Opinião: Meu Único Amor (Cheryl Holt)

Meu Único Amor de Cheryl Holt
Editora: Quinta Essência/Leya (2014)
Formato: Capa mole | 390 páginas
Géneros: Romance Histórico
Sinopse.

AVISO: esta opinião é meio "rant"
A minha primeira experiência com Cheryl Holt não correu muito bem. O seu livro "Total Surrender" tornou-se dos poucos que não consegui acabar, devido tanto à história, que para mim era bastante banal e tema de imensos livros (muito melhores) do género, como à escrita que achei sinceramente estranha e demasiado dramática.

O dramatismo excessivo foi também uma das coisas que me desapontou neste livro. Retirou realismo à história e fez com que as personagens parecessem pouco ajuizadas.

A protagonista é Maggie Brown, filha ilegítima de um duque e de uma prostituta de luxo chamada Rose (daquelas que são sustentadas por homens nobres e tudo o mais). Depois da morte da mãe, Maggie e a sua amiga (e igualmente antiga amante de vários homens da alta sociedade) decidem ir passar uns dias à beira-mar, uma vez que sem a proteção do... protetor de Rose, serão expulsas do local onde viveram e ficarão na miséria.

Durante as férias conhecem dois irmãos que parecem (e se apresentam) como sendo de classe média e Maggie apaixona-se imediatamente por um deles, sem suspeitar que é de facto o Marquês de Belmont. 

Quando Maggie volta para Londres, descobre que a única solução é prostituir-se pois não encontra quem lhe dê emprego. E fatidicamente acaba por se tornar amante do marquês.

A partir daí é só drama. Já não chegava o insta-love, o irrealista amor à primeira vista, que sinceramente não me parece assim muito romântico para ninguém, especialmente o público-alvo deste tipo de livros (mulheres adultas), Adam (o marquês) é um idiota horroroso durante quase todo o livro e Maggie demasiado permissiva das suas parvoíces, excetuando uma ou duas ocasiões. A perda da virgindade é um drama, woe, que dor e depois o Adam ainda decide que a culpa é toda da Maggie (não é um doce meninas?); o tornarem-se amantes é um drama, woe, o Adam não se quer tornar no pai que manteve uma amante (coisa normalíssima na época, é de relembrar); e depois, woe, pobre Adam tem de casar com outra pessoa e pronto não pode continuar a ter sexo desenfreado com a Maggie e ainda lhe diz "minha menina se engravidas meto-te na rua, bastardos é que não" (então não tenhas sexo com ela, totó).

Basicamente, o livro todo foi uma pity party constante, geralmente a de Adam que tinha a Maggie mesmo onde queria (como prostituta privada), mas depois culpava-a interiormente por toda a angústia emocional por que estava a passar, porque não se podia casar com ela! E a culpa disso era toda dela, a mazona, porque raio é que não podia ter nascido noutras circunstâncias? Huh? Estava a estragar tudo, buaaaah!

A Maggie também teve os seus momentos, foi ridículo o quanto se humilhou por amor. Só não dou uma classificação mais baixa ao livro porque ela teve os seus momentos, momentos em que decidia que estava era farta e respondia à letra. Pena não serem mais frequentes.

Tudo o que possivelmente se possa imaginar de dramático aconteceu neste livro: discussões, angústia, mortes, separações, desentendimentos, gravidezes, etc e tal.

Compreendo a ideia da autora: queria retratar a posição difícil das mulheres na época e também dos nobres e das suas obrigações pessoais. E queria retratar a luta interior de Adam contra tudo o que lhe fora ensinado. Infelizmente nesta última parte não foi bem sucedida porque o Adam é, supostamente, um homem adulto e se ainda não sabe pensar por si aos 29 anos, nunca aprenderá certamente. Tudo o que a autora conseguiu fazer foi transformar o herói numa criança mimada e birrenta.

No geral, demasiado dramático e não gostei por aí além do herói. A classificação parece destoar porque no fundo estava a gostar do início, achei que ia ser um daqueles livros em que os protagonistas fazem tudo para ficarem juntos e não um livro em que o herói desvirtua e humilha a heroína de todas as formas possíveis e ela deixa, na maioria das vezes. É este "na maioria das vezes" que salva o livro. Isso e a escrita. Felizmente, a tradução salvou-me da escrita demasiado vitoriana da autora que me tinha desagradado no outro livro. Tenho mais livros de Cheryl Holt na prateleira (eu e as minhas compras por impulso), mas não sei se lhes irei pegar tão cedo. 

Opinião: Se eu Ficar (Gayle Forman)

Se eu Ficar de Gayle Forman
Editora: Editorial Presença (2014)
Formato: Capa mole | 216 páginas
Géneros: Romance, Lit. YA/Juv.
Sinopse.

AVISO: Alguns SPOILERS (nada de especial)
(A edição lida foi a inglesa, mas apresentam-se os dados da portuguesa)


Se eu ficar de Gayle Forman, é um pequeno livro, que se lê depressa, apesar do seu assunto. A autora consegue que o livro seja de leitura compulsiva, apesar de falar de um trauma complicado e levantar questões bastante reais sobre os sobreviventes de qualquer tipo de tragédia.

Mia é uma jovem de 17 anos, com uma vida normal: tem uma família carinhosa, um namorado que ama e os desafios normais inerentes à sua idade, como se irá para Nova Iorque deixando para trás a sua família e namorado, mas seguindo o seu sonho de se tornar uma artista de sucesso ou se fica.

Depois de um acidente que a deixa em coma, Mia terá de fazer uma escolha bem mais vital: deverá ficar... ou ir?

Todo o livro se centra nesta questão. Mia sofre um acidente de carro logo nas primeiras páginas, mas antes temos um vislumbre da vida que leva, na forma como brinca com o pai, a mãe e o irmãozinho mais novo, Teddy.

