Opinião: Fama Mortal (J.D. Robb)

Fama Mortal de J.D. Robb
Editora: Chá das Cinco/SdE (2009)
Formato: Capa mole | 286 páginas
Géneros: Mistério, Romance contemporâneo, Ficção científica
Sinopse.

(A versão lida está no inglês original, mas apresentam-se os dados da portuguesa)

Com o terceiro livro da série "Mortal" (Fama Mortal) voltamos a focar-nos na vida da agente da polícia de Nova Iorque, Eve Dallas.

Neste livro temos, como sempre, mais um mistério para resolver e é um mistério que tem contornos muito pessoais para Eve: a sua amiga Mavis é acusada do homicídio de uma modelo muito conhecida, chamada Pandora. Eve terá de fazer tudo para ilibar a amiga enquanto tenta manter-se imparcial. Ao mesmo tempo, tem de lidar com o seu iminente casamento com Roarke, o milionário que ama e com recordações da sua infância, que começam a regressar na forma de pesadelos.

Gostei bastante desta leitura. É, maioritariamente, um livro de Suspense romântico porque uma das componentes essenciais da série é a vida romântica de Eve, mas mesmo assim, Robb conseguiu dar protagonismo suficiente ao mistério que envolve supermodelos, drogas feitas com plantas experimentais e corrupção. 

Como nos livros anteriores, o mundo futurista está tão bem inserido na narrativa que o leitor não sente qualquer estranheza ao ler sobre ele. Viagens para outros planetas? Parece plausível. Colónias terrestres? Certamente. Comunicadores que cabem na palma da mão? Nada de especial.

A escrita de Robb é harmoniosa, envolvente e interessante. Apesar de ter havido uma parte lá para o meio que achei um bocado frustrante, porque Eve não andava nem desandava com a resolução do caso, no geral, este livro foi uma leitura muito satisfatória.

Também gostei bastante das mudanças que se estão, lentamente, a operar em Eve. Tem de enfrentar os seus medos relativamente ao casamento e começa a recuperar da amnésia que tem desde os oito anos sobre a sua infância... as revelações deste livro são perturbantes e deixam ao leitor a vontade de saber como irá Eve lidar com tudo o que se passou; será que aprenderá finalmente a pedir ajuda?

A nova personagem, a agente Peabody também me surpreendeu pela positiva. Com o seu humor seco e a sua pose rígida, pareceu-me uma adição interessante ao rol de personagens da série.

Irei certamente ler mais livros da série. Estou a gostar imenso e acho que a autora combina os diversos elementos de forma muito natural e fluída, o que é algo que não acontece assim tanto como desejaríamos. Uma série para continuar. 

It's Monday! What are you reading?

Mais um It's Monday! What are you reading? Esta semana voltei ao mundo da série Mortal, com o terceiro livro, intitulado, em português, "Fama Mortal".

Immortal in Death - J.D. Robb

Quanto a posts, eis o que tivemos no blogue, na semana passada:

Rubrica da autoria de The Book Journey.



Opinião: Grande Mulher (Danielle Steel)

Grande Mulher de Danielle Steel
Editora: Bertrand (2014)
Formato: Capa mole | 312 páginas
Géneros: Romance contemporâneo
Sinopse.

Danielle Steel é outra daquelas autoras super populares que também nunca me tinha aventurado a ler, possivelmente pelas mesmas razões que tinha para não ler Nora Roberts: é uma autora famosa que escreve dentro do género do romance contemporâneo e "ai minha nossa e se tenho de dizer mal de um dos livros dela"?

Mas este livro pareceu-me bem pela sinopse. Pareceu-me interessante que a personagem tivesse problemas de autoestima e fiquei curiosa sobre a forma como a autora lidaria com um tema assim (com muito drama, supunha eu).

Victoria Dawson sempre sentiu que os pais não gostavam muito dela. Para eles, tudo o que fazia estava errado e até a sua própria aparência (loura, com um corpo cheio de curvas e com tendência para engordar) os parecia desgostar. Felizmente, a irmã mais nova de Victoria é tudo o que os pais sonham: bela, magra, sempre pronta a agradar. O tratamento diferente que os pais dão a Victoria e a Grace poderia tornar Victoria amarga, mas apenas faz com que ela adore a sua irmã... sentimento que é mútuo. No entanto, Victoria sabe que tem de se afastar de casa e do ambiente tóxico mesmo que signifique perder o contacto com a irmã.

Foi uma leitura... satisfatória. "Grande Mulher" lê-se rapidamente, a narrativa é fluída se bem que algo impessoal; não há muito diálogo no livro e a autora parece ser mais adepta de nos explicar o que se passa do que descrever e tentar envolver o leitor na história (é mais "tell" do que "show"). No entanto, isso não me incomodou grandemente. Li o livro depressa, com interesse. É uma leitura leve e não tão dramática como estava à espera.

