O declínio do Bookmooch...

Um pequeno desabafo.

Até há bem pouco tempo, fui um membro bastante activo do Bookmooch, um site onde se trocam livros. A maior vantagem do Bookmooch é que é (supostamente) uma comunidade internacional onde membros de todo o mundo trocam livros.

Claro que, na prática, ser um membro "internacional" (ou não-americano) limita bastante a nossa escolha. Muitos membros americanos não podem mandar para fora dos EUA por uma variedade de razões.

Depois, os administradores do Bookmooch decidiram implementar um sistema que possibilita ainda mais a limitação do número de pessoas com acesso aos nossos livros; eu poderia, por exemplo, limitar o meu inventário inteiro de modo a que só os meus amigos possam pedir-me livros. Todas as outras pessoas estariam vedadas. Passou também a ser possível reservar livros para determinadas pessoas, acabando de vez com o sistema justo de "quem pede o livro primeiro é que o leva".
Hoje em dia é quase impossível para um membro internacional obter um livro popular.

Desapontada com o evoluir do sistema decidi, no início deste ano sair do Bookmooch, pois a verdade é que os últimos pontos que gastei foram em livros que não tenho assim tanto interesse em ler... aqueles que quero realmente nunca estão disponíveis para mim quer porque o membro não manda para o estrangeiro ou porque o livro está reservado para os "amigos" desse membro ou mesmo para uma pessoa específica.

Tenho mesmo pena de ter saído do Bookmooch, apesar de tudo. Acho que a ideia incial era boa e não se perdia nada em ter uma comunidade de trocas deste género em Portugal (vê-se pelo crescente número de membros tugas no Bookmooch que a ideia atrai alguns dos meus compatriotas) onde os livros são tão caros. Acho que era um bom incentivo à leitura. Opiniões?

Filmes!

Como ultimamente, a fórmula para escrever críticas literárias me tem escapado, decidi falar aqui, no Livros, livros e mais Livros dos filmes que tenho andado a ver nos últimos tempos (a minha vida não é só ler, lol).

Apesar de não gostar, geralmente, de filmes de guerra, ou sobre guerras, ou sobre operações das "forças especiais", não posso deixar de recomendar O Corpo da Mentira, com Leonardo DiCaprio e Russel Crowe.

Nos últimos anos, para minha grande surpresa, tornei-me uma grande fã do actor Leonardo DiCaprio. Antes, quando ele fazia filmes como A Praia ou o abominável Titanic, não o podia ver nem pintado; mas acho que ele cresceu muito como actor e os seus últimos filmes (Diamante de Sangue e The Departed) são simplesmente fantásticos!

O Corpo da Mentira é mais um daqueles filmes sobre a luta contra o terrorismo. Leonardo DiCaprio faz o papel de um operacional da CIA, Roger Ferris, cujo trabalho é desmantelar células terroristas no Médio Oriente. Quando o seu oficial superior, protagonizado por Russel Crowe, lhe pede para seguir um poderoso e elusivo terrorista, Ferris acaba por conceber um plano que requer a manipulação da vida de um inocente... que acaba por morrer. É a partir daí que Ferris se começa a questionar sobre aquilo que faz e sobre a frieza dos seus próprios colegas de trabalho.

Este fim de semana, assisti finalmente ao "Estranho Caso de Benjamin Button". Este filme superou as minhas expectativas e elas eram altas. A história singular de Benjamin, que nasce com uma deficiência pouco usual que faz com que pareça velho está muito bem contada e apesar de ser um filme grande, nunca é aborrecido. Apesar da sua estranha doença, Benjamin Button consegue viver uma vida cheia com experiências incríveis. É um filme que nos deixa, realmente, a pensar um pouco sobre a nossa mortalidade e como achamos sempre que ser novo é que é bom.

Além disso como se estende desde o início do século XX até aos anos 70/80, podemos ver a evolução do vestuário, algo que para mim é muito bom, uma vez que as formas de vestir através das épocas sempre me fascinaram.

Fiquei ainda com mais curiosidade acerca do livro. :)

Por fim, não resisti a ver o último filme de animação da Disney, Bolt. Que adorei, deixem-me dizer-vos! A animação por computador estava de cortar a respiração! As personagens eram incríveis e... bem, muito fofinhas, especialmente o protagonista "Bolt" e a gatinha "Mittens".

