Novidade Topseller: Departamento 19

Editora: Topseller (27 de Junho de 2013)
Páginas: 416 páginas
Género: Fantasia Urbana, Lit. Juvenil
Descrição (Topseller): "Jamie Carpenter tem 16 anos e perdeu o pai há pouco tempo. No mesmo dia em que descobre que a sua mãe foi raptada por um vampiro, é salvo por uma criatura gigante que diz chamar-se Frankenstein e que o leva para o Departamento 19, a agência supersecreta do governo. Conhecida também por Luz Negra, esta agência foi fundada há mais de um século por Van Helsing e outros sobreviventes de Drácula para combater as forças do sobrenatural. Com a ajuda da agência, de Frankenstein e de uma jovem vampira por quem se apaixona, Jamie vai fazer tudo para salvar a sua mãe, mesmo sabendo que terá de enfrentar um exército de vampiros sedentos de violência, sangue e destruição.
ELES NÃO EXISTEM, MAS SALVAM-NOS A VIDA TODOS OS DIAS."
Crítica:
«Finalmente há sangue novo no mundo dos vampiros» - Revista SFX
 «Uma história original, envolvente e cheia de acção!» - The Sun
«Bram Stoker já pode descansar em paz: o seu legado no século XXI ultrapassou a série Twilight.» - The Telegraph
«Will Hill alcança um êxito imediato nesta explosiva estreia literária. Cada capítulo é de cortar a respiração e obriga-nos a ler o próximo. Um livro que nos faz sentir a adrenalina típica do cinema.» - Publishers Weekly

 
Trailer

O que é que os leitores esperam de um blogue literário?

De cada vez que escrevo algo para o blogue questiono-me sobre o tipo de conteúdos que os leitores gostam de ver em blogues dedicados a livros. 
Imagem daqui.

Quando criei este blogue, pensei que seria uma óptima forma de partilhar as minhas opiniões sobre livros.
Era apenas essa a sua função; no entanto, à medida que o tempo foi passando e eu fui conhecendo melhor a "blogosfera", apercebi-me de que isso, provavelmente, não chegava para "fazer" um blogue. Ao longo do tempo, tentei integrar diversas rubricas desde o "Waiting on Wednesday" até ao "In my Mailbox" (actualmente denominado "As aquisições da semana"). Algumas funcionaram, outras não. Tentei anunciar lançamentos, mas sinceramente, é um pouco difícil andar constantemente à caça das novidades, quando as lojas online e os sites das editoras não mostram a lista completa de novos livros.

É por isso que me questiono: o que é que os leitores esperam de um blogue literário? Apenas críticas (ou no meu caso, opiniões)? Críticas de livros conhecidos (à venda no nosso país), de livros desconhecidos (em inglês) para que possam conhecer outras obras ou uma mistura dos dois? Artigos de opinião sobre vários temas relacionados com livros e com o mundo editorial? Memes e rubricas? Listas de lançamentos? O que vos atrai num blogue? O que é que vos faz deixar de visitar um blogue?

Curtas: Fantasia épica e urbana

Ora cá temos mais uma edição das "Curtas". Li estes dois livros recentemente e, como sempre, não tenho muito a dizer sobre eles. Ou melhor, sobre os "Broken Kingdoms" até tenho, mas é basicamente o que disse sobre o primeiro livro e não vale a pena estar a repetir-me.

Editora: Orbit (2010)
Formato: Capa mole | 384 páginas
Género: Fantasia
Mini-review: Esta sequela do livro The Hundred Thousand Kingdoms, passa-se cerca de 10 anos depois do primeiro livro.
Após os acontecimentos no final da obra anterior, o mundo dos humanos mudou. Sky, a cidade dos Arameri é agora denominada "Shadow" devido ao facto de se encontrar por debaixo da Árvore do Mundo, uma árvore gigantesca que cresceu na cidade há 10 anos. Os descendentes dos deuses descem ao mundo dos mortais e misturam-se com eles. É neste mundo que vive Oree, uma artista cega cujo amante é o deus Madding.
Gostei deste livro. Foi uma leitura compulsiva porque a autora sabe bem como prender a atenção do leitor. Mas os problemas que tive com o primeiro livro (falta de desenvolvimento do mundo e das personagens) repetem-se em The Broken Kingdoms. Além disso, fiquei desapontada com o facto de, depois de se ter dado um acontecimento tão importante e que mudou potencialmente o mundo inteiro, a autora tenha escolhido dar-nos tão pouca informação acerca destas mudanças.
No geral, uma boa leitura, mas ainda não é desta que lhe dou 5 estrelas... apesar de ter gostado bastante do livro.


