Opinião: Quando o Cuco Chama (Robert Galbraith)

Quando o Cuco Chama de Robert Galbraith
Editora: Editorial Presença (2013)
Formato: Capa mole | 496 páginas
Géneros: Mistério/thriller
Sinopse.

(A edição lida está em inglês, mas apresentam-se os dados da portuguesa)
Há livros que temos medo de ler. E este, juntamente com outros da J.K. Rowling, era um deles (para mim).

Uma das séries que marcou a minha vida de leitora foi a série do Harry Potter. Foram aqueles livros que lemos e relemos imensas vezes mas que nunca perdem a magia (pardon the pun), daqueles livros que lemos tantas vezes que eles ficam velhinhos e usados e depois temos de comprar edições novas.

Mas essa série acabou e a autora, J.K. Rowling virou-se para outras escritas. E eu, como fã, comprei logo os novos livros dela, em capa dura e no original e... bem, e lá ficaram na prateleira durante bastante tempo. Porque o problema com autores dos quais gostamos muito é que as suas novas obras têm tantas formas de nos desiludir que até lhes perdemos a conta. E mais: também nos podem iludir, ou seja, podemos achar que é um livro altamente apenas porque... epá, somos fãs da autora.

Felizmente, acho que nada disto aconteceu nesta leitura. Gostei deste livro, mas não vai entrar no meu top de favoritos. Reconheço-lhe os méritos, mas também as falhas.

J.K. Rowling, sob o pseudónimo Robert Galbraith criou em "Quando o Cuco chama" um mistério envolvente mas que avança de forma lenta e por vezes demasiado pormenorizada.

Cormoran, um detetive privado e ex-soldado é o protagonista desta história, se descontarmos o próprio "Cuco", a vítima. Tal como no romance que li há uns anos de Vikas Swarup (intitulado Seis suspeitos), a narrativa centra-se muito mais na vítima do que nos métodos investigativos de Cormoran (que se reduzem, mais ou menos à recolha de informação).

Galbraith vai juntando as várias peças de um complicado puzzle, que nos permitirá no final, obter uma imagem completa dos últimos dias da vítima e resolver o mistério.

"Quando o Cuco chama" é um mistério à antiga, de certo modo, com laivos de Agatha Christie que se podem ver na técnica investigativa de Cormoran e na utilização de uma segunda protagonista (Robin) para colocar umas perguntas bem pertinentes nos momentos certos. O culpado era bastante evidente quase desde o início, mas Galbraith consegue fazer mesmo assim germinar uma pequena semente de dúvida.

A destoar dos romances de Christie está o facto de neste livro se explorarem também as origens de Cormoran. Este não se afigura uma personagem emocionalmente complexa, mas o seu passado é interessante, pelo menos. Robin, a sua secretária dá alguma cor ao livro.

Acho que a escrita é, talvez, excessivamente trabalhada, o que me dificultou a leitura a princípio. O ritmo é um pouco irregular, havendo, também no início, alguns tempos mortos.

Contudo, no geral, gostei do desenrolar da história e estou curiosa para saber como Cormoran se vai desenvolver enquanto personagem e qual será a resolução dos próximos mistérios.

No geral, uma narrativa lenta, mas cheia de pormenores intrigantes. A visão geral do crime não se torna aparente após adquirirmos todas as peças e Cormoran tem de nos "explicar" como tudo foi feito, o que achei uma falha, tendo em conta o género do livro, mas no geral foi uma leitura interessante se bem de estar longe de ser uma obra de leitura compulsiva.

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