Bolt conta a história de um cão que é a estrela de um programa de televisão, onde desempenha o papel de... um super-cão. O único problema é que Bolt está convencido que é na realidade um super-cão e que a sua jovem dona (Penny) precisa de ser salva constantemente. Isto porque os produtores da série, que querem dar um ar realista à acção fazem tudo para que o cão não descubra que se trata de uma actuação e não de realidade.

Quando Penny é "raptada" pelo vilão durante um episódio, Bolt decide ir salvá-la e acaba acidentalmente em Nova Iorque, no lado oposto do país! Com a ajuda da gata vadia Mittens e do hamster Rhino, Bolt tem de arranjar maneira de voltar para a Califórnia para tentar encontrar a sua dona!

Aquisições (5)

Recebi hoje mais um livro, ainda da tal encomenda. E apesar de já ter adquirido demasiados livros este mês, não consegui resistir aos saldos da Bertrand! Comprei três livros por 4 euros e meio! É de aproveitar, hã?

Aquisições (4)

Adquirido na Bertrand (que está em saldos), para completar a tetralogia "Os Mistérios de Osíris"!

Opinião: Equador

Equador de Miguel Sousa Tavares
Editora: Oficina do Livro (2003)
Formato: Capa Mole | 528 páginas
Géneros: Romance, Ficção Histórica
Descrição: "Quando naquela manhã chuvosa de Dezembro de 1905, Luís Bernardo é chamado por El-Rei D. Carlos a Vila Viçosa, não imaginava o que o futuro lhe reservava. Não sabia que teria de trocar a sua vida despreocupada na sociedade cosmopolita de Lisboa por uma missão tão patriótica quanto arriscada na distante ilha de S. Tomé. Não esperava que o cargo de governador e a defesa da dignidade dos trabalhadores das roças o lançassem numa rede de conflitos e interesses com a metrópole. E não contava que a descoberta do amor lhe viesse mudar a vida.
Equador é um retrato brilhante da sociedade portuguesa nos últimos dias da Monarquia, que traça um paralelo entre os serões mundanos da capital e o ambiente duro e retrógrado das colónias.
É com esta história admirável, comovente e perturbadora, que Miguel Sousa Tavares inaugura a sua incursão no romance."
Ahem. E agora, vou tecer algumas (humildes) opiniões sobre um dos livros mais amados dos portugueses (espero alguns tomates, mas pedras não se faz favor). Tão amado que foi um bestseller e é agora uma "série" (mais novela, mas pronto) de televisão.

E essa devia ter sido a minha primeira pista. O Equador foi adaptado para televisão. Pela TVI. Obviamente que pelo meio das páginas de "Equador" deviam andar a tragédia e cenas românticas foleiras.

Para não me alongar muito e para não ter tantos projecteis potencialmente perigosos à minha espera, vou apenas dizer que fiquei algo desiludida. Este livro tinha potencial, um potencial enorme! A premissa é bastante interessante; um jovem da classe média-alta e um intelectual assumido é incumbido, pelo rei D. Carlos de resolver uma situação problemática em S. Tomé e Príncipe.

Estava à espera de uma obra de ficção histórica em que seguíamos a personagem principal no seu dia-a-dia numa terra estranha onde tem, num período de tempo limitado, que mudar mentalidades e estilos de vida. Pois qual não foi a minha surpresa, quando me apercebi que em vez de termos a história de uma das mais pequenas colónias de Portugal, seguimos antes as aventuras amorosas do tal personagem principal.

Premissa interessante; fraca execução. Vale principalmente pela informação histórica, que é rica e interessante, mas o livro foca-se mais na perseguição do nosso "herói" aos rabos de saia tanto em Lisboa como em S. Tomé tendo como fundo a história que devia ter sido a principal, pelo menos pelo que diz na contra-capa.

Uns acrescentos: Suponho que escrevi esta "crítica" demasiado cedo. "Equador" é uma obra que contém muita informação e um desenvolvimento de personagens algo invulgar, pelo que eu devia ter esperado uns dias antes de escrever as minhas impressões.

Creio que o que me irritou mais acerca do livro foi o final... não porque não achei um bom final, mas porque os motivos que levaram a tal final me pareceram... algo fúteis e muito pouco relacionados com o tema central do livro. Mas "Equador" não é, de modo nenhum, um mau livro, muito pelo contrário. O autor capta perfeitamente a época, os locais, a sociedade e a ideologia colonial. Vale a pena ler, é um belo esforço de um autor português.

Aquisições (3)

Mais livros da tal encomenda... o Book Depository anda a levar mais tempo do que o normal a fazer chegar os livros... ou então são problemas com os correios, não sei.