As personagens são bastante estereotipadas e representam as características amplificadas do que... devem representar. Os pais de Victoria são supostamente pessoas normais, mas algumas das suas atitudes, amplificadas para nos fazer sentir empatia para com a heroína suponho, quase que os fazem parecer vilões dos desenhos animados (lembro-me assim de repente da madrasta malvada do filme "Cinderella"). Gostei de Victoria mas tive pena que ela nunca confrontasse realmente os pais.

No geral, uma leitura rápida e leve, apesar dos temas que aborda. Não desgostei, mas ao contrário do que aconteceu com Nora Roberts, não sinto curiosidade em ler mais livros de Danielle Steel.

Opinião: Sanctum (Sarah Fine)

Sanctum de Sarah Fine
Editora: Amazon Children's Publishing (2012)
Formato: Capa mole | 448 páginas
Géneros: Romance paranormal, Fantasia Urbana, Lit. Juv/YA
Sinopse.

O primeiro comentário que me saiu mal acabei de ler o livro (não em voz alta, mas foi o que escrevi aqui primeiro) foi "é desta que desisto do YA". Não porque este livro tenha sido horroroso, mas porque até tinha um conceito giro, mas a autora estragou tudo... com o insta-love (a.k.a. amor instantâneo).

Lela Santos, a nossa protagonista é uma jovem que teve uma vida complicada. Órfã desde cedo, andou a entrar e a sair de casas de acolhimento durante muito tempo e sofreu às mãos de um dos seus pais de acolhimento, Rick. Como consequência, decidiu que não valia a pena viver mais no tormento em que se encontrava e decidiu tirar a sua própria vida. Apesar de ter sido salva no último segundo, Lela ainda teve uma visão do local para onde são mandadas as pessoas que cometem suicídio; e as Portas do Suicídio passaram a ser um motivo frequente dos seus pesadelos.

Depois de ter dado uma sova no seu padrasto abusador, Lela é mandada para um centro de delinquentes e depois para uma nova casa de acolhimento. Aqui vai começar uma nova vida e conhecer Nádia, a rapariga mais popular da escola, que inesperadamente, se torna sua amiga. Mas a vida de Nádia está longe de ser perfeita e quando ela se suicida, Lela fará tudo para garantir que a amiga não é enviada para o lugar sombrio que invade os seus piores sonhos.

E é isto. Pareceu-me sinceramente que seria um bom livro, um bocado mais "dark" do que o normal para a literatura YA, mas isso para mim é um bónus. E até começou bem: a Lela tinha espírito e parecia que o "mundo sobrenatural" apresentado no livro seria baseado nas conceções de Céu e de Inferno de muitas religiões, particularmente da Cristã. Esperava que a autora desenvolvesse este aspeto; era, aliás, o ponto que me deixava mais entusiasmada relativamente a este livro.

Mas depressa descarrilou. A Lela conhece um gajo todo bom chamado Malachi e BAM! Insta-love. E em vez de desenvolver o mundo a autora passa a focar-se na relação destas duas personagens que, claro, se sentem incrivelmente atraídas uma pela outra e blah, blah, é amor.

Para ser sincera, Malachi é um protagonista estereotipado, sim, mas mais simpático do que muitos dos protagonistas que povoam a fantasia urbana juvenil. 

Mas, enfim, irrita-me ver um bom enredo e uma personagem que parecia forte minados pelo insta-love irritante por um gajo todo bom e torturado. A partir desse momento a história passou a ser bastante mais aborrecida para mim; a Lela farta-se de pensar em como o Malachi é bom, o Malachi sofre em silêncio por amor, aparecem umas criaturas estranhas que vêm de outra dimensão e que acabam por estragar um bocado o imaginário que estava à espera de encontrar neste livro. De qualquer forma, a obra redime-se um pouco no final, mas não o suficiente para me tentar a ler mais.

No geral um livro que poderia ter sido muito melhor. A autora teve a oportunidade de escrever sobre assuntos sérios e desafiantes, mas decidiu que o insta-love era mais importante e para se centrar nisso, desistiu de um desenvolvimento mais aprofundado do mundo e das personagens. Desapontante.

Já tive mais pena: sobre os livros não terminados

Fonte: daqui.
Hoje, enquanto lia mais algumas páginas da minha mais recente leitura (Sanctum de Sarah Fine), pus-me a pensar em livros não terminados (sim, a história levou uma reviravolta previsível que não me está a agradar) e em como sempre disse que me custava deixar livros por ler. E custava; ou melhor, custa. Especialmente porque os livros não são propriamente baratos e porque fica sempre aquela culpa lá no fundo, mesmo que digamos que temos demasiados livros bons para ler e tipo, se calhar fica melhor lá mais para o final, quem sabe.

Mas, se antes fazia um esforço (por vezes quase sobre-humano) para terminar livros de que não estava a gostar, sinto que ultimamente tenho feito menos pressão sobre mim própria para terminar livros que não estão a ser apelativos para mim. Este ano já abandonei quatro livros, o que é provavelmente um recorde. E sei que nunca mais vou pegar neles. Nunca mais vou voltar atrás com estes livros. Acabou. E sinceramente, já tive mais pena e já senti mais culpa: afinal é realmente verdade que há imensos livros para ler... e no meu caso, as minhas estantes estão a abarrotar, por isso porque é que havia de perder tempo com livros que não estão a captar o meu interesse?