Ao longo do livro, Mia vai tendo vislumbres da sua vida sem que isso se torne numa corrida para responder àquela pergunta vital que tem agora pela frente. E se, alguns diriam que Mia parece algo deslocada e pouco emocional, creio que isso só torna a situação mais real, mais pungente, mais... humana. Mia está em choque. Está cansada. Quer que tudo acabe, mas não sente o que deveria sentir (tradicionalmente). Pergunto-me quantas pessoas pensam, perante uma determinada situação se não "deveriam sentir... mais". Mas a forma como Mia lidou com os seus sentimentos, como se estivesse anestesiada, pareceu-me... muito realista. Pelo que gostei de ler a forma como esta personagem foi escrita, muito mais do que se estivesse à beira do desespero.

As personagens que a acompanham nesta viagem também são dignas de nota. A amiga Kim, Adam o namorado, os avós. Forman captou bem as diversas formas como as pessoas lidam com a dor, desde oestoicismo ao histerismo.

Nem me reconheci ao ler este livro. Até chorei. E isso é algo invulgar relativamente a livros. Acho que está bem escrito, sem floreados ou emoções desnecessárias. É simples e cru, como as emoções humanas são na sua forma mais pura, sem as racionalizações que lhes impomos depois.

No geral, uma leitura impressionante. Quando uma pessoa lê muito acaba por ser preciso muito também para que um livro nos toque verdadeiramente. Para mim, o facto de a autora não cair num excesso de dramatismo foi o que me fez realmente sentir ligada a este pequeno livro tão grande.

Opinião: Oferenda Mortal (J.D. Robb)

Oferenda Mortal de J.D. Robb
Editora: Chá das Cinco/SdE (2010)
Formato: Capa mole | 284 páginas
Géneros: Mistério, Romance contemporâneo, Ficção científica
Sinopse.

Aviso: contém pequenos SPOILERS para o livro anterior.
(A edição lida está em inglês, mas apresentam-se os dados da portuguesa).

Este sétimo livro da série "Mortal" abre de forma semelhante a todos os outros e tem uma estrutura semelhante a todos os outros: crimes em série, o Roarke a mudar os seus horários para cuidar da Eve e para se intrometer na investigação criminal, conferências de imprensa e muito sexo entre o casal principal.

Assim, foi com alguma apreensão que iniciei a leitura. Afinal, tenho gostado bastante da série, mas mesmo assim não posso deixar de admitir que a fórmula em todos os livros é idêntica, ainda mais nestes últimos em que Eve já confrontou parcialmente os "demónios do passado" e está a construir uma rotina. Rotina essa que nos é apresentada no livro.

E, durante grande parte do livro, esta semelhança com livros anteriores fez com que a leitura andasse mais devagar do que gostaria.

Em Oferenda Mortal, estamos na época natalícia, uma época bastante stressante para a maioria das pessoas e ainda mais para Eve, que nunca teve de se preocupar em arranjar presentes para ninguém e agora tem uma data de amigos e mesmo uma família.

No entanto, parece que há outras pessoas que também têm memórias traumáticas deste período e quando um assassino em série vestido de Pai Natal, começa a atacar, Eve terá de despender esforços (que lhe podem custar mais do que o normal, pois ainda tem sequelas de ter sido atingida por uma arma no livro anterior) para impedir que mais pessoas morram.

O que me irrita um bocado nestas investigações é que a Eve nunca chega lá sozinha. Há sempre um elemento de sorte, ou tem uma testemunha ou o assassino comete um erro. Apesar de investigar que se farta, a Eve nunca chega à conclusão correta e diz: "É este o criminoso. Vamos prendê-lo". E isso não ajuda a que o leitor a veja como muito boa naquilo que faz, como todas as personagens insistem que ela é.

Mas voltando a este livro em específico, este estava a ser uma leitura bastante típica para esta série. O que salvou realmente o livro foi Peabody, que finalmente mostrou alguma emoção para além de uma admiração desmesurada por Eve (que às vezes consegue ser bastante mal criada para a sua ajudante), McNab o detetive informático e Charles, o prostituto com quem a Peabody sai algumas vezes. Roarke e Eve limitam-se a repetir tudo o que fazem noutros livros.

No geral, uma leitura que me custou por causa da sua semelhança com outros livros da série. Como é que os leitores ainda não se fartaram ao fim de 40 livros não sei. Vou ler os próximos, mas se a fórmula para os mistérios continuar a mesma e se não houver mais desenvolvimento de Eve e Roarke (por amor da Santa, zanguem-se ou algo do género!), por mais que goste da série, acho que não vale a pena continuar e ler 532 vezes o mesmo livro. 

Da mesma série:
  1. Nudez Mortal
  2. Glória Mortal
  3. Fama Mortal
  4. Êxtase Mortal
  5. Cerimónia Mortal
  6. Vingança Mortal

Novidade Topseller: Não Digas Nada


«A poderosa estreia de Mary Kubica encorajará comparações com Em Parte Incerta, de Gillian Flynn.» - Publishers Weekly
«O thriller de estreia de Mary Kubica constrói o suspense de forma consistente e obriga o leitor a tentar adivinhar o final até à última página.» - Booklist

É com satisfação que a Topseller dá a conhecer aos leitores portugueses uma nova autora, Mary Kubica, cuja estreia literária valeu rasgados elogios da crítica estrangeira.
Não Digas Nada (336 pp I 18,99€) é um thriller psicológico intenso e de leitura compulsiva, que revela como, mesmo numa família perfeita, nada é o que parece.
«Tenho andado a segui-la nos últimos dias. Sei onde faz as compras de supermercado, a que lavandaria vai, onde trabalha. Nunca falei com ela. Não lhe reconheceria o tom de voz. Não sei a cor dos olhos dela ou como eles ficam quando está assustada. Mas vou saber.»
Filha de um juiz de sucesso e de uma figura do jet set reprimida, Mia Dennett sempre lutou contra a vida privilegiada dos pais, e tem um trabalho simples como professora de artes visuais numa escola secundária. Certa noite, Mia decide, inadvertidamente, sair com um estranho que acabou de conhecer num bar. À primeira vista, Colin Thatcher parece ser um homem modesto e inofensivo. Mas acompanhá-lo acabará por se tornar o pior erro da vida de Mia.
Mary Kubica tem um Bacharelato em História e Literatura Americana pela Universidade de Miami (Ohio). Não Digas Nada é a estreia enérgica e vigorosa desta autora incrivelmente promissora, que a Topseller se orgulha de dar a conhecer aos seus leitores.