Prémio Dardos!

É com muito orgulho que acrescento este prémio à minha modesta prateleira [de awards, lol]!! O "Prémio Dardos" foi-me atribuído pela Ana, autora do blog "Cosy World". Muito obrigado Ana! :D

Eis as regras:
This award acknowledges the values that every blogger shows in his/her effort to transmit cultural, ethical, literary and personal values every day.
1) Accept the award, post it on your blog together with the name of the person that has granted the award and his or her blog link.
2) Pass the award to other 15 blogs that are worthy of this acknowledgement. Remember to contact each of them to let them know they have been chosen for this award.
Infelizmente, não tenho 15 blogues para premiar (não conheço tantos), mas aqui vão alguns que costumo seguir com atenção:
. Estante de Livros (estou sempre a referir este blogue, mas é que é mesmo um website importante para os amantes de livros!)
. Este meu Cantinho...
. Leituras & Devaneios
. Aneca's World

Aquisições (2)

Os livros da minha encomenda continuam a chegar a conta-gotas. Hoje, mais dois.

As Primeiras Aquisições do Ano!

Eis as minhas primeiras compras (em termos de livros, lol) do ano!

Os Contos de Beedle, o Bardo

Autor: J.K. Rowling
Editora:
Editorial Presença (Capa Mole) - 2008
Nº de Páginas:
128
Idioma: Português
Géneros: Lit. Juvenil, Fantasia

"Os Contos de Beedle, o Bardo" é um pequeno livro de leitura rápida, que compila cinco curtas histórias que, segundo a introdução do livro, são o equivalente das nossas fábulas no Mundo dos Feiticeiros.

Todas as histórias são comentadas pelo Dumbledore, que nos fala um pouco nas suas origens e como é que cada conto foi visto pela comunidade dos feiticeiros ao longo dos séculos.

As histórias são engraçadas (a quinta, intitulada "Os Três Irmãos" pode ser encontrada em "Harry Potter e os Talismãs da Morte"), embora hesitasse em contar uma ou duas a miúdos pequenos.

A maneira como os contos estão escritos faz realmente lembrar um pouco as fábulas que todos nós lemos quando eramos mais novos.

Este livro é semelhante ao "Quidditch Através dos Tempos" ou aos "Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los". É um bom livro para os fans de J.K. Rowling, mas não irá satisfazer a maioria dos leitores, quer pelo seu tamanho quer pelo seu conteúdo.

Great Buddy Award

Muito obrigado à Whitelady3 do blogue Este meu Cantinho por este award! :D


As Regras:
1. Put the logo on your blog.
2. Add a link to the person who awarded you.
3. Award up to ten other blogs.
4. Add links to those blogs on yours.
5. Leave a message for your awardees on their blogs.

Estes são os blogues que nomeio:
. Estante de Livros (Canochinha, Cristina e Menphis)
. Literaturismos e Afins (Morah)
. Leituras e Devaneios

Opinião: A Irmandade do Santo Sudário (Julia Navarro)

A Irmandade do Santo Sudário de Julia Navarro
Editora: Biblioteca Sábado (2007)
Formato: Capa mole | 396 páginas
Géneros: Ficção Histórica, Mistério, Thriller
Sinopse.

Após um incêndio na Catedral de Turim, onde está exposto o Santo Sudário, o Departamento de Arte, chefiado por Marco Valoni, é chamado a investigar.

Marco e a sua equipa suspeitam que este incêndio está relacionado com os numerosos acidentes que têm vindo a acontecer, neste mesmo local, desde há séculos. Enquanto os investigadores procuram pistas que provem a sua teoria, o leitor vai ficando familiarizado com a intrigante viagem do Sudário ao longo dos séculos, pois a autora salta do presente (quando decorre a investigação) para vários períodos do passado, onde seguimos a jornada da relíquia.

"A Irmandade do Santo Sudário" é um daqueles livros de que queremos mesmo gostar, não só pelo tema, que é fascinante, mas também porque se nota que é o fruto de uma meticulosa investigação. E eu até gostei do livro... apenas não tanto como pensava que ia gostar.

O tema, que involve Teologia e História, despertou-me bastante curiosidade e ao ler o livro deparei-me com factos que já conhecia e muitos outros que foram novidade. Gostei da exposição de factos históricos e científicos sobre o Sudário, os Templários e as Cruzadas.