Por outro lado, continuo a sentir que talvez esteja a ser injusta para com determinados livros; que estes podem não estar a cativar-me porque pura e simplesmente não é a altura certa para os ler ou porque de momento não estou com vontade de me embrenhar no género. 

Por isso, faço a seguinte reflexão: se pousar agora este livro, irei querer lê-lo no futuro? Invariavelmente a resposta é não (independentemente das circunstâncias), mas pode ser um bom exercício para saber se se apaga o livro da lista "currently reading" ou se se põe mesmo a obra na prateleira virtual "did not finish". 

No fundo, a questão é: será que devemos dar uma segunda oportunidade a livros que não nos estão a captar a atenção? Ou o tempo é escasso, os livros são muitos, os gostos mudam e não vale a pena? O que acham?

Outras leituras sobre o tema: Quando desistir é a melhor opção

Opinião: Glória Mortal (J.D. Robb)

Glória Mortal by J.D.Robb
Editora: Chá das Cinco/SdE (2008)
Formato: Capa mole | 254 páginas
Géneros: Mistério, Romance contemporâneo, Ficção científica
Sinopse.

(A versão lida está no inglês original, mas apresentam-se os dados da portuguesa)

O que dizer sobre este segundo livro da série mortal que não tenha dito já na opinião anterior? 

Porque "Glória Mortal" tem as mesmas qualidades e defeitos do livro anterior: protagonistas interessantes que nos puxam, um mundo intrigante e um mistério que é razoavelmente cativante e mantém o leitor interessado mas que não é propriamente difícil de deslindar.
Em "Glória Mortal", Eve tem de descobrir o autor de uma série de crimes que têm como alvo mulheres de sucesso com uma presença pública. Neste livro vemos Eve a lidar com a dor das famílias envolvidas e como os sentimentos pessoais podem afetar julgamentos e mesmo o decorrer da investigação.

Temos também alguns desenvolvimentos surpreendentes relativamente à vida pessoal de Eve, nomeadamente no que diz respeito à sua vida amorosa e à sua relação com Roarke (que, surpreendentemente, não é o idiota possessivo que parecia no primeiro livro... gostei bastante dele neste segundo volume). 

Tal como no primeiro livro, a componente romântica desenvolve-se demasiado depressa e sem as nuances necessárias para parecer "realista", mas Roarke e Eve são um casal extremamente fofinho e penso que foi uma das razões pelas quais gostei tanto deste livro apesar do seu mistério simplista.

No geral, uma boa leitura. Ok, o mistério não foi nada de especial, é pouco elaborado e é fácil de desvendar, mas as personagens e o seu desenvolvimento dão brilho à obra. Vou continuar a ler, sem dúvida.

It's Monday! What are you reading?

Mais uma segunda-feira. Esta semana estou a ler mais um livro da Nora Roberts (quem diria?) depois de ter gostado do primeiro da série "Mortal". E... estou a gostar bastante do segundo também. :)

Glory in Death - J.D. Robb

Quanto a publicações: duas opiniões e um post de aquisições (cortesia da insidiosa Feira do Livro do Continente... grrrr).
Rubrica da autoria de The Book Journey.

Opinião: Nudez Mortal (J.D. Robb)

Nudez Mortal de J.D. Robb
Editora: Chá das Cinco/SdE (2008)
Formato: Capa mole | 246 páginas
Géneros: Mistério, Romance contemporâneo
Sinopse.

Nora Roberts é uma autora mundialmente famosa e top de vendas em Portugal, mas por qualquer razão nunca me senti tentada a ler nada dela. Talvez porque o seu género de eleição é o romance contemporâneo, do qual fugia até recentemente por razões que nem para mim são claras; talvez porque, devido à sua fama, Nora Roberts me aterrorizava: e se eu não gostasse dos seus livros?

Mas, quando me deparei com críticas aos seus livros da Série Mortal no blogue Estante de Livros, decidi que era tempo de me aventurar. E não como o fiz há anos atrás, com uns livros quaisquer dela que metiam vampiros e que li já com uma mente fechada e preconceituosa (tinha lido o Crepúsculo - ou tentado pelo menos - há pouco tempo). E assim escolhi a série Mortal, que escreve sob o pseudónimo de J.D. Robb.

Ainda bem que "dei ouvidos" à Célia! Finalmente um thriller/mistério que não achei irritante! Ok, a Eve é uma mulher durona ao estilo de tantas heroínas de fantasia urbana, mas há algo de apelativo nela e nunca é "durona" demais. Parece ter um passado tortuoso sobre o qual o leitor descobrirá, espero, mais em livros seguintes da série e tem uma coisa que falta a tantas "mulheres fortes": empatia.