Opinião: Furies of Calderon (Jim Butcher)

Furies of Calderon de Jim Butcher
Editora: Ace (2005)
Formato: Capa mole/bolso | 504 páginas
Géneros: Fantasia
Sinopse.

Sou uma grande fã dos The Dresden Files de Jim Butcher, uma série de fantasia urbana sobre um feiticeiro chamado Harry Dresden que se mete nas maiores complicações possíveis. A série já vai em 15 livros e continua forte, algo que é bastante raro, na minha humilde opinião.

Por isso, porque não experimentar a série de fantasia épica deste autor? E ainda bem que experimentei! Jim Butcher não me desiludiu! Não leio muita fantasia épica, mas desde a trilogia Mistborn que não gostava tanto de um livro do género!

Alera é uma terra fantástica onde os habitantes se unem às fúrias, criaturas elementais que controlam a água, o fogo, o ar, a terra, a madeira e o metal. Qualquer pessoa pode unir-se a uma fúria, mas nem todos treinam para serem Cavaleiros e servirem no exército do First Lord (o imperador de Alera) ou dos High Lords (efetivamente, a nobreza).

Tavi, um jovem de 15 anos, parece ser a única pessoa no mundo sem talento para se unir a uma fúria e controlar um dos elementos. Quando os selvagens chamados Marat, que comem humanos e se unem a totens (animais) para ganharem força invadem o Vale de Calderon, onde as fúrias mais fortes e destruidoras de Alera residem e onde as pessoas têm as vidas mais duras, Tavi terá de se fazer valer da sua inteligência para tentar defender a sua casa e mesmo, possivelmente, o reino.

Ao mesmo tempo Amara, uma jovem Cursor unida a uma fúria do ar, tem de tentar deslindar uma possível conspiração contra o First Lord em que o seu mentor está envolvido.

Existem várias coisas (interligadas) a acontecer em Furies of Calderon. Temos uma conspiração para destronar o First Lord, uma invasão eminente (e secreta) dos Marat às terras de Alera e ainda as tensões cada vez mais altas entre os fazendeiros do Vale de Calderon.

No entanto, Jim Butcher consegue tecer uma história envolvente e coerente com estes "materiais" e dá-nos ainda uma visão geral do mundo de Alera e do seu sistema político, que tem algumas (escassas) parecenças com a antiga Roma imperial (nem que seja só nos nomes e nalguns títulos). Tudo isto sem criar confusão, sem ter tempos mortos e sem abrandar o ritmo.

Furies of Calderon foi uma leitura compulsiva. O mundo criado pelo autor intrigou-me, especialmente as fúrias e todas as outras raças (entre elas os Marat) que existem para além dos humanos. Os protagonistas Tavi, Amara, Bernard e Kitai são interessantes e diversificados.

No geral, uma leitura interessante. Seguirei esta série com gosto.

It's Monday! What are you reading?

Eis mais um It's Monday! What are you reading? Comecei a ler mais um livro da J.D. Robb, mas ainda não sei se vou ou não continuar. Isto passa-se no Natal e eu não gosto assim muito do Natal. Além disso, pelo começo parece-me que é coisa para ser muito parecida com os outros livros (sempre a mesma fórmula) e por mais que goste já começa a fartar... há demasiados assassinos em série nesta... série. :P

Holiday in Death - J.D. Robb

Quanto a posts:
Rubrica da autoria de The Book Journey.

Opinião: Earth Girl (Janet Edwards)

Earth Girl de Janet Edwards
Editora: Harper Voyager (2012)
Formato: Capa mole | 358 páginas
Géneros: Ficção científica, Lit Juv./YA
Sinopse.

"Earth Girl" é o primeiro livro de uma trilogia juvenil passada num futuro distante e foi um daqueles livros em que as primeiras páginas me fizeram pensar que talvez fosse pouco mais do que mais uma "pseudo" ficção científica que é na realidade um romance juvenil condenado e woe. Felizmente enganei-me profundamente.

Este livro chamou-me primeiro a atenção quando o blogue Book Smugglers escreveu uma opinião quase totalmente positiva acerca do livro. Quando tive oportunidade, comprei-o e decidi-me finalmente a lê-lo.

"Earth Girl" é um livro com diversas camadas, o que é provavelmente apropriado uma vez que um dos temas sobre o qual versa é exatamente a arqueologia.

Século XXVIII. A Humanidade espalhou-se por múltiplos setores do espaço graças à invenção de portais que podem levar as pessoas a qualquer lado (pensem em... Stargate). Ou melhor, quase todas as pessoas. Uma pequena percentagem da população (cerca de 0,01%) é geneticamente incapaz de sobreviver noutros planetas e é "recambiada" para a Terra onde terá de passar o resto dos seus dias.

Jarra, a nossa protagonista, é uma dessas pessoas. Abandonada pelos pais à nascença, vive na Terra há 18 anos com outros jovens com o mesmo problema.

A Terra não é, claro, o local mais glamoroso para viver. É considerado um local antigo e perigoso (tem grandes alterações de clima, animais perigosos e tempestades solares frequentes!) por quem vive em planetas cuidadosamente escolhidos para serem perfeitos para o desenvolvimento de sociedades humanas. Por isso, grande parte do planeta foi abandonado e reclamado pela natureza. Apenas os que são incapazes de viver noutro lado lá vivem.