O que me desapontou foi a história em si. Apesar de ser comercializado como um "thriller" a acção é escassa. O trabalho de investigação é mortiço. As personagens têm pouca personalidade e os diálogos têm falta de naturalidade. Algumas partes do livro são tão paradas que chegam a ser aborrecidas.

Assim, gostei da exposição histórica e das teorias avançadas no livro, mas como obra de mistério/suspense/thriller, "A Irmandade do Santo Sudário" deixa muito a desejar.

Catalogar livros online

Catalogar a nossa bliblioteca online, onde outros amantes da leitura a possam ver e mesmo comentar é hoje em dia muito comum; uma moda, mesmo.

Existe um número muito razoável de websites onde podemos exibir a nossa biblioteca, embora a maioria deles só tenham edições em inglês. Mas mesmo isso tem solução; com alguns "tags" podemos especificar que o livro está editado em português.

O site mais popular para catalogar livros online é o Librarything. O processo de registo é bastante simples (basta escolher o username e a password desejados, inseri-los nos campos como se estivessemos a efectuar um login e pronto) e o site está traduzido em várias línguas, incluindo o português (encontram-se também muitas edições portuguesas). O único problema é que este serviço não é gratuito; uma conta anual custa 10 dólares e uma vitalícia, 25 dólares. As contas grátis só podem inserir até 200 livros na sua biblioteca.

Quem não quiser pagar para exibir a sua biblioteca completa pode optar por um site diferente. Existem outros onde os amantes de livros podem recorrer; mas estes sites, embora ofereçam serviços gratuitos são inferiores, em alguns aspectos ao Librarything.

Destes "outros" sites para catalogar livros, o mais famoso é o Shelfari. O seu interface é também bastante bom, com "estantes virtuais". O maior problema com este e outros sites do género é o facto de só apresentar versões inglesas dos livros e do próprio interface ser em inglês.

Para além do Shelfari, podemos ainda referir o Internet Book Database (que tem a grande vantagem de oferecer livros), o Reader 2 Library ou o Bookjetty entre outros.

Catalogar, classificar e escrever críticas
Se o seu objectivo principal for manter uma lista dos livros que lê e até mesmo classificá-los e escrever críticas, existem também sites onde o poderá fazer.

O mais famoso destes é o Goodreads. Este serviço é inteiramente grátis e permite ao leitor adicionar os livros que está a ler, que tenciona ler ou que leu. Permite ainda catalogar esses livros por categorias através da criação de tags. Tem a enorme vantagem de possuir informação de edições estrangeiras.

Outro site deste género é o Booktagger, que tem um interface agradável, mas é algo difícil de utilizar.

Mais Fantasia Urbana em Portugal

O blog Bela Lugosi is Dead noticia hoje a publicação, pela editora Saída de Emergência, da série de fantasia urbana "Merry Gentry" da autoria da americana Laurell K. Hamilton.

Para quem não conhece, Laurell K. Hamilton é uma popular escritora (pelo menos no seu país) de livros de fantasia urbana e conta com duas séries publicadas: "Anita Blake, caçadora de vampiros", correntemente no livro 16; e "Merry Gentry", cujo sétimo livro saiu em Novembro passado.

A primeira série centra-se na personagem de Anita Blake que, como o nome da série indica, é uma caçadora de vampiros, para além de trabalhar numa empresa chamada Animators Inc. onde faz uso dos seus poderes de necromancer.

A segunda série é sobre Merry Gentry uma híbrida (fada/humana) que trabalha como investigadora privada em Los Angeles até a rainha da corte das fadas lhe oferecer o seu trono... se Merry conseguir ter um filho antes do primogénito da rainha.
Fico contente com o incremento de livros de fantasia urbana em Portugal, claro. Penso que é um género interessante que mexe bastante com a nossa imaginação.

No entanto, creio que Laurell K Hamilton não é o autor apropriado para nos introduzir a este género; os seus últimos livros estão bastante mal escritos e penso que a série de Merry Gentry tem uma história bastante ridícula... que se traduz, basicamente, na personagem principal a ter sexo com vários homens (fadas, etc) para conseguir engravidar. Não creio que seja o melhor exemplo de fantasia urbana. A outra série de Hamilton, Anita Blake, seria mais apropriada, pelo menos os primeiros 5 ou 6 livros (depois disso também começa a descambar).

Felizmente, ao que parece, a Saída de Emergência vai apostar também na série de Charlaine Harris, "The Southern Vampire Mysteries". Esta série involve também criaturas sobrenaturais mas tem uma boa dose de mistério e histórias mais interessantes.