O mistério em si não é assim muito elaborado, mas entretém. O mundo parece bastante interessante e é desenvolvido com muita mestria por Hobb, com um equilíbrio que poucas vezes vi (li) entre o "info-dump" (onde as personagens explicam verbalmente o mundo em que se movem) e ações que permitam ao leitor "visualizar" o mundo. Basicamente, a construção é fluída e não interrompe a narrativa, não se torna "o elefante na sala". O leitor sente-se quase imediatamente a entrar no mundo da heroína (em meados do século XXI).

As personagens também brilham bastante. Já falei de Eve, que me agradou imenso como heroína. Roarke, o misterioso ricalhaço e o segundo protagonista, também me agradou, estranhamente, uma vez que é mais ou menos um estereótipo do macho alfa: rico, possessivo e demasiado confiante. Mas isto é temperado por uma preocupação genuína por Eve e pelas pessoas de quem gosta, o que o torna mais... humano e menos homem das cavernas. 

Achei que a parte romântica se processou demasiado depressa, mas de resto gostei bastante e deu-me vontade de ler outros livros de Nora Roberts.

No geral, uma leitura surpreendente, pela positiva. Estou já a ler o segundo volume e parece-me que me vou divertir bastante com a Série Mortal. Recomendada para quem gosta de Romance de suspense.

Opinião: A Princesa Guerreira (Barbara Erskine)

A Princesa Guerreira de Barbara Erskine
Editora: Planeta (2011)
Formato: Capa mole | 670 páginas
Géneros: Mistério, romance contemporâneo, fantasia, ficção histórica
Descrição: "No limiar entre o sonho e a vigília, a loucura e a clarividência, duas mulheres separadas por dois mil anos de História partilham o mesmo segredo, nas encruzilhadas e labirintos de uma perseguição milenar.
Jess, professora em Londres, é vítima de um ataque de que não consegue recordar-se. Tudo indica que o agressor é um homem que a conhece bem. Assombrada pelo medo e pela suspeita, Jess refugia-se na casa isolada da irmã, na fronteira do País de Gales. O silêncio que procura é, porém, interrompido pelo choro de uma misteriosa criança.
A casa, a floresta que a cerca e o vale mais abaixo transportam ecos de uma grande batalha, travada dois mil anos antes. Ali caiu Caratacus, liderando a resistência das tribos da Britânia aos invasores romanos. O rei foi capturado e levado para Roma como prisioneiro, juntamente com a mulher e com a filha, a princesa Eigon.
Sentindo-se impelida a investigar a história de Eigon, Jess segue os seus passos até à Roma de Cláudio e de Nero, onde a princesa assistiu ao grande incêndio, presenciou a perseguição movida aos cristãos e privou com o apóstolo Pedro. Aqui, talvez o mistério da extraordinária vida de Eigon se desvende, ou Jess se abandone progressivamente à sua obsessão, arriscando uma proximidade crescente com o seu agressor."
Ora bem, por onde começar. Talvez pelas expectativas que tinha para este livro. Pela sinopse pareceu-me um livro bem ao estilo da Susanna Kearsley uma autora da qual li dois livros no ano passado e dos quais gostei. Estava à espera de uma narrativa que interligasse passado e presente de forma fluída, com personagens interessantes e uma descrição da época romana que me parecesse viva.

Em vez disso levei com uma história mal amanhada com personagens apenas superficialmente desenvolvidas, um século I d.C. apenas esboçado (e cheio de imprecisões históricas), um enredo confuso e uma dor de cabeça por revirar imenso os olhos (na verdade não, mas suspirei bastante.

Quando era criança, ensinaram-me uma anedota que não tem assim muita piada e que provavelmente não será a mais apropriada tendo em conta as circunstâncias do país (ou talvez seja ideal, quiçá), mas que me permite efetuar uma comparação semi-inteligente. Era mais ou menos assim: era uma vez uma família pobre; o pai era pobre, a mãe era pobre, os filhos eram pobres, o mordomo era pobre, a criada era pobre, o jardineiro era pobre... eram todos pobres.

E este livro é assim mesmo. Substituam "pobre" por confuso e terão este livro bem descrito. Era uma vez um livro... o enredo era confuso, as personagens eram confusas, a construção do mundo era confusa... era tudo uma confusão. Que se prolongava por umas dolorosas 670 páginas.

Então é assim. A nossa protagonista Jess (qualquer coisa) atrai as atenções de um estupor de um homem e infelizmente é violada depois de uma festa. Em vez de ir à polícia decide não contar nada a ninguém e despedir-se do emprego e fugir para a casa da irmã, nas remotas montanhas do País de Gales. Quando lá chega, percebe que o local está assombrado pelas filhas de um rei do século I d.C., chamadas Glads e Eigon. Sem sabermos bem como ela fica determinada a descobrir o percurso de Eigon, que foi levada como prisioneira para Roma, depois do seu pai, Caratacus ter sido derrotado. Esta empatia vem do facto de também Eigon ter sofrido às mãos de um legionário chamado Titus. O livro conta alternadamente a vida de Jess e de Eigon, que têm de fugir dos homens que lhes fizeram mal, em I d.C. e no presente.

Pareceu-me uma história bastante interessante. Não sei muito sobre a conquista romana da Bretanha (?) e na sinopse dizia que Eigon tinha assistido ao incêndio de Roma no tempo de Nero e privado com S. Pedro! Claro que achei altamente!