Quando li a sinopse deste livro, pensei sinceramente que Jarra, a protagonista, iria descobrir poderes mirabolantes e iria mostrar a todos os outros humanos que era espetacular. E sim, ela fê-lo, mas não com poderes mágicos...

Bem, com isto tudo, o que quero dizer é que a sinopse não me preparou de todo para o livro. Na verdade este não começa muito bem: Jarra, que é alvo de discriminação pelo facto de não conseguir sair da Terra (não direta, claro, mas os "macacos" como são chamados os 0,01% são gozados na comunicação social e geralmente desprezados) decide "vingar-se" inscrevendo-se num curso de "pré-história" (tudo o que vem antes da invenção dos portais) numa universidade fora da Terra (algo que nunca ninguém fez antes) para poder mostrar aos seus futuros colegas (todos pessoas "normais", como ela lhes chama) que é tão boa como eles. Para isso ela cria uma história fictícia sobre como é filha de militares e tudo o mais e lá vai ela para a universidade.

Foi este início que me deixou nervosa e um bocado aborrecida. Pensei que ela se iria apaixonar por um colega e que ia haver muita angústia juvenil. Mas não. 

Na verdade este livro é fascinante porque a autora desenvolve realisticamente o seu mundo através da especialização do curso de Jarra. Ficamos a saber que a após a invenção dos portais, houve um êxodo para outros planetas e que muita da informação e saber se perdeu; e que é por isso que a escavação de cidades na Terra é tão importante. Na verdade muito do livro debruça-se sobre isso, sendo mais um livro de aventuras do que outra coisa. Ficamos também a saber mais sobre como os diferentes setores habitados evoluíram com valores morais e culturais diferentes, que por vezes chocam.

Para além das fascinantes descrições do processo de escavações arqueológicas no século XXVIII (que são bastante perigosas, e geram muita da ação do livro), a autora conseguiu também misturar com mestria um romance subtil (que não tem um protagonismo desmesurado) e o crescimento dos protagonistas, especialmente no que diz respeito à questão da discriminação que é aqui tratada com tacto mas que poderia ter sido um bocado mais desenvolvida. 

Também achei que Jarra era demasiado perfeita, mas de resto gostei bastante da leitura.

Com ação, escavações arqueológicas no seio de Nova Iorque, cheias de perigo, algum romance e ficção científica light, Janet Edwards consegue apresentar-nos uma história envolvente que toca também nalguns assuntos mais sérios como a discriminação, os preconceitos, a perda e as diferenças culturais. Gostaria que a autora se tivesse focado um pouco mais nestes aspetos, mas mesmo assim, "Earth Girl" foi, no geral, uma leitura bastante satisfatória, que foge a muitos clichés da literatura juvenil.    

Opinião: Vingança Mortal (J.D. Robb)

Vingança Mortal de J.D. Robb
Editora: Chá das Cinco/SdE (2010)
Formato: Capa mole | 301 páginas
Géneros: Mistério, Romance contemporâneo, Ficção científica
Sinopse.

(A edição lida está em inglês, mas apresentam-se os dados da portuguesa)

E cheguei já ao sexto livro da série "Mortal". Esta série é bastante viciante e o leitor (neste caso, eu) quer sempre saber mais sobre as interessantes personagens que povoam o mundo, pelo que continuamos a ler. Os mistérios e o intrigante mundo futurista são ótimos bónus!

Em Vingança Mortal, Eve terá de jogar um perigoso jogo com um psicopata cujo objetivo é vingança... vingança contra Roarke e todos os que o ajudaram no passado, aquele passado sombrio, na Irlanda do qual sabemos tão pouco.

Numa corrida contra o tempo, Eve tem de tentar resolver as adivinhas que lhe são transmitidas pelo assassino para conseguir chegar a tempo ao local onde as vítimas sofrem mortes horrorosas.

Temos também um elemento religioso nestes crimes, que a meu ver não foi suficientemente bem explorado, mas pronto.

Neste sexto livro ficamos então a saber mais sobre Roarke, sobre o seu passado e sobre as tais ações objecionáveis de que já se vem falando desde livros anteriores. É um forte teste ao carisma da personagem, uma vez que finalmente temos uma visão bem mais clara do que Roarke fez e de quem ele é realmente. Já não é apenas uma personagem misteriosa e um pouco "dark".

Gostei do facto deste livro ter tido um pouco mais de ação do que os anteriores (sem exageros e sem comprometer o enredo), com uma perseguição a alta velocidade e tudo. 

Vemos também as primeiras "sementes de discórdia" entre o casal de protagonistas, o que me pareceu bastante realista tendo em conta a natureza das infrações de Roarke.

Vemos também que Eve, longe de ser perfeita, não se abstém de utilizar métodos menos "legais" para apanhar os criminosos.

No geral, mais uma boa leitura. Acho que a autora apanhou novamente o ritmo que tinha falhado um pouco no livro anterior e que as personagens sofreram um desenvolvimento marcado neste livro.

Outros livros da série:
  1. Nudez Mortal
  2. Glória Mortal
  3. Fama Mortal
  4. Êxtase Mortal
  5. Cerimónia Mortal

Opinião: Envolvidos (Emma Chase)

Envolvidos de Emma Chase
Editora: Topseller (2014)
Formato: Capa mole | 256 páginas
Géneros: Romance contemporâneo
Sinopse.

Para mim é um bocado difícil escrever uma opinião acerca deste livro, primeiro porque não tenho grandes termos de comparação (não leio assim muito romance contemporâneo, se bem que isso parece estar a mudar este ano) e segundo porque apesar de ter gostado do livro em geral, a personalidade do protagonista masculino precisava de ser completamente reciclada porque é um machista idiota na maioria das vezes.

"Envolvidos" conta-nos a história de Drew e Kate, dois jovens ambiciosos que se conhecem quando Kate é contratada para trabalhar na empresa de Drew. 