Editora: Zebra (2010)
Formato: Capa mole | 337 páginas
Género: Fantasia urbana
Mini-review: Mais um livro de fantasia urbana que tinha lá para casa e que decidi ler por... razões. Uma boa palavra para descrever este livro é: genérico. Outra seria: confuso.
Genérico porque o mundo é isso mesmo: um mundo genérico de fantasia urbana. Com vampiros sedutores e lobisomens sexy. A descrição destas criaturas sobrenaturais é... genérica. A nossa heroína é... genérica (uma humana normal que consegue ter uma data de criaturas paranormais atrás dela e a seduzi-la).
Confuso porque alguns dos acontecimentos no livro não fazem sentido. Pareceu-me quase que faltavam partes lá pelo meio. As acções das personagens deixaram-me muitas vezes especada a olhar para o livro. E já agora, não gostei particularmente de nenhuma delas. O romance (se é que se pode chamar romance) não teve qualquer magia ou química.
No geral uma obra bastante... genérica dentro do género. O único ponto positivo foi a escrita, que até se lia bem. E pronto, o cinto falante (yep, leram bem). 

Aquisições da Semana (37)

Aqui ficam mais umas aquisições... uma delas não tem capa porque não consigo encontrar uma imagem... mas pronto. :P

Kushiel's Scion - Jacqueline Carey 
Naamah's Kiss - Jacqueline Carey 
Kimi ni Todoke, vol. 15 - Karuho Shiina
O Grande Gatsby - F. Scott Fitzgerald

Baseado na rubrica In My Mailbox.

Opinião: The Hundred Thousand Kingdoms (N.K. Jemisin)

The Hundred Thousand Kingdoms by N.K. Jemisin
Editora: Orbit (2010)
Formato: Capa mole | 427 páginas
Géneros: Fantasia
Descrição (GR): "Yeine Darr is an outcast from the barbarian north. But when her mother dies under mysterious circumstances, she is summoned to the majestic city of Sky. There, to her shock, Yeine is named an heiress to the king. But the throne of the Hundred Thousand Kingdoms is not easily won, and Yeine is thrust into a vicious power struggle with cousins she never knew she had. As she fights for her life, she draws ever closer to the secrets of her mother's death and her family's bloody history.
With the fate of the world hanging in the balance, Yeine will learn how perilous it can be when love and hate - and gods and mortals - are bound inseparably together. "
Ultimamente parece que ando numa de fantasia épica (a culpa foi da Whitelady que me convenceu finalmente a começar a saga Kushiel). No outro dia, estava a ler a Bang! 14 e deparei-me com uma página de sugestões onde se mencionava o livro de estreia da autora norte-americana N.K. Jemisin, intitulado The Hundred Thousand Kingdoms.

Como é fantasia, como foi recomendado pela Bang! e como até tenho a trilogia em casa por ler, decidi que estava na altura de pegar neste.

E digo-vos, foi, primeiro que tudo, uma leitura compulsiva. Jemisin escreve bastante bem, com uma fluidez surpreendente que nos cativa.

Depois temos a história, claro. Um mundo fantástico onde o planeta inteiro (quase literalmente) é governado das sombras por uma casta, os Arameri, que controlam não só uma fonte infindável de riqueza, mas algumas das divindades que criaram o mundo, assegurando assim uma hegemonia duradoura. Os Arameri dizem-se "conselheiros" mas na verdade controlam o Conselho dos Nobres. Isto pareceu-me extremamente original e interessante. E foi.

A nossa protagonista é Yeine, uma jovem de um reino do Norte que é chamada à cidade "central", Sky, onde vivem os Arameri. A verdade é que a mãe de Yeine era filha da chefe do clã dos Arameri e agora que o chefe se encontra no fim da vida, a jovem é chamada para tomar parte na corrida à sucessão onde tem como rivais dois primos.