Mas... enfim, não foi tão impressionante como eu pensei que ia ser. Não consegui sentir empatia por nenhuma das personagens, apesar das suas terríveis experiências. A maioria do livro é preenchido por acontecimentos corriqueiros, especialmente nas partes de Eigon. Jess vai ficando cada vez mais enredada na vida de Eigon acabando (bem cedo no livro) por abandonar a sua racionalidade e pondo inclusive a sua vida em perigo (o homem que a magoou continua atrás dela) só para descobrir o que se passou com Eigon.

As partes de Jess são ligeiramente mais interessantes, mas também há muito recurso a cartas de tarot e a guias espirituais que sinceramente não me pareceram muito vertentes muito bem exploradas (e quando exploradas, foram-no de forma um bocado para o... piroso).

Isto para já não falar da construção do mundo. Jess viaja do País de Gales para Roma mas nunca temos descrições que nos permitam imaginar os cenários. O mesmo se passa na época de Eigon; Roma e Bretanha são descritas de forma incipiente e muitas vezes com pouca precisão. Hades, o deus grego do Submundo é adicionado ao panteão romano, por exemplo e Jesus Cristo está já divinizado para os cristãos, quando nesta época ele era geralmente considerado um profeta e não tanto "o filho de Deus". Até a região celta e o druidismo são explorados apenas de forma superficial.

Nem me façam começar a falar das personagens. Já referi que Eigon e Jess são desinteressantes; o mesmo se passa com o resto do cast das personagens; os amigos e família de Jess são quase indistinguíveis uns dos outros, o interesse amoroso é irritante (e nem sequer quase se percebe como é que as personagens se apaixonam... só estão juntas para aí umas três vezes!) e os vilões são vilões só porque sim. Não há qualquer profundidade nas personagens.

No geral, um livro fraquito. A narrativa não flui bem entre os momentos de presente e passado, as personagens são pouco interessantes, a descrição do mundo deixa a desejar e a leitura torna-se por vezes aborrecida. Por tudo isto, A Princessa Guerreira (que nunca pega numa arma durante todo o livro, creio) não resultou para mim. Recomendo Susanna Kearsley e Diana Gabaldon para quem quer ler livros do género.

Aquisições da Semana (46)

Pois... ainda no Domingo passado tinha dito a mim mesma que não podia comprar mais livros e BAM! Na segunda dou com uma feira do livro gigantesca no Continente. Os primeiros três vêm de lá, o último foi presente de aniversário de uma colega (na verdade ela deu-me outro, mas como já tinha, troquei).

Até que Sejas Minha - Samantha Hayes
O Príncipe da Neblina - Carlos Ruiz Zafón
As Raparigas Cintilantes - Lauren Beukes
Uma Casa no Campo - Elizabeth Adler

Baseado na rubrica In my Mailbox.

It's Monday! What are you reading?

É segunda-feira, o que quer dizer que é altura para mais um It's Monday! What are you reading?! Esta semana estou a ler um livro que tem algumas parecenças com os da Susana Kearsley. Não sei muito bem o que pensar do livro, apesar de já ir a cerca de metade.

A Princesa Guerreira - Barbara Erskine

Quanto a publicações, só temos duas opiniões...
Rubrica da autoria de The Book Journey.

Opinião: Enquanto Dormes (Alberto Marini)

Enquanto Dormes de Alberto Marini
Editora: Planeta (2014)
Formato: Capa mole | 304 páginas
Géneros: Mistério, thriller, suspense
Sinopse.

Enquanto Dormes é um livro extremamente perturbador, porque a sua personagem principal... é o vilão. 

Cillian, o porteiro de um edifício em Nova Iorque é o improvável protagonista desta narrativa, que se foca na sua natureza interior e em como ele gosta de ver as pessoas sofrer. Mas não de um modo já explorado tantas vezes na ficção de suspense; o objetivo de Cillian não é a violência física mas a psicológica. E a sua vítima é Clara, uma jovem que vive no edifício e que parece ter uma vida feliz e despreocupada. Isto ofende Cillian, que a considera uma "adversária".

Dizia eu então que este livro é perturbante exatamente porque se foca na psique de Cillian, no que o leva a tentar tornar todas as pessoas à sua volta infelizes. 

É óbvio, desde o início que Cillian tem algumas perturbações mentais, pois todos os dias dá início a um jogo de "roleta russa" em que pesa os pós e os contras de viver mais um dia. E se achar que consegue fazer alguém (mais precisamente, Clara) infeliz, considera que a sua vida vale a pena.

Achei muito interessante (e perturbadora) a forma como o autor explorou a personalidade de Cillian, as suas racionalizações (por vezes tão racionais que metiam medo) e a forma despreocupada como Cillian comete pequenas maldades e cobre outras, maiores. O final, chocante, porque não soube a justiça mas sim a derrota, foi igualmente perturbante.