Drew é o típico mulherengo que tem uma mulher diferente todas as semanas, que não se quer comprometer e que se acha muita bom. É também o narrador da história e manda com cada bitaite mais parvo, que sinceramente não sei se ele teria conseguido ter uma relação, mesmo que quisesse uma.

Kate é uma rapariga ambiciosa, moderna e que se sabe defender e redimiu, na maioria das vezes, o livro. 

Quando estas duas personagens se conhecem até se dão bem, mas depois começam a competir por um cliente e é essa parte do livro que é realmente divertida, com a sua relação cheia de tensão e as partidas que pregam para "sabotarem" o trabalho um do outro.

Claro que entre as discussões vai existir bastante tensão sexual e tudo o mais. E Drew irá certamente aprender um pouco mais sobre o amor (afinal isto é um romance).

É como digo: no geral, não desgostei do livro. Calculo que o objetivo da narrativa era ser hilariante, mas sinceramente não achei grande piada à maioria das saídas de Drew. Achei mesmo que algumas delas eram sexistas e que a personagem (nem consigo pensar nele como pessoa porque era demasiado estereotipado: um estereotipo do que uma mulher - a autora - pensa que um homem pensa) era demasiado convencida para que se gostasse dela. E sinceramente, qual é a pessoa inteligente que acha que um homem está sempre a pensar em sexo? Ainda estaríamos na Idade da pedra, se assim fosse. :P

No geral, uma leitura leve, rápida e agradável q.b. Não é nenhuma obra-prima; as personagens são tudo menos desenvolvidas e são bastante estereotipadas, o enredo é fraquito e sinceramente o sexismo (ah e tal, aquelas mulheres com quem eu durmo são umas fáceis/galdérias - como se ele não fosse?) chateou-me um pouco (mas só um pouco), mas não foi mau. Uma boa leitura de praia, desde que não se espere muito.

It's Monday! What are you reading?

Pois é, pois é. Esta rubrica, tal como eu, esteve de férias. É praticamente impossível editar um post no iPad pelo que desisti completamente de o fazer e poucas vezes tive acesso a um computador. Enfim. Como resultado, vou pôr as publicações destas duas semanas neste post.

Estou a ler, previsivelmente:

Vengeance in Death - J.D. Robb

Quanto a publicações, temos imensas opiniões porque me fartei de ler durante as férias (uma constipação de verão não ajudou nada):
Rubrica da autoria de The Book Journey.

Opinião: O Olho de Deus (James Rollins)

O Olho de Deus de James Rollins
Editora: Bertrand (2014)
Formato: Capa mole | 440 páginas
Géneros: Mistério/Thriller
Sinopse.

A sério, não sei porque continuo a ser levada pelas sinopses tentadoras deste tipo de livros quando sei, sem sombra de dúvida que eles não são ao meu gosto. Nunca mais aprendo, mas o meu gosto por história e arqueologia fazem-me comprar estes thrillers na esperança de ler algo com alguma pesquisa.

Este é o nono livro de uma série que se foca nas explorações de um grupo secreto das forças especiais americanas (penso eu), o Sigma. Neste episódio livro, a força Sigma tem de impedir, literalmente, o fim do mundo, quando um observatório científico descobre que um cometa qualquer está a produzir alterações na matéria negra junto à Terra ou algo assim, yadda, yadda, asteroide gigante, bum, tudo destruído e uma coisa qualquer fez com que conseguissem ver o futuro. 
Ao mesmo tempo há uma história secundária em que alguns membros da força Sigma andam a tentar descobrir onde está a mãe de um deles e depois vão andar metidos com as tríades chinesas e cientistas norte-coreanos. Enfim, uma confusão que resulta em muita luta, muito tiro e muito tempo perdido.

Ok, tenho de admitir que este livro não está mal escrito de todo. Até se lê bem, apesar da mudança constante de pontos de vista e do facto de mais de metade ser palha, com metade de equipa ocupada a lutar contra bandidos, gangues asiáticos e outros que tais, por um motivo bastante parvo (comparado com a necessidade de salvar o mundo, claro). Mas de resto, este é exatamente o tipo de livro que me deixa louca, com as suas cenas de ação non-stop, os seus vilões de pacotilha (só lhes falta o riso maléfico) e o pouco "sumo" em termos do enredo. 

As personagens são estereotipadas e aborrecidas, a "investigação" histórica quase nula e achei que o enredo era assim um bocado para o parvo. Mas pronto, posso ser só eu. Que não gosto de "ler" filmes de ação.

Assim, no geral, apesar de toda a exploração pseudo-arqueológica (e provavelmente por isso mesmo), este foi mais um daqueles livros que me forcei a ler a alta velocidade porque queria acabá-lo o mais rapidamente possível. Não recomendo pessoalmente, mas para quem gosta de livros do género dos do Dan Brown, com mistério e enredo "light" (ou seja, pouco desenvolvidos) mas com ação e perigo constantes, penso que talvez seja um livro a ler.

Opinião: O Jardim Encantado (Sarah Addison Allen)

O Jardim Encantado de Sarah Addison Allen
Editora: Quinta Essência/Leya (2008)
Formato: Capa mole | 270 páginas
Géneros: Romance contemporâneo
Sinopse.

AVISO: Pequenos SPOILERS
"O Jardim Encantado" é o segundo livro que leio desta autora e estava preparada para gostar imenso. E na verdade, gostei. Não, a sério. Apesar de lhe ter dado apenas três estrelas. O problema não foi o livro em si, mas... o seu tamanho. Mas já lá iremos.

Numa pequena cidade do sul dos Estados Unidos vive a família Waverley, que sempre foi considerada estranha pelos vizinhos, apesar da sua estranheza ser aceite. O que se passa por detrás dos muros do famoso jardim das Waverley, com a sua antiga macieira é mais ou menos um mistério... ou pelo menos é suposto ser; a verdade é que todos sabem que as mulheres Waverley têm algumas capacidades especiais.

