Opinião: As Estrelas Brilham na Cidade (Laura Moriarty)

As Estrelas Brilham na Cidade de Laura Moriarty
Editora: Editorial Presença (2014)
Formato: Capa mole | 367 páginas
Géneros: Ficção histórica
Sinopse.

Geralmente, a maioria dos livros de ficção histórica que leio, passam-se ou no século XIX (romances históricos daqueles mais sensuais... o que não quer dizer que não sejam o mais precisos possível, ao nível histórico) ou na Antiguidade, ou na Idade Média. A ficção histórica passada na "Idade Moderna", nos períodos das Grandes Guerras ou entre as Grandes Guerras nunca me interessou particularmente.

Mas este livro pareceu-me interessante. Uma das protagonistas era a estrela do cinema mudo Louise Brooks e pela sinopse, pensei que a sua acompanhante (ou chaperon, como lhe chamam no livro) iria acompanhar a viagem de Louise de uma forma ou de outra. Não tinha qualquer problema em ler sobre a jornada própria de Cora, a acompanhante... mas pensei que essa jornada estaria ligada de alguma forma à de Louise. O que não é verdade.

A verdade é que Cora é a protagonista. É uma mulher que por acaso teve de acompanhar a jovem Louise Brooks a Nova Iorque quando esta entrou numa escola de dança na "Grande Maçã", pois naquela altura as jovens mulheres solteiras não podiam andar sozinhas na rua, pelo menos em Wichita, no Kansas. 

Toda a narrativa se centra em Cora, nos seus problemas, no seu passado, nas suas angústias. Louise não passa de uma personagem muito secundária. E não haveria problema... se Cora tivesse uma vida minimamente interessante, sobre a qual desse gosto ler. Mas não. Na verdade Cora é uma mulher relativamente jovem que tem uma mente inflexível e pouca tolerância. 

Certamente que gostei de ler sobre as convenções sociais da época e sobre como tudo mudava tão depressa, as modas, os costumes sociais, e tudo o resto, de ano para ano. Como havia ainda um "gap" social vincado entre gerações e entre as cidades mais pequenas (como Wichita) e as grandes cidades como Nova Iorque.

E foi engraçado ler sobre algumas das mudanças operadas em Cora, fruto também da sua convivência com a muito mais jovem Louise.

Mas não foi nada engraçado ler tanto pormenor sobre um verão, que no final mudou Cora sim, mas não de uma forma assim tão vincada e depois ler cerca de 150 páginas que contam, a alta velocidade, o resto da sua vida.

E o enredo pareceu-me um bocado forçado, com o Joseph a ir viver para o Kansas e tudo o mais.

No geral, fiquei algo desapontada. Para quê escrever um livro sobre a vida desinteressante de uma mulher que foi acompanhante da famosa Louise Brooks, quando se podia escrever um livro sobre a Louise Brooks? 

Além disso, este livro tem problemas de ritmo narrativo bastante vincados. Mais de metade centra-se num verão passado com Louise em Nova Iorque, as últimas 150 páginas são o resto da vida de Cora, a protagonista do livro. Ok, ela aprendeu algumas coisas na sua convivência com outras pessoas e com Louise, mas sinceramente falta... glamour ao livro e especialmente às personagens. Um livro que se lê bem, mas que, na minha opinião, tem o foco errado.

Secção de bónus: porque é que a Louise Brooks está na capa, sequer? E, de cada vez que punha os olhos no livro a música "Quando cai a noite na cidade" começava a tocar na minha cabeça. Que raio de título!

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