Contaram quantas vezes disse a palavra "perturbante"? Porque é a melhor palavra para descrever este livro. Não há aqui heróis, finais felizes ou uma luz ao fundo do túnel. É um livro profundamente negro e que mergulha no que de pior há na natureza humana.

No entanto, nunca senti que as minhas emoções estivessem verdadeiramente investidas no livro. Certamente que me repugnou, de forma distante, o que Cillian fazia ao longo do livro, mas o autor não conseguiu invocar o nível correto de choque e nojo pelo protagonista. Talvez fosse essa a sua intenção; talvez não. Mas a mim, pessoalmente, desapontou-me um pouco a qualidade mecânica da narrativa.

No geral, um livro... perturbador. Mete medo de uma forma insidiosa e leva-nos a questionar algumas das racionalizações de Cillian relativamente à natureza humana, especialmente a de que, no fundo, todos gostamos de ver os outros sofrer.

Opinião: Skin Game (Jim Butcher)

Skin Game by Jim Butcher
Editora: Orbit (2014)
Formato: Capa dura | 464 páginas
Géneros: Fantasia Urbana
Descrição: "Harry Dresden, Chicago’s only professional wizard, is about to have a very bad day….
Because as Winter Knight to the Queen of Air and Darkness, Harry never knows what the scheming Mab might want him to do. Usually, it’s something awful.
He doesn’t know the half of it….
Mab has just traded Harry’s skills to pay off one of her debts. And now he must help a group of supernatural villains—led by one of Harry’s most dreaded and despised enemies, Nicodemus Archleone—to break into the highest-security vault in town so that they can then access the highest-security vault in the Nevernever.
It’s a smash-and-grab job to recover the literal Holy Grail from the vaults of the greatest treasure hoard in the supernatural world—which belongs to the one and only Hades, Lord of the freaking Underworld and generally unpleasant character. Worse, Dresden suspects that there is another game afoot that no one is talking about. And he’s dead certain that Nicodemus has no intention of allowing any of his crew to survive the experience. Especially Harry.
Dresden’s always been tricky, but he’s going to have to up his backstabbing game to survive this mess—assuming his own allies don’t end up killing him before his enemies get the chance…"
AVISO: Alguns SPOILERS (mínimos)
A série Dresden Files, é uma que sigo, com gosto, há já alguns anos. Alguns livros têm sido melhores do que outros, mas no geral são todos leituras muito satisfatórias, com muita ação, magia e aventura. O Dresden é uma personagem interessante e com um ótimo sentido de humor, que mantém uma intriga envolvente.

Depois das grandes (e algo perigosas relativamente à credibilidade da história... até a fantasia tem limites) revelações do livro anterior, este livro afasta-se completamente dessa vertente e a ação é mais ao estilo de... um filme de ação. Ou seja este é um "livro de história pequena" em vez de um "livro de história grande". Passo a explicar os termos inventados, agora mesmo, por mim.

Esta série tem vindo a construir uma mitologia extremamente interessante onde o autor tem colocado as mais diversas criaturas sobrenaturais e adicionado mitos, lendas e religiões. Existe um fio condutor ao longo dos livros, que desenvolve uma história geral, que se desenvolve de livro para livro enredando o Dresden com poderes cada vez mais mortíferos. Isto é a "história grande". E depois há a história de cada livro, que corresponde a, por exemplo, um episódio numa série. É a "história pequena". 

Este livro não avançou o enredo geral (ou "história grande") em nada. Foi uma espécie de "Ocean's 11" com poderes sobrenaturais, em que uma equipa (a qual Harry é forçado a integrar devido à sua associação com Mab), constituída por demónios, ladrões, feiticeiros e metamorfos irá tentar entrar no cofre de... Hades. Leram bem, o Hades, deus grego.

E aqui está o meu primeiro problema com o livro: se a mitologia passa a incluir outras divindades que não Deus (que já foi mencionado noutros livros e há anjos e tudo o mais), como é que isto se processa? São equivalentes ou há uma hierarquia? Se algumas divindades já não são reconhecidas porque é que ainda existem? Porque é que o Hades tem como missão guardar armas poderosas até que sejam necessárias? Quem lhe deu essa missão?

Nada disto nos é explicado. A introdução de Hades complica bastante a construção do mundo, parecendo contrariar um pouco aquilo que nos tem sido explicado ao longo dos outros livros.

Outra coisa que não me agradou foi a tal missão de entrar no cofre do Hades. Houve muita reunião de preparação mas no fundo tudo isso me pareceu fruto de uma fragmentação do enredo.

No geral, uma leitura interessante e compulsiva, mas não é certamente um dos melhores livros da série. Irá agradar aos que gostam de livros/séries "episódicos" (estou a soar como o AXN), mas não gostei da confusão que este livro introduziu no mundo de Dresden (se tivesse sido bem explicado, não me importaria) e... epá, não achei o livro tão fixe, pronto. É isto. Mesmo assim recomendado.

It's Monday! What are you reading?

Mais um It's Monday! What are you reading?! Estou a começar a ser bastante inconstante relativamente a esta rubrica (na semana passada não houve, novamente), mas enfim. Eis o que estou a ler esta semana.

