Enquanto Dormes de Alberto Marini
Editora: Planeta (2014)
Formato: Capa mole | 304 páginas
Géneros: Mistério, thriller, suspense
Sinopse.
Editora: Planeta (2014)
Formato: Capa mole | 304 páginas
Géneros: Mistério, thriller, suspense
Sinopse.
Enquanto Dormes é um livro extremamente perturbador, porque a sua personagem principal... é o vilão.
Cillian, o porteiro de um edifício em Nova Iorque é o improvável protagonista desta narrativa, que se foca na sua natureza interior e em como ele gosta de ver as pessoas sofrer. Mas não de um modo já explorado tantas vezes na ficção de suspense; o objetivo de Cillian não é a violência física mas a psicológica. E a sua vítima é Clara, uma jovem que vive no edifício e que parece ter uma vida feliz e despreocupada. Isto ofende Cillian, que a considera uma "adversária".
Dizia eu então que este livro é perturbante exatamente porque se foca na psique de Cillian, no que o leva a tentar tornar todas as pessoas à sua volta infelizes.
É óbvio, desde o início que Cillian tem algumas perturbações mentais, pois todos os dias dá início a um jogo de "roleta russa" em que pesa os pós e os contras de viver mais um dia. E se achar que consegue fazer alguém (mais precisamente, Clara) infeliz, considera que a sua vida vale a pena.
Achei muito interessante (e perturbadora) a forma como o autor explorou a personalidade de Cillian, as suas racionalizações (por vezes tão racionais que metiam medo) e a forma despreocupada como Cillian comete pequenas maldades e cobre outras, maiores. O final, chocante, porque não soube a justiça mas sim a derrota, foi igualmente perturbante.
Contaram quantas vezes disse a palavra "perturbante"? Porque é a melhor palavra para descrever este livro. Não há aqui heróis, finais felizes ou uma luz ao fundo do túnel. É um livro profundamente negro e que mergulha no que de pior há na natureza humana.
No entanto, nunca senti que as minhas emoções estivessem verdadeiramente investidas no livro. Certamente que me repugnou, de forma distante, o que Cillian fazia ao longo do livro, mas o autor não conseguiu invocar o nível correto de choque e nojo pelo protagonista. Talvez fosse essa a sua intenção; talvez não. Mas a mim, pessoalmente, desapontou-me um pouco a qualidade mecânica da narrativa.
No geral, um livro... perturbador. Mete medo de uma forma insidiosa e leva-nos a questionar algumas das racionalizações de Cillian relativamente à natureza humana, especialmente a de que, no fundo, todos gostamos de ver os outros sofrer.
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