É por isso que Claire Waverly se dá bem no seu negócio de catering. Claire teve uma infância atribulada, com uma mãe "aventureira", até a irmã, Sydney nascer e a mãe as levar a ambas para a cidade de Bascom. Claire, encantada com a nova estabilidade, continua a manter viva a herança das Waverly; Sydney, sufocada pela rotina da vida em Bascom, foge à primeira oportunidade, decidida a ter aventuras, como a mãe antes dela.

"O Jardim Encantado" conta a história destas irmãs e das suas vidas. Quando Sydney regressa a Bascom com uma filha, tanto ela como Claire terão de enfrentar os seus medos e velhos ressentimentos que têm uma com a outra e, no caso de Sydney, com a herança mágica das Waverley.

Claire terá de aprender a abrir mão do controlo total da sua vida e a deixar entrar outras pessoas, incluindo o vizinho Tyler e Sydney terá de aceitar o seu lugar no mundo e de lidar com os seus erros.

Ao mesmo tempo a autora descreve-nos a magia subtil das Waverley e os respetivos talentos de cada uma das mulheres da família: o talento de Claire com as flores e os seus usos, o talento de Sydney com os penteados e o de Evanelle, a prima afastada das Waverley, em presentear as pessoas com objetos de que virão a precisar. Achei que o "realismo mágico" foi muito bem conseguido neste livro.

O meu único problema é que a autora escolheu operar grandes mudanças nas suas protagonistas e pareceu-me que as mesmas não se operaram de forma assim muito gradual. O desenvolvimento das personagens e do romance é apressado e merecia mais; muito mais, porque a história é tão boa e as personagens tão humanas, que mereciam mais detalhe, mais introspeção, mais sumo.

No entanto, achei que esta leitura foi bastante agradável, no geral. Recomendado para fãs de romance contemporâneo que não se importem com um pouco de magia.

Opinião: Cerimónia Mortal (J.D. Robb)

Editora: Chá das Cinco/SdE (2010)
Formato: Capa mole | 269 páginas
 
Géneros: Mistério, Romance contemporâneo, Ficção científica
Sinopse.

O quinto livro da série mortal debruça-se, ao contrário do anterior, num tema tão antigo como o tempo: as religiões. Os crimes que a Tenente Dallas investiga em Cerimónia Mortal têm contornos religiosos algo macabros e envolvem athames, muito sangue e mesmo corações desaparecidos. Estes homicídios vão levar a tenente Dallas a lidar com alguns conceitos que vão contra a sua natureza lógica e analítica. Ao mesmo tempo, Eve conhece um lado do seu marido que desconhecia.

Devo dizer que este volume me desiludiu um pouco. Não porque não tenha sido uma leitura interessante e compulsiva, mas porque achei que Robb não desenvolveu tão bem o seu mistério desta vez. A conclusão foi apressada e pouco satisfatória: basicamente, Eve só descobriu o culpado porque o mesmo a raptou e lhe ia fazer mal. Senão, a detetive andaria completamente a leste, por assim dizer.

O argumento de "natureza versus educação" surge novamente neste livro (embora muito menos vincadamente do que no anterior) e centra-se também nas crenças religiosas e em como ainda continuam vivas e fortes, apesar de estarmos nuns meados do século XXI muito desenvolvidos a nível tecnológico.

Como também já referi anteriormente, Eve fica a conhecer uma faceta antes desconhecida de Roarke que tem, afinal, respeito pelo oculto. Apesar de não haver um desenvolvimento marcado ao nível das personagens neste livro, sinto que o casal de protagonistas avançou um pouco na sua relação, pois a mesma encontra-se agora mais aberta.

No geral, mais uma leitura bastante interessante. Não gostei tanto como de outros livros da série, mas Cerimónia Mortal é uma boa adição à série e será uma ótima leitura para quem gosta de mistérios ou da Robb (ou Nora Roberts).


Outros livros da série:
  1. Nudez Mortal
  2. Glória Mortal
  3. Fama Mortal
  4. Êxtase Mortal

Opinião: Êxtase Mortal (J.D. Robb)

Êxtase Mortal de J.D. Robb
Editora: Chá das Cinco/SdE (2009)
Formato: Capa mole | 268 páginas
Géneros: Mistério, Romance contemporâneo, Ficção científica
Sinopse.

(A edição lida estava em inglês mas apresentam-se os dados da portuguesa)

O quarto livro da série "Mortal" abre com a lua de mel de Eve e de Roarke, fora do planeta, numa futura estância de luxo (ainda em construção). Mas Eve nunca consegue (nem quer) muito tempo livre e aparentemente, a morte persegue-a: um suicídio no local, vai ser o ponto de partida para o próximo mistério que Eve terá em mãos.

Êxtase Mortal, foi mais uma leitura agradável com a sua escrita fluída, personagens intrigantes e ritmo regular e nunca entediante. O mistério é bastante fácil de resolver, como sempre, mas não tira por isso encanto à leitura.

Desta vez, Eve depara-se com uma série de suicídios que ela considera suspeitos. As vítimas morrem com um sorriso de pura alegria na cara e Eve luta para provar que existe influência externa (ou seja, que se tratam de homicídios). Surge neste livro um interessante debate (que achei que podia ter sido bastante mais aprofundado, mas pronto) sobre a "natureza versus a educação" que vai ainda mais longe do que o descrito em Divergente e entra mesmo na influência da composição dos nossos genes e como isso pode determinar por completo as nossas escolhas.

Outro aspeto que achei interessante é que, pela primeira vez, a arma do crime é um dispositivo existente neste mundo de ficção científica desenvolvido por J.D. Robb.

A narrativa continua a incluir tanto os passos de Eve para descobrir o que se passa como o desenvolvimento da sua vida pessoal, com Roarke. Este livro contém acontecimentos bastante fortes que poderiam ter tido, na minha opinião de leitora, um impacto mais forte nestes dois personagens. Achei que foi um conflito que se resolveu demasiado depressa e que, tendo em conta o passado de Eve, não deveria ter sido assim. Mas pronto.