Evernight (Evernight School, 1)

Autor: Claudia Gray
Editora: HarperTeen (capa dura) - 2008
Nº de Páginas: 336
Idioma: Inglês
Géneros: Lit. Juvenil, Fantasia Contemporânea/ Urbana

Eis a minha primeira leitura do ano... Evernight é o primeiro livro de uma nova série virada para os jovens adultos.

Este livro conta a história de Bianca uma tímida jovem de 16 anos que se instala com os seus pais (que são professores) na Academia de Evernight. Esta é uma escola privilegiada, com história (foi construída nos finais do século XVIII), onde apenas os mais ricos têm entrada; Bianca, como filha de professores não é rica e não faz parte da elite... pelo que ela teme tornar-se impopular.

No entanto, á medida que o ano passa, Bianca apercebe-se que ser impopular é o menor dos seus problemas...

Evernight é uma leitura relativamente rápida, apesar dos buracos na história e das personagens algo ocas. A comparação com o bestseller "Crepúsculo" é inevitável, uma vez que o assunto é o mesmo, mas penso que no geral, Evernight fica claramente a ganhar.

Nefertiti

Título Original: "Nefertiti"
Autor: Michelle Moran
Editora: Bertrand Editora - 2007
Nº de Páginas: 480
Idioma: Português
Géneros: Ficção Histórica, Romance
Sinopse (site Bertrand): Trata-se da biografia de uma das mulheres mais belas e famosas do antigo Egipto, contando-nos a história do seu apogeu como Grande Esposa Real e da influência que teve na política egípcia. Esta rainha e o seu marido formam os primeiros monoteístas da História.

Este livro foi, numa palavra, decepcionante.

A história de Nefertiti e Akhenaton, dois dos líderes mais emblemáticos da Civilização Egípcia sempre foi um tema que me interessou particularmente.
Talvez por isso, tivesse grandes expectativas para este livro... expectativas essas que não foram correspondidas.

Segundo a sinopse oferecida no site da editora Bertrand, esta obra da autoria de Michelle Moran, retrata a vida de Nefertiti, esposa do Faraó Egípcio Akhenaton; também, segundo a sinopse, esta obra é bibliográfica. Em relação a este último ponto, sempre tive as minhas dúvidas, uma vez que não existem vestígios suficientes da vida desta Rainha para "construir" uma biografia bem fundada da sua vida.

"Nefertiti", não só contém uma grande quantidade de erros históricos (o que devia ser impossível numa obra deste cariz e bem investigada, segundo a contracapa) como espelha uma visão subjectiva da autora em relação às suas personagens pelo que está longe de ser uma biografia, sendo antes uma obra de ficção, um romance.

Moran retrata Akhenaton como um homem violento, inseguro e pouco inteligente; condena a sua visão (a mudança religiosa efectuada por este líder) e apesar de nos apresentar a principal razão para ela (a tentativa de dispersar o poder dos sacerdotes do deus Amon, que neste período era tanto que podia influenciar as decisões de vizires e Faraós), condena-a não lhe reconhecendo qualquer mérito, como o fazem muitos historiadores.

Já Nefertiti, é como uma rapariguinha mimada; ler sobre ela neste livro fez-me lembrar o último filme sobre Marie Antoinette e a maneira como a sua personagem parecia uma lider de claque fútil e parvinha. Nefertiti comporta-se de um modo infantil e petulante durante a maior parte do livro, recuperando apenas um pouco no final do livro.

Em relação às discrepâncias históricas, há muitas que podem ser apresentadas; nomeadamente no que respeita aos actos políticos e reinado do Faraó e num âmbito mais geral, erros que demonstram uma total incompreensão por parte da autora, da sociedade egípcia; muitas vezes pensei estar a ler sobre uma sociedade medieval.
Por exemplo, Michelle Moran confunde os "haréns" Egípcios com os dos Sultões Otomanos; fala-nos também de "dinheiro" quando é bem conhecido o facto de que a sociedade Egípcia era uma sociedade de trocas e que o dinheiro só foi introduzido aquando da chegada dos gregos.

"Nefertiti" é, portanto, uma obra de ficção; não se deve dar grande valor às informações históricas nela contidas, sob pena de se conceber uma ideia errada sobre a sociedade do Antigo Egipto.

Creio que se não estivesse realmente à espera de ler um livro bem pesquisado e suportado por factos históricos sólidos não teria ficado tão desiludida e teria gostado bem mais do livro, que no fundo não é mau de todo de se ler.