbridge um protagonista. O livro segue diversas personagens ao longo dos anos, enquanto a catedral é construída e a instabilidade política no país onde grassa uma guerra civil.

O enredo é soberbo. Follett pinta um retrato algo ficcional, mas intrigante da vida na Idade Média, a prosa mantém o leitor interessado e as personagens, apesar de simplistas na sua construção (a maioria representam estereótipos), ajudam a tornar a narrativa quase de leitura compulsiva.

Ao início, o livro arrasta-se um pouco, chegando a tornar-se aborrecido, mas ganha ímpeto assim que os principais "jogadores" (tantos os "bons" como os "maus") estão em posição. A partir da altura em que Tom, o pedreiro, se torna mestre de obras, a narrativa ganha um ritmo viciante e queremos sempre saber mais. O que se passará a seguir com os protagonistas? Será que a catedral acabará algum dia de ser construída?

Em segundo plano, temos a intriga política da época, a guerra civil, os pretendentes ao trono e o estatuto do Rei na Idade Média, o que foi bastante agradável de ler, para quem, como eu, gosta deste tipo de coisas. No entanto, mesmo estas intrigas, estes enredos secundários, servem apenas para dar impulso ao enredo principal: a construção da catedral de Kingsbridge. E, apesar de muitas das páginas deste enorme livro se dedicarem a contar a história da catedral, a obra nunca se torna aborrecida.

Quanto às personagens, devo dizer que esperava mais. São, como mencionei acima, simplistas e estereotipadas e nunca existe uma evolução notável em nenhuma delas (excepto, talvez, em Aliena). Nenhuma delas me puxou ou incitou emoções fortes.

No geral, este livro foi uma leitura bastante interessante. Podia pôr-me para aqui a falar do retrato que Follett faz da Idade Média, o que ele representou ou não correctamente, mas isso daria pano para mangas (e teria de fazer imensa pesquisa), mas penso que no geral, o autor conseguiu captar pelo menos o espírito da época. As personagens são, definitivamente o ponto fraco da narrativa, mas como um todo, "Os Pilares da Terra" é um livro interessante e bem construído. Recomendado para os amantes de ficção histórica.