Skin Game - Jim Butcher

Quanto a publicações, temos algumas. Afinal, passaram duas semanas... :P
Rubrica da autoria de The Book Journey.

Opinião: O Oceano no Fim do Caminho (Neil Gaiman)

O Oceano no Fim do Caminho de Neil Gaiman
Editora: Editorial Presença (2014)
Formato: Capa mole | 184 páginas
Géneros: Fantasia, Fantasia Urbana
Descrição: "Este livro é tanto um conto fantástico como um livro sobre a memória e o modo como ela nos afeta ao longo do tempo. A história é narrada por um adulto que, por ocasião de um funeral, regressa ao local onde vivera na infância, numa zona rural de Inglaterra, e revive o tempo em que era um rapazinho de sete anos. As imagens que guardara dentro de si transfiguram-se na recordação de algo que teria acontecido naquele cenário, misturando imagens felizes com os seus medos mais profundos, quando um mineiro sul-africano rouba o Mini do pai do narrador e se suicida no banco de trás. Esta belíssima e inquietante fábula revela a singular capacidade de Neil Gaiman para recriar uma mitologia moderna."
Não sei bem o que dizer deste livro. Nem sei muito bem se "percebi" realmente a essência da história (o que, deixem-me dizer-vos, me deixa super envergonhada). Mas isto só elogia o autor, que conseguiu em O Oceano no Fim do Caminho obscurecer tão bem as linhas entre o que é real e imaginário que nunca sabemos bem se esta história tem realmente elementos fantásticos ou se tudo é fruto da imaginação de um rapaz de 7 anos.

O narrador (sem nome), regressa à sua cidade natal para ir a um funeral e acaba por deambular e lembrar-se de uma determinada altura na sua vida, quando era um rapaz de 7 anos e conheceu as Hempstocks, uma família constituída por avó, mãe e filha.

Nesses dias o rapaz vê muitas coisas maravilhosas mas assustadoras: vermes que se transformam em pessoas, um lago que parece conter um oceano, janelas que mostram diferentes fases da lua e uma mulher que consegue recortar pedaços do tempo.

A perspetiva neste livro é dupla. Primeiro, temos o rapaz, sempre pronto a acreditar na magia e em coisas mágicas e depois temos a perspetiva adulta. Um exemplo é quando a Velha Mrs. Hempstocks "recorta" pedaços do tempo para alterar a memória dos pais do rapaz. Mas será que foi mesmo isso que aconteceu, ou o próprio rapaz fantasiou o que se passou e os pais deixaram-no realmente ir passar a noite na quinta das Hempstocks.

Este tipo de dualidade está presente ao longo do livro, mas como o ponto de vista predominante é o do rapaz, acabamos por ter uma narrativa muito apoiada no fantástico, na magia e na ilusão. A perspetiva de uma criança imaginativa e que lê muito tem mais peso do que os verdadeiros acontecimentos (mas será que são mesmo? Ou será que houve realmente magia envolvida?) do que se passou durante esse tempo.

Uma história de encantar (na verdadeira aceção da palavra) que nos mostra o quão diferentes podem ser os pontos de vista das diversas pessoas envolvidas numa situação. Que nos mostra também como evolve a memória num ser humano com a distância e com o crescimento.
Creio que muito do que se passa no livro é uma metáfora (quando o pai tenta afogar o rapaz por exemplo) misturada com a imaginação própria de uma criança, mas o que é genial acerca deste livro... é que não tenho a certeza. 

No geral uma leitura incrível, algo bizarra que gostaria que tivesse sido maior. Estou pronta para ler mais deste autor.

Opinião: A Amante (James Patterson)

A Amante de James Patterson
Editora: Topseller (2014)
Formato: Capa mole | 348 páginas
Géneros: Mistério/thriller
Sinopse.

Mais um dia, mais uma opinião.

A Amante foi a minha estreia com o mundialmente aclamado autor de thrillers James Patterson e deixem-me dizer-vos: que desilusão. Não consegui encontrar assim muitos pontos positivos neste livro exceto, talvez a escrita fluída.

De resto... pareceu-me que estava a "ler" um filme de ação, algo que me irrita solenemente quando estou a ler livros deste género; se eu quiser ver um filme de ação, vejo. Quando estou a ler um livro de mistério/thriller, não preciso de tiroteios a todas as horas, prefiro uma exploração cuidada do enredo e das personagens.

Algo que, obviamente, não aconteceu aqui.

A Amante segue a história de um homem com alguns problemas psicológicos que são o resultado de uma infância traumática. Ben Casper, jornalista, rico e obcecado com uma mulher chamada Diana, vê-se numa embrulhada quando Diana cai da varanda do seu próprio apartamento. De repente toda a gente quer matar o Ben, por alguma razão estranha.

Enfim, o enredo é o a verdadeira definição de "mal acabado", "irrealista" e "confuso". Uma mulher é assassinada e pessoas começam a tentar matar o protagonista sem qualquer razão. Por sua vez, o protagonista não tenta investigar como deve de ser, limita-se a fazer ameaças vazias e a perguntar a opinião de um outro personagem que, convenientemente, sabe tudo o que se passa.