No geral, mais uma boa leitura. Cada vez gosto mais desta série policial e de ficção científica que combina diversos elementos como a construção e desenvolvimento do mundo, das personagens e da história de forma tão equilibrada e envolvente. Ainda bem que a série tem muitos outros livros para devorar.

Outros livros da série:

Opinião: Confissões de uma Suspeita de Assassínio (James Patterson)

Confissões de uma Suspeita de Assassínio de James Patterson, Maxine Paetro
Editora: Topseller (2013)
Formato: Capa Mole | 288 páginas
Géneros: Mistério/Thriller, Lit. Juv./YA
Sinopse.

Confissões de uma Suspeita de Assassínio é o segundo livro que leio do autor James Patterson e devo dizer que continuo pouco impressionada. Achei que este livro foi bastante mal explorado, que foi confuso e não me consegui ligar a nenhuma das personagens.

Tandy Angel, filha de milionários propõe-se a contar-nos a sua história, os seus segredos e os passos que deu para resolver o homicídio dos pais.

No início do livro, Tandy abre a porta de casa à polícia depois de descobrir os pais assassinados dentro da sua própria casa, que estava bem trancada (o típico cenário do mistério de "porta fechada"). Tandy começa por nos dizer que tem muitos segredos, é uma sociopata e que irá descobrir os assassinos dos pais custe o que custar e mesmo que seja ela.

Nas páginas seguintes Tandy anda a cirandar e a fazer interrogatórios ridículos aos vizinhos, e a tentar sacar informações da polícia. Sinceramente ela só chegou à solução completamente por acaso e a sua "investigação" não me pareceu ter assim muita lógica ou fio condutor.

Gostei mais ou menos da parte em que se descobriu que ela e os irmãos eram uma "experiência" para os pais, mas de resto, revirei mentalmente os olhos muitas vezes durante este livro com a sua "investigação ridícula e o seu mistério parvo e fácil de adivinhar que quase nem merecia essa designação.

Não consegui sentir absolutamente nada por nenhuma das personagens. Gostei mais ou menos de Hugo, o Angel mais novo e do polícia que estava sempre a fingir enganar-se no nome de Tandy, mas de resto... as personagens tinham uma personalidade tão desenvolvida como... eh, nem tenho comparação, mas tinham muito pouca. E nem para estereótipos serviam, exceto o tio Peter, que era o clássico vilão da história. Todos os irmãos Angel era estranhos e tinham reações completamente desfasadas e irrealistas.

Enfim, se calhar tive azar com os livros em que peguei. Tanto este como o outro têm outro autor e li algures que nestes casos o James Patterson não está grandemente envolvido na escrita; talvez seja isso ou talvez Patterson não seja mesmo para mim.

No geral, uma narrativa mecânica e pouco emocional, uma protagonista monótona e pouco carismática e um mistério pouco intrigante e relativamente simples de desvendar. A escrita é clara e de fácil leitura mas pouco mais posso dizer a favor deste livro.

Curtas: Divergente e Insurgente

A famosa trilogia de Veronica Roth é bem conhecida em Portugal. E, depois de ver o primeiro filme, fiquei com vontade de reler o livro, cuja primeira leitura fiz em 2011, se não estou em erro e continuar a leitura com Insurgente e depois Convergente. Devido ao facto de Convergente não me estar a cativar tanto quanto os livros anteriores, pus o livro de lado por agora, mas li os dois primeiros volumes. Eis algumas impressões gerais (e mais ou menos curtas).

(Os livros foram lidos na versão original, mas são apresentados os dados bibliográficos das versões portuguesas.)

Editora: Porto Editora (2012)
Formato: Capa Mole | 352 páginas
Géneros: Ficção cientifica, Distopia, Lit. Juv./YA

Opinião: Quando li este livro pela primeira vez, achei-lhe bastante piada, por assim dizer. Achei que era um início sólido para uma trilogia distópica passada no futuro que tinha como alvo o público juvenil: tinha adolescentes carismáticos, alguns gadgets futuristas não muito complicados, uma estória cativante e um ritmo regular, sem tempos mortos.

Quando me preparei para o ler pela segunda vez, tive algum receio de não gostar tanto desta segunda leitura. Mas não precisei de me preocupar: esta segunda leitura foi tão compulsiva e agradável como a primeira. Os aspetos que me cativaram da primeira vez (os listados acima), cativaram-me novamente e li este livro num dia. 

E é este o maior feito de Roth: a sua escrita viciante e a sua soberba noção de ritmo. Contudo, notei, talvez mais desta vez, que a premissa seria um pouco irrealista: pensar que os seres humanos pudessem comportar-se apenas segundo um valor parecia-me pedir demais de uma raça de seres que ainda possui demasiadas partes primitivas no cérebro. Por exemplo, para se fazer parte da fação dos Abegnados, seria necessária uma força interior quase sobre-humana... quer dizer, seres humanos sem um pingo de egoísmo? Qualquer população guiada apenas pelo altruísmo puro acabaria, eventualmente, por se autodestruir. 

No entanto, a autora introduziu também, de uma forma bastante incipiente, o debate "natureza versus educação" ao elaborar o improvável sistema de fações. 

Por isso, creio que, apesar da premissa algo irrealista, Divergente é um livro que se ergue acima de muitas distopias juvenis que para aí andam. No geral, uma boa leitura.


Editora: Porto Editora (2013)
Formato: Capa Mole | 376 páginas
Géneros: Ficção cientifica, Distopia, Lit. Juv./YA

AVISO: Pequenos Spoilers
Opinião: Este segundo volume tem início onde o primeiro termina: Tris, Four e os amigos fogem no comboio para a sede dos Cordiais, onde esperam encontrar abrigo, pois são perseguidos pelos Eruditos.