Mas Yeine não sabe quase nada do mundo vil dos Arameri. A sua ida a Sky vai mergulhá-la num mundo cheio de perfídia e enganos onde nada é o que parece... nem mesmo os deuses escravizados que os Aramenri usam tanto como entretenimento como arma.

The Hundred Thousand Kingdoms surpreende principalmente pelas ideias da autora. O facto de os deuses servirem, em regime de escravatura, os mortais é algo raro (ou pelo menos para mim, que não leio assim muita fantasia épica) e gostei da forma como Jemisin descreveu as divindades, os seus poderes e a forma como se relacionam com os humanos.

A narrativa tem um ritmo regular que mantém o leitor embrenhado na leitura (ao contrário do que aconteceu com The Killing Moon, um outro livro que li da mesma autora) e nem mesmo a sua natureza algo fragmentada (que é explicada com o desenrolar dos acontecimentos) torna o livro difícil de acompanhar ou aborrecido. Yeine, a nossa narradora divaga por vezes, mas isso não interrompe o fluxo da narrativa.

A forma como muitos dos protagonistas foram retratados (especialmente os deuses escravizados) também contribuiu para que este livro fosse uma leitura tão agradável.

No entanto, nota-se que este é o primeiro livro da autora. Ela cometeu um erro que me parece ser de principiante: notei que nalgumas das comparações que ela fazia, utilizava referências do nosso mundo. Do género "A sala era tão grande que cabia lá um elefante"; sendo um mundo ficcional completamente diferente, estas referências não existiriam (elefantes também não, provavelmente).

Além disso, apesar de alguns aspectos do mundo terem sido adequadamente desenvolvidos (os deuses e a respectiva mitologia - apesar de esta ser algo básica e previsível), outros ficaram por explicar (por exemplo, o nível tecnológico de Sky... não existem carros, mas pelos vistos existem canalizações e torneiras, etc).

Achei também que tudo ocorreu demasiado depressa: as descobertas de Yeine sobre a Guerra dos Deuses e sobre os objectivos dos Arameri pareceram-me demasiado apressadas e sem explicação satisfatória. A peculiaridade de Yeine foi arrumada a um canto quando poderia ter adicionado interesse à história, se explorada.

No geral, uma boa obra de fantasia. N.K. Jemisin tem certamente uma boa imaginação e um talento para contar histórias. Faltou mais desenvolvimento do enredo, do mundo e das personagens (com as quais, tal como no outro livro da autora, não me consegui ligar), incluindo o romance que me pareceu também apressado e pouco verosímil. Mas gostei imenso das ideias da autora. Uma série a seguir.
English Review  |  Outros livros da autora: The Killing Moon (EN)

Opinião: Sangue de Anjo (Nalini Singh)

Editora: Casa das Letras (2011)
Formato: Capa mole | 356 páginas
Géneros: Romance paranormal
Descrição (GR): "Elena Deveraux é uma caçadora de vampiros. Sabe que é a melhor - mas não sabe se será suficientemente boa para a tarefa que tem que cumprir. É contratada pelo perigosamente belo arcanjo Raphael, um ser de tal modo letal que nenhum mortal deseja merecer a sua atenção. Elena sabe que não pode falhar - embora se trate de uma missão impossível. Porque desta vez não é um vampiro voluntarioso que tem de localizar. É um arcanjo que degenerou. 
A missão irá colocar Elena no meio de um turbilhão de mortes inimaginável - e levá-la para o fio da navalha da paixão. Mesmo que a caçada não a destrua, sucumbir ao encanto de Raphael pode fazê-lo. Pois quando os arcanjos brincam, os mortais sofrem… 
Nalini Singh continua a encantar e a cativar novos leitores com os seus romances de anjos e vampiros. Sangue de Anjo é uma leitura empolgante com personagens maravilhosamente bem desenvolvidos e a criatividade que fez de Singh uma estrela. Com uma mistura inspirada de paixão e perigo, esta história vai manter-vos em suspense. E conquistará decerto um lugar na vossa lista de favoritos."
AVISO: alguns SPOILERS (muito poucos)

(A edição lida foi a original, mas apresentam-se os dados da portuguesa.)