O livro é basicamente uma coleção de cenas de ação com pessoas da CIA a fazerem escolhas questionáveis e os países do costume como antagonistas e adversários dos velhos EU of A. No meio disto tudo, Ben anda a correr de um lado para o outro como uma barata tonta, a fazer imensas referências e divagações acerca de montes de filmes, atores e atrizes e basicamente esperando que as respostas venham até ele.

No final, o cerne da conspiração faz-nos a nós, os leitores, ficar de boca aberta, de tão parvinho que é. 

Não me consegui ligar com Ben. Gostei, a princípio, do facto de ele ter alguns problemas psicológicos mas no fim é apenas um Sam americano qualquer, um herói mal acabado com valores morais perfeitos e tudo o mais. É um estereótipo sem qualquer interesse.

O resto das personagens? Bocejo.

O enredo? Bocejo (já o vi em 300 mil filmes para a TV).

No geral, uma leitura muito pouco interessante. Está escrito de forma a cativar o leitor pois tem um ritmo que exige sempre atenção mas nas outras categorias (enredo, personagens, construção do mundo), deixa muito a desejar.

Opinião: O Marciano (Andy Weir)

O Marciano by Andy Weir
Editora: Topseller (2014)
Formato: Capa mole | 384 páginas
Géneros: Ficção científica
Descrição: "Há exatamente seis dias, o astronauta Mark Watney tornou-se uma das primeiras pessoas a caminhar em Marte. Agora, ele tem a certeza de que vai ser a primeira pessoa a morrer ali.
Depois de uma tempestade de areia ter obrigado a sua tripulação a evacuar o planeta, e de esta o ter deixado para trás por julgá-lo morto, Mark encontra-se preso em Marte, completamente sozinho, sem perspetivas de conseguir comunicar com a Terra para dizer que está vivo.
E mesmo que o conseguisse fazer, os seus mantimentos esgotar-se-iam muito antes de uma equipa de salvamento o encontrar.
De qualquer modo, Mark não terá tempo para morrer de fome. A maquinaria danificada, o meio ambiente implacável e o simples «erro humano» irão, muito provavelmente, matá-lo primeiro.
Apoiando-se nas suas enormes capacidades técnicas, no domínio da engenharia e na determinada recusa em desistir, e num surpreendente sentido de humor a que vai buscar a força para sobreviver, ele embarca numa missão obstinada para se manter vivo. Será que a sua mestria vai ser suficiente para superar todas as adversidades impossíveis que se erguem contra si?
Fundamentado com referências científicas atualizadas e impulsionado por uma trama engenhosa e brilhante que agarra o leitor desde a primeira à última página, O Marciano é um romance verdadeiramente notável, que se lê como uma história de sobrevivência da vida real."
O Marciano é um livro de ficção científica que, tal como Robopocalipse é aclamado pela crítica, tem já um contrato para um filme e... é de ficção científica.

A maioria (ou todos) poderão não se lembrar que não gostei particularmente de Robopocalipse; felizmente, as características que mencionei em cima são tudo o que O Marciano e Robopocalipse têm em comum: posso dizer que O Marciano, de Andy Weir foi uma leitura envolvente e interessante, que me lembrou um pouco do filme de 2013 com Sandra Bullock, Gravidade.

Num futuro próximo (penso eu), a NASA organiza missões tripuladas a Marte denominadas "Ares" para estudar o planeta vermelho. O nosso protagonista, Mark Watney, é um dos astronautas numa dessas expedições (a Ares 3), um botânico e engenheiro mecânico que se vê abandonado em Marte depois da equipa ter tido de fugir devido a uma tempestade de areia. Com poucos recursos, Mark tem de fazer o que é necessário para sobreviver num deserto mais mortífero do que tudo o que podemos imaginar.

Gostei. Especialmente para um livro que tem tantos capítulos que se focam numa personagem que está, literalmente, sozinho num planeta. A ciência foi, na sua maioria, percetível (e eu sou de letras), nunca se tornando, no entanto, aborrecida. Os instrumentos e ferramentas ao dispor de Mark são familiares o suficiente para que os leitores criem ligações e consigam imaginar as cenas com alguma facilidade.

Apesar de não ser um livro com um ritmo de ação alucinante, nunca se torna árido (ah! Marte. Árido. Eheh); há sempre algo a acontecer e Mark é uma personagem com um sentido de humor razoável.

Só achei que talvez o autor pudesse ter explorado mais o lado sombrio de Mark se encontrar sozinho, num planeta.

No geral, uma boa leitura. Gostei das soluções encontradas por Mark e pelos cientistas para o tentarem resgatar e ajudar a sobreviver. É um livro que, apesar de ter aquela "onda" da "pessoa presa na ilha deserta" (mas a uma escala cósmica) não se torna aborrecido ou repetitivo. As situações de perigo nunca se tornam irrealistas (apesar de serem muitas e variadas). Enfim, um bom livro de ficção científica que apelará a diversos tipos de leitores.