Tris teve uma jornada dura em que fez coisas que nunca se imaginava a fazer e neste segundo livro, isso é notório. É um livro com menos ação, com mais introspeção e definitivamente com mais desenvolvimento das personagens, especialmente Tris e Four. Estes dois personagens começam a conhecer-se melhor, em circunstâncias diferentes e surgem os primeiros conflitos. Devido à sua dor, Tris toma decisões menos corretas.

Achei que a autora desenvolveu as suas personagens de forma muito humana. Depois das suas ações no primeiro livro e tendo em conta a sua idade, Tris reagiu mais ou menos como imaginava que reagisse. Ao mesmo tempo continua a confiar nos seus instintos, o que a ajudará a levantar mais um pouco o véu que esconde o objetivo, o propósito de toda a sua sociedade.

A escrita e o ritmo (se bem que mais lento) contribuíram novamente para que esta leitura fosse novamente compulsiva, viciante e interessante. No geral, mais uma ótima leitura (lol).

Opinião: Desejo (J.R. Ward)

Desejo de J.R. Ward
Editora: Quinta Essência/Leya (2011)
Formato: Capa mole | 488 páginas
Géneros: Romance paranormal, Fantasia urbana
Sinopse.

Tal como o primeiro livro, este segundo volume da série Anjos Caídos foi uma leitura leve e compulsiva.

Neste livro, Jim Heron, o relutante peão que irá decidir o destino da batalha entre o Bem e o Mal tem mais uma alma para salvar. É Isaac Rothe, um antigo colega das Forças Especiais que, como ele fugiu da sua vida de sombras e assassinatos. Infelizmente o chefe de ambos, Matthias descobriu o paradeiro de Rothe e tudo fará para o eliminar. E Devina, a rival sádica de Jim tudo fará para que ele falhe.

Depois dos acontecimentos do livro anterior, Jim ganhou novas habilidades e um par de asas que irão ajudá-lo a deslocar-se durante as suas buscas. E desta vez, Jim não poderá contar com a ajuda dos arcanjos que o recrutaram.

Como já mencionei acima, Desejo foi uma leitura rápida e envolvente. Algumas partes deixaram-me, admitidamente desconfortável, mas isso só prova que a autora teve sucesso em criar cenários realistas e perturbadores.

A fórmula é bastante semelhante à do primeiro livro: temos a alma a salvar (um homem torturado e alfa) e uma mulher, muita atração e Jim Heron e companhia lá pelo meio a tentarem fazer de tudo para que o bem saia vencedor.

Jim é uma personagem bastante secundária neste livro, estando quase sempre nos bastidores. A autora dá-nos mais alguma informação sobre a sua "mitologia base" dos anjos caídos, do céu e do inferno, e parece estar a criar um mundo muito próprio tendo como base o Cristianismo. Mas este livro não avança muito a história geral (a grande batalha, por assim dizer) e foca-se mais na relação entre os protagonistas da obra (Isaac e Grier) pelo que parece mais romance contemporâneo do que outra coisa.

No geral, uma boa leitura, que me manteve agarrada ao longo das suas muitas páginas. Não avançou grandemente a história geral exceto no aspeto em que mais uma alma foi "alvo" de Jim e dos seus adversários, mas fez-me querer continuar a ler para saber o que se irá passar. A adição de Sissy também me deixou com bastante curiosidade. Para mim, uma série a acompanhar e um guilty pleasure.

Opinião: Cobiça (J.R. Ward)

Cobiça de J.R. Ward
Editora: Quinta Essência/Leya (2011)
Formato: Capa mole | 536 páginas
Géneros: Romance paranormal, Fantasia urbana
Sinopse.

Por vezes as expectativas também nos podem surpreender pela positiva, especialmente se tivermos expectativas baixas ou se o livro for ainda melhor do que esperávamos. No caso deste livro tratou-se de primeira hipótese: tinha baixas expectativas. Uma amiga tinha lido um dos livros desta autora e não tinha conseguido terminá-lo e pelas descrições calculei que este livro se parecesse bastante em estrutura e tom com os da Sherrilyn Kenyon; dos quais até gosto, de vez em quando, apesar de ter de admitir que são por vezes demasiado lamechas e tem cenas muito foleiras.

E realmente a estrutura e bastante parecida; felizmente as cenas são bem menos foleiras.

Jim Heron vive mais ou menos tranquilamente em Caldwell, perto de Nova Iorque. Um acidente estranho leva-o aos portões de S. Pedro, mas Jim não pode entrar: tem como missão salvar sete almas que se encontram a beira do abismo (pun intended) para poder acabar com a luta entre o Bem e o Mal de uma vez por todas. É o que lhe dizem os anjos que estão a beber chá num relvado junto às portas que dão para o céu, pelo menos (yep, esta é uma das cenas mais foleiras de todo o livro...).
Enquanto lia tentei não pensar em quão improvável esta premissa é tendo em conta o mythos em que se baseia e voilá! A leitura correu muito melhor.

Ou seja gostei de ler este livro. A premissa é bastante irrealista tendo em conta a sua base judaico-cristã mas, ei, é um livro de fantasia!! Tudo vale, suponho. As personagens são interessantes qb, se bem que me parece que vou estar mais interessada em Jim do que nas almas perdidas que ele tenta ajudar.

A autora escreve bem e mantém um bom equilíbrio entre a construção do mundo (dá-nos o suficiente para um primeiro livro e ficamos com perguntas e com a promessa de as ver respondidas nos livros seguintes), e o enredo do livro em específico. Enfim, uma boa leitura, que devorei a uma boa velocidade (teria sido mais depressa se não se tivessem metido os compromissos sociais pelo meio, eh eh).

No geral, uma boa leitura dentro do romance paranormal, apesar do insta-love. Estranhamente fiquei com vontade de ler mais, apesar da "silliness" do primeiro livro. Acho que adquiri um guilty pleasure.