Eu e o Romance paranormal temos uma relação tempestuosa, que tanto pode ser de amor como de ódio. Depende da minha disposição. Por vezes, tenho paciência para ler sobre heróis (seres sobrenaturais) torturados, possessivos mas muito sexy. Outras... não. Penso que foi um bocado este o problema que tive com Sangue de Anjo, o primeiro livro que leio da autora Nalini Singh. Já sabia que isto era romance paranormal e não fantasia urbana, mas o conceito (os anjos vivem entre os mortais e são os criadores dos vampiros) pareceu-me bastante interessante. E já tinha o livro nas estantes há algum tempo por isso... porque não?

Porque não estava com a mínima paciência para o Raphael, é por isso. O nosso herói, o famoso arcanjo Raphael é um estereotipo andante para este tipo de livros, certamente, mas nesta altura, não me caiu nada bem ler sobre este personagem que é demasiado possessivo e que vê a nossa heroína como um brinquedo, com o qual vai brincar e no final... destruir. Quer tratá-la como uma escrava sexual e ela, a idiota, está mais que disposta a deixar. Mas já lá vamos.

Elena Deveraux é uma caçadora de vampiros. Ela caça vampiros que fogem dos seus contratos de servidão com os seus mestres, os anjos. Geralmente leva-os de volta para acabarem de cumprir os seus deveres. Um dia, é contratada por Raphael, o arcanjo que 'governa' grande parte dos Estados Unidos. Mas a missão que Raphael lhe dá não é caçar um vampiro comum, mas sim um arcanjo que enlouqueceu e anda por aí a matar pessoas. Elena sabe que é improvável que saia viva desta missão, uma vez que nenhum mortal pode sonhar sequer tentar destruir um arcanjo.

Primeira coisa que me irritou neste livro: o enredo é descartado ao fim de algumas páginas. A Elena conhece o Raphael, sentem-se atraídos, o Raphael diz que quer ir para a cama com ela e que ela vai ser sua, sem dúvida, ela responde mas por dentro sente-se atraída porque oh, ele é tão forte e sexy e é mais forte do que eu, pode-me partir a espinha e pode controlar-me com a sua magia (ou lá o que é). Sinto-me tão feminina, pela primeira vez! E depois, as 100 páginas seguintes (não estou a gozar) é mais disto. Ela vai vê-lo para lhe pedir informações, ele acena indulgentemente com a mão e diz-lhe que ela não tem de saber mais nada, blah blah, ela zanga-se, vai para casa, ele tenta seduzi-la e/ou controlá-la com os seus poderes, volta o disco e toca o mesmo. 

E eu a pensar "então e o arcanjo doido?" mas aparentemente o arcanjo doido decidiu esperar alguns dias para que os protagonistas se conhecessem antes de começar a atacar.

Depois começa a "investigação", que é basicamente o Raphael a carregar a Elena para todo o lado enquanto voa. Entretanto, lá vão para a cama, e BAM ela já está semi-apaixonada. Mas será pedir muito, um romance com história? Aparentemente, sim.

Ou seja, sinceramente? Este livro tem muito pouco que o recomende. A história nunca passa de mal desenvolvida e foi concebida, muito obviamente, para que as personagens se conhecessem. O que até nem estaria mal, sendo este o tipo de livro que é (romance, logo espera-se que se foque no romance); mas a verdade é que as personagens são tão irritantes, o romance é tão morno e previsível e falta tanta química entre os personagens que a falta de um enredo coerente... é quase como faltar uma das quatro paredes numa casa. 

No geral, nada de especial. O conceito é muito interessante mesmo, mas o mundo está muito pouco desenvolvido (nem isso a autora se deu ao trabalho de fazer) e até alguns dos conceitos apresentados neste livro ficaram por explicar (o que significa uma pessoa ter nascido caçadora, por exemplo?). As personagens são estereótipos levados aos respectivos extremos (ele um macho alfa sem qualidades redentoras, ela uma "mulher forte" que "descobre" que afinal bom, bom é ser controlada por um homem, porque oh my ele é tão masculino e sexy e mais forte do que ela!). E durante quase todo o livro, as personagens sentem-se atraídas fisicamente mas no final, o Raphael tem um momento de claridade e percebe que aha, se calhar é amor isto. E não há qualquer explicação para estas duas pessoas gostarem uma da outra. Por isso, o romance? Mal explorado e mal desenvolvido. E isso é grave, porque este livro se apoia fortemente na sua componente romântica. 

Opinião: O Dardo de Kushiel e A Marca de Kushiel (Jacqueline Carey)

Editora: Saída de Emergência (2010)
Formato: Capa mole | 804 páginas (2 livros)
Géneros: Fantasia
Descrição (livro 1 - GR): "TERRE D’ANGE é um lugar de beleza sem igual. Diz-se que os anjos deram com a terra e a acharam boa… e que a raça resultante do amor entre anjos e humanos se rege por uma simples regra: ama à tua vontade. Phèdre é uma jovem nascida com uma marca escarlate no olho esquerdo. Vendida para a servidão em criança, é comprada por Delaunay, um fidalgo com uma missão muito especial… Foi, também ele, o primeiro a reconhece-la como a eleita de Kushiel, para toda a vida experimentar a dor e o prazer como uma coisa só. Phèdre é adestrada nas artes palacianas e de alcova, mas, acima de tudo, na habilidade de observar, recordar e analisar. Espia talentosa e cortesã irresistível, Phèdre tropeça numa trama que ameaça os próprios alicerces da sua pátria. A traição põe-na no caminho; o amor e a honra instigam-na a ir mais longe. Mas a crueldade do destino vai levá-la ao limite do desespero… e para além dele. Amiga odiosa, inimiga amorosa, assassina bem-amada; todas elas podem usar a mesma máscara reluzente neste mundo, e Phèdre apenas terá uma oportunidade de salvar tudo o que lhe é mais querido." 
ATENÇÃO: Contém alguns SPOILERS.
(A edição lida estava no inglês original, mas apresentam-se os dados das portuguesas).

Algumas das minhas opiniões começam por enumerar as razões pelas quais dou uma ou outra classificação a um livro. No fundo, gosto de reiterar que as opiniões que emito são subjectivas e se referem meramente ao usufruto que tirei da leitura.

Estes livros de Jacqueline Carey foram óptimas leituras por terem personagens interessantes, uma construção do mundo intrigante e uma história intrincada.

Foram leituras envolventes que me mantiveram interessada ao longo das largas centenas de páginas. Estes dois volumes, que compõem o primeiro livro da trilogia Phèdre são verdadeiramente cativantes.

Mas mesmo tendo gostado imenso destas obras, não posso deixar de destacar alguns pontos que achei que podiam ter sido melhores (que livro não os tem, certo?) ou mais bem esclarecidos.

"O Dardo de Kushiel" e "A Marca de Kushiel" introduzem-nos ao mundo de Terre D'Ange um país habitado por um povo que se diz descendente de deuses.
Cedo percebemos que esta terra e os países vizinhos nos são familiares; Carey utiliza a Europa feudal (dos inícios?) da Idade Média como base para criar o seu mundo, misturando também algumas influências culturais orientais (nomeadamente o conceito dos cortesãos como os da Corte da Noite, que eram ensinados desde cedo a servir e eram cultos, versados em música... quase como as gueixas japonesas). Apesar de utilizar marcos conhecidos, a autora cria toda uma mitologia para Terre D'Ange (a mitologia das terras circundantes é quase idêntica à que os povos europeus possuíam na Antiguidade) que mistura o Cristianismo com um culto politeísta.

Este foi o primeiro aspecto que me fez confusão: Ellua, o "rei" do Panteão de Terre D'Ange é quase como que um descendente de Deus que decidiu fazer daquele território a sua casa. Sinceramente, o que me causou espanto foi toda a história de Ellua e o facto de, apesar dessa história, ele ser venerado.
Pois Ellua decidiu passar a vida a cirandar de um lado para o outro, a ver as vistas. Vários Anjos juntaram-se a ele e um deles, a Namaah prostituiu-se para arranjar dinheiro ao Ellua para que ele não passasse fome. E... erm... porque é que esta pessoa é venerada, mesmo? Porque passou a vida sem fazer nada? Porque quando lhe disseram para ir para casa ele pegou numa faca e fez um corte na mão e disse "não vou e não vou e pronto"?

Estão, portanto, a ver o meu problema. Creio que a história mitológica tenta explicar o sexo (especialmente quando ligado à servidão feudal) e todo o sistema de servidão da Corte da Noite que mais não é do que uma rede de bordéis. Sinceramente, achei a mitologia ridícula e não apenas por causa de Ellua.

A autora dá a entender que neste Panteão, todos os companheiros originais de Ellua são venerados e que possivelmente cada um tem características especiais pelas quais se distingue, mas não nos diz especificamente que características são essas. Nem Kushiel, que como podem calcular, tem um "papel" importante na série nos é explicado como deve de ser. Ele castiga os pecadores e depois os pecadores, numa reviravolta que parece Síndrome de Estocolmo, passam a amá-lo pelas torturas que lhes inflige? Sinceramente? Não percebi. Não percebi absolutamente nada, a não ser que Kushiel é uma desculpa esfarrapada para que a Phèdre goste de sado-maso. :P

Basicamente, a parte da mitologia neste livro foi uma tentativa muito óbvia (e algo preguiçosa) de explicar toda a sociedade de Terre D'Ange, como se nada houvesse nela que pudesse ser explicado de forma não religiosa.

Para mim foi a parte mais fraca do livro, apesar do preceito desta religião ser bastante positivo, no geral: "ama à tua vontade". É devido a este preceito que as pessoas em Terre D'Ange têm uma mentalidade tão desenvolvida para a "época" em certos aspectos. Por isso, apesar de tudo, a mitologia mal explicada não me impediu de devorar o livro. Apenas me irritou ligeiramente que, primeiro, o "herói" mitológico daquela gente fosse um indivíduo que nada fez para se destacar excepto andar por aí; e segundo porque nunca é muito clara a função de cada deus; sabemos que eles as têm, porque têm templos e tudo o mais, mas não se sabe bem como influenciam os habitantes de Terre D'Ange.

Passemos, no entanto, às partes mais agradáveis que, como disse em cima, me fizeram devorar um livro de 900 páginas (no original) em pouco mais de uma semana.

A história. O enredo é interessante. As primeiras páginas narram a infância e adolescência de Phèdre, que é vendida a uma das Casas da Corte da Noite aos dez anos. Ao início confesso que achei a descrição algo aborrecida, mas assim que me embrenhei na história não consegui deixar de querer saber mais e mais. Os segredos e a intriga da vida de Delauney, o mestre de Phèdre mantêm o leitor colado às páginas.

A história tem de tudo um pouco, desde um mistério a romance, passando por cenas de acção, tudo escrito de forma apelativa e envolvente.

As personagens. Phèdre, Joscelin, Hyacinthe e o resto do "cast" de personagens que compõem este livro são deliciosas. Todas são carismáticas e assim como a autora não poupa páginas no desenvolvimento do enredo, também não o faz no desenvolvimento das personagens. Phèdre passa por determinadas situações que a fazem mudar e o crescimento dela enquanto protagonista é plausível. Devo dizer que o romance não está particularmente bem desenvolvido nestes primeiros volumes, mas sendo uma série, isto não é particularmente grave.

O mundo. Como já referi antes, o mundo de Carey é genial. Suficientemente familiar para que os leitores não se sintam completamente perdidos, mas com elementos exóticos suficientes para que sintamos a magia que é tão própria da fantasia.

No geral: um começo fantástico para esta trilogia. É um livro (ou dois, se lerem em português) que se lê bem, com personagens cativantes sobre as quais queremos saber mais, um mundo misterioso, e bem definido, que apela à imaginação e um enredo com todos os ingredientes para nos manter agarrados. Recomendado.

Aquisições da Semana (36)

É um pássaro? É um avião? É uma piada seca? Não! É o Aquisições da Semana que faz uma aparição, após semanas de ausência! E não, não foi porque me tenho esquecido... eu não tenho mesmo comprado livros! Yay! Mas pronto, fui finalmente à Feira do livro de Lisboa, onde adquiri mais três para as minhas estantes; e tinha crédito na Fnac pelo que comprei mais dois. Enfim, eis as aquisições da semana (no dia errado... mas pronto).

Uncharted - O quarto labirinto - Christopher Golden
God of War - Matthew Stover, Robert E. Vardeman
Cloud Atlas - Davis Mitchell
Confissões de uma suspeita de assassínio - James Patterson, Maxine Paetro
A Vidente - Lars Kepler

Baseado na rubrica In my